FRITZ DESCEU AS ESCADAS, vestindo uma camiseta.
FRITZ — Quem era?
SIMON — Um oficial de justiça. Veio aqui em casa me entregar isso aqui.
Simon entregou o papel para Fritz.
SIMON — É um tal de Ivan Lafayette que tá cobrando a casa.
Fritz ficou em silêncio, lendo o documento.
SIMON — Conhece ele?
FRITZ — Conheço pelo nome. Por quê?
SIMON — É o credor.
A vontade de Fritz era de levantar Manfred do túmulo e quebrá-lo na porrada. Ele discordava desde o começo sobre colocar o casarão como garantia, porque pensou em Simon e Karl. Manfred disse que não se importava, porque não corria risco nenhum.
Se ele estivesse vivo e olhasse aquele documento, faria de tudo para se isentar da culpa ou remorso.
Simon sentou-se no sofá, meio que despencando.
SIMON — O que você sabe a respeito dele?
Fritz deu de ombros.
FRITZ — Dizem que ele é mafioso. Uma espécie de Semideus.
SIMON — Como assim?
FRITZ — O cara é perigoso. Tem a “costas quente”. Homens que fazem serviço pra ele…
Simon colocou as mãos na têmpora.
SIMON — E agora? O que eu faço?
Fritz se sentou ao lado dele, repousando o braço em seus ombros.
FRITZ — A gente vai dar um jeito de resolver isso.
SIMON — Eu não quero perder minha casa…
Fritz abraçou Simon mais forte.
FRITZ — Não vai.
...***...
IVAN E HEINRICH CONVERSAVAM no gabinete dele.
IVAN — O garoto já recebeu a notificação.
HEINRICH — Recebeu?
IVAN — Recebeu. O oficial me contou.
Heinrich assentiu com a cabeça.
HEINRICH — Acho que não foi muito sensível da sua parte.
Ivan arqueou uma sobrancelha.
IVAN — Por quê?
HEINRICH — Porque ele acabou de enterrar o próprio pai e deve tá sem rumo. Sem saber o que fazer.
IVAN — E o que eu podia fazer, Heinrich? Fiquei no prejuízo por causa dessa grana aí.
Heinrich deu uma risadinha.
HEINRICH — Tá de brincadeira…
IVAN — Não entendi.
HEINRICH — Você sabe muito bem que não precisa dessa grana. Dez milhões é troco pra quem tem um império.
O mafioso levantou um dedo.
IVAN — Mais ou menos.
Heinrich balançou a cabeça.
HEINRICH — Mais ou menos…
IVAN — Grana é grana, meu chapa. Se eu deixar passar, vão se aproveitar.
HEINRICH — Eu não quis dizer que você precisa deixar passar, perdoar essa dívida. Falei que você não precisava cobrar agora. Deixasse o garoto primeiro se situar, aí sim você poderia cobrar.
Houve um momento de silêncio. Ivan acendeu um charuto.
HEINRICH — Você tá a fim desse rapaz, Ivan?
Ivan franziu a testa.
IVAN — Quê?
Lógico que ele não ia admitir. Heinrich já sacou tudo.
HEINRICH — Não precisa falar mais nada.
Ivan soltou a fumaça pelo nariz.
IVAN — O garoto vai ter um mês pra se virar. Sem mais.
HEINRICH — Seja qual for o seu plano… Não sei se vai funcionar.
O tom de Ivan foi seco e o olhar enigmático:
IVAN — Isso vai ser um problema meu.
...*** ...
AMÉLIE FICOU EM CHOQUE. E indignada.
AMÉLIE — Como Manfred teve coragem de fazer isso, meu Deus… Um absurdo sem tamanho.
Agora quem se sentou no sofá, com as mãos na têmpora, foi ela. Simon estava pensativo, com a mão apoiando a cabeça.
SIMON — Nem sei o que fazer, tia. Sinceramente…
AMÉLIE — E esse credor. Quem é?
SIMON — É um mafioso aí. Fritz quem me falou a respeito.
AMÉLIE — Mafioso? Cristo…
Houve um momento de silêncio.
AMÉLIE — Deus que me perdoe falar um negócio desses, mas o seu pai… Manfred só colheu o que plantou. Ele colocou na garantia um bem que é seu e de Karl. Pra vocês dois não ficarem sem teto. Ele não se importou com isso em nenhum momento. E Fritz? Não sabia disso?
SIMON — Só soube depois que ele fechou esse negócio de empréstimo. Ele também não concordava em colocar o casarão como garantia. Mas Manfred tava confiante que ia recuperar o dobro… e deu no que deu.
AMÉLIE — Prepotente, como sempre. Pra você ver: ele perdeu todo o dinheiro e prejudicou quem não tinha nada a ver com isso.
Simon soltou o ar. Amélie pegou na mão dele.
AMÉLIE — Por que você não tenta conversar com esse homem? Ou melhor, deixa que eu tento…
SIMON — Não, tia. Não quero envolver a senhora nisso.
Simon lançou um olhar enigmático para o nada.
SIMON — Pode deixar que eu resolvo. Isso não vai ficar assim.
Amélie ficou aflita só de imaginar o rapaz tendo que se arriscar falando com um homem desses.
AMÉLIE — Esse negócio de máfia… Toma cuidado, filho.
SIMON — Fritz vai resolver junto comigo.
AMÉLIE — É melhor que seja assim. Chame ele mesmo.
Simon mudou de assunto.
SIMON — E Karl? Como ele tá?
AMÉLIE — Tá bem. Não totalmente, sabe… Mas sempre que eu tenho oportunidade de colocar ele pra se distrair, eu coloco.
SIMON — Pra ele é bem mais complicado. Tadinho…
AMÉLIE — Se você quiser deixar ele passando mais um tempo por aqui…
SIMON — Sério, tia? Pode ser assim?
AMÉLIE — Pode. Sem problema nenhum.
Simon abraçou a tia.
SIMON — Ai, tia, obrigado. De verdade. Tô com esse problemão pra resolver…
AMÉLIE — Pode levar o tempo que quiser, filho.
Simon assentiu com a cabeça.
SIMON — Pode deixar.
...*** ...
UM CARRO PRETO, COM vidro fumê para em frente ao casarão de Simon.
No banco do carona, alguém abaixou o vidro lentamente.
JUNG — É aqui onde ele mora?
Kim abaixou a cabeça para olhar a entrada.
KIM — É aqui mesmo.
Jung franziu a testa.
JUNG — Acho que não tem ninguém.
KIM — Quer tentar?
Jung olhou para o rapaz como se ele tivesse feito uma pergunta bem idiota.
JUNG — Você só pode ser maluco. Vou sair daqui pra todo mundo ver?
KIM — A rua tá vazia.
JUNG — E a casa também. Não vou arriscar…
KIM — Não quer cobrar o garoto? São 100 mil paus.
Jung se recostou.
JUNG — A gente volta aqui outro dia.
Kim deu de ombros.
KIM — Se é assim que você quer…
No outro lado da rua, Margot observava a cena através da fresta da janela.
MARGOT — Que estranho aquele carro preto ali parado…
Ela pegou o seu celular, abrindo a câmera. Tirou várias fotos.
Até que o carro saiu. E tirou outra foto.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Anilda Alves da Cruz
quanto problema eu hem /Shy/
2024-05-15
1
Raquel Alves Pedrosa Rachel Alves
tadinho do Simon
2024-05-12
1