Capítulo 18

FRITZ FICOU MEIO sem jeito. Coçou a nuca.

FRITZ — Oi. Desculpa por ter aparecido assim, sem avisar.

SIMON — Relaxa. Entra aí.

Só agora que Simon notou que estava sem camisa, na frente dele.

FRITZ — Só queria saber se você tá bem.

Simon deu de ombros. Fritz não deixou de reparar no peito nu do rapaz.

SIMON — Tô seguindo a vida, né. Deixei Karl passando uns dias com a minha tia, enquanto tento me organizar por aqui.

FRITZ — Fiquei sabendo que você perdeu o emprego no drive thru.

SIMON — Bom, não foi bem uma perda. Eu realmente tava querendo muito sair de lá. O dono só facilitou as coisas.

FRITZ — Ah. Entendi.

Houve um momento de silêncio. Fritz decidiu ir direto ao ponto.

FRITZ — Queria te convidar pra ir no parque comigo.

SIMON — Parque?

FRITZ — Sim, um parque. Por aqui perto.

Simon franziu a testa.

SIMON — E tem um parque aqui por perto?

FRITZ — Tem, ué. Acabou de inaugurar.

Simon ficou pensativo.

SIMON — Não me lembro de saber disso.

FRITZ — Vamos? Tô a fim de conhecer lá.

Ele considerava a ideia. Não seria nada mal. Fritz foi tão gentil com ele há dias e não seria de bom tom fazer essa desfeita.

SIMON — Só preciso trocar de roupa.

...*** ...

ENQUANTO BEBIA UM GOLE de rum, Ivan pensava em Simon abraçado com Fritz na porta do cemitério.

IVAN — Simon, Simon…

E pegou a peça de roupa do rapaz na gaveta, que ainda estava em sua posse. Encosta a camiseta de algodão no nariz, sentindo o cheiro do perfume dele ali.

Até que alguém bate na porta. Ivan guardou a camiseta de volta, fechando a gaveta com o pé.

IVAN — Entra.

Era Heinrich. Ele fechou a porta atrás de si.

HEINRICH — Greta me disse que você quer falar comigo e urgente.

IVAN — Sim. Quero.

Heinrich se aproximou até a mesa.

IVAN — Senta aí.

Sentando-se de frente para o homem, Heinrich franziu a testa.

HEINRICH — Aconteceu alguma coisa?

IVAN — Vai acontecer.

Ele bebeu mais um gole de rum. Silêncio.

IVAN — Pode dar entrada na hipoteca do casarão.

HEINRICH — Sério?

IVAN — Humrum. Sério.

HEINRICH — Sem avisar o garoto? Você disse que ia primeiro conversar…

IVAN — Não vai ser preciso. E ele vai ser avisado do jeito que precisa ser.

HEINRICH — Aviso de despejo com prazo determinado. Uau.

Ivan bateu com o copo na mesa, ao pousar.

IVAN — Consegue fazer isso o mais rápido?

HEINRICH — Amanhã dá certo.

IVAN — Ótimo. Quanto antes melhor.

Ivan bebeu o restante do rum no copo.

...*** ...

O NOVO PARQUE DE DIVERSÕES era um máximo. Foi o que Simon concluiu ao olhar para os lados, fascinado.

Fritz chegou com duas pipocas.

FRITZ — Aqui. Uma pra você. Outra pra mim.

SIMON — Humm… bem amanteigada.

Fritz comeu um punhado com a mão, fazendo croc.

FRITZ — Tá muito boa. Sério.

Simon também comeu.

FRITZ — Vi que você curtiu muito aqui.

SIMON — Curti mesmo. Um dia eu levo Karl pra conhecer também.

FRITZ — Se ele tivesse com você em casa, é claro que eu ia chamar os dois.

SIMON — Pois é… Tá fazendo bem ele passar uns dias na minha tia. Já tem uns amiguinhos pra ele se abstrair…

Houve um momento de silêncio. Eles começaram a andar devagar, pelo parque, observando o movimento frenético dos transeuntes.

Fritz viu uma barraca de tiro ao alvo, cujo prêmio é uma pelúcia.

FRITZ — Vem comigo…

Ele pegou Simon pelo braço.

