Saí da escola para casa com o coração pesado, sentindo um vazio que parecia consumir tudo ao meu redor. A frieza de Ferdinando destruiu completamente a animação que eu havia nutrido durante a semana. Em vez de me sentir desejada e valorizada, me sentia rejeitada e desamparada. Ferdinando mal olhou para mim ao ir embora, deixando-me com uma sensação de insignificância e desapontamento profundo.
Ao chegar em casa, a atmosfera parecia refletir meu estado de espírito. A casa, geralmente cheia de vida e barulho, estava estranhamente silenciosa, quase deserta. O ar estava pesado, carregado de uma quietude opressiva. Minha mãe e Terêncio já haviam se recolhido. Era raro ver Terêncio em casa; ele passava mais tempo nas ruas, e minha mãe, que costumava madrugar no celular, acessando um monte de besteiras ou ouvindo áudios antigos, havia se deitado cedo.
A sala estava mergulhada em sombras, a única luz vinha da fraca iluminação da cozinha, que mal conseguia romper a escuridão. Olhei ao redor, sentindo um desânimo crescente. As paredes, que outrora pareciam acolhedoras, agora pareciam opressivas. Cada canto da casa parecia carregar o peso da minha decepção.
Fui para o meu quarto lentamente, cada passo ecoando no silêncio. O corredor parecia se alongar, cada porta fechada uma lembrança da solidão que eu sentia. Ao entrar no meu quarto, fui recebida pelo familiar ambiente, mas desta vez, até mesmo meu refúgio parecia alienante. O cenário era o mesmo: a cama bem feita, os pôsteres nas paredes, mas tudo parecia desprovido de vida.
Deitei-me na cama, abraçando o travesseiro na tentativa de encontrar algum conforto. O rosto de Ferdinando surgia em minha mente, a frieza do seu olhar, a indiferença no seu comportamento. Lágrimas silenciosas começaram a escorrer pelo meu rosto, e eu me permiti chorar, sentindo a tristeza e a frustração aflorarem.
Olhei para o teto, sentindo uma mistura de desespero e resignação. O silêncio ao meu redor parecia gritar a verdade que eu não queria aceitar: eu estava sozinha, lidando com a rejeição e a dor de um amor não correspondido. Naquele momento, tudo o que eu queria era escapar daquela realidade dolorosa, mas sabia que não havia para onde correr. Fechei os olhos, tentando encontrar um momento de paz, mesmo que breve, na escuridão do meu quarto.
Na manhã seguinte, me levantei com uma preguiça maior do que nos últimos dias. O relógio marcava 11 horas, e eu precisava me recompor para enfrentar um novo dia. O sol já estava alto, e a luz que invadia meu quarto era intensa, quase cegante. O calor começava a se fazer presente, tornando o ambiente ainda mais abafado e desconfortável.
Desci as escadas lentamente, ainda sentindo o peso da noite anterior em meu corpo. Quando cheguei à cozinha, o cheiro de comida em preparação preenchia o ar. Minha mãe estava ocupada, movimentando-se entre o fogão e a pia, mas a expressão em seu rosto era dura e inflexível. Ao me ver, seus olhos se estreitaram e ela lançou um olhar fulminante na minha direção, deixando claro o seu descontentamento.
— A senhora está bem? — ousei perguntar, tentando soar despreocupada, embora a chateação em seu rosto fosse evidente.
Ela parou o que estava fazendo, colocou a mão na cintura e começou a balançar o quadril, um gesto que sempre precedia uma bronca.
— Isso é hora de acordar?! Quando é que você vai tomar juízo na sua vida, Donatella?! — Sua voz era afiada, carregada de frustração. As palavras pareciam cortar o ar, e eu senti um frio na espinha.
Fiquei em silêncio, minha cabeça baixa, evitando seu olhar. Sentia-me pequena e culpada, incapaz de encontrar uma resposta que aliviasse a tensão. O ambiente parecia pesar sobre mim, cada segundo de silêncio aumentando a pressão.
— Faça um favor de lavar esses pratos — ordenou, sua voz ainda dura, mas com um toque de exaustão.
