Abrigados na farmácia

Após retornar e reunir o grupo, Kaito compartilhou seu plano.

— Encontrei uma farmácia onde podemos nos abrigar. Está intacta e parece segura. As portas estão bem trancadas e o lugar não foi saqueado. Ficaremos lá até encontrarmos um refúgio permanente — anunciou ele, enquanto todos descansavam à beira da estrada.

A tensão era palpável. A jovem que havia discutido com Alice olhou para Kaito com desconfiança e ressentimento. Seu desejo de confrontá-lo era evidente, mas ela sabia que enfrentá-lo seria inútil. Kaito, com sua presença imponente e habilidades de soldado, era alguém difícil de desafiar.

— Se você diz — respondeu ela com ironia, não conseguindo esconder a animosidade. — Vamos estar à sua espera.

O silêncio que seguiu sua resposta era pesado. Alice, prestes a intervir, foi interrompida por um gesto firme de Kaito. Ele levantou a mão, sinalizando para que ela não dissesse nada. Ele sabia que discutir seria uma perda de tempo.

— Não vale a pena — murmurou Kaito, com um tom que deixava claro sua determinação em manter o foco na sobrevivência.

Após o breve descanso, o grupo se preparou para seguir em direção à cidade e encontrar refúgio na farmácia. A caminhada foi tensa, cada passo ecoando o medo e a incerteza de sua situação. Ao chegarem à farmácia, Kaito se adiantou, utilizando suas habilidades para arrombar as portas dos fundos com cuidado. Para seu alívio, nenhum alarme disparou.

Todos suspiraram aliviados quando entraram no local. A farmácia, embora empoeirada, oferecia um refúgio bem-vindo. As prateleiras estavam parcialmente abastecidas, com medicamentos, enlatados e algumas garrafas de água. Era um pequeno tesouro em meio ao caos do mundo exterior.

— Aqui, vamos nos organizar — disse Kaito, a voz firme. — Precisamos verificar o local e garantir que não há perigo. Também devemos montar turnos de vigilância. Esta é a nossa prioridade agora.

Alice, sempre atenta, começou a orientar as pessoas a se acomodarem e organizarem os suprimentos encontrados.

— Vamos fazer um inventário do que temos — sugeriu ela, tentando manter o ânimo do grupo. — Precisamos saber o que temos e o que ainda precisamos encontrar.

Kaito, por sua vez, começou a explorar a farmácia em busca de potenciais ameaças e de locais seguros para descansar. Ele encontrou um escritório nos fundos que poderia servir como uma área segura para guardar suprimentos mais valiosos e onde poderiam se revezar para dormir.

Enquanto isso, a jovem que tinha discutido com Alice ainda olhava para Kaito com desconfiança, mas permanecia em silêncio. Talvez por medo, talvez por um ressentimento mal disfarçado.

Conforme a noite avançava, a atmosfera dentro da farmácia se tornou tensa. Todos estavam cientes de sua vulnerabilidade, mas também havia um certo alívio por estarem em um local seguro, pelo menos temporariamente.

— Não podemos ficar aqui para sempre — murmurou a jovem, com um olhar sombrio. — Precisamos de um plano de longo prazo.

Kaito, ouvindo a reclamação, decidiu que era hora de reforçar sua liderança.

— Eu sei que não é ideal — respondeu ele, a voz baixa mas autoritária. — Mas é o que temos agora. Amanhã, ao amanhecer, sairei em busca de um refúgio mais seguro. Até lá, precisamos cooperar e garantir que todos estejam seguros. Qualquer insubordinação colocará todos em perigo.

Com as instruções de Kaito claras, o grupo se dividiu para assumir tarefas. Alguns montaram turnos de vigília, enquanto outros organizaram os suprimentos e buscaram pontos de entrada e saída na farmácia.

Alice e Kaito tiveram um momento breve, mas significativo. Ele a encarou, o olhar carregado de uma mistura de respeito e desconfiança.

— Você precisa ser forte, Alice — disse ele, finalmente. — Este grupo precisa de alguém como você. Alguém que se importa.

