Corri para o banheiro em busca de um banho rápido, mas acabei dedicando um cuidado extra à minha região íntima, quase esfolando suas laterais — afinal, não queria passar vergonha na frente do meu crush. Assim que terminei o banho, peguei a toalha e, enquanto me enxugava, deixei minha mente vagar, imaginando como seria estar na casa de Ferdinando, sentindo seus lábios nos meus. Esse pensamento me deu um impulso extra para me arrumar mais rápido e adiantar o nosso encontro.
Vesti minha melhor roupa — pelo menos aquela que eu considerava a melhor — e fiz minha maquiagem da melhor forma possível com os produtos simples que eu tinha à disposição. Até hoje me pergunto o que me fez comprar aqueles blushes horrorosos que vinham com uma esponjinha embutida na tampa de um pequeno frasco, e que, incrivelmente, duraram anos comigo. Eu os usava mesmo depois de vencidos, pois não tinha dinheiro para comprar outros. Além disso, só conseguia alguns trabalhos esporádicos, mas nenhum que me desse um salário digno.
Minha mãe percebeu minha pressa enquanto eu me arrumava e logo começou a desconfiar. Era impressionante como ela sempre conseguia farejar quando algo estava fora do lugar.
— Pra onde vai com tanta pressa? — perguntou, estreitando os olhos.
— Vou na casa de uma amiga para fazer uns trabalhos de escola — inventei uma desculpa.
— Qual o nome dessa amiga? — Ela parecia desconfiada.
— Juliana — respondi prontamente, sem nem pensar.
Na minha rua, havia várias meninas com o mesmo nome, então foi fácil escolher um aleatoriamente para usar como desculpa. Minha mãe tentou encontrar alguma falha na minha resposta, mas não conseguiu. Acabou acreditando no que eu disse.
— Vá, mas não demore — instruiu.
— Pode deixar, mãe — sorri falsamente enquanto me afastava.
Com um misto de deslumbramento e ansiedade, saí de casa carregando minha bolsinha tiracolo bege, pronta para o tão esperado encontro com Ferdinando. O ambiente ao redor parecia conspirar para realçar minha expectativa: a imponente Igreja Testemunha de Jeová erguia-se majestosa, enquanto a brisa suave acariciava meu rosto e o sol, em seu lento declínio, pintava o céu com tons alaranjados e rosa pálido. Naquele cenário, sentia-me preparada para me entregar a ele, finalmente. Não se tratava apenas da minha primeira vez, mas sim de compartilhar esse momento especial com o homem que eu considerava o mais belo que já havia cruzado meu caminho.
Enquanto aguardava na porta da igreja, o ambiente tranquilo contrastava com a agitação interna que eu tentava controlar. O trânsito fluía de forma serena, sem grandes surpresas. Imaginei que teria que esperar por Ferdinando por um bom tempo, mas para minha surpresa, ele chegou apenas cinco minutos depois de mim, demonstrando um comprometimento que me fez sentir alívio e satisfação, embora eu não demonstrasse isso a ele. Afinal, ficar plantada ali esperando por alguém poderia ter sido decepcionante, mas ele não me deixou esperando, o que era reconfortante.
Ele se aproximou com passos rápidos, vestindo seu uniforme escolar e carregando apenas um caderno, o mesmo que sempre levava para a escola. Aquela escolha me pareceu estranhamente desnecessária, como se estivesse tentando esconder algo de alguém. Uma sensação de curiosidade misturada com diversão cresceu em mim diante da cena. Era quase cômico, como se estivesse prestes a protagonizar um esquete improvisado em meio àquele cenário peculiar.
— Oi — ele acenou para mim com um sorriso malicioso.
— Oi — minha resposta saiu num misto de excitação e nervosismo.
Ele se aproximou e me cumprimentou com um beijo no rosto, sua presença parecia preencher todo o espaço ao redor.
— Como você está? — sua voz era suave, mas seu olhar revelava uma intensidade sedutora.
— Estou bem, e você? — tentei manter a compostura, mesmo sentindo meu coração acelerar.
Então veio aquela frase, carregada de desejo e provocação, que me deixou sem reação por um momento.
— Melhor agora que vou te foder — ele disse, com um olhar travesso que enviou um arrepio pela minha espinha.
Apesar da surpresa, tentei não deixar transparecer o desconforto que aquelas palavras causaram, e apenas retribui com um sorriso desconfortante. Afinal, estávamos prestes a nos entregar um ao outro, e aquela linguagem crua fazia parte do jogo. Mesmo assim, uma parte de mim se sentiu um pouco desconcertada.
