SIMON TEVE APENAS ESCORIAÇÕES nos braços, que ajudaram a amortecer a queda. Levantou-se devagar, e sentiu alívio quando notou que não tinha quebrado nada. A chuva continuava forte.
Pegou a bicicleta do chão.
SIMON — Merda!
O guidão tinha entortado um pouco. Mas dava pra resolver. Com o estado que ele tava, não tinha mais como continuar fazendo delivery.
Começou a carregar a bicicleta, a pé.
...*** ...
DEPOIS DE ANDAR UM POUCO mais de um quilômetro a pé, Simon chegou no restaurante. Trevor franziu a testa, preocupado.
TREVOR — Mas o que houve?
Simon retirou a mochila que usava para guardar os pedidos. Fez careta de dor.
SIMON — Me arrebentei. A bicicleta caiu no buraco, fui arremessado…
TREVOR — Quebrou alguma coisa?
SIMON — Não.
TREVOR — Senta aí.
Simon sentou-se na banqueta.
TREVOR — Vou te liberar por hoje. Vai pra casa… descansar.
Simon soltou o ar.
SIMON — Meu pai morreu.
TREVOR — Quê?
Houve um momento de silêncio. Simon colocou a mão na têmpora.
SIMON — Minha tia ligou quando terminei a primeira entrega. Disse que ele morreu de parada cardiorrespiratória.
TREVOR — Isso foi agora?
SIMON — Tá com quase uma hora, sei lá. Tô sem reação até agora. Meu irmão nem sabe ainda.
TREVOR — Que tragédia, rapaz.
Simon assentiu com a cabeça.
SIMON — Vou nessa.
Simon e Trevor trocaram apertos de mão.
...*** ...
DESSA VEZ, IVAN FOI PARAR no casarão de Simon sozinho. Uma loucura, talvez. Ele foi bem cuidadoso: havia deixado o carro na rua de trás e entrou pelos fundos, usando a chave mestra. Foi parar no local de sempre: o quarto.
O lugar estava mais arrumado. Com certeza o garoto deve ter tirado um tempo e colocado as coisas no lugar. Será que ele deu falta da camiseta vermelha? Ivan ponderou. Lembrou-se de que a peça estava no seu gabinete.
Ele ouviu a porta da frente abrir e ativou o seu modo sangue-frio. Simon entrou. Precisar se esconder e rápido.
Simon entrou no quarto, nu. Tinha jogado as que tinha usado no cesto, para lavar depois. Ivan o observava, de cima do guarda-roupa. Sentiu um volume se formando entre as pernas, ao ver a bunda do rapaz à mostra. Até que ele desapareceu de vista, entrando no banheiro. Ouviu o barulho do chuveiro.
Aquele era o tempo perfeito para o mafioso sair dali. Mas não. O homem gosta de brincar com o perigo. Observou tanto a porta do quarto quanto a do banheiro, ambas entreabertas. Desceu do guarda-roupa como um gato — sem fazer barulho — e caminhou bem devagar até a porta entreaberta do banheiro.
Simon estava de costas, passando um sabonete na pele, a água deslizando pelo meio que dividia aquelas carnes protuberantes. Sua imaginação começou a brincar…
Ele abriu a porta, devagar. O rapaz ainda não tinha se virado, parecia concentrado ao tirar a espuma do corpo. A porta de vidro do boxe estava embaçada com o vapor. Até que Ivan a abriu, mantendo o olhar fixo no rapaz. Simon se assustou, virando-se de uma vez.
SIMON — O que você tá fazendo aqui…?
Ivan apenas desabotoou a camisa que usava, entrando de roupa e tudo debaixo do chuveiro. Não se importava mais.
IVAN — Quero você. Não fale mais nada.
Ivan agarrou na cintura de Simon, se molhando inteiro. Encostou a boca na orelha do rapaz.
IVAN — Quero quebrar essa resistência…
Simon suspirou.
SIMON — Você está se molhando…
IVAN — Eu não ligo.