Alice assentiu, sem palavras. Ela sabia que Kaito estava certo, mas a tensão entre eles ainda era palpável.

Enquanto o grupo se acomodava para a noite, cada um perdido em seus próprios pensamentos, Alice não pôde deixar de refletir sobre a dureza de Kaito e sua própria luta para manter a esperança viva. A noite passou lentamente, cada ruído lá fora fazendo com que seus corações batessem mais rápido.

O sol ainda não havia despontado completamente no horizonte quando Kaito, vigilante e firme, caminhou silenciosamente pelo refúgio improvisado. Ele observou as pessoas dormindo, corpos espalhados pelo chão da farmácia, e sentiu a responsabilidade pesada sobre seus ombros. Caminhando até Alice, ele a despertou suavemente.

— Alice, precisamos ir. Venha comigo. — Suas palavras eram curtas e diretas. Ele saiu da sala de descanso antes que ela pudesse responder.

Enquanto aguardava Alice, Kaito se dirigiu a um homem que estava acordado, vigiando o grupo.

— Você fica no comando enquanto estou fora. Mantenha todos em segurança. E fique de olho naquela jovem que brigou com Alice. Ela pode ser um perigo para o grupo. — A voz de Kaito era baixa, mas cheia de autoridade.

— Sim, senhor. Entendo sua preocupação, mas talvez devêssemos conhecê-la melhor antes de julgá-la. — O homem respondeu, hesitante.

— Conhecê-la? — Kaito franziu a testa. — Ela já se mostrou uma ameaça. Se ela tivesse se comportado de forma diferente, poderíamos estar mais seguros agora. — Ele ficou em silêncio, esperando uma resposta que nunca veio. Quando ia dizer mais alguma coisa, Alice apareceu, chamando-o.

Saindo pelos fundos da farmácia, Alice ainda sonolenta, caminhava ao lado de Kaito, tentando acompanhar seu ritmo. Ele liderava o caminho entre as árvores, atento a cada movimento.

— O que estava conversando com aquele homem? — perguntou Alice, tentando disfarçar o cansaço na voz.

— Apenas pedi para ele ficar de olho em tudo — respondeu Kaito, sem parar de caminhar.

— Ele parecia com medo. Você disse algo que o deixou assim? — Alice insistiu, intrigada.

Kaito parou por um instante, encarando-a com um olhar intenso.

— Você poderia falar menos? — Ele disse, a voz firme mas sem raiva. — Estamos em uma busca rápida. Não podemos nos distrair. Pode haver zumbis em qualquer lugar. — Ele a encarou, esperando que suas palavras a fizessem entender a gravidade da situação. — Desculpe se fui grosso, não era minha intenção.

Alice respirou fundo, aceitando a crítica.

— Tudo bem, Kaito. Você tem razão. Talvez eu fale demais. — Ela olhou para o chão, sentindo o peso das palavras.

Kaito observou Alice com mais atenção e notou as feridas em seu rosto, ainda com marcas de sangue seco. Ele parou de repente e se aproximou dela.

— Você esteve em uma farmácia e nem cuidou dessas feridas? — Ele perguntou, incrédulo. — Você só pensa nos outros, Alice. — Sua voz suavizou, revelando uma preocupação que raramente mostrava.

Alice olhou para ele, surpresa com a mudança de tom. Kaito, sem dizer mais nada, tirou uma pequena garrafa de álcool de seu bolso e um pedaço de pano limpo.

— Sente-se aqui. Vamos cuidar disso. — Ele disse, apontando para um tronco caído.

Alice obedeceu, sentando-se no tronco enquanto Kaito molhava o pano com álcool. Ele se ajoelhou diante dela, começando a limpar as feridas com cuidado.

— Isso vai arder um pouco — avisou ele, passando o pano com suavidade sobre os cortes no rosto de Alice.

Ela estremeceu com a dor, mas manteve-se firme, observando-o concentrado na tarefa. A sensação do álcool nas feridas era intensa, mas a gentileza inesperada de Kaito a surpreendeu mais ainda.

