(10) "Conversas ao Amanhecer"

(DIA SEGUINTE)

Mark

Acordo com o som estridente do meu celular ao lado da cama. Tiro meus braços de dentro do lençol e tateio até encontrar meu aparelho, atendendo sem nem ver quem é.

— Alô? — digo, minha voz ainda arrastada pelo sono, enquanto me viro na cama, tentando bloquear a luz forte que invade o quarto, com minha mão.

— Oi querido, como está? — reconheço imediatamente a voz calorosa da minha mãe entrando pelo telefone.

— Oi mãe. Estou bem, que surpresa a senhora me ligando tão cedo — respondo, esfregando os olhos para afastar o sono.

— Ah, você sabe como é, seu velho hábito de trabalho me deixa com saudades. E eu sempre tento não atrapalhar seus negócios — ela diz, enquanto ao fundo ouço vozes indistintas, provavelmente de um hotel ou aeroporto.

Me levanto da cama e sigo para o banheiro, levando o celular comigo.

— Eu sei mãe. Mas sempre estou aqui quando você liga. Então, onde está dessa vez? — pergunto, abrindo a torneira para lavar o rosto.

Ela sorri do outro lado da linha, e responde com um tom animado:

— Adivinha. Estou em Nova York! Marquei um encontro com velhos amigos por aqui e aproveitei para passear um pouco. E você, como vão as coisas?

Enquanto ouço sobre as novidades da viagem dela, olho novamente no espelho vendo o corte no meu pescoço agora, um pouco mais discreto.

— Estou longe mãe — digo tocando no corte o avaliando. — Mas estou bem, não se preocupe.

Ela suspira do outro lado da linha e diz:

— Esses seus negócios, sempre te levando para longe. Enfim, filho, a Veronica me ligou chorando, dizendo que tinha ido com você e você a mandou embora.

Reviro os olhos frustrado e respondo para minha mãe, enquanto pego minha escova de dentes:

— Eu apenas não precisava mais dela aqui. A mandei embora, simples assim. Ela não é minha namorada, mãe, você sabe disso. Ela aceitou ser minha ficante porque quis, eu não a obriguei.

Silêncio se segue do outro lado da linha. Finalmente, minha mãe suspira, resignada:

— Tudo bem, filho. Mas tente ser mais cuidadoso com os sentimentos das pessoas. A Veronica é uma boa moça.

Respondo rapidamente antes de escovar os dentes:

— Entendi, mãe. Vou tentar ser mais claro da próxima vez. Nos falamos em breve, tá?

E desligo o telefone, refletindo sobre a conversa enquanto me preparo para o dia. Deixo meu celular no balcão da pia e me dirijo para o chuveiro, tirando minhas roupas e ligando a água. Enquanto a água quente começa a relaxar meus músculos, minha mente se volta para Veronica.

"Essa mulherzinha dos infernos", penso. "Não sei como pude ficar tanto tempo com ela. Ok, ela é bonita, mas o que tem de bonita, tem de burra. Quantas vezes deixei claro que não queria nada sério?"

Enquanto a água escorre, minha frustração se mistura com a sensação de alívio por ter me livrado dela. "Porém, era com ela que eu transava quando estava frustrado", penso. Agora ela está longe, e de repente me vejo interessado em Ema, que me quer bem distante.

— Que inferno — murmuro, sentindo a água quente bater em meus ombros tensos.

A sensação de vazio se mistura com a frustração enquanto tento entender como cheguei a esse ponto. A água do chuveiro parece não ser suficiente para lavar a confusão em minha mente.

Enquanto me ensaboo, o nome "Ema" surge em minha mente novamente. E digo a mim mesmo:

— Ah, doce Ema, estou realmente interessado em você. Talvez seja puramente sexual, não tenho certeza, mas sinto que meu foco mudou. Não desejo mais suas terras; agora, quero você.

Um sorriso involuntário aparece em meus lábios ao lembrar da imagem dela avançando sobre mim, nos derrubando no chão como uma verdadeira selvagem, com aquele jeito decidido.

Neste instante, sinto um leve formigamento no corte em meu pescoço. O jantar de ontem foi cheio de surpresas. Mas você será minha, Ema, completamente minha, custe o que custar.

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