IVAN, SOZINHO NO SEU GABINETE, BEBIA um copo de uísque. Estava sem o habitual paletó, apenas com a camisa de botões aberta num decote V que ia até o abdômen. Seu pensamento estava longe. Em cima da mesa, tinha uma fotografia estilo polaroide de Simon. Bebendo mais um gole de uísque, ele pegou a foto. Ficou olhando-a fixamente.
IVAN — Simon, Simon…
Assim que alguém bateu na porta, ele guardou a fotografia dentro de um mini baú.
IVAN — Entra.
Era Heinrich, que entreabriu a porta.
HEINRICH — Ocupado?
Ivan bebeu o restante do uísque num gole só.
IVAN — Não. Senta aí.
O mafioso acendeu um charuto, largando o copo na mesa.
HEINRICH — Você quer mesmo colocar Manfred pra trabalhar?
Ivan franziu a testa, como se estivesse pensando.
IVAN — Vai aparecer em breve um trabalho muito interessante que só gente como ele é perfeita pra desempenhar.
HEINRICH — Trabalho de mula?
Ivan deu um meio sorriso afetado.
IVAN — Acho essa palavra pesada. Eu diria que um descarregamento.
HEINRICH — Não acha perigoso, não?
Ivan deu de ombros. E brincou:
IVAN — Por quê? Tá com pena dele?
Heinrich acendeu um charuto para acompanhar Ivan.
HEINRICH — Longe de mim. Só fico tenso se ele for pego com um carregamento que não devia, ir preso e entregar todos nós.
O tom de Ivan foi grave e frio:
IVAN — Ele que experimente em fazer isso.
Heinrich deu uma tragada longa no charuto e soltou a fumaça densa pelo nariz.
HENRICH — Ele é perfeito pro papel.
Ivan assentiu com a cabeça.
IVAN — Só esperar ele sair do hospital que eu faço a proposta perfeita pra ele.
HEINRICH — Se ele conseguir fazer o descarregamento?
IVAN — Perdoo a dívida.
HEINRICH — Interessante.
Heinrich levantou-se.
HEINRICH — Bem… vou deixar você a sós.
O homem saiu. Ivan se serviu de mais um copo de uísque. Abriu o baú, pegando outra foto de Simon. Dessa vez ele pegou uma foto tirada do Instagram. Simon estava de sunga, numa praia.
Ivan bebeu um gole longo de uísque, olhando fixamente para a foto. Sentiu-se endurecer quando a mente começou a brincar com o que ele gostaria de fazer com o rapaz de sunga. Ele tem um corpo bonito, avaliou.
Deslizou a mão até o meio da calça, onde o volume se formou ali.
...***...
SIMON AJUDAVA TREVOR A FECHAR a pizzaria. Assim que Trevor girou a chave na fechadura para trancá-la, ele desceu o portão de alumínio e colocou a placa de “FECHADO NESTE FERIADO”.
TREVOR — E acabou por hoje.
Simon colocou as mãos no bolso.
SIMON — Nem acredito que vou dormir até mais tarde amanhã. Tô todo quebrado.
Trevor se alongou.
TREVOR — Eu também.
SIMON — Vou nessa. Até depois de amanhã.
TREVOR — Até. Aproveita aí o descanso.
SIMON — Você também.
Simon foi até a mini garagem ao lado e destravou a bicicleta. Colocou “Good Riddance” nos fones e começou a pedalar rumo à casa.
Enquanto seguida pela rua principal, lembrou-se do momento em que fazia uma entrega perto da zona nobre — ele sentiu a necessidade de mudar de vida; já que o pai sumiu, precisava criar o irmão com as condições melhores do que podia dar.
Ele cogitava em destrancar a faculdade e terminar os semestres que faltavam. Com isso, ele poderia trabalhar na área e ganhar o equivalente aos dois empregos que ele tem.
No fundo, Simon acredita que um dia vai sair dessa vida puxada que é trabalhar para os outros. Trevor não é seu patrão, mas o pai dele era tão carrasco quanto Gordon.
...*** ...