— Você não precisava fazer isso, sabe? — disse Alice, a voz baixa.

— Precisava, sim. — Ele respondeu sem levantar os olhos. — Estamos juntos nisso. Você cuida dos outros, eu cuido de você.

O silêncio que se seguiu foi cheio de significados não ditos. Kaito terminou de limpar as feridas e pegou um curativo que havia trazido. Ele aplicou cuidadosamente nos machucados, suas mãos firmes mas gentis.

— Pronto. Está melhor agora. — Ele disse, levantando-se e estendendo a mão para ajudá-la a se levantar.

Alice aceitou a mão dele, sentindo um calor inesperado em seu toque. Enquanto se levantava, olhou para Kaito com um novo respeito e gratidão. Ele não era apenas um líder rígido; havia uma compaixão escondida em sua dureza.

— Obrigada, Kaito. — Disse ela, sinceramente.

— Não precisa agradecer. Apenas cuide-se. Precisamos de você forte. — Ele respondeu, dando um leve sorriso antes de voltarem a caminhar.

Com as feridas de Alice tratadas, eles continuaram a caminhada em direção à mata.

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Comments

Roberta Azevedo

Roberta Azevedo

Que fofos

2025-01-17

0

Albert Lucca

Albert Lucca

.

2024-10-07

3

mariaaa

mariaaa

.

2024-09-08

3

Ver todos
Capítulos
1 O cadáver
2 A contaminação
3 O chamado
4 Refúgio temporário
5 Uma solução
6 Dores e percas
7 Andando sem rumo
8 A estrada
9 Vai uma briga por aqui?
10 Abrigados na farmácia
11 Presença inesperada
12 A fazenda
13 Podemos confiar neles?
14 Morte rápida
15 O silêncio
16 Momento de paz
17 Sempre bom confiar no local
18 A caminho de uma peça
19 Em busca de uma peça
20 Momento de paz
21 Em uma pequena fazenda
22 Então... Eu cuido de você
23 Um novo membro!
24 Menos um
25 De cara a cara com a fera
26 Salve-se quem puder!
27 Risos e conversas
28 Refúgio no meio do mato
29 Vamos fortalecer nosso abrigo
30 O ataque na loja de Conveniência
31 Judith e Rafael
32 Confio nela, mais do que em mim mesmo
33 Apenas eles dois
34 Novos sobreviventes
35 Trinta e cinco
36 Confiança em primeiro lugar
37 Trinta e sete
38 O Kaito precisa descansar!
39 Trinta e nove
40 Se queria ficar abraçada comigo, era só ter pedido
41 Brigados
42 Um clima pesado
43 A refém
44 Quarenta e quatro
45 A beira do sangue
46 Seja com ele ou sem
47 Ele até tenta ser bonzinho
48 Se conhecendo
49 Chapter 49
50 Chapter 50
51 Chapter 51
52 Chapter 52
53 Chapter 53
54 Luto pela família de Filipe
55 Em busca do Daniel
56 Daniel
57 A busca pelo amanhã
58 Um Momento de Intimidade
59 Chapter 59
60 Chapter 60
61 Chapter 61
62 Acho que estamos sendo seguidos
63 Chapter 63
64 Chapter 64
65 Uma grande esperança a frente
66 Redenção
67 Chapter 67
68 Eu perguntei quem é você, seu imbecil!
69 Chapter 69
70 Estamos do mesmo lado. Por enquanto.
71 Qualquer passo errado... vai ser você, Kaito
72 eu não sou um salvador.
73 desconfiados
74 Eu fui enviado para resgatar ela.
75 Lugar para se chamar de Lar
76 Ainda parece surreal
77 Quando o bravo hesita perto de Alice
78 O desejo
79 Kaito complicando tudo
80 Foi ideia minha
81 Isso é chamado de amor?
82 Conversas e mais conversas
83 Perigo!
84 Não discuta, Alice. Não vou deixar você para trás.
85 Surgindo outro amor
86 A noite será longa
87 Eu amo você...
88 Está tudo sob controle!
89 Três sobreviventes
90 A chegada
91 O amor está no ar
92 Chapter 92
93 Chapter 93
94 O som dos tiros
95 A caminho do refúgio
96 Uma noite na enfermaria
97 Recuperações...Após três dias.
98 Viva ao Kaito
99 Capítulo 99 - Esqueceu a Hera?
100 Capítulo 100
101 Capítulo 101
102 Capítulo 102 - Uma semana depois
103 Capítulo 103
104 Capítulo 104
105 Capítulo 105
106 Capítulo 106
107 Capítulo 107
108 Capítulo 108 - A procura da cura
109 Capítulo 109 - Astrid...
110 Capítulo 110
111 Capítulo 111_ Um caos no laboratório
112 Capítulo 112
113 A grande solução
Capítulos

