DEPOIS DAQUELA QUARTA - Quando Perdi Minha Virgindade... (PRIMEIRA PARTE)

DEPOIS DAQUELA QUARTA - Quando Perdi Minha Virgindade... (PRIMEIRA PARTE)

PRÓLOGO

A atmosfera na sala de aula era tensa, como uma tempestade prestes a desabar. As carteiras dispostas em filas regulares pareciam testemunhas silenciosas das tensões que fervilhavam entre Ferdinando e eu. Ele era o mestre em me humilhar, e cada vez que nossos olhares se cruzavam, eu podia sentir as palavras afiadas prestes a serem disparadas.

Ferdinando, o antagonista da minha história, era a personificação da arrogância. Seus cabelos cuidadosamente penteados, seu sorriso cínico e seu jeito de andar confiante o tornavam o garoto popular da escola. E ele sabia disso. Mas o seu poder ia além da superfície, estava enraizado em sua habilidade de desgastar minha autoestima.

— Você para mim não passa de um lixo! — vociferou ele, seu rosto contorcido em desprezo.

As palavras de Ferdinando ecoaram na minha mente, perfurando-a como agulhas afiadas. Era como se ele tivesse a capacidade de encontrar minhas fraquezas e usá-las contra mim, uma tortura emocional que ele parecia desfrutar.

— E que merda você é pra mim?! — respondi, minha voz trêmula, mas minha determinação de confrontá-lo inabalável.

O professor Eriberto, um homem de meia-idade com cabelos grisalhos, olhou para nós com olhos cansados. Ele tentava manter a ordem na sala de aula, mas a tensão entre Ferdinando e eu estava atingindo níveis insustentáveis.

— Parem com isso ou terei que tomar medidas drásticas! — Eriberto advertiu, seu tom agora tingido de frustração.

Mas nada adiantava, nem eu e nem Ferdinando éramos capazes de parar com as provocações. Era como se estivéssemos presos em um ciclo vicioso de raiva e desdém.

— Velho! Você é feia, você é um lixo...! — Ferdinando continuou, enfatizando cada palavra com gestos exagerados de dedos.

Suas palavras eram como golpes, atingindo minha autoimagem e alimentando a fúria que fervia dentro de mim.

— Você quer mesmo falar da aparência dos outros, sendo que a sua namorada é feia?! — provoquei, buscando uma pequena vingança por meio de minhas palavras zombeteiras.

Ferdinando se virou para mim, sua expressão uma mistura de raiva e surpresa, mas ele não ousou negar minha afirmação.

— E o que você tem a ver com isso?! — Ele questionou, evitando o tópico delicado de sua própria namorada.

— Nada, só acho que você deveria namorar uma Gisele Bündchen pra poder falar da aparência de alguém! — respondi, decidida a não recuar.

O professor Eriberto, visivelmente preocupado com o que estava acontecendo em sua sala de aula, tentou entender a origem da briga.

— Já mandei vocês pararem ou terei que entregar vocês à diretora! Por que vocês estão se atacando assim?! — questionou, com sua paciência à beira do limite.

As palavras do professor ecoaram em nossos ouvidos, mas, naquele momento, estávamos cegos pelo ódio mútuo e pela dor que havíamos infligido um ao outro ao longo dos anos.

— Ele que começou com a perturbação dele! Estou a ponto de arremessar essa cadeira na cara desse idiota! — ameacei, apontando para uma cadeira próxima a mim, pronta para qualquer ato de desespero.

— Arremessa, que eu te taco fogo! — Ferdinando retrucou, elevando ainda mais as apostas com uma ameaça mais pesada.

— Taca! Quero ver se você é homem para isso! — desafiei, meu coração batendo com força, enquanto o mundo ao meu redor parecia girar em um redemoinho de emoções explosivas.

Ferdinando, no entanto, parecia mais infantil do que nunca. Suas palavras se tornaram simples insultos, e ele agia como um petulante.

— Feia! Feia! Feia! — Ele repetia, como um mantra, sem argumentos racionais para sustentar sua fúria.

O professor Eriberto, com a paciência completamente esgotada, finalmente se levantou da mesa e nos conduziu para fora da sala, determinado a resolver a situação na diretoria.

Descemos para a diretoria, eu à frente, Ferdinando logo atrás, e o professor Eriberto nos conduzindo. A turma do lado de fora da sala de aula, como uma plateia em um espetáculo macabro, aplaudiu e gritou palavras de escárnio.

— Aêêê! Vão casar! — Suas vozes ecoaram, tornando nossa caminhada ainda mais humilhante.

Chegando na diretoria, Ferdinando sentou na entrada interna, como se estivesse marcando território, enquanto eu me acomodei em uma cadeira próxima à mesa da diretora. Seu olhar transmitia desprezo, e eu me sentia um lixo por continuar amando-o, apesar de tudo.

Minha relação com Ferdinando era uma teia de emoções complexas, uma montanha-russa de amor e ódio que me deixava em conflito constante. Sabia que a responsabilidade de encerrar esse enredo perturbador estava em minhas mãos, mas a doença disfarçada de amor que sentia por aquele garoto me cegava.

Eu odiava Ferdinando com cada fibra do meu ser, mas, ao mesmo tempo, ansiava por sua aprovação. Era uma contradição insuportável, e parte de mim se perguntava se ele estava desfrutando da situação. Talvez me perseguir e me fazer sofrer era um jogo para ele, um modo de se sentir superior, e eu alimentava isso, alimentava seu ego.

Meu pensamento vagou para o passado, para quando éramos crianças e adolescentes, e depois para minha vida adulta, na qual eu teimava em me comportar como uma adolescente apaixonada. A história teria sua graça se não fosse trágica. Eu lembrava da minha primeira vez, uma experiência que deveria ser especial, mas que se tornou uma lembrança amarga, um símbolo da dependência emocional que me consumia.

Às vezes, pensava em vingança, em maneiras de fazê-lo sofrer como eu sofri. Cheguei até mesmo a considerar o suicídio, mas percebi que minha vida era valiosa demais para ser perdida por alguém tão insignificante. Encontrei forças para me levantar do chão e dar a volta por cima.

Hoje, posso dizer que estou com a consciência limpa, mesmo que as cicatrizes do passado ainda doam. Ferdinando, para mim, era agora apenas um ser desprezível, uma alma perdida e sem futuro. A lição aprendida foi árdua, mas eu finalmente estava pronta para seguir em frente, buscar relacionamentos saudáveis e valorizar minha própria dignidade. Era o começo de uma nova jornada, uma jornada em que eu seria a protagonista da minha própria história, longe das garras de "boy lixos".

[Obs: Todas as conversas via WhatsApp foram escritas com linguagens abreviadas de internet]

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