"Calma, Donatella! Nada de surtar agora," minha mente tentava me tranquilizar enquanto meu coração disparava. O que me restava era falar com Ferdinando e pedir para adiar o dia mais uma vez. Mas o medo de que Ferdinando perdesse a paciência e me trocasse por outra mais disposta me assombrava. A ideia de perder Ferdinando por causa de um período menstrual, que deveria durar três dias, mas no meu caso, se estendia por mais de uma semana, era aterrorizante. Ferdinando não esperaria tanto.
Eu sabia que não poderia fingir para ele que estava tudo bem, porque claramente não estava. Ele precisava saber o que tinha acontecido, e seria melhor que soubesse mais cedo do que mais tarde. Respirei fundo, tentando acalmar meus nervos, e peguei o tablet novamente para acessar o WhatsApp.
**Eu: **Oi.
Ferdinando: Oi, aconteceu alguma coisa?
Eu: É que aconteceu uma coisa...
**Ferdinando:** O que?
**Eu: **Acabei de menstruar.
**Ferdinando:** Sério?
Eu: Sim, e agora?
Ferdinando: Faremos o seguinte: você vem para cá chupar meu pau. Não precisa haver penetração, sexo oral está perfeito.
Eu: Pode ser. Mas e quando podemos nos ver novamente?
Ferdinando: Ainda não tenho certeza, mas quarta-feira, talvez.
Ao ler sua resposta, um misto de alívio e frustração me envolveu. Por um lado, Ferdinando ainda estava interessado em me ver. Por outro, a situação estava longe do ideal. Sentei-me na beira da cama, tentando processar tudo. A luz suave da lâmpada iluminava a sala, criando sombras que dançavam nas paredes, refletindo a turbulência dentro de mim. Sabia que teria que encontrar uma maneira de lidar com essa situação e esperar que o tempo jogasse a meu favor.
Eu: Está bem, eu aguardo (encerrei a conversa, desligando o tablet com um suspiro)
Fiquei pensativa após desligar o tablet. Não era apenas o sexo oral que eu queria; eu queria mais, queria sentir Ferdinando novamente dentro de mim. A expectativa me consumia, mas eu precisava me contentar com o que tinha. Transar menstruada não era uma opção — seria terrível e vergonhoso. Lembrei-me de uma história que Ferdinando havia compartilhado: uma garota foi agredida pelo ficante quando ele descobriu que ela estava menstruada durante o ato, tudo isso no quarto emprestado da mãe dele. Aquele relato me deixara perplexa e assustada.
Liguei a TV para tentar distrair a mente e assistir a algo interessante. A tarde parecia interminável e entediante. Minha mãe estava na casa da vizinha e Terêncio, na casa dos amigos. Um filme da sessão da tarde passava na TV, mas minha mente estava longe, mergulhada em pensamentos conflitantes.
Enquanto assistia, percebi algo estranho. Eu não estava sentindo cólica. Geralmente, minha menstruação vinha acompanhada de uma dor terrível, ao ponto de me fazer vomitar. Mas naquele dia, era como se meu corpo tivesse decidido me dar uma trégua. Sem a familiar dor, uma sensação de alívio misturou-se à minha frustração.
Sentada no sofá, olhei pela janela e vi o céu começando a mudar de cor com o pôr do sol. A luz dourada invadia a sala, criando um ambiente quase mágico. Tentei me focar no filme, mas meus pensamentos voltavam para Ferdinando. Imaginava como seria estar com ele novamente, sentindo seu corpo contra o meu, sua respiração ofegante. Nutria a esperança de que, desta vez, as coisas seriam diferentes, e que Ferdinando finalmente me tratasse com mais afeto e consideração.
O contraste entre a tranquilidade da tarde e o turbilhão de emoções dentro de mim era quase palpável. Cada segundo parecia arrastar-se enquanto eu esperava pelo próximo encontro, ansiosa e esperançosa de que as coisas pudessem ser diferentes, melhores.