Atualizado até capítulo 113

1
O cadáver
2
A contaminação
3
O chamado
4
Refúgio temporário
5
Uma solução
6
Dores e percas
7
Andando sem rumo
8
A estrada
9
Vai uma briga por aqui?
10
Abrigados na farmácia
11
Presença inesperada
12
A fazenda
13
Podemos confiar neles?
14
Morte rápida
15
O silêncio
16
Momento de paz
17
Sempre bom confiar no local
18
A caminho de uma peça
19
Em busca de uma peça
20
Momento de paz
21
Em uma pequena fazenda
22
Então... Eu cuido de você
23
Um novo membro!
24
Menos um
25
De cara a cara com a fera
26
Salve-se quem puder!
27
Risos e conversas
28
Refúgio no meio do mato
29
Vamos fortalecer nosso abrigo
30
O ataque na loja de Conveniência
31
Judith e Rafael
32
Confio nela, mais do que em mim mesmo
33
Apenas eles dois
34
Novos sobreviventes
35
Trinta e cinco
36
Confiança em primeiro lugar
37
Trinta e sete
38
O Kaito precisa descansar!
39
Trinta e nove
40
Se queria ficar abraçada comigo, era só ter pedido
41
Brigados
42
Um clima pesado
43
A refém
44
Quarenta e quatro
45
A beira do sangue
46
Seja com ele ou sem
47
Ele até tenta ser bonzinho
48
Se conhecendo
49
Chapter 49
50
Chapter 50
51
Chapter 51
52
Chapter 52
53
Chapter 53
54
Luto pela família de Filipe
55
Em busca do Daniel
56
Daniel
57
A busca pelo amanhã
58
Um Momento de Intimidade
59
Chapter 59
60
Chapter 60
61
Chapter 61
62
Acho que estamos sendo seguidos
63
Chapter 63
64
Chapter 64
65
Uma grande esperança a frente
66
Redenção
67
Chapter 67
68
Eu perguntei quem é você, seu imbecil!
69
Chapter 69
70
Estamos do mesmo lado. Por enquanto.
71
Qualquer passo errado... vai ser você, Kaito
72
eu não sou um salvador.
73
desconfiados
74
Eu fui enviado para resgatar ela.
75
Lugar para se chamar de Lar
76
Ainda parece surreal
77
Quando o bravo hesita perto de Alice
78
O desejo
79
Kaito complicando tudo
80
Foi ideia minha
81
Isso é chamado de amor?
82
Conversas e mais conversas
83
Perigo!
84
Não discuta, Alice. Não vou deixar você para trás.
85
Surgindo outro amor
86
A noite será longa
87
Eu amo você...
88
Está tudo sob controle!
89
Três sobreviventes
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A chegada
91
O amor está no ar
92
Chapter 92
93
Chapter 93
94
O som dos tiros
95
A caminho do refúgio
96
Uma noite na enfermaria
97
Recuperações...Após três dias.
98
Viva ao Kaito
99
Capítulo 99 - Esqueceu a Hera?
100
Capítulo 100
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Capítulo 102 - Uma semana depois
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Capítulo 104
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Capítulo 105
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Capítulo 106
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Capítulo 109 - Astrid...
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Capítulo 110
111
Capítulo 111_ Um caos no laboratório
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Capítulo 112
113
A grande solução

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