SIMON — Pra onde?

Simon deu uma risadinha.

Chegando na barraca de tiro ao alvo, eles começaram a brincar juntos. Depois de gastarem “munição”, no final quem levou a melhor foi Fritz. O dono da barraca entregou-lhe a pelúcia.

FRITZ — Essa é pra você.

Meio sem jeito e quase corando, Simon aceitou a pelúcia.

SIMON — Obrigado.

Simon olhou o carrossel ao lado e foi a vez dele puxar Fritz pelo braço.

SIMON — Agora você vem comigo…

Fritz riu.

De longe, Kim observava os dois no carrossel. Discou um número.

KIM — Jung? Você nem faz ideia do que tô vendo agora…

...*** ...

NO CASEBRE, KIM ENTROU NO pequeno gabinete de Jung.

JUNG — E aí. Conta aí o que viu.

KIM — Vi os dois lá no parque, entrando no carrossel. Pelo o que vi, tava pintando um clima entre eles.

Jung deu um meio sorriso que não chegou a alcançar os olhos.

JUNG — Não sabia que ele curtia algo assim, mas não é isso que importa.

Ele deu uma tragada forte no cigarro, a fumaça saindo pelo nariz.

JUNG — O que conta é o filho de Manfred conhecer o comparsa dele. Isso diz muita coisa.

KIM — Você acha que o rapaz tá envolvido com a morte do teu pai? E esse Fritz também?

JUNG — Não. Mas acho que o rapaz deve saber de muita coisa, mesmo que não esteja envolvido.

Jung fez uma pausa e continuou:

JUNG — Pode ser que Fritz esteja envolvido ou não. Já que ele foi sócio daquele cassino que a polícia logo apreendeu depois que meu pai deu com a língua nos dentes. Mas isso eu vou saber…

Kim brincou com um objeto que estava em cima da mesa.

KIM — Pretende fazer o quê?

Jung deu de ombros.

JUNG — Nada. Só ficar de olho mesmo. Não é uma ameaça, por enquanto.

...***...

SIMON E FRITZ ESTAVAM na roda gigante, agora. Quase no topo — ângulo de 45° graus. Mas era o bastante para ver um pouco da cidade, de cima.

SIMON — É tão bonito…

FRITZ — Só deixa chegar no topo, que você vai ter uma surpresa.

Simon sorriu, dando de ombros.

SIMON — Tá bom.

Eles sustentaram o olhar um do outro, por um tempo. Silêncio.

A roda gigante se movimentou e eles finalmente chegaram no topo. Simon teve a vista aérea, iluminada pelas luzes da cidade. Ele ficou sem reação, por alguns segundos.

SIMON — Isso aqui é lindo demais.

Fritz encostou o braço no apoio, atrás de Simon.

FRITZ — Te falei. Aqui de cima é melhor.

Eles estavam sozinhos no topo. Simon reparou que ele estava um pouco mais próximo, depois que passou o braço para encostar no apoio.

SIMON — Não vou esquecer do tanto que você me ajudou nesses dias.

Fritz deu um sorriso, que revelou seus pés de galinha suavemente. Simon achava aquilo um charme. Lembrou-se do tempo que Fritz conheceu o seu pai, quando tinha quase a sua idade. Ele já tinha um pouco mais de dez anos quando o viu pela primeira vez.

FRITZ — Você realmente não merecia ficar na mão. Gosto de você, garoto. Você sabe.

Eles sustentavam o olhar. Sem piscar.

FRITZ — Conta comigo sempre.

SIMON — Eu quero.

FRITZ — O quê.

SIMON — Manter você por perto, por mais tempo.

Silêncio. Fritz falou, um pouco mais baixo:

FRITZ — Eu também.

Inconscientemente, eles ficaram mais próximos um do outro naquele topo da roda gigante.

As cabeças se aproximaram também. Consequentemente, os lábios.

E se beijaram.

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Comments

Angela

Angela

mas e a parte do banho na mansão???
foi delirio do "carlo"???

2024-08-19

0

Sofi ♥️

Sofi ♥️

Que lindo cara ,que lindo

2024-05-26

1

Anilda Alves da Cruz

Anilda Alves da Cruz

no alvo

2024-05-15

1

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