Capítulo 15 Novo Começo

Eu mesma não era capaz de acreditar que estava namorando com Kety. Sentia tanta alegria e amor, sentia a coragem de Piper, o carinho de Pietro e a paixão de Paloma. Era como se finalmente eu tivesse juntado todas as peças para finalmente ser feliz de verdade, sentir amor de verdade.

Não me importava o que os outros fossem pensar da nossa relação e não esconderia de ninguém, exceto minha mãe por um tempo. Era um assunto delicado e eu sabia que seria um choque para ela, pois na minha percepção nunca apresentei interesse por garotas. Eu mesma não esperava por isso, mas aconteceu e eu não me arrependi.

Quando a segunda-feira chegou, senti um friozinho na barriga quando minha mãe me deixou na frente da escola, eu sabia que tudo seria diferente e isso era maravilhoso.

Assim que entrei na escola fui recebida de surpresa por Kety, que me abraçou e me beijou na frente de todos. Mas era como se só houvesse nós duas naquele momento.

— Bom dia, minha linda — disse ela ainda me abraçando e sorrindo.

— Bom dia — respondi e a beijei novamente.

Ficamos por mais um tempo nos beijando enquanto os outros alunos entravam na escola.

— Vocês são perfeitas juntas.

Ouvi a voz de Vitória e me reparei de Kety.

Vitória estava ao nosso lado e quando a vi ela sorria.

— Oi, amiga! Como você está? — perguntei preocupada, saindo dos braços de Kety.

— Ainda estou mal. Mas estou feliz em ver que deu tudo certo entre vocês duas — disse ela.

— Nós finalmente oficializamos — afirmei e sorri para Kety. — Tudo por causa da sua ajuda.

— Qual ajuda? — perguntou Kety.

— Um dia a gente te conta — respondi a ela e me voltei para Vitória. — O Rafael ainda não está falando com você?

— Está fugindo como diabo da cruz — respondeu Vitória.

— Ué, o que aconteceu? — indagou Kety.

Vitória e eu nos olhamos.

— Dentro da sala te contamos tudo. Aí você vai entender melhor a ajuda da Vitória — falei.

— Tem certeza, Paloma? — perguntou Vitória preocupada.

— Um dia eu teria que contar.

Kety ficou sem entender nada.

Assim que o sinal tocou, subíamos para a sala de aula e por nenhum momento vi Rafael. Não acreditei que ele estava sendo tão idiota com a Vitória. Isso me fez refletir sobre quem ele realmente era.

Entramos na sala depois da professora e Vitória e eu nos sentamos nos mesmos lugares de sempre. Não havia motivos para Kety e eu ficarmos separadas, então ela se sentou sozinha na nossa frente. Suas amigas até pediram para sentar ao seu lado e ela recusou.

— Quero saber o que vocês têm para me contar, que ajuda foi essa — disse Kety depois de dispensar a última menina.

— É uma longa história — afirmou Vitória.

— Ainda bem que estamos na aula de artes, temos todo tempo do mundo — disse Kety, virando-se para trás.

Vitória e eu nos olhamos e assentimos uma para a outra, aquele era o momento para contar.

— Nós vamos contar tudo, só com um combinado — avisei.

— Qual? — perguntou ela.

— A Paloma não quer ser julgada — interrompeu Vitória.

— Pode falar. Eu sou bem mente aberta.

— Ok — disse Vitória.

— Eu fiz diversas regressões e você foi meu par romântico em todas elas — falei rapidamente.

— Como assim? — indagou Kety, arqueando uma sobrancelha.

— Deixa que eu explico melhor — disse Vitória.

E foi assim que contamos todas a história de eu ser a cobaia de Vitória, de eu estar em busca de entender meus sentimentos pela Kety até finamente aceitar que nossos destinos estavam ligados.

Quando terminamos de contar tudo, Kety sorria maravilhada.

— Essa é a história mais fofa que eu já ouvi. Não acredito que você passou por tudo isso para ver que nascemos para ficar juntas, Paloma. Eu tive certeza disso desde o primeiro momento que te vi — disse ela, sorrindo para mim.

— O que importa é que estamos juntas agora — disse pegando as duas mãos dela e as beijando.

— E nada nem ninguém vai nos separar. Agora tenho ainda mais certeza disso.

— Vocês são muito fofas — disse Vitória.

— E o que aconteceu com o Rafael? — perguntou Kety.

— Digamos que ele não aceitou tão bem quanto a Paloma — resmungou Vitória.

— Aceitou o que?

— Ele pediu para fazer uma regressão também — disse eu. — Na sua vida passada ele viu que era casado com a Vitória e desde então começou a ficar estranho com ela.

