Ferdinando: Me desculpe, não foi minha intenção te ofender (desculpou-se)
Eu: Mas ofendeu! Eu não quero ficar com mais ninguém que não seja você, entenda! (declarei, minha voz cheia de frustração)
Ferdinando: Tudo bem... Você também não precisa ficar assim..., só estava brincando... esquece isso (ele tentou amenizar a situação)
Eu: Tudo bem (reconsiderei, tentando me acalmar) Mas deixo claro que só quero ficar com você e mais ninguém.
Houve uma pausa. Ele demorou um pouco para responder e, em seguida, vi no seu perfil do chat "escrevendo...". Meu coração começou a gelar.
Ferdinando: Ok. Estava pensando da gente se ver de novo. O que você acha? — propôs novamente.
Eu: Acho uma boa ideia! (Me alegrei, sentindo um alívio imediato) Quando?
Ferdinando: Ainda não sei, vou ver um dia e te falo (garantiu ele, soando mais comprometido)
Eu: Tudo bem, sendo assim, está perdoado. Mas não faça mais isso, pois eu não gostei.
Ferdinando: Está bem, já pedi desculpas! (respondeu, tentando encerrar a discussão)
O alívio de saber que ele queria me ver de novo acalmou minhas preocupações. Embora um leve desentendimento tivesse me abalado, a promessa de um novo encontro encheu meu coração de esperança. No entanto, uma inquietação persistia em minha mente: Ferdinando tinha feito uma proposta absurda, que eu não conseguia esquecer. O que ele pensa que eu sou? Um objeto que ele pode sair emprestando para qualquer um? Ele só pode estar louco se acha que poderá se livrar de mim tão cedo.
Enquanto essas perguntas ecoavam na minha mente, lembrei da proposta insensata de Ferdinando, sentindo uma mistura de raiva e decepção. Como ele pôde me tratar assim depois do que compartilhamos? Por mais que eu tentasse encontrar uma explicação, o que Ferdinando havia sugerido era inaceitável. Ele tinha que entender que, mesmo apaixonada, eu tinha limites e dignidade.
Eu me acomodei na cama, abraçando o travesseiro, tentando acalmar a mente. Olhei para o teto, imaginando nosso próximo encontro, esperando que ele tivesse percebido o quanto suas palavras me magoaram. Eu queria acreditar que ele poderia mudar, que a nossa conexão era mais forte do que aquele desentendimento. No fundo, porém, a dúvida persistia, e eu sabia que precisaria ser firme para não deixar que Ferdinando me desrespeitasse novamente.
Eu: Você tem razão, vamos esquecer isso. — disse, percebendo que eu precisava sair desse assunto desconfortante. — Você vê o dia de quando podemos nos encontrar para transarmos novamente.
Ferdinando: Certo. — assentiu.
O que estava acontecendo comigo? O cara simplesmente me tratava como uma vagabunda de esquina, que ele podia oferecer até para os amigos, e eu aqui, ainda combinando outro encontro com ele. Tem situações que parecem que a gente pede para passar, não era possível. Não me importava, eu estava apaixonada por aquele homem e queria ser dele a todo custo.
Eu me sentia presa a um ciclo doentio, onde minhas emoções e desejos me cegavam para o tratamento desrespeitoso. Na minha mente, cada mensagem, cada encontro, era uma chance de ele perceber o quanto eu era especial e, talvez, um dia, ele se apaixonaria por mim do mesmo jeito que eu estava apaixonada por ele. As borboletas no estômago, a ansiedade antes de cada resposta, a euforia de vê-lo novamente, tudo isso fazia parte da ilusão que eu criei para mim mesma.
Enquanto eu me iludia, meus sentimentos se aprofundavam. A razão parecia distante, e a voz da minha intuição, que me alertava para a toxicidade da situação, era abafada pelo desejo de ser amada por ele. Mesmo sabendo que ele não me tratava como eu merecia, eu não conseguia resistir à esperança de que tudo mudaria com o tempo.
A noite chegou e fui para a escola novamente, mergulhando na triste monotonia de sempre. Só não era mais triste porque tinha o Ferdinando para eu admirar a noite toda. Tomei meu banho, escovei meus dentes, vesti minha farda, peguei meus materiais escolar e saí para o colégio.
Chegando lá, me deparei com a habitual turma bagunceira, que me fazia sentir como se estivesse de volta ao primário. E lá estava ele. Ferdinando, o amor da minha vida. Quando o vi, esqueci completamente a proposta absurda que havia me feito. Ele sorriu para mim e, naquele instante, eu me perdi naquele sorriso. Meus olhos brilharam e senti como se um arco-íris tivesse se aberto neles. "Esse homem há de ser meu", profetizei em pensamento.
