Samira narrando...
À medida que eu vagava entre meus colegas de trabalho, era como se estivesse imersa em um caleidoscópio de criatividade. Cada pessoa havia abraçado o tema da festa de maneiras tão diversas, que me senti um pouco diminuída em meu vestido inspirado em Carmilla, embora estivesse orgulhosa de minha escolha.
Enquanto observava, meus olhos encontraram James Stone, solitário em um canto da sala. Ele segurava sua bebida com uma expressão tranquila, sua caracterização impecável de James Dean transmitindo um sentimento de mistério e nostalgia. A ironia do nome não passou despercebida por mim; ali estávamos nós, com dois "James" na festa, cada um representando seu próprio estilo e personalidade de forma única.
Eu me aproximei dele, admirando seu grande topete, a blusa mega cavada e os óculos escuros que adornavam seu rosto. James segurava uma taça de champanhe, e quando nossos olhares se encontraram, um sorriso travesso surgiu em seus lábios.
— Olha só quem apareceu — ele disse, seu tom divertido ecoando na sala — A vampira mais temida de todas!
— Estava preocupada de não ser reconhecida, já que minha fantasia é tão simples.
— Ah, relaxa. Você está incrível como Carmilla. Assim que te vi, Castlevania veio imediatamente à mente.
Sorri para James, enquanto a música alta ecoava e as luzes coloridas iluminavam todos do salão. Ao redor, algumas pessoas do setor de Design destacavam-se com fantasias verdadeiramente inovadoras e divertidas. Havia alguém vestido como uma versão moderna de Leonardo da Vinci, com um jaleco salpicado de tinta e um tablet digital nas mãos, enquanto outro colega havia se transformado em uma representação viva de uma obra de arte abstrata, com trajes extravagantes e acessórios peculiares.
— Pelo visto, Clara acertou em cheio no tema dessa festa — disse James, dando um gole na bebida e olhando para mim. — Ela pode ser meio maluca das ideias, mas é muito competente quando quer. Falando nisso, onde está aquela doida?
James estava certo. Eu não havia visto Clara em nenhum momento, e isso era incomum. Normalmente, ela estaria desfilando pelo salão, aproveitando ao máximo a festa com sua imprevisibilidade contagiante.
— Concordo. É estranho não tê-la visto por aqui — comentei, olhando ao redor em busca de qualquer sinal dela. — Talvez ela esteja preparando alguma surpresa nos bastidores.
— A única surpresa dessa festa é você, Samira. Ninguém aqui espera que você seja uma bomba-relógio ambulante, prestes a explodir a qualquer momento. Clara nem imagina o que está planejando, não é?
Ri com a comparação de James e peguei um drink que passava na bandeja do garçom.
— Se ela soubesse, eu seria uma péssima assassina. Assim como você seria um péssimo espião — brinquei, experimentando minha bebida de canudinho enquanto o encarava.
James permaneceu sério por um momento.
— Acho que é um exagero do senhor Winter. Bastava sequestrar o filho do Manuel, exigir que ele parasse de ser um pé no saco e voltasse à ativa. Mas o nosso chefe quis caprichar dessa vez.
— Cresci aprendendo que as ordens não devem ser questionadas, James Stone. O chefe pagou, e aqui estou eu, fingindo ser quem não sou e preparando meu bote.
James arqueou uma sobrancelha, seu olhar brincalhão encontrando o meu.
— Ah, mas quem disse que estou reclamando? Afinal, seria um desperdício não aproveitar esse disfarce tão encantador. Talvez eu deva ficar de olho em você para garantir que não vá fazer estragos demais.
Olhei para ele com um misto de ceticismo, ao mesmo tempo que achei graça da sua tentativa de flerte. Homens como James, buscadores de diversão casual, eram fáceis de identificar para alguém como eu. No entanto, não estava disposta a aceitar. Por mais que fosse dona do meu corpo e destino, aprendi que não deveria brincar em serviço.
Enquanto observava outros homens na festa, reconhecia os sinais familiares daqueles que buscavam apenas uma noite de diversão sem compromisso. Embora sua abordagem fosse envolvente, eu sabia que não poderia me deixar levar por promessas vazias e jogos de sedução.
Voltando meu olhar para James, respirei fundo antes de responder, mantendo minha postura profissional.
— Agradeço a oferta, James, mas acho que é melhor mantermos o foco no trabalho. Temos uma missão importante pela frente, afinal.
— Não seja tão chata, Samira. Você não vai querer ficar no pé de Ivan 24 horas, né? Então, nesse tempo de intervalo, poderíamos nos divertir, e no final todo mundo sai ganhando.
Ri daquela asneira.
— Você tem ideias boas assim o tempo todo, James?
— Só quando estou ao lado de uma bela dama.
Ele não entendeu a ironia, e eu me resumi a continuar tomando meu drink, deixando claro que não me envolveria mais naquela conversa.
Enquanto observávamos o grande movimento no salão, uma figura importante surgiu no local, capturando a atenção de todos. Clara, vestida como Sra. Smith, era uma visão de sensualidade e elegância. Seu vestido preto justo realçava suas curvas de forma impecável, enquanto seu olhar perspicaz percorria a multidão com confiança e charme. O cabelo impecavelmente penteado e a maquiagem destacavam sua beleza natural, deixando todos sem palavras. Clara estava simplesmente deslumbrante.
Olhando para o lado, percebi que o tempo havia parado para James. Ele estava simplesmente boquiaberto, os olhos fixos em Clara como se ela fosse uma deusa descendo dos céus. Seu olhar era intenso, como se estivesse absorvendo cada detalhe da figura deslumbrante diante dele. Os lábios ligeiramente entreabertos denotavam sua admiração, enquanto seu corpo parecia paralisado pela aura de elegância e poder que Clara emanava. Era como se, por um instante, ele estivesse perdido em um mundo onde só existiam ele e a mulher diante dele, tão magnífica e imponente como uma divindade.
A cena diante de mim era intrigante. Meus olhos pulavam de um para o outro, observando a devoção silenciosa de James pela mulher de Ivan. Era fascinante perceber a intensidade de sua admiração, mesmo sabendo da relação profissional entre eles. E então, num instante de clareza, percebi que havia algo mais, algo além do respeito profissional. James nutria um desejo reprimido por ela, uma atração que ele tentava disfarçar, mas que era evidente em cada olhar, em cada gesto. Era um segredo que pairava no ar, palpável e intenso.
— Se eu fosse você, limparia o lado da boca. Está babando.
Notei que minhas palavras não foram ouvidas imediatamente. James estava tão absorto em sua admiração por Clara que demorou alguns segundos para processar o que eu tinha dito. Então, ele piscou algumas vezes, como se estivesse despertando de um transe, e rapidamente passou a mão pelo canto da boca, corando levemente com o constrangimento.
— Desculpe... O que disse? - Ele finalmente perguntou, com uma expressão de confusão.
Balancei a cabeça em negação, enquanto meu pensamento zombeteiro escapava:
Que coisa, hein! Desejando a mulher do amiguinho, James?
Naquela enxurrada de informações no ambiente, um vulto ágil deu a volta, esquivando-se habilmente de todas as pessoas e olhares. Pareceu que havia passado despercebido, já que ninguém parecia ter notado Ivan fugindo da atenção dos outros. No entanto, seus movimentos não escaparam aos meus olhos atentos.
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Atualizado até capítulo 35
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