Com um suspiro profundo, deixei-me afundar no sofá, tentando, em vão, encontrar conforto e distração no filme. A luz suave da tarde iluminava meu rosto, e por um momento, fechei os olhos, permitindo-me sonhar acordada com um futuro onde eu e Ferdinando estaríamos juntos, sem as complicações e frustrações que agora pareciam insuperáveis.
O crepúsculo envolveu o sol, cedendo espaço a um céu nublado, calmo e sombrio. A transição do dia para a noite trazia consigo uma melancolia suave, anunciando mais uma noite de aula no colégio Santos Dumont. O que antes me incomodava, hoje não tinha o mesmo efeito; agora, a simples presença de Ferdinando na mesma sala fazia o tempo voar.
Mais tarde, me arrumei apressadamente, pegando minha mochila com uma ansiedade palpável. Nem me preocupei em comer nada, apenas engoli um copo d'água. Não queria me atrasar e perder a primeira aula. Estava tensa demais após a última conversa que tive com Ferdinando pelo WhatsApp, e a expectativa de vê-lo fazia meu coração acelerar.
Na escola, a atmosfera era familiar: o murmúrio dos alunos, o rangido das cadeiras sendo arrastadas, e o cheiro inconfundível de livros velhos misturado ao perfume barato de algumas alunas. Eu raramente merendava na escola, a menos que fosse biscoito Cream Cracker com suco de maracujá, mas a cantina era um lugar que eu evitava devido à sua falta de higiene. Naquele dia, a fome não era um problema, pois minha ansiedade preenchia qualquer vazio que pudesse ter no estômago.
Subi para minha sala e, ao entrar, meu olhar procurou imediatamente Ferdinando. Ele ainda não havia chegado, e isso fez meu estômago revirar de apreensão. Cada minuto que passava sem vê-lo parecia uma eternidade. Será que ele não viria à escola naquele dia? A ideia me deixou ainda mais nervosa, pois o meu entusiasmo por chegar mais cedo era todo para vê-lo.
Sentada na minha cadeira, fingindo prestar atenção aos cadernos, eu não conseguia desviar os olhos da porta da sala. O ambiente ao meu redor parecia desbotado, como se só ganhasse cor quando Ferdinando estivesse presente. A expectativa era esmagadora, e eu mal conseguia disfarçar a inquietação, esperando que a qualquer momento ele entrasse e trouxesse de volta o brilho ao meu dia.
Enfim, ouvi sua voz ecoando pelos corredores, um som que fez meu coração bater mais rápido. Meus lábios automaticamente sussurraram, bem baixinho, seu nome: "Ferdinando." Os passos dele ressoavam firmes e decididos, e cada vez mais próximos. Quando ele finalmente entrou na sala, uma onda de expectativa e nervosismo tomou conta de mim. Meu sorriso se abriu de imediato, quase como um reflexo incontrolável, iluminando meu rosto.
Mas então, ele me olhou rapidamente e, em seguida, desviou o olhar, passando direto por mim como se eu fosse invisível. Como se não me conhecesse, como se nunca tivesse trocado uma palavra ou um olhar comigo. Meu sorriso vacilou e sumiu, substituído por uma sensação de vazio e humilhação. Era como se um balde de água fria tivesse sido jogado sobre mim.
Meu coração, que há poucos segundos batia acelerado de entusiasmo, agora parecia pesar uma tonelada. Me senti muito mal, como se todas as expectativas e alegria tivessem sido arrancadas de mim. A dor da indiferença dele me atravessou como uma lâmina fria.
"Nossa! Estava tão entusiasmada com a sua chegada, poderia pelo menos retribuir o sorriso, né? Não custava nada." pensei, tentando entender o motivo daquela frieza repentina. Meus olhos ardiam, mas eu me recusei a deixar as lágrimas caírem. A sala, que parecia tão acolhedora momentos antes, agora parecia claustrofóbica e opressiva.
Sentia como se todos os olhares estivessem sobre mim, como se todos tivessem testemunhado aquela rejeição silenciosa. O brilho de felicidade que eu sentia foi rapidamente substituído por um peso esmagador de desânimo e desilusão.
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Atualizado até capítulo 35
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