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Eu não havia conversado com Dominic desde então. Ele parecia estar me evitando, pois há dois dias eu não o via. Não sei se estava trancado em seu escritório - como de costume -, ou se ficava em seu quarto. Eu decidi tentar arranjar algum hobby, além de ler. Tentei assistir algo ou cozinhar, mesmo que talvez eu não esteja tendo muito sucesso.

Hoje fiquei sabendo que os amigos de Dominic virão. Hope me enviou uma mensagem avisando, dizendo que será um momento para todos descontraírem. Trarão bebidas e petiscos. Talvez seja uma boa ideia, visto que os últimos dias tem sido solitários. Não custa tentar, né?

Hope disse que viria mais cedo para podermos conversar e organizar a casa. Eu já havia tomado banho, me arrumado e agora me encontrava na sala, assistindo um programa qualquer sobre receitas. Abri o Instagram e fiquei olhando algumas postagens, pensando em como tudo estava sendo tão entediante. Observei a foto de algumas pessoas famosas, vendo que estas estavam em diferentes países em cada postagem. Por um momento, desejei ter aquela vida. Desejei que minha vida atual fosse apenas um pesadelo e que, quando eu acordasse, Joseph não existisse.

— Boa tarde!

Pulei do sofá, olhando com os olhos arregalados para Hope. Eu estava tão concentrada que nem a ouvi chegar.

— Boa tarde, Hope.

Olhei para a hora, vendo que ainda eram 17h. Pelo que ela me contou, os amigos de Dominic chegariam por volta das 19h.

— Desculpe por te assustar. Acho que me empolguei. — Ela riu, coçando a cabeça.

— Não tem problema, acho que eu que estava concentrada demais. — Sorri, tranquilizando-a.

Só então percebi que ela estava com o braço cheio de sacolas. Ofereci ajuda, mas ela negou prontamente, me chamando para irmos até a cozinha. Logo ela estava guardando algumas cervejas na geladeira. Comecei a ajudá-la, guardando alguns pacotes de biscoitos. Para quem ela havia comprado tudo aquilo?

— Então, como tem passado, Brooke? Faz tempo que não a vejo.

— Acho que estou bem. — Dei de ombros. — E você?

— Estou bem. — Sorriu. — Fico feliz de nos vermos. Acho que virei mais vezes para conversarmos. Ainda não tivemos tempo de nos conhecermos melhor. E imagino como deve ser difícil ficar sozinha todos os dias.

Parei o que estava fazendo e a encarei, vendo a garota fazer o mesmo.

— O Dominic, por acaso, falou algo para você? — Perguntei, lembrando-me do que havia dito para o rapaz.

— Ele falou, sim. — Ela sorriu, amigável. — Ele disse que você estava se sentindo sozinha e, bem, ele não é muito bom em socializar, então me pediu para tentar conversar com você. — Ela engoliu em seco, parecendo escolher as palavras. — Não estou fazendo isso só porque ele pediu, ok? Eu... eu fiquei sabendo do que aconteceu com a sua amiga e entendo a sua dor. Sei como deve ser difícil ter que aguentar tudo calada. Por isso, pode contar comigo para o que precisar. Espero, de verdade, que sejamos boas amigas, Brooke.

Depois de certo tempo calada, me vi na obrigação de desviar o olhar. No fundo, me sentia um pouco feliz por saber que podia contar com alguém. Mesmo que eu e Hope não tenhamos intimidade, sei que ela é uma boa pessoa.

Também me senti um pouco emocionada por Dominic se preocupar com o que eu havia dito. Posso considerar que ele pensou no meu bem-estar, não é? Essa sensação no meu peito, será que devo chamar de felicidade?

— Obrigada, Hope. Obrigada por estar disposta a conversar comigo. — Sorri, vendo a garota retribuir. — Também espero que sejamos boas amigas.

— É assim que se fala! — Ela comemorou, piscando um dos olhos, voltando a guardar as compras. — Comprei bastante coisa para você, desde biscoitos até chocolates. Talvez eu tenha me empolgado um pouco nas compras. — Riu, travessa. — Mas pode aproveitar, Brooke, é tudo seu.

— Não precisava de tudo isso, Hope. Eu...

