Capítulo 3

IVAN TOMAVA SEU café da manhã sozinho. Naquela hora do dia, ele evitava as companhias ao máximo. O momento precisava ser todo dele, antes de resolver todos os problemas envolvendo a Máfia.

Mas Greta, sua governanta, apareceu.

GRETA — Senhor, perdão pelo incômodo, mas tem alguém querendo muito falar pelo telefone. Pelo tom de voz, julgo ser urgente.

Greta era esperta. Já falou tudo antes que ele pudesse interrompê-la. Ivan ficou em silêncio por alguns segundos.

GRETA — Trouxe o telefone.

IVAN — Me dê aqui.

Greta entregou o telefone sem fio.

GRETA — Com licença.

Ela saiu.

Ivan esperou um pouco, colocando o telefone no ouvido.

IVAN — Quem é?

...*** ...

DO OUTRO LADO da linha, Manfred soltou o ar. Levantou a mão para o carcereiro, como quem impede de fazer algo.

CARCEREIRO — Vou dar só mais um minuto.

Manfred assentiu com a cabeça.

MANFRED — Alô? Ivan? Deu tudo errado, cara… É o Manfred. Eu tô preso aqui…

...*** ...

IVAN OUVIU TUDO QUE MANFRED falou. Respirou fundo, soltando o ar. Assim que ele ficou em silêncio, disse:

IVAN — Então o negócio lucrativo que você montou foi por água abaixo… Perdeu todo o dinheiro que te emprestei… É isso?

O mafioso balançou a cabeça. A ligação ficou com um ruído bem estranho, de repente.

IVAN — Alô? Alô?!

...*** ...

NA PRISÃO, O CARCEREIRO TOMOU O telefone das mãos dele.

CARCEREIRO — Acabou o tempo.

MANFRED — Mas eu ainda não acabei…

O carcereiro apenas colocou o telefone no gancho com força, que fez Manfred dar um sobressalto.

CARCEREIRO — É melhor você me acompanhar.

O tom foi de ameaça.

Chegando na cela, Manfred ainda estava com a cabeça a mil por hora. Não deu tempo de pedir ajuda para Ivan. E não sabia se alguém o ajudaria.

Ele precisava de um plano.

...***...

SIMON E KARL TOMAVAM o café da manhã. Ele aproveitou para fazer as compras do almoço e jantar.

SIMON — Hoje você vai ficar na casa da tia Amélie.

KARL — Margot não vem pra cá?

SIMON — Hoje não. Já separou suas coisas?

KARL — Separei.

SIMON — De lá, eu vou pro trabalho.

Houve um momento de silêncio.

KARL — Vai chegar de madrugada?

SIMON — Acho que sim. Mas amanhã eu chego mais cedo.

Simon não vai trabalhar na pizzaria amanhã. É seu dia de folga.

KARL — Eu vou dormir na casa da minha tia também?

SIMON — Vai sim. Amanhã você volta pra cá.

Houve um momento de silêncio.

KARL — Cadê o papai?

Simon soltou o ar.

SIMON — Sinceramente, não sei onde o nosso pai se meteu.

KARL — Tomara que ele volte logo.

O lado ruim dessa situação é o garoto Karl ter que lidar com a ausência constante do pai, avaliou Simon. Karl ficava triste.

Simon já não se importava mais com a frequência do sumiço de Manfred.

Karl falou baixinho:

KARL — Sinto saudade dele.

Simon pegou na mão dele.

SIMON — Eu sei. Mas pensa bem: qualquer dia desses ele pode aparecer aqui, querendo ver você.

Simon tentou dar um sorriso. Não era muito fácil lidar com sentimentos genuínos de uma criança como o seu irmão caçula, mas se esforçava o bastante para arrancar um sorriso dele.

Karl sorriu.

SIMON — Amanhã a gente vai sair pra comer hambúrguer. Que tal?

KARL — Ebaaa.

SIMON — Então, garoto, termina logo com esse café pra gente ir na sua tia.

Simon bebeu um gole longo de café.

