Enquanto caminhavam pela mata densa, Alice não conseguia conter sua curiosidade e ansiedade, tentando manter uma conversa com Kaito. Embora ele não respondesse, ouvia atentamente tudo o que ela dizia, mantendo-se alerta ao ambiente ao redor.
Quando Alice estava prestes a fazer mais uma pergunta, Kaito levantou a mão, sinalizando para que ela parasse. Ele avistou uma estrada repleta de carros abandonados.
— O exército esteve aqui. — Ele disse, com a voz grave, enquanto caminhava em direção à estrada. — Venha comigo.
Alice seguiu logo atrás dele, sentindo o coração acelerar. Ao chegarem à estrada, depararam-se com uma rodovia de duas pistas, entulhada de veículos militares e civis. Carros, caminhões e blindados do exército estavam espalhados por toda parte, alguns ainda com os motores desligados, outros virados e destruídos. O cenário era de completo abandono e desespero.
— O que aconteceu aqui? — Alice perguntou, com um nó na garganta, enquanto observava os corpos inertes espalhados pelo asfalto.
Kaito parou e olhou ao redor, seus olhos escaneando cada detalhe. Ele respirou fundo antes de responder, seu tom era sério e distante.
— Houve uma evacuação emergencial. O exército tentou montar um refúgio temporário aqui, para transportar pessoas não infectadas para áreas mais seguras. — Ele fez uma pausa, observando um caminhão tombado com o emblema do exército. — Mas, como sempre, os ricos e poderosos tinham prioridade. Aqueles que podiam pagar pelo resgate eram levados primeiro.
Alice olhou para ele, surpresa com a informação.
— Você esteve aqui? — Ela perguntou, tentando entender a profundidade da tristeza nos olhos de Kaito.
Kaito não respondeu imediatamente, apenas continuou caminhando pela estrada, pisando cuidadosamente entre os corpos e destroços. O silêncio dele dizia mais do que qualquer palavra poderia expressar, deixando Alice com uma sensação inquietante de que havia muito mais na história do que ele estava disposto a compartilhar.
Alice seguiu Kaito pela estrada cheia de obstáculos, cada passo era um lembrete das vidas que ali se perderam. O cheiro de metal oxidado e de decomposição era forte, misturando-se com a brisa da manhã que soprava gentilmente. Kaito parou ao lado de um jipe militar, verificando se havia algo útil dentro.
— Vamos ver se encontramos algum suprimento — disse ele, finalmente quebrando o silêncio. — Com sorte, podemos encontrar algo que possa nos ajudar.
Alice assentiu, ciente da necessidade urgente de mantimentos. Ela começou a abrir as portas dos carros próximos, em busca de qualquer coisa que pudesse ser útil. Encontrou algumas garrafas de água, mantimentos enlatados e alguns medicamentos básicos.
Enquanto vasculhavam os veículos, Kaito notou um pequeno grupo de zumbis se movendo lentamente a distância, atraídos pelo ruído. Ele franziu a testa e se aproximou de Alice, colocando a mão em seu ombro para chamar sua atenção.
— Precisamos ser rápidos. Não estamos sozinhos aqui. — Ele disse, sua voz cheia de urgência.
Alice olhou na direção que ele indicava e viu os zumbis se aproximando. Ela engoliu em seco e acelerou o ritmo, pegando o que podia e colocando em uma mochila improvisada.
Com os suprimentos coletados, Kaito e Alice decidiram que era hora de se afastar da estrada e encontrar um lugar mais seguro para se abrigar. Enquanto caminhavam de volta para a mata, Alice não conseguia afastar a sensação de que havia mais na história de Kaito do que ele estava revelando.
— Kaito, — começou ela, hesitante, — eu sei que você está tentando nos proteger e que já passou por muita coisa, mas seria bom entender mais sobre o que realmente aconteceu aqui.
Kaito parou por um momento, olhando para a distância, como se estivesse revivendo memórias dolorosas. Ele suspirou, finalmente disposto a compartilhar um pouco mais.
— Eu servi aqui, Alice. Este era um dos pontos de evacuação onde eu trabalhei. Vi pessoas desesperadas tentando escapar, famílias sendo separadas, vidas sendo compradas por aqueles que tinham dinheiro. — Ele fez uma pausa, sua voz cheia de amargura. - Foi um dos dias mais difíceis da minha vida, ver a injustiça e a dor de perto, e não poder fazer nada para ajudar aqueles que realmente precisavam.
Alice ficou em silêncio, absorvendo as palavras de Kaito. Ela entendeu que ele carregava jm peso enorme em seus ombros, uma responsabilidade que não era apenas pela sobrevivência do grupo, mas também pelo sei próprio passado e pelos erros que não consegiu corrigir.
Após um breve silêncio, Kaito voltou a caminhar pela mata, atento a cada som e movimento ao redor. Alice seguia logo atrás, ainda absorvendo a conversa sobre o passado de Kaito.
De repente, um estalido ecoou entre as árvores. Kaito levantou a mão, sinalizando para que Alice parasse. Seus olhos se estreitaram, procurando a origem do som.
Do meio da vegetação densa, surgiu um homem. Ele estava sujo, com roupas rasgadas e um olhar desesperado. Seus movimentos eram hesitantes, como se estivesse decidindo se fugia ou se aproximava.
— Quem é você? — Kaito perguntou, com a voz firme e autoritária. Ele manteve a mão no cabo de sua faca, pronto para qualquer eventualidade.
O homem levantou as mãos em um gesto de rendição.
— Por favor, não atirem. Estou sozinho. Preciso de ajuda. — Ele respondeu, com a voz rouca e entrecortada, sinal de cansaço e medo.
Alice deu um passo à frente, olhando para Kaito em busca de orientação. Kaito fez um gesto rápido com a cabeça, indicando que ela deveria esperar e observar.
— Está ferido? — Kaito perguntou, mantendo o olhar fixo no homem, analisando cada movimento.
— Não, não estou ferido. Só estou... perdido. — O homem respondeu, seus olhos buscando empatia nos rostos de Kaito e Alice. — Viemos de uma cidade próxima, mas fui separado do meu grupo. Preciso encontrar um lugar seguro.
Kaito olhou para Alice, que assentiu levemente. Ele deu um passo à frente e fez um gesto para que o homem se aproximasse.
— Muito bem. Venha com a gente. Mas saiba que não toleramos problemas. — Kaito disse, seu tom de voz deixando claro que ele estava no comando.
O homem assentiu agradecido, e juntos, eles continuaram a jornada pela mata, em direção ao desconhecido, com a esperança de encontrar um refúgio seguro.
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Atualizado até capítulo 113
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