Olhei para a pia cheia de louça acumulada. A cozinha estava um caos, refletindo o estado de nossas emoções. Respirei fundo, tentando encontrar algum conforto na tarefa mundana que me fora designada. Aproximando-me da pia, comecei a lavar os pratos, a água morna misturando-se com o detergente enquanto minhas mãos se moviam mecanicamente.
Enquanto lavava, minha mente vagava, refletindo sobre a constante insatisfação de minha mãe e meu próprio desajuste. Cada prato que eu limpava parecia levar um pouco do peso que sentia no peito, mas a sensação de inadequação permanecia.
A cozinha estava silenciosa, exceto pelo som da água corrente e o tilintar dos pratos. Minha mãe continuava suas tarefas, mas a tensão entre nós era palpável, um lembrete constante das expectativas não atendidas e das frustrações mútuas.
Voltei para o meu quarto, que estava iluminado pela luz do dia que entrava pelas janelas, criando um ambiente claro e convidativo. A luz natural preenchia o espaço com um brilho suave, aquecendo o ambiente e fazendo com que o quarto parecesse ainda mais acolhedor. O ventilador girava lentamente no canto, adicionando um toque de frescor ao ar, enquanto o leve zumbido dele se misturava ao som distante da cidade lá fora.
Sentei-me na beirada da cama, onde meu tablet estava repousando sobre a colcha, exatamente onde o deixara antes de me levantar. A cama estava arrumada de maneira impecável, e a luz do sol que penetrava pelas cortinas fazia com que o ambiente parecesse mais vibrante do que o habitual.
Desbloqueei a tela do tablet com uma mão que tremia ligeiramente, a expectativa e a ansiedade quase palpáveis. Meu olhar estava fixo na tela, e minha mente estava completamente voltada para o que eu esperava encontrar. O silêncio do quarto, interrompido apenas pelos sons discretos do ambiente, parecia amplificar a minha inquietação.
A tela acendeu, revelando que não havia nenhuma notificação nova. A ausência de uma mensagem de Ferdinando foi um choque repentino. A falta de contato me causou uma sensação de desconforto e apreensão. Senti um nó se formando em meu estômago, e uma onda de preocupação começou a se espalhar por todo o meu corpo.
"Por que ele ainda não entrou em contato?", pensei, a dúvida e o receio tomando conta da minha mente. "Será que ele já encontrou outra garota para se relacionar?"
A ideia de Ferdinando estar interessado em outra pessoa me angustiava profundamente. A perspectiva de perdê-lo para alguém mais me causava uma dor quase física, e a incerteza sobre o futuro do nosso relacionamento me deixava em um estado de angústia. Eu sabia que faria qualquer coisa para evitar que isso acontecesse. A simples ideia de que ele pudesse estar com outra pessoa me atormentava, e eu me sentia paralisada pela ansiedade.
Sentada ali, na beirada da cama, com a luz do dia iluminando o ambiente, meus olhos fixos na tela escura do tablet, eu esperava por um sinal, uma mensagem que pudesse dissipar minhas dúvidas e restaurar a certeza que tanto desejava. A sensação de espera parecia interminável, e a falta de resposta de Ferdinando só intensificava o tumulto em meu coração e mente.
Decidi, então, enviar a mensagem primeiro. Talvez Ferdinando tivesse esquecido ou estivesse ocupado com algo importante, pensei. Eu me agarrava a várias justificativas para não aceitar a verdade de que ele não se importava comigo. Queria alimentar a ideia de que ele estava se apaixonando e que, em breve, se declararia. Como eu era boba. Acreditava que ficaríamos juntos eternamente.
Eu: Oi
Ele demorou uns quinze minutos para responder, tempo que passei olhando fixamente para a tela do meu celular, ansiosa por sua resposta.
Ferdinando: Oi
Eu: Senti saudades
Ferdinando: Mas nos vimos ontem na escola.
Eu: Mesmo assim, senti saudades.
Ferdinando: O que você quer?
Eu: Queria ficar com você de novo. Estou te achando um pouco distante.