— Que ridículo, cara — comentou Kety.

— Nem me fale — concordei.

— A conversa está muito boa — interrompeu a professora de Artes quando se aproximou de nós. — Passei trabalho.

— A gente já vai fazer, fica tranquila — disse Kety.

— Bom mesmo — disse ela e se retirou.

— Bem, onde estávamos? — disse Kety.

— E se eu fosse conversar com ele? — sugeri. — Afinal, eu sei mais ou menos o que ele está passando. Deve estar confuso, coitado.

— Não sei, não — disse Vitória receosa.

— Eu acho aquele garoto um babaca e vocês sabem bem os meus motivos — disse Kety. — Mas eu sei que ele se redimiu nesses últimos anos. Também sei que minha amiga aqui sempre foi louca por ele. Então, vai que dá certo o que custa tentar?

— O que você acha, Vitória? — perguntei.

— Faz o que achar melhor — respondeu ela chateada.

— Ótimo! Hoje no intervalo eu falo com ele.

— Então... — interrompeu Kety. — Eu tinha uns planos para hoje — disse um pouco sem jeito. — Quero te apresentar como minha namorada para meus amigos.

— Eles ainda não sabem? — perguntei surpresa.

— Decidi contar no susto — admitiu ela.

Olhei desapontada para Vitória.

— Tudo bem, amiga. Vou estar lá com você, o Rafael pode esperar um pouco mais.

Assim que chegou o intervalo. Kety estava animada para dar a notícia do nosso namoro para seus amigos. Enquanto descíamos as escadas ela sorria e falava animada sobre como pensava que seria a reação de cada um.

— A Eduarda vai ficar tão feliz por mim — disse Kety.

Apenas concordei e olhei para Vitória. Nós duas sabíamos que por algum motivo aquela garota não gostava de mim. Então não esperava uma ótima reação dela. O que me importava era que Kety não saísse magoada depois de ter a rejeição de alguém que ela gostava muito. Por isso, eu torcia para que Eduarda disfarçasse que não gostava de mim pelo menos na frente da Kety. O que me aliviava a tensão era saber que eu tinha Vitória ao meu lado.

No pátio encontramos os amigos de Kety reunidos conversando.

— O que você tem de tão especial para nos contar que passou a noite mandado mensagens misteriosas? — perguntou Felipe, quando nos aproximamos.

— É uma boa notícia — disse Kety para provocar.

— Isso você já deixou bem claro — comentou Leandro.

— Fala logo — pediu Felipe, animado.

— Melhor falar logo antes que eles criem mais um milhão de teorias — disse Eduarda.

— Então, já que insistem — disse ela dramaticamente. — Bem... — disse ela passando o braço por cima do meu ombro. — Paloma e eu estamos finalmente namorando!

Eu fiquei parada, tímida o bastante para ver a reação escandalosa dos meninos, que pularam e gritaram.

— Essa é a minha garota! — disse Felipe batendo nas costas da Kety. — Parabéns — disse ele à mim. — Kety é uma pessoa maravilhosa.

— Eu sei — falei, olhei nos olhos dela e sorri. — Obrigada.

— Ah, para de puxar meu saco, Felipe — disse Kety.

E eles sorriam.

Em seguida, vieram os meninos nos abraçar e dar os parabéns, e por último Eduarda.

— Parabéns, amiga — disse abraçando Kety.

— Parabéns e cuida bem da minha amiga — disse ela me abraçando e sorrindo para mim.

Naquele momento ela parecia diferente, parecia realmente feliz em me ver ao lado de Kety. Talvez eu estivesse errada em relação à ela.

Estávamos todos sorrindo, os garotos ainda pareciam crianças em dia de Natal, Kety e Eduarda conversavam alegremente e Vitória estava calada e sorria quando eu a olhava. Eu sabia que ela estava feliz por mim, mas também estava triste por causa de Rafael e eu sentia que poderia mudar isso.

Naquela noite passei algumas horas conversando por mensagens com Kety, planejamos sair juntas final de semana e me apresentar para o pai dela como sua namorada. Isso deveria me deixar nervosa, mas eu sabia que o homem já sabia quem era sua filha e provavelmente já sabia de mim a muito tempo, então, tudo seria tranquilo. Por outro lado, eu sabia que as coisas seriam totalmente diferentes com a minha mãe.

“Você percebeu como a Vitória ficou o dia todo?” enviou Kety.

“Percebi. Coitadinha” respondi.

“Bem, a amiga do Rafael aqui não sou eu. Não tenho o telefone dele”

“Está insinuando que eu vá falar com ele agora?”