OITO HORAS DA MANHÃ e o celular de Simon tocou. Ele tateou, grogue e às cegas, na mesinha de cabeceira e pegou para quer quem era. Franziu a testa contra a luz que era um pouco forte: Amélie. Sua tia. Ele atendeu.
SIMON — Oi tia.
AMÉLIE — Oi, meu bem, tava dormindo?
Ele se sentou na cama.
SIMON — Acabei de acordar. Aconteceu alguma coisa?
AMÉLIE — Não. Aconteceu nada, não. Só vim te chamar pra tomar café aqui. Cê vem?
Simon ficou de pé.
SIMON — Claro, tia. Venho sim. Como foi a noite de Karl por aí?
AMÉLIE — Ah, foi tudo bem. Graças a Deus. Deu pra descansar?
SIMON — Deu sim. Nossa, me sinto bem agora.
AMÉLIE — Que ótimo. Agora não demore pra chegar aqui e tomar o café. Vou acordar o Karl.
SIMON — Já já apareço aí. Beijo.
Simon encerrou a ligação e tirou o samba canção. Pelado, seguiu em direção ao chuveiro. Assim que entrou debaixo do chuveiro, sentiu a água fria acordando-o aos poucos.
...*** ...
MANFRED TERMINAVA DE tomar um café com Fritz, no casebre onde dividiam espaço.
FRITZ — E aí, nenhum sinal de Ivan?
MANFRED — Até agora não. Mas pode ter certeza que ele tá considerando a ideia de me colocar pra trabalhar com ele.
FRITZ — E você faz ideia de como é trabalhar para o semideus da máfia?
Manfred deu de ombros.
MANFRED — Faço, ué. Ele não sabe, mas conheço um tanto de gente que trabalha pra ele. O cara molha muitas mãos para se manter acima de qualquer suspeita e fazer o que quer.
Fritz bebeu mais um gole de café.
FRITZ — Por isso que ele é todo elegante. Parece um lorde. Ninguém sonha que ele comanda uma máfia inteira do narco...
MANFRED — Shhh…
Fritz sibilou baixinho:
FRITZ — narcotráfico.
MANFRED — Às vezes você brinca com o perigo, né? Sabia que as paredes dessas casas têm ouvidos?
Fritz revirou os olhos.
FRITZ — Tá bom. Foi mal.
MANFRED — Eu sei que tem gente trabalhando pra ele por aqui.
FRITZ — Tem certeza? Você nem mora aqui há mais de seis meses pra conhecer todo mundo.
Manfred pousou o cotovelo em cima da mesa de madeira. E falou baixinho:
MANFRED — Você conhece alguém?
FRITZ — Que eu saiba, não. Muita gente que mora aqui nessa margem é, no máximo, aviãozinho. Ninguém acima disso.
MANFRED — Hum…
FRITZ — Por que a pergunta? Quer chamar alguém?
MANFRED — Provavelmente. Não sei.
Fritz balançou a cabeça.
FRITZ — Acho melhor você não meter mais ninguém nisso. Já basta você mesmo.
Manfred bebeu o último gole de café.
MANFRED — Vou dar uma volta. Pensar num jeito de fazer Ivan considerar mais rápido.
FRITZ — Vai lá.
Ele saiu do casebre. Foi assobiando até a primeira esquina. Tirou os óculos de sol do bolso da blusa e colocou no rosto. Assim que fez menção de atravessar a rua, um carro preto acelerou em sua direção até parar no meio-fio.
Manfred deu um sobressalto pra trás, irritado.
MANFRED — Qual foi?
O vidro do banco do carona abaixou. Manfred tentou ver quem era o motorista, mas só conseguiu enxergar o revólver em sua direção.
A bala foi mais rápida do que seu instinto de fuga.
Levou três tiros.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Tania Maria Rufino
Sei que ele não valia nada, mas fico com pena de seu filho caçula 😔
2024-07-28
1
Keu Sorella
Ivan já está babando 🤤🤤🤤 no Saimon, e só ele quem vai proteger os meninos.
O patife do pai, se não morrer dessa vez vai parar no hospital.
E eu acho que foi só comparsas de Heiko.
2024-07-01
1
Anilda Alves da Cruz
o mafioso é gay, n? quem atirou no Otávio do Manfred?/Sneer/
2024-05-14
2