Ema: Filha Da Terra
Ema
Enquanto corro na margem desse rio, meus pés descalços afundam na grama úmida, e a brisa fresca sopra meus cabelos, trazendo um sorriso involuntário ao meu rosto.
Quanto mais corro, mais quero correr, sentindo a liberdade em cada passo. A luz fraca do sol surge por entre as nuvens, enquanto uma garoa fina cai suavemente sobre mim, como um abraço da natureza.
Olho para o outro lado do rio e vejo a floresta. A brisa faz as folhas das árvores balançarem, criando uma dança silenciosa. Então eu a avisto novamente: a garotinha com seu cocar de penas coloridas. Ouço o apito, o som dos pássaros, como um chamado antigo.
Meu coração palpita no peito como um tambor, em sintonia com o ritmo da minha corrida. A garotinha também neste instante, começa a correr. Seu rosto pintado e seus cabelos pretos ao vento contrastam com a vegetação ao redor. Acima dela, uma ave de grande porte voa em círculos, observando nossos movimentos.
— Quem é você? — minhas palavras saem sussurradas, levadas ao vento em sua direção.
Ela parece sorrir para mim, enquanto corremos em lados opostos do rio. Seu sorriso é enigmático, quase como se guardasse um segredo antigo. Sinto uma conexão inexplicável, como se já a conhecesse de algum lugar ou tempo distante.
A cada passo, a floresta parece ficar mais densa e viva, as cores mais vibrantes e os sons mais nítidos. A garotinha, com seu correr leve e decidido, parece me guiar por um caminho invisível, um caminho que só eu posso seguir.
De repente, a ave de grande porte dá um rasante, cruzando o rio e pousando no galho de uma árvore próxima. Seu olhar penetrante parece atravessar minha alma, e então percebo que não estou apenas correndo por prazer. Estou em uma busca, uma jornada para descobrir algo maior do que eu mesma.
Enquanto continuo a correr, percebo que as paisagens ao meu redor começam a mudar. O rio, antes calmo e sereno, começa a ganhar força e velocidade.
As árvores se tornam mais altas e densas, e a garoa fina se transforma em uma chuva intensa. Mas, em meio à tempestade, a figura da garotinha permanece clara e constante, como um farol me guiando na escuridão.
— Espere! — grito, tentando alcançá-la.
Mas ela apenas sorri novamente e desaparece entre as árvores. O som dos tambores em meu peito agora é acompanhado pelo canto dos pássaros, criando uma sinfonia que ecoa pela floresta.
E assim vejo Lucas, vindo a galope com seu cavalo, trazendo outro puxado pela rédea. Ao chegar até mim, ele diz, ofegante:
— Ema, ele está aqui. Dessa vez não é nenhum empregado dele, o próprio veio até você.
Eu assinto, meu coração ainda acelerado, e me dirijo ao cavalo que Lucas trouxe. Montando com rapidez, lanço um último olhar em direção ao outro lado do rio, mas a garotinha já não está mais lá.
Respiro fundo e digo:
— Vamos, Lucas. Irei acabar com essa palhaçada. Ele não se cansa de ouvir um não?
Saímos a galope, o som dos cascos ecoando pelo gramado. Enquanto cavalgamos de volta ao rancho, minha mente se enche de lembranças. Esse rancho é a herança dos meus falecidos pais, que partiram já faz três anos.
Larguei meus estudos na cidade grande e me dediquei incansavelmente a cuidar de tudo aqui. Essa é minha terra, o lugar de onde nunca deveria ter saído, e não é um empresário arrogante que vai tirar isso de mim.
Mark Oliver, com suas propostas insanas, vem incansavelmente me perturbando, querendo minha propriedade. Mas isso ele jamais terá.
Esta terra é minha, da minha família, onde cresci e que guardo com todo meu ser. Sou Ema Martins, filha dessas terras, e ele jamais a tirará de mim.
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Atualizado até capítulo 47
Comments
Claudia Teixeira
pra um primeiro capítulo está maravilhoso autora
2024-09-17
2
Victoria Anny
no começo não achei muita coisa agora que está começando a se desenvolver
2024-08-30
1
Marilene Lena
Começando e já gostando
2024-08-16
1