“Por mensagem as conversas fluem melhor.”

“Eu penso o contrário. Mas posso tentar e amanhã falo pessoalmente com ele também.”

“Ok, meu bem. Eu já vou ir dormir. Boa noite, te amo.”

“Também te amo, boa noite.”

E ela ficou off-line.

Fiquei alguns minutos receosa, apenas olhando para a tela do celular. Me deitei na cama e decidi tomar para mandar uma mensagem.

Pensei em desistir e ir dormir, mas era da felicidade da minha amiga que se tratava. E Vitória não me abandonou quando eu precisei e eu faria o mesmo por ela.

“Oi, Rafa!” enviei.

Levou alguns minutos até ele finalmente me responder.

“Ah, é você Paloma. Tudo bem?”

“Sim, e com você?”

“Estou bem. Fiquei sabendo que você e a Kety estão namorando. Parabéns!”

“Sim! Estou muito feliz! Pena que você não estava lá quando ela contou para os amigos. Você está bem? Aconteceu alguma coisa?”

“Você não sabe? Vitória e eu andamos nos estranhando.”

“Ela me contou que você se afastou depois da regressão. Você viu algo muito assustador?”

“Não foi nada macabro. Mas foi assustador de alguma forma.”

“Como assim?”

“Bem, eu era homem. Século XXI eu acho, morava na Europa em uma fazenda, era casado e tinha três filhos pequenos.”

“Até aí tudo bem.”

“O problema é que eu me assustei quando vi que a esposa do homem era a Vitória. Ela era diferente, claro. Era branca e ruiva, mas ainda tinha os mesmos olhos e sorriso. Sei lá, foi um choque saber que eu era casado com a minha melhor amiga.”

“Então foi isso que te assustou, saber que de certa forma você e Vitória já tiveram algo a mais?”

“Sim. Eu gosto muito dela, muito mesmo. Por isso nunca quis misturar as coisas. Porque não queria correr o risco de perde-la.”

“Você sentiu amor quando viu ela na regressão?”

“Sim, muito. Foi até estranho.”

“Então para que sentir medo? Se você gostava dela antes e gosta agora. Não tem porque ficar fugindo dela. Hoje a Vitória estava atrasada. Ela não tem culpa de nada, nem está te cobrando. Você deveria pensar em como ver tudo isso pode te ajudar agora.”

“Você sabe bem como é isso, né?”

“Sei. Eu também tinha muito medo de gostar de alguém. E de alguma forma conhecer minhas vidas passadas me ajudou a evoluir e aceitar melhor meus sentimentos.”

“Talvez seja disso que eu precise.”

“Amanhã podemos conversar se você quiser. Neste pouco tempo que somos amigos já te considero muito importante para mim. Assim como a Vitória. Então no que eu puder ajudar, eu ajudo.”

“Claro! Vai ser bom conversar com alguém sobre isso. Ainda mais alguém que entenda o que estou passando.”

“Então, boa noite. Amanhã de manhã a gente se fala.”

“Boa noite!”

Quando terminamos a conversa, senti muita alegria por poder ajudar meus amigos na reconciliação ou em algo que poderia ir além da amizade. Eu tinha que contar para Kety. Então mandei mensagem mesmo sendo uma hora da manhã.

“Meu amor! Deu tudo certo. Amanhã vou conversar com o Rafael. Ele está confuso, mas ainda gosta da Vitória. Vai dar tudo certo!”

“Que bom, amor” respondeu ela.

“Ué, não estava dormindo?”

“Quando você manda mensagem não tem sono que me impeça de te responder” disse ela.

Sorri olhando para o celular e conversamos mais um pouco.

Na manhã seguinte, cheguei na escola e fui recebida por Kety, que assim que viu o carro da minha mãe cruzar a esquina. Pulou em mim e me beijou apaixonadamente.

— Bom dia, gata — disse sem ar depois que terminamos de nos beijar.

— Bom dia, coisinha linda!

Ficamos uma olhando nos olhos da outra até que ouvi alguém me chamando.

— Oi, Paloma.

Me virei e Rafael estava atrás de mim, com um semblante triste.

— Oi, já podemos conversar? — perguntei.

Ele fez que sim.

— Ok — disse Kety. — Vou procurar a Vitória e manter ela entretida.

Rafael e eu ficamos olhado Kety se afastar.

— Podemos nos sentar aqui? — indaguei me sentando no meio fio da calçada alguns metros afastado do portão da escola.

Rafael concordou e se sentou ao meu lado.

— Eu pensei bastante na nossa conversa de ontem. Quase nem dormi direito.