Ferdinando: Sua menstruação já foi embora?
"Droga, ainda estava nos dias finais da minha menstruação", pensei, sentindo um nó no estômago. Não queria fazer apenas sexo oral novamente; eu queria mais. Havia algo em Ferdinando que me atraía de forma irresistível, apesar de nossa primeira vez ter sido vergonhosa e humilhante. Eu estava obcecada por ele e não sabia como me livrar dessa sensação.
O cenário ao meu redor refletia meu estado emocional. Estava sentada no meu quarto, a luz do entardecer entrando pela janela, criando sombras alongadas nas paredes. O ambiente parecia quieto demais, contrastando com o turbilhão de sentimentos dentro de mim. Meu coração estava pesado, dividido entre a esperança e a decepção.— Acredito que depois de amanhã, meu período menstrual termina. — disse, sem muita certeza.
Ferdinando: Então combinamos, quando sua menstruação for embora, a gente marca. (disse ele, com um sorriso tranquilizador.)
Eu: Fechado. (assenti, tentando conter minha empolgação.)
A ansiedade explodia dentro de mim, transformando cada minuto em uma eternidade. Eu contava os dias, as horas, os segundos, esperando o momento em que meu período finalmente terminasse. Cada dia que passava me aproximava mais daquele encontro tão desejado, e eu estava determinada a fazer Ferdinando se apaixonar por mim.
Quando o dia chegou, senti uma onda de alívio e excitação. Minha menstruação havia acabado, e eu mal podia esperar para contar a novidade a Ferdinando. Peguei meu celular com as mãos trêmulas e enviei a mensagem:
Eu: Não estou mais menstruada. Já podemos marcar.
A resposta veio quase imediatamente.
Ferdinando: Magnífico! Você pode vir hoje à tarde?
Meu sorriso se esticou de orelha a orelha.
Eu: Claro que sim, seria maravilhoso!
Ferdinando: Te espero aqui às 13 horas, não demore, por favor.
O resto do dia passou em um borrão de emoções intensas. Cada segundo parecia um século enquanto eu me preparava para o encontro. O clima estava perfeito, o sol brilhava e uma brisa suave balançava as folhas das árvores. Vesti minha roupa favorita, tentando parecer casual, mas ao mesmo tempo irresistível.
Quando o relógio finalmente marcou a hora de sair, senti um frio na barriga. Caminhei apressadamente até a casa de Ferdinando, meu coração martelando no peito. Cada passo me aproximava mais do momento que eu tanto esperava.
Mas algo estranho aconteceu. Ferdinando estava vindo em minha direção, e eu não conseguia entender o motivo, já que estava a cerca de vinte passos da casa dele. À medida que ele se aproximava, meu coração começou a palpitar, um sinal claro de que algo estava errado.
— O que aconteceu? — indaguei, minha voz tremendo de confusão.
— Não vai dar pra rolar hoje — ele respondeu, visivelmente desconfortável. — Meu tio está em casa.
A notícia caiu como um balde de água fria. A tarde que eu tanto aguardava estava se desmoronando diante de mim.
— Mas ele não vai sair depois? A gente espera — tentei buscar uma solução, a esperança ainda brilhando em meus olhos.
— Não dá! — Ferdinando elevou o tom de voz, sua frustração evidente. — Ele vai ficar em casa até até anoitecer, até lá a minha mãe já haveria chegado do trabalho.
Eu estava atônita, incapaz de acreditar no que acabara de ouvir. Se Ferdinando realmente quisesse ficar comigo, ele encontraria uma maneira de fazer isso acontecer, independentemente da presença do tio. Era exatamente o que eu temia.
A sensação de decepção era esmagadora. Eu havia colocado todas as minhas expectativas nessa tarde com ele, e agora, de repente, tudo parecia desmoronar. A frustração e a tristeza se misturaram em um turbilhão de emoções, e eu me sentia perdida, sem saber o que fazer. Era como se a tarde prometida tivesse se desvanecido no ar, deixando apenas um vazio doloroso. É... não deu!
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Atualizado até capítulo 35
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