Samira narrando...
Os dias se arrastavam, cada vez mais sobrecarregados pelo peso crescente das responsabilidades. Foi necessário colocar tudo em uma folha de papel para perceber a verdade: oito horas de trabalho não eram suficientes para satisfazer as demandas insaciáveis de Clara.
A pressão era esmagadora. Enquanto lutava para conciliar a missão de destruir Ivan com as tarefas do dia a dia, sentia-me submersa em um mar de preocupações. Cada detalhe parecia uma ameaça potencial, pronto para sabotar meus esforços. E com Clara agindo como uma criança mimada, qualquer erro resultava em uma birra digna de uma creche, transformando meu ambiente de trabalho em um campo de batalha infantil.
O telefonema do meu chefe, pedindo um relatório sobre o progresso da missão, foi o estopim. Encarar a realidade do pouco que havia realizado foi como um soco no estômago. Ele tentou me acalmar, lembrando que tínhamos meses pela frente. Mas a sensação de fracasso persistia, pairando no ar como um lembrete constante das expectativas não atendidas.
Decidi que era hora de fazer uma pausa. Assim como no trabalho, precisava organizar minhas ações e pensamentos. Peguei uma folha avulsa e comecei a listar.
Já tinha tido um vislumbre da vida de Ivan. Sabia o suficiente para entender suas relações: sua ligação com sua noiva, Clara, e a complexa situação envolvendo Cristine. Além disso, tinha uma noção superficial da história de sua avó. Era como se eu estivesse diante de um quebra-cabeça complexo, e cada peça revelava uma parte da verdade que eu precisava desvendar.
Planejei desestabilizar Ivan em todas as áreas da vida, começando pelo seu relacionamento com Clara. Explorei suas vulnerabilidades emocionais, buscando pequenas fissuras na confiança que poderiam se tornar rachaduras irreparáveis. Considerei o interesse de Cristine nele como uma ferramenta estratégica, visando alcançar meu objetivo maior. Cristine, apesar de constantemente rejeitada por Ivan, poderia ser uma aliada valiosa na minha missão de desestabilização.
Então, foquei na parte financeira. Ivan, homem de negócios, mergulhado num mundo onde o dinheiro significava poder e fraqueza. Identifiquei brechas em seus investimentos e negócios, fragilidades que poderiam minar sua influência. O fato de Ivan desconhecer a origem criminosa do dinheiro de seu pai, um poderoso mafioso e principal investidor, o tornava ainda mais vulnerável. Busquei estrategicamente essas fraquezas ocultas, enfraquecendo gradualmente seus recursos e sua capacidade de manobra.
Por último, mas não menos importante, vinha a esfera familiar. A história de sua avó era uma peça fundamental nesse quebra-cabeça complexo. A avó de Ivan enfrentava uma doença incurável, impossível de ser tratada, o que a mantinha internada e sob cuidados hospitalares naqueles dias. Talvez essa situação pudesse ser explorada a meu favor, como uma ferramenta para manipular Ivan.
A proximidade da morte da avó de Ivan poderia desencadear uma mudança de perspectiva em sua vida, levando-o a reconsiderar prioridades e valores. Acelerar esse processo, antecipando a morte dela, poderia criar uma crise existencial profunda. Essa iminente perda poderia impulsionar Ivan a enxergar a vida de forma diferente, permitindo uma transformação fundamental em sua visão de mundo e objetivos.
Listar minhas prioridades foi algo crucial, proporcionando-me uma visão nítida do futuro que eu almejava. Enquanto as palavras tomavam forma na folha, delineando meus planos meticulosos, fui interrompida pela chegada repentina de Clara à minha mesa. Num reflexo rápido, escondi minhas anotações, garantindo que ela não tivesse a menor pista do que eu estava tramando contra seu noivo.
Minha chefe exibia uma beleza excepcional naquele dia, e seu humor parecia notavelmente mais leve. A mudança não passou despercebida por mim, e não precisei ir muito longe para entender suas reais intenções.
— Olá, Samira, bom dia! O sol brilha radiante lá fora, não é mesmo? Preciso de um favorzinho seu hoje.
Arqueei uma sobrancelha, observando-a com ceticismo. Sabia que, com Clara, um pedido de "ajudinha" poderia facilmente se transformar em uma tarefa monumental.
— Vamos direto ao ponto, Clara. O que você precisa? — minha voz cortante refletia minha impaciência.
Clara diminuiu o tom de voz, como se estivesse prestes a revelar um segredo. Foi então que ela mencionou a visita ao hospital da avó de Ivan e uma lista de compras que incluía fraldas, lenços e itens de higiene pessoal. Mas foi o último pedido que me pegou de surpresa.
— E, ah, por favor, compre um teste de gravidez. Você sabe, apenas por precaução — ela disse, seus olhos brilhando com uma mistura de ansiedade e expectativa.
Clara soltou essas palavras com uma ansiedade palpável, seus olhos brilhando com uma mistura de expectativa e nervosismo. Era como se ela estivesse determinada a levar adiante essa ideia de ter um filho com Ivan. Naquele momento, percebi que ela não estava apenas sonhando com vestidos de noiva; estava decidida a concretizar seus planos.
— Ai, Samira, estou tão ansiosa! Então, por favor, ande logo! Quero fazer o teste o mais rápido possível — ela implorou, seus gestos expressando toda a agitação que sentia.
Com um suspiro profundo, ergui-me da cadeira e dobrei cuidadosamente o papel com o meu plano, guardando-o em um local seguro. Dirigi-me até a saída do escritório, contemplando a possibilidade de uma visita ao hospital. Talvez não fosse uma ideia tão ruim afinal. Era uma chance de investigar mais a fundo sobre a avó de Ivan, algo que certamente poderia fornecer informações valiosas para os meus planos.
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Aldeir Rodrigues
muito chata a história
2024-03-01
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