...*** ...

IVAN ANDAVA PARA os lados, dentro do gabinete. Vladimir e Boris, seus dois guarda-costas, estavam presentes ali em pé. Heinrich havia se acomodado na cadeira de visitante, observando o chefão em movimento.

IVAN — Vocês entenderam a missão que precisam fazer, certo?

Vladimir e Boris assentiram com a cabeça.

VLADIMIR — Perfeitamente, chefe.

BORIS — Estaremos a postos.

Ivan parou.

IVAN — Podem sair. Esperem Heinrich lá fora.

Assim que os dois homens saíram, Ivan se dirigiu para o seu braço direito.

IVAN — No fundo, eu sabia que isso ia acontecer.

HEINRICH — Os dez milhões foram para o ralo. O casarão, onde ficava o cassino, está interditado. O homem deve ter apostado todas as fichas naquele lugar, no negócio ilegal, mas não soube ter noção de prejuízo.

Ivan balançou a cabeça para os lados.

IVAN — O cara é o esperto mais burro que já conheci na vida.

HEINRICH — Pois é.

Ivan acendeu o charuto. Sentou-se na cadeira.

IVAN — Agora só esperar.

Heinrich se levantou, pegando o pacote que Ivan deixou em cima da mesa.

HEINRICH — Vou agilizar na missão.

IVAN — Aguardo retorno.

HEINRICH — Combinado.

O homem saiu. Ivan ficou sozinho.

...*** ...

SIMON TRANCOU OS PORTÕES do casarão. Karl aguardava com a mochila nas costas. Antes de voltar para a bicicleta, seu celular tocou de novo. Era Amélie.

SIMON — Oi, tia. Tô a caminho.

AMÉLIE — Oi, querido. Você está perto do seu irmão?

Simon olhou para Karl, e se afastou discretamente. O tom de voz dela foi como um sinal de alerta.

SIMON — Pode falar. O que houve?

AMÉLIE — Acabei de ver no jornal. Seu pai foi preso.

Simon franziu a testa.

SIMON — O quê?

...*** ...

MANFRED REPOUSAVA AS MÃOS nas grades da prisão, ainda pensativo. Ele estava sozinho na cela, mas tinha outros presos em frente. Bateu com a testa duas vezes.

MANFRED — Merda…

Um carcereiro se aproximou, destrancando o cadeado.

MANFRED — O que é isso?

CARCEREIRO — Parece que hoje é o seu dia de sorte… Vem comigo.

Ele chegou na sala do delegado. O homem sisudo fitou com os olhos. Num tom seco, levemente debochado, informou:

DELEGADO — Parece que um anjo da guarda veio até aqui pagar sua fiança.

E indicou para o portão de saída.

DELEGADO — Você pode seguir por ali. Agora.

Surpreso, Manfred seguiu devagar até a saída da delegacia. Assim que deu de cara com a luz do dia, notou que estava sem rumo.

Pegou o celular que um policial havia devolvido. Estava sem bateria.

MANFRED — Era só o que me faltava…

Ele seguiu viagem a pé, durante quinze minutos.

Assim que dobrou numa rua deserta, foi surpreendido por uma Hilux preta. O veículo fechou o seu caminho. Tudo muito rápido.

MANFRED — Mas que porra…

Três homens encapuzados saíram do veículo. Não deu tempo para Manfred processar alguma reação física. Um dos homens veio por trás e apertou o seu nariz com um pano úmido. O cheiro era forte.

Manfred perdeu a consciência.

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Comments

Keu Sorella

Keu Sorella

Será que foi Ivan que pagou a fiança e mandou pegar ele pra negociar o casarão?
Ou foi o bandido da gangue, que sequestrou o Manfred?

2024-07-01

2

Anilda Alves da Cruz

Anilda Alves da Cruz

e agora ? são tantos nomes para guardar

2024-05-14

3

Raquel Alves Pedrosa Rachel Alves

Raquel Alves Pedrosa Rachel Alves

malandro é malandro e mané mané, agora se fe****

2024-05-11

2

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