A semana transcorreu frenética com os preparativos para a inesperada confraternização da Smash! Clara, imprevisível como sempre, havia decidido que era hora de uma festa, e nós estávamos lá, mergulhados em compras e preparativos sem um motivo aparente além da vontade da noiva de Ivan.
O tema escolhido, fantasia, transformou o local alugado em um ambiente mágico e peculiar. Enquanto nós decorávamos, Cristine apareceu, tentando conquistar novamente a estima de Clara, sem saber que minha chefe já tinha conhecimento das fotos íntimas. Para Cristine, era apenas mais uma das birras costumeiras de Clara.
No entanto, Clara não estava disposta a ceder tão facilmente. Ela desferia seus coices com maestria, deixando Cristine acuada e sem saber como reagir. Foi então, em um desses momentos de tensão no salão alugado, que a diretora de RH me puxou de canto, aproveitando a distração dos outros.
— Samira, te chamei porque queria saber de uma coisa. Clara vem agindo meio... estranha. Muito estranha. Como você passa a maior parte do tempo com ela, será que poderia me ajudar? — a diretora de RH perguntou.
Eu contive um sorriso. Claro que não iria ajudá-la. Na verdade, eu queria que tudo explodisse. No entanto, precisava agir com cautela para não deixar vestígios desse incêndio apontarem para mim.
— Bem, Cristine, é uma situação complicada, já que você conhece Clara muito melhor do que eu. Então, acredito que não posso te ajudar muito. Mas sabe quem a conhece melhor do que nós duas? Ivan. Por que não tenta conversar com ele? — sugeri, mantendo um tom neutro.
O rosto de Cristine ficou instantaneamente vermelho, e ela não conseguiu esconder o constrangimento que o nome dele trouxe à tona. Mas, afinal, quem a mandou enviar nudes para um homem comprometido? Agora, que lidasse com as consequências.
— Eu... Eu não sei... E-eu acho que... Talvez seja melhor... Eu não sei... — ela murmurou, visivelmente desconcertada, enquanto buscava desesperadamente por uma resposta coerente.
— Eu acho que é uma ótima ideia, sabe? Você e Ivan possuem uma boa amizade, não é? Então, ele vai poder te ajudar nessa questão, quem sabe até falar com Clara! — continuei, esforçando-me para conter a risada diante da reação visivelmente desconcertada de Cristine.
Cristine pareceu ainda mais desconcertada com minha sugestão, suas mãos tremiam levemente enquanto ela tentava articular uma resposta coerente.
— E-eu... S-sim, claro, Ivan... Ivan pode ajudar, eu acho... — ela finalmente conseguiu balbuciar, sua voz trêmula denunciando seu desconforto crescente.
— Sabe, Cristine, eu sempre quis ter uma melhor amiga como você. Dá para perceber o quanto você gosta de Clara. Espero sinceramente que tudo dê certo entre vocês duas — eu disse, tentando transmitir um semblante solidário.
Vi um relance de culpa passar nos olhos dela, como se minhas palavras a fizessem refletir sobre suas ações.
— Obrigada pela ajuda, Samira. Você está certa, Clara significa tudo para mim — Cristine respondeu, com um tom de gratidão misturado com um peso de consciência.
Observei a mulher se distanciar, seu gesto de despedida acompanhado de um aceno para todos os presentes ajudando na organização. Clara nem sequer lhe dirigiu um olhar, em vez disso, ela veio até mim para questionar o que ela estava perguntando.
Clara não pôde disfarçar o ar de desaprovação ao ouvir sobre minha breve interação com Cristine. Seus lábios se apertaram em uma linha fina e seus olhos lançaram faíscas de desconfiança enquanto ela cruzava os braços sobre o peito.
— Não acredito que você estava falando com aquela megera. O que ela te disse? — ela perguntou com uma expressão séria, deixando claro seu desconforto com a situação.
Percebendo a oportunidade para adicionar mais lenha ao fogo, eu respondi com uma pitada de ironia:
— Nada demais. Ela perguntou se eu conhecia uma boa loja de lingeries, já que eu trabalhava no comércio. Eu disse que não sabia, já que não tinha trabalhado nesse tipo de comércio, mas sim em um mercado. Acho que ela me confundiu com alguma vendedora de sex shop. Dá para acreditar? — soltei a informação com um sorriso dissimulado, observando atentamente a reação de Clara.
O semblante de Clara permaneceu sério, seus olhos faiscavam com uma mistura de indignação e incredulidade. Ela soltou um suspiro frustrado, claramente irritada com a presença e as supostas interações com Cristine.
— Isso é ridículo. Ela não tem limites — Clara murmurou, apertando os lábios com força, suas mãos se cerrando em punhos ao lado do corpo. — Além disso, não sei para quê ela quer saber disso. Não tem ninguém para usar.
— Eu não sei, Clara. Mas ela parecia bem interessada, as coisas mudam, não é mesmo? — eu respondi, mantendo um tom neutro, mas observando atentamente a reação de Clara.
— Ela nem é louca de fazer o que estou pensando. Se isso acontecer, eu não respondo por mim, Samira... — Clara respondeu, sua voz carregada de tensão.
— Calma, Clara! Não vamos nos precipitar! Talvez Cristine arrumou um novo passatempo, e assim, ela deixa Ivan em paz. Ao invés de ficarmos preocupadas, vamos terminar a decoração. Talvez isso te faça relaxar, já que gosta muito disso — sugeri, tentando desviar a atenção da situação delicada e focar na tarefa em mãos.
Clara suspirou, visivelmente aliviada com a perspectiva de deixar as preocupações de lado por enquanto.
— Você pode estar certa. Mas quero que saiba que, se acontecer alguma coisa com Cristine, foi eu quem fiz. Essa mulher acha que me conhece — ela afirmou com determinação, deixando claro seu senso de autoridade.
Eu dei uma risada sincera diante da sua declaração.
— Não duvido do seu potencial, mas não quero te ver no noticiário. Você não vai fazer nada, não é? — perguntei, meio em tom de brincadeira, meio preocupada com a intensidade da reação de Clara.
— Ai, Samira, você tem cada conversa! É lógico que eu vou, se ela tentar algo. Além disso, quem ela pensa que é para te fazer esse tipo de pergunta? Essa mulher está me dando nos nervos. Mas tudo bem, vamos continuar trabalhando por enquanto. Quero tudo muito bonito para sábado — Clara respondeu, voltando ao foco na organização da festa, mas ainda com uma ponta de irritação evidente em sua voz.
O fogo estava se formando, mas ainda não atingira o nível que eu esperava. Não queria que Clara estivesse contra Cristine, mas sim contra Ivan, que era meu verdadeiro alvo. Precisava planejar uma estratégia mais eficaz para fazer isso acontecer, e se possível, durante essa festa de confraternização.
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Atualizado até capítulo 35
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