Deslizando o rosto, Ivan encontrou a boca do rapaz e o beijou em cheio. Rendendo-se, Simon começou a desabotoar a camisa ensopada de Ivan, jogando-a no chão, enquanto se beijavam.
O chuveiro desligado interrompeu os devaneios de Ivan. A passos silenciosos, ele sai do quarto. Simon tinha a impressão de que estava sendo observado durante o banho, mas quando abriu a porta do banheiro não encontrou ninguém ali no quarto.
...*** ...
IVAN ENTROU NA MANSÃO, pela porta da frente. Heinrich apareceu no exato momento em que o mafioso se servia de conhaque.
HEINRICH — Por onde andou? Fiquei te procurando pela casa toda.
Ivan bebeu um gole, erguendo uma sobrancelha.
IVAN — Por aí, pensando. Alguma coisa importante?
HEINRICH — Tem, mas não pra agora. Só daqui a três meses.
IVAN — É o que eu tô pensando?
Heinrich lhe entrega um papel. É uma carta. Ivan assente com a cabeça.
IVAN — A Conferência em Berlim. A de sempre.
HEINRICH — Parece que não é a de sempre.
IVAN — Membro novo na área?
HEINRICH — Provavelmente sim. Ou não. Não deram detalhes.
Ivan apenas deu de ombros.
IVAN — Que seja. Vamos descobrir no dia mesmo…
E bebeu mais um gole de rum.
A Conferência em Berlim é um evento sazonal e secreto que acontece na Alemanha. Reúne alguns mafiosos para discutir os alinhamentos de sigilo para manter tudo funcionando dentro dos conformes. É como se fosse um acordo coletivo para que todos os envolvidos respeitem o território de cada um e prestem algum auxílio em casos extremos.
Ivan geralmente achava esse tipo de evento bem chato, mas dessa vez sentiu que vinha algo diferente. Vai deixar a curiosidade falar mais alto no dia.
...*** ...
SIMON ESTAVA RECOSTADO na parede branca do hospital, sozinho no corredor. Ele já havia recebido o comunicado formal da enfermeira de plantão. Até que Fritz apareceu.
FRITZ — Oi.
SIMON — Oi.
Meio sem jeito, Fritz encostou-se na parede ao lado dele.
FRITZ — E aí. O que falaram contigo?
SIMON — Vão fazer a autópsia para liberar o corpo logo depois.
Simon suspirou, deixando os ombros caírem. Deixou a cabeça cair no ombro de Fritz. Fechou os olhos, deixando uma lágrima escorrer.
SIMON — Eu sinceramente não sei como vou contar pro meu irmão. Tadinho, sem mãe e agora sem o pai…
Fritz passou o braço em volta do ombro dele.
FRITZ — Deixa que a sua tia cuida disso. Você já tem coisa demais pra cuidar até aqui. Melhor assim.
Simon passou um dedo para limpar a lágrima que escorreu.
SIMON — Tá bom. Obrigado por ter vindo.
FRITZ — Imagina…
Fritz pegou a mão de Simon. Entrelaçou os dedos nos dele.
...*** ...
KIM ENTROU NO CASEBRE de madeira onde morava Heiko, mas agora foi ocupado por Jung — o único filho do gângster.
Assim que Kim entrou no pequeno escritório, que só tinha uma lâmpada suspensa no teto, o homem se virou de frente.
JUNG — E aí. Deu certo?
KIM — Tudo certo. Deu pra passar despercebido.
JUNG — Ótimo. Conseguiu as informações da família do safado que está morto?
KIM — Só consegui uma foto. Do filho dele.
JUNG — Mostra aí.
Kim tirou uma foto do bolso e entregou a Jung. Era uma foto 3x4 de Simon.
JUNG — É esse que é o filho?
KIM — O próprio.
Jung assentiu com a cabeça, olhando para a foto.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Sofi ♥️
Ficaria tão fofinhos esses dois juntos 😍
2024-05-26
1
Anilda Alves da Cruz
vamos desenrolar
2024-05-15
1