— Pensou no que vai fazer?

— Ainda não sei. Parece que agora vai ser tudo diferente com a Vitória.

— Ou não. Vocês podem continuar sendo amigos como antes. A não ser...

— O quê?

— Que você ame ela. E só descobriu isso depois que sentiu o quanto era feliz com ela. Como um casal.

— Não fala merda, Paloma — resmungou ele.

— Não estou falando merda. Eu sei o que você está sentindo. Confusão, e não aceitação. Mas posso dizer por experiência própria que não é certo desperdiçar amor por medo. E depois que você aceitar de todo o coração. Vai poder sentir a mesma felicidade e carinho que sentiu em vidas passadas.

— É complicado. Não quero começar algo que me distancie dela.

— Vocês são amigos à quanto tempo? Desde que entraram na escola?

— É, praticamente é isso — disse ele, jogando os cabelos para trás.

— Então vocês já se conhecem a muito tempo. Sabem muito bem como é o outro. Acha mesmo que uma relação seria algo ruim?

— Você não me conhece. Eu sempre estrago tudo — resmungou ele.

— E se você fizesse um esforço para dar certo? Não vem mentir para mim. Eu sei que em algum momento você pensou em ficar com ela.

— Ela disse que gosta de mim?

— Mais do que você imagina. Ela sempre te amou, tonto — falei alegremente. — Não fala para ela que te contei isso — implorei.

— Eu sinto que tudo mudou depois daquele dia. Eu venho pensando mais nela, nos momentos que passamos. Ela sempre esteve ao meu lado e eu só notei agora a garota maravilhosa que tinha ao meu lado.

— Você me pareceu meio lerdo, mesmo.

Ele sorriu.

— Talvez você tenha razão. Se na vida passada eu fui tão feliz com ela. Agora não seria diferente.

Fiquei cheia de esperanças.

— Mas não sei, não — continuou ele. — Acho que já estraguei tudo.

— Não! Não estragou. A Vitória não está brava com você. Se quiser eu chamo ela agora?

Rafael olhou no relógio de pulso.

— Acho que vamos ter que deixar isso para o intervalo. Falta um minuto para sinal.

Me levantei rapidamente.

— Está bem. Eu aviso ela! — E sai correndo.

— Paloma! — chamou ele.

Olhei para trás.

— Obrigado — disse sorrindo agradecido.

Sorri e voltei a correr.

Quando cheguei na frente da sala Kety veio até mim enquanto Vitória estava distraída conversado com outras garotas.

— E aí? Deu certo? — perguntou ela.

— Mais certo impossível.

— Como assim, Paloma? — perguntou Vitória preocupada enquanto descíamos para o intervalo.

— Eu falei com o Rafael e ele quer conversar com você — expliquei pela quinta vez.

— É bem simples. Vai lá, conversa, faz as pazes e da uns beijinhos nele. Fim — disse Kety.

— Queria que fosse tão simples — disse Vitória.

— Fica tranquila que vai dar tudo certo — falei quando já estávamos no saguão.

— O que você falou para ele, Paloma? — perguntou assustada.

— Nada de mais. Fica tranquila — disse eu sorrindo amavelmente para ela.

— Acho que ele já está te esperando — avisou Kety, olhando para fora.

Na direção da porta que dava para o pátio estava Rafael sentado em um banco, sozinho e pensativo.

— O que eu faço? — perguntou Vitória nervosa.

— Vai lá falar com ele — disse Kety empunhando ela até a porta da escola. — Vocês são melhores amigos. Não precisa ficar com medo de falar com ele.

— E se ele me dar um fora?

— O pior que ele pode fazer é dizer não — insistiu Kety, ainda empunhando Vitória.

— Paloma! — implorou ela.

— E o melhor que ele pode fazer é dizer sim — falei e pisquei um olho.

— O quê? — indagou Vitória.

— Vai logo! — disse Kety, conseguindo tirar ela para fora.

— Está bem. Eu sou corajosa — disse nervosa. — É só o Rafael — respirou fundo. — Vai dar tudo certo.

— Vai logo! — Kety e eu falamos ao mesmo tempo.

— Tá bom. Não precisam gritar.

Vitória respirou fundo mais uma vez e andou até Rafael, sentou-se ao seu lado e começaram a conversar.

— Tem certeza que eles vão ficar juntos? — perguntou Kety.

— Assim como nós estamos.

— E o que a gente faz agora?

— Vamos para um canto e nos beijamos? — sugeri.

— Adorei a ideia.

Depois do intervalo, Kety e eu cercamos Vitória como abelhas no mel.

