Capítulo 17: Germinar da semente.

Ivan narrando…

Clara parecia concentrada, seus dedos ágeis deslizavam pelo tecido do meu terno, alisando cada ruga com precisão meticulosa. A nossa fantasia como Sr. e Sra. Smith exigia perfeição, e Clara estava determinada a garantir que meu traje estivesse impecável até o último detalhe. Seu olhar focado e suas mãos habilidosas transformavam simples linhas e botões em uma elegância digna de um tapete vermelho. O brilho nos olhos dela revelava não apenas sua dedicação ao trabalho, mas também uma faísca de excitação pela noite que estava por vir.

— Você está lindo essa noite, meu amor. Ouso dizer que até mais que o próprio Brad Pitt, disse Clara com um sorriso brincalhão nos lábios — sua voz carregada de admiração genuína.

Balancei a cabeça, rindo do comentário de Clara, apreciando sua habilidade de me elogiar mesmo nos momentos mais inusitados. Era um alívio ver sua disposição para o humor, considerando a tensão que havia entre nós na última vez que nos encontramos.

Recordando a última ocasião em que nos vimos, quando Clara teve um acesso de raiva ao encontrar mensagens suspeitas em meu celular, contendo fotos comprometedoras enviadas por Cristine. A situação tinha sido explosiva, e eu me encontrava em uma encruzilhada entre defender minha integridade e proteger nosso relacionamento.

Tentei explicar a situação da forma mais clara possível, esperando que Clara compreendesse minha sinceridade. E, de fato, não estava mentindo.

Apesar do turbilhão de emoções que a situação desencadeou, Clara confiou em mim. No entanto, conforme nossas interações continuaram, comecei a notar um leve traço de desconfiança em seus olhos. Parecia que ela tinha absorvido tudo, refletido profundamente e tirado uma conclusão que ainda não me era clara. Essa nova dinâmica entre nós deixou um sabor agridoce no ar, uma mistura de alívio por sua confiança inicial e apreensão pelo que poderia surgir dessa nova revelação silenciosa em seus olhos.

Respirei fundo, tentando acalmar a agitação em meu peito. Não era nada demais, repeti para mim mesmo. Clara estava ali ao meu lado, seu toque suave e seu olhar amoroso eram testemunhos suficientes de sua confiança em mim. Se houvesse qualquer dúvida em seu coração, seus atos de amor e sua disposição para cuidar de mim teriam sido substituídas por uma reação colérica que eu não poderia ignorar.

Grato por essa certeza, deixei-me envolver pelo ambiente tranquilo que nos cercava. O som suave da música ao fundo criava uma atmosfera serena, enquanto nos encontrávamos juntos, desfrutando da companhia um do outro. Segurei sua mão com ternura, sentindo-me abençoado por ter Clara ao meu lado, pronta para superar qualquer desafio juntos.

Sem resistir ao impulso, envolvi Clara em um abraço caloroso, sentindo a familiar sensação de conforto que vinha de seu abraço. Nossos lábios se encontraram em um beijo suave, reafirmando o amor que compartilhávamos. Com o coração transbordando de emoção, murmurei contra seus lábios.

— Eu te amo tanto, Clara. Mesmo com todos os problemas, nada me faz mais feliz do que estar ao seu lado.

Enquanto nos afastávamos do beijo, Clara fez uma careta e levou a mão aos lábios.

— Oh não! — ela exclamou, olhando para mim com uma expressão de desapontamento. — Meu batom saiu todo!

Ela fez um biquinho indignado e começou a limpar delicadamente os lábios com um lenço de papel.

— Eu tinha acabado de retocar, e agora está tudo borrado! — Clara murmurou, parecendo mais chateada com o batom do que com qualquer outra coisa.

Eu ri suavemente, achando adorável a maneira como ela podia transformar até mesmo os momentos mais românticos em situações engraçadas e imprevisíveis.

— Desculpe, amor — eu disse, beijando-a na bochecha. — Eu prometo ser mais cuidadoso da próxima vez.