Cada detalhe ao seu redor parecia se apagar quando Ferdinando estava presente. Sua presença dominava o ambiente, e eu não conseguia evitar me sentir atraída por ele. Cada movimento seu, cada palavra dita, parecia enfeitiçar meu coração. Enquanto ele estava ali, nada mais importava. A sala de aula se tornava um cenário secundário para o protagonista dos meus sonhos.
Passei o resto da aula tentando disfarçar meu entusiasmo, mas era difícil. Meus pensamentos vagavam, imaginando um futuro onde ele finalmente se apaixonasse por mim. A esperança e a ilusão se misturavam em um turbilhão de emoções, alimentando minha determinação de conquistar seu coração.
Ao fim da aula, voltei para casa e me despedi de Ferdinando, que fingiu não dar a mínima, já que estava com alguns de seus amigos. Apesar de ficar chateada, compreendi a situação; afinal, ninguém poderia saber sobre nós. Sua indiferença era, de certo modo, justificável.
Cheguei em casa, coloquei meus materiais sobre o sofá vazio e fui direto ao quarto da minha mãe. Ela estava deitada na cama, usando óculos de grau enquanto mexia no celular. Ao notar minha presença, sem se mover, ela perguntou:
— Como foi na escola?
— Foi bem... — respondi, fitando o teto do quarto por alguns segundos, tentando parecer convincente. — Normal, como de costume.
Apesar de minhas palavras, não consegui esconder meu desconforto. Sentia como se estivesse ocultando algo, e de fato estava.
— Só isso que você tem para me dizer? — pressionou ela, insatisfeita com a minha resposta.
— O que mais poderia dizer? A aula foi chata — respondi, enquanto me retirava do seu quarto e ia direto para o meu, tentando me desvencilhar daquele assunto incômodo.
Minha mãe tinha o costume de querer saber de tudo nos mínimos detalhes: o que foi, como foi, e quando foi. Eu me aborrecia com esse tipo de abordagem, mas ela não se importava. Eu vivia na obrigação de responder a todos os seus questionamentos. Naquela noite, porém, consegui, pela primeira vez, me livrar das suas chatices. Mas por que ela estava querendo se aprofundar tanto no assunto? Isso era algo preocupante.
Cheguei no meu quarto e fechei a porta, sentindo um misto de alívio e inquietação. Ela raramente deixava passar uma oportunidade de me questionar até o fim, e sua insistência naquela noite parecia mais intensa. Será que ela suspeitava de algo? Ou talvez tivesse ouvido algum comentário? Essas dúvidas me rondavam enquanto tentava me concentrar em outra coisa. A sensação de estar sendo observada e analisada não me deixava em paz, e a ideia de que minha mãe pudesse descobrir meu segredo era aterrorizante.
Na semana seguinte, em um domingo à tarde, estava eu assistindo ao filme "Piratas do Caribe", profundamente entretida com as palhaçadas do Jack Sparrow. A sala estava iluminada apenas pela luz da televisão, criando um ambiente aconchegante. A brisa suave que entrava pela janela aberta balançava levemente as cortinas, enquanto eu me perdia na trama do filme.
De repente, meu tablet apitou com uma notificação. Meu coração deu um salto, já que eu sabia exatamente quem havia enviado a mensagem. Era Ferdinando, e para minha surpresa, ele havia enviado uma mensagem antes de mim pela primeira vez.
Ferdinando: Quarta-feira teremos a casa livre. No momento minha mãe está folgando, mas ela volta ao trabalho na quarta. Tudo bem, quarta?
Eu: Sim. Para mim está ótimo.
Pulei de alegria no sofá, um sorriso se espalhando de orelha a orelha e uma felicidade que não cabia no peito. Cada salto fazia o sofá ranger sob o meu peso, mas eu não me importava. Estava flutuando de felicidade, meus pensamentos já voando para o encontro que teríamos. De repente, senti algo estranho e desconfortável. Uma sensação familiar.
Parando abruptamente, coloquei a mão dentro do short e passei dois dedos pela minha intimidade. Meu coração afundou ao perceber o que era.
"Droga...! Menstruei!", pensei, sentindo a alegria evaporar instantaneamente. Péssima hora para ela chegar.
A sala, que momentos antes parecia cheia de luz e felicidade, agora parecia mais escura e opressiva. O filme continuava a tocar, mas eu já não conseguia prestar atenção. A excitação e expectativa foram substituídas por frustração e um pouco de desespero. Olhei para o calendário no tablet, calculando mentalmente quanto tempo a menstruação duraria e se ainda seria possível encontrar Ferdinando antes que ele desse uma data.
Sentei-me lentamente no sofá e suspirei profundamente, tentando me acalmar. Talvez houvesse uma solução, talvez tudo se resolvesse a tempo. Mas naquele momento, tudo o que eu queria era voltar a sentir a alegria que tinha um instante antes.
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Atualizado até capítulo 35
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