— Então, aonde vamos? — perguntei ansiosa, esperando por uma resposta que desse forma às minhas expectativas.
— Para minha casa, oras — respondeu Ferdinando, com um tom que me fez sentir uma boba por sequer ter questionado o óbvio.
Segui Ferdinando por algumas ruas, cada esquina revelando uma nova paisagem urbana. Embora já fosse tarde, o sol ainda lançava seus últimos raios dourados, tingindo o céu com uma tonalidade quente e suave. O trajeto até sua casa não era longo, mas também não era curto. Após cerca de cinco minutos, finalmente chegamos ao destino. Ele subiu a pequena escada de uma casa fechada, abriu o portão e entrou.
Ferdinando abriu o portão com uma familiaridade que me intrigou, como se aquele lugar fosse uma extensão natural de si mesmo. Adentrei atrás dele, sendo recepcionada por um lindo cachorro de pelagem caramelada, cujos olhos brilhavam com curiosidade e afeto.
— É seu? — perguntei, deixando-me encantar pela beleza do animal.
— Sim — respondeu ele, com uma frieza que contrastava com a ternura do cachorro.
Instalei-me no sofá, cujo revestimento vermelho opaco destacava-se, criando um contraste evidente com a turbulência de emoções que me invadia. Aguardei, ansiosa e apreensiva, as próximas iniciativas dele. Era minha primeira vez e eu me encontrava em meio a um mar de incertezas, sem ter a menor ideia de como proceder.
Ferdinando então me conduziu até um quarto que ostentava uma cama de casal, aparentemente pertencente à mãe dele. Sua instrução para que eu me despisse soou autoritária, quase como uma ordem direta, evocando uma sensação de submissão que, de certa forma, me incomodou. No entanto, decidi acatar. Diante dele, despi-me, enquanto seus olhos pareciam refletir uma mistura de admiração e desejo, pelo menos foi essa a impressão que tive.
— Cadê a camisinha? — sua voz soou carregada de urgência e expectativa.
Com um gesto decidido, abri minha bolsa tiracolo e retirei a camisinha, encarando-o firmemente enquanto ele, sentado na cama de casal, desabotoava sua bermuda. Sua expressão maliciosa não passou despercebida por mim, mas não me intimidei.
— Aqui está. — Joguei a camisinha em cima dele, como que desafiando-o a prosseguir.
Com cuidado, tomei meu lugar na beira da cama, enquanto ele se posicionava diante de mim, aguardando o tradicional momento do sexo oral. Minhas mãos exploraram seu membro com ternura antes de levá-lo à minha boca, onde comecei a acariciá-lo com movimentos habilidosos. Cada toque era uma sinfonia de sensações, e eu podia sentir a resposta dele nos gemidos que escapavam pelo ar, ecoando no ambiente íntimo que compartilhávamos. Até aquele momento, eu estava completamente envolvida na experiência, entregando-me ao prazer mútuo com uma sensação de êxtase crescente.
Ele me conduziu até a cama com uma determinação quase impessoal, como se estivesse seguindo um roteiro predefinido. Enquanto se preparava, vestindo o preservativo com gestos mecânicos, e se aproximava, a sensação de desconexão entre nós começou a surgir. Ao penetrar em mim, seu corpo se tornou uma presença física, mas seus olhos distantes revelavam uma ausência emocional que me deixava confusa e desamparada.
Tentei buscar proximidade em seus cabelos castanhos, esperando encontrar ali um refúgio de afeto, mas suas reações evasivas minaram minha tentativa. Era como se ele estivesse presente apenas fisicamente, enquanto sua mente vagava para longe, distante da intimidade que eu ansiava compartilhar. A ausência de beijos e carícias, gestos que esperava encontrar naquele momento íntimo, deixava um vazio doloroso entre nós.
À medida que ele se movia com vigor, uma mistura de prazer e dor se entrelaçava em meu corpo. Cada investida parecia mais uma invasão do que uma entrega mútua, e o leve sangramento que respingou na cama foi um eco da minha própria angústia interior, registrando ali a perda da minha virgindade. Por mais que tentasse ignorar, a sensação de desconforto se intensificava, sufocando qualquer resquício de desejo.
Naquele momento, a frieza dele se tornou um muro intransponível, impedindo qualquer possibilidade de verdadeira entrega. O que era para ser o ápice do prazer se transformou em uma experiência frustrante, deixando-me mais vazia do que completa, mais magoada do que saciada.
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Atualizado até capítulo 35
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