Clara sorriu, seus olhos brilhando com um brilho travesso.

— Você sempre promete isso, Ivan. Mas nunca cumpre.

Enquanto eu me preparava para dizer algo, meu celular vibrou, interrompendo o momento. Vi os olhos de Clara se arregalarem subitamente, e uma expressão de curiosidade misturada com desconfiança surgiu em seu rosto.

Ela olhou para mim, seus olhos buscando uma explicação para a interrupção inesperada. Rapidamente, peguei o celular e deslizei a tela para ver a notificação, tentando parecer tranquilo enquanto fazia isso.

Meu coração acelerou quando li a mensagem diante de mim. Não era possível. Não acredito que Cristine iria estragar aquele momento tão bom.

Limpei a garganta, tentando parecer calmo.

— É só uma mensagem de trabalho, nada importante — eu disse, tentando dissipar qualquer preocupação que pudesse surgir em sua mente.

Mas mesmo enquanto eu falava, percebi que a sombra de dúvida persistia nos olhos de Clara, e uma sensação desconfortável se instalou em meu peito.

Ela não se deu por satisfeita, e pegou o celular da minha mão. Ao ler a mensagem em voz alta, seus olhos faíscaram.

— Olá, Ivan. Preciso falar com você. Quando vai estar disponível?

Sua voz era afiada, carregada de desconfiança. Engoli em seco, sentindo-me cada vez mais encurralado pela situação.

— Deve ser algo relacionado à empresa, Clara. Calma.

— Calma?! — ela riu nervosa, e eu senti que iria arrancar minha cabeça — Vou ter calma sim, Ivan. Uma mulher manda fotos nuas para você, e agora está pedindo para conversar com você. E agora, você me pede calma?

O tom de sua voz subiu a cada palavra, sua expressão contorcida pela raiva e pela incredulidade. Eu me senti encolher diante de sua explosão de fúria, meu coração apertado de ansiedade.

— Clara, escute! Espera!

— Não me diga para escutar! Cristine deve ter um bom motivo para ficar te mandando mensagens, já que você fica dando brechas para ela. Estavam certos mesmo! Homens são todos iguais, e fui ingênua de pensar que você seria fiel.

As palavras dela cortavam como facas afiadas, e eu lutava para encontrar uma maneira de acalmar sua raiva. Respirando fundo, eu sabia que precisava lidar com essa situação delicada com cuidado e sinceridade.

— Clara, eu entendo que você esteja chateada, mas preciso que confie em mim. As mensagens de Cristine são apenas profissionais, nada além disso.

— Profissionais? Ivan, você acha que sou ingênua? Ela claramente ultrapassou os limites da profissionalidade quando começou a enviar fotos inapropriadas para você! — Clara retrucou, sua voz ainda carregada de indignação.

Eu sabia que não podia negar a gravidade da situação, mas também não podia permitir que a desconfiança de Clara minasse nosso relacionamento.

— Eu sei que parece ruim, mas você precisa acreditar em mim. Eu não encorajei esses comportamentos e estou comprometido com você, apenas com você — eu implorei, buscando seus olhos em busca de compreensão.

— Não quero saber de desculpas! Chega! Você já estragou a minha noite. — Ela saiu bruscamente, mas eu tentei segurar seu braço sem sucesso.

— Vamos conversar, por favor.

— Não, converse com Cristine. Passe a noite com ela na festa. Me deixe em paz!

Eu assisti impotente enquanto Clara se afastava, minha frustração se transformando em raiva diante da situação. Como ela podia simplesmente me acusar e me deixar assim, sem ao menos me permitir explicar?

— Clara, espere! — gritei, minha voz ecoando no vazio enquanto ela se afastava cada vez mais.

Mas era tarde demais. Ela já havia se decidido, deixando-me para trás com um turbilhão de emoções. A raiva fervia dentro de mim, misturada com uma sensação de injustiça e uma pontada de tristeza por ver nosso momento romântico transformado em um desastre.

Eu queria correr atrás dela, gritar e exigir que me ouvisse. Mas sabia que não adiantaria.

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