— Eu sei, me desculpa. Não estou querendo comprar a amizade ou forçar a barra. Só achei que seria legal, sabe? Você não sai daqui e acho que não come essas coisas faz um tempo.

Eu apenas assenti. Ela estava certa, de qualquer forma. Fazia um tempo que eu não comia uma barra de chocolate. Acho que Dominic não se preocupa com doces e, por isso, acaba não comprando. Fico grata por Hope ter pensado nisto.

Nós continuamos conversando. Hope me contou um pouco sobre si mesma. Disse que é apaixonada por compras - o que, em minha opinião, pareceu um pouco óbvio -, e que adora tudo relacionado a moda e maquiagem. Me contou que, quando era criança, sentia vontade de entrar em uma faculdade de moda e que possuía um caderno de desenhos. Infelizmente, seu sonho foi interrompido por Joseph. Ela disse que precisa se vingar primeiro, pela dor e sofrimento que ele a causou.

Quando percebi, o assunto já havia mudado. Hoje se aproximou com seu celular, falando alguma coisa sobre contratações.

— Brooke, o que acha de contratarmos alguém para cuidar da casa? Cozinhar, limpar e tudo mais. Dessa forma não sobra trabalho para você e para o Dominic. — Me mostrou a foto de uma mulher idosa, com os cabelos grisalhos e um olhar cansado. — O que acha desta?

— Eu não sei, ela me parece exausta. Não quero dar muito trabalho para as pessoas.

— Ok, vamos para a próxima. — Desta vez, me mostrou uma mulher que provavelmente estava na casa dos 40 anos. Possuía um sorriso simpático nos lábios. — E esta?

Encarei a foto, entortando os lábios enquanto pensava. Não parecia ser uma pessoa ruim. Pelo contrário, parecia ser uma pessoa muito generosa. Talvez estivesse precisando do emprego.

— Por mim, ok.

— Certo. Irei entrar em contato com ela. Aliás, o seu nome é Christine. Ela poderá cuidar da casa, disse-me que sempre trabalhou com isso e, por isso, tem certa facilidade.

Concordei com a cabeça, vendo Hope mostrar a foto de uma senhora. Ela devia estar com uns 50 e poucos anos, mas ainda sim parecia energética. Estava sorrindo e o seu sorriso chegava até seus olhos. Era algo fofo, eu diria.

— Ela parece simpática. — Comentei. — Qual sua opinião sobre ela?

— Seu nome é Elizabeth e, minha nossa, ela é um amor de pessoa! Você irá adorá-la, Brooke!

— Contrate-a, por favor. — Sorri, sabendo desde já que havia feito uma boa escolha.

— É para já! — Sorriu de volta. — Ela me disse que é uma ótima cozinheira.

— Eu não tenho dúvidas.

Decidimos que, por enquanto, contrataremos as duas. Veremos com elas irão se adaptar a casa e a mim e a Dominic. Caso seja necessário - e acho que será - contrataremos mais pessoas. Hope me disse que Dominic havia aprovado a ideia e que não se importava com os custos.

Depois de decidirmos sobre as contratações, ficamos conversando sobre assuntos aleatórios. Desde séries que gostávamos, a países que desejávamos conhecer. Precisava admitir que Hope era uma pessoa agradável e parecia ser uma grande amiga, daquelas que podemos contar quando precisamos. No fundo, realmente agradeci mentalmente a Dominic por ter pedido para que ela se aproximasse de mim.

...|...| ...

Os amigos de Dominic já haviam chegado. Neste momento, todos se encontravam em uma sala de visitas, onde havia uma mesa de sinuca e um bar. Shin estava preparando as bebidas, enquanto Gregory e Dereck jogavam. Angelique estava sentada em uma poltrona com as pernas cruzadas e um copo de whisky nas mãos. Vestia um vestido preto colado que realçava suas curvas. Hope e Neo estavam ao meu lado, em um sofá no canto da sala. Ambos conversavam animadamente sobre sei lá o que. Eu apenas bebia uma cerveja enquanto me perguntava se Dominic iria aparecer. Não que eu estivesse desesperada para vê-lo, é claro, mas, sabe, são os "conhecidos" dele.