— Pode contar todos os detalhes — disse Kety assim que entramos dentro da sala.

Vitória sorria, o que significava que tudo acabou bem.

— Vou resumir para vocês — disse ela assim que nos sentamos em nossos lugares.

— Conta logo, mulher! — instruiu Kety.

— Ele estava um pouco envergonhado. O que foi muito fofo. Disse que gosta muito de mim, muito mesmo. Que eu sou a pessoa que sempre esteve ao seu lado e que ver que sua esposa na vida passada era eu, o fez ficar receoso, pois pensou que uma relação poderia atrapalhar nossa amizade.

— Só que algo mudou — disse Kety. — Esse sorrisinho aí não engana ninguém.

— Sim — concordou Vitória. — Ele disse que não queria me perder, mas que depois de ver aquilo ele pensou melhor sobre tudo que passamos e decidiu me dar uma chance.

— Como assim? — perguntei.

— Ele me pediu em namoro — respondeu ela.

— Ah! Não acredito! — gritou Kety pulando da cadeira. — Até que em fim! — comemorou ela.

Quando ela gritou, me levantei e gritei também. Kety e eu parecíamos duas patricinhas comemorando por Vitória, enquanto a mesma só sorria.

No dia seguinte, Vitória e Rafael estavam mais grudados do que nunca. Fiquei feliz em vê-los felizes. Ao mesmo tempo que eu estava muito feliz com Kety. Durante um mês inteiro vivi o paraíso na terra. Kety e eu passávamos o tempo todo juntas na escola e no intervalo as vezes fugíamos de todos. Nos finais de semana eu ia dizia para minha mãe que iria na casa de uma amiga e passava o dia com a Kety. As vezes em dias de semana, ela vinha na minha casa e passávamos as tardes só nós duas.

Minha vida havia mudado drasticamente desde que meu olhar cruzou com o de Kety e algo incrível aconteceu comigo, me apaixonei e pela primeira vez senti que era real porque a pessoa também estava apaixonada por mim.

Logo no dia seguinte, recebi um “Bom dia!” no celular assim que acordei. Aquilo me deixou toda feliz.

E assim ocorreram os melhores dias e semanas da minha vida.

Naquela mesma semana, Kety me apresentou com bichinhos de película de todos os tamanhos.

— Isso é pouco comparado com o tanto que te amo — disse ela.

Todas as noites ela me ligava e ficávamos em chamada até eu dormir. E com o tempo isso meio que se tornou minha rotina noturna.

Todo final de semana eu ia na casa dela depois de que passamos a tarde passeando pela cidade, comendo em lanchonetes e fazendo compras. Ter uma namorada era algo melhor do que eu podia imaginar

Quando chegávamos na pizzaria, seu pai era um cara legal que não fazia tantas perguntas e nos dava extrema privacidade.

— Trouxe uma coisa para você. Está na minha bolsa — falei quando entramos no quarto dela depois do almoço.

— E o que é?

Peguei a bolsa que havia jogado em cima da cômoda, tirei um pacote de presente e a entreguei.

Kety sorriu e rasgou o papel até ver o livro que havia lhe dado.

— O Morro dos Ventos Uivantes! — disse surpresa. — Eu amei. — Abraçou o livro.

— Agora você tem o seu próprio exemplar. Sei que você gosta de livros, ainda vou te dar vários — falei.

— Na verdade. — Se aproximou. — Já faz quase um mês que estamos juntas...

— O melhor tempo da minha vida — interrompi.

Kety me abraçou, afastou meu cabelo e beijou meu pescoço.

— O que você está fazendo? — perguntei sorrindo.

— Não está gostando?

— Muito pelo contrário — disse sem ar.

Kety sorriu maliciosamente e me beijou.

Naquela tarde fizemos amor pela primeira vez de muitas. E só devo dizer que me sentia a mulher mais amada do mundo.

Kety me fazia sentir especial, única no mundo todo. Sua companhia tanto na escola, quanto ficamos em público, era a melhor parte do meu dia. Tudo estava cor de rosa. O amor deixou minha vida muito mais leve.

Durante um mês inteiro vivi a melhor fase de minha vida, os dias tinham cores e eu sentia uma alegria sem igual invadir meu peito a cada instante. Tudo estava perfeito. Até que um dia depois do jantar...

— Filha — disse minha mãe parada na porta do meu quarto. Parecia preocupada. — Sua escola ligou, precisamos conversar.

Mais populares

Comments

luna783

luna783

está sendo um dos melhores livros que já li, amo o jeito que esse tipo de livro faz agente se envolver na história e sentir como se estivéssemos presentes nela

2024-05-03

2

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!