Revirei os olhos e foquei nas pessoas a minha volta, agradecendo por Angelique, e Gregory estarem me ignorando. Eles sequer me olharem e, honestamente, eu achei isso maravilhoso. Não ter a atenção deles é uma dádiva. Não preciso conversar com duas pessoas estúpidas que tem o ego elevado.

Dereck, surpreendentemente, foi educado. Me cumprimentou com um belo sorriso e então se dirigiu para a mesa de sinuca. Hope me falou que ele é uma pessoa legal, mas, às vezes, o humor dele não está dos melhores e por isso acaba sendo um pouco desagradável. Por incrível que pareça eu acabei por concordar, pois, não posso negar que também sou assim. Sei que posso ser chata quando estou de mau humor.

Me levantei, caminhando até o bar. Assim que me viu, Shin abriu um sorriso amigável, fazendo-me retribuir.

— Olá, Brooke.

— Oi, Shin. — Observei as bebidas, tentando ver se me interessava por alguma delas.

— Quer que eu te faça um drink?

— Hum, eu não entendo muito sobre essas coisas. Tem alguma sugestão?

Ele pareceu pensar um pouco antes de falar, sorrindo logo em seguida.

— Que tal Manhattan? Posso fazer com bourbon, se preferir. Também vai vermute tinto doce e Angostura. Se me permite dizer, este é o meu preferido. — Piscou um dos olhos.

— Parece ótimo. Vou querer este, então.

— Ok, estará pronto em instantes.

— Tudo bem. Irei no banheiro e já volto.

Saí da sala e caminhei até a cozinha para deixar a cerveja, apoiando as mãos na pia por alguns segundos. Eu me sentia feliz, feliz por estar me descontraíndo. Óbvio que não era uma festança, mas, só o fato de poder conversar com outras pessoas já me alegrava. Eu já não me sentia solitária. A conversa nesta tarde também havia sido muito interessante. Hope é uma pessoa engraçada e me fez rir um pouco. Além de que foi bom conhecê-la.

Sorri para mim mesma, me virando e caminhando para a porta. Assim que saí, acabei me chocando contra o corpo de alguém. A pessoa era forte e possuía um bom reflexo, pois colocou as mãos em meus braços e me impediu de cair.

Engoli em seco ao levantar os olhos e me deparar com Dominic. Estávamos tão perto, tão colados. Seu corpo era rígido e suas mãos eram firmes em meu braço. Sua respiração quente se chocou contra meu rosto. Por algum motivo eu me senti inerte estando tão perto de seu rosto. Vendo-o nesta distância posso ver com mais clareza como ele é lindo.

Ele acabou pigarreando e então nos afastamos rapidamente, ambos envergonhados. Pude ver um leve rubor em suas bochechas e quase senti vontade de rir.

— Me desculpe... — Nós falamos juntos, causando um silêncio em seguida.

— Eu... — Novamente, lá estávamos nós a falar em uníssono.

Nos encaramos em silêncio e então ele indicou com a cabeça que eu deveria falar primeiro. Agradecida, me desculpei.

— Me desculpe, Dominic. Eu não o vi chegando.

— Eu quem peço desculpas. Fui desatento.

Nos encaramos novamente, mas, desta vez, havia um clima estranho entre nós. Dominic parecia desconcertado, porém logo recuperou a postura. Ele havia voltado a ser o homem sério e indiferente de sempre.

— Você irá ficar conosco?

— Onde?

— Na sala de jogos.

— Ah, sim. A sala de jogos. — Por que eu sentia que ele estava distraído? Parecia estar pensando em algo. — Sim, eu estava indo para lá. Só pensei em passar aqui para pegar uma cerveja.

— Entendo. — E mais uma vez aquele silêncio constrangedor. Céus, que coisa chata. — Ok, então. Te vejo lá.

Saí rapidamente, me dirigindo para o banheiro mais próximo. Assim que entrei, tranquei a porta rapidamente e coloquei as mãos nas bochechas, lembrando do seu corpo colado ao meu. Meu Deus, havia uma coisa que eu não poderia negar.

Dominic era um tremendo gostoso.

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Comments

Cida Santos

Cida Santos

muita gente querendo vingança. Será que vai dar certo?

2024-07-12

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