Contrato De Casamento
*Narrado por Ísis*
Era um dia frio, estava chovendo muito e tudo estava escuro. Meus pés estavam sangrando e ardendo muito, minhas roupas encharcadas, e muitos hematomas por meu corpo todo. Não sei para que lado estou indo, estou apenas indo para o mais longe possível.
Tá doendo muito. Mais não é só a dor física. Poderia dizer que é muito pior. Faz horas desde que eu ando pela mata sem direção, eu só quero fugir daquele lugar, daquele maldito lugar.
Escuto o barulho dos homens atrás de mim. Começo a correr mais rápido que minhas forças permitem, e confesso a vocês, estou muito fraca. Corro até que finalmente encontro uma estrada. Vejo luzes fortes dos faróis de um carro, sem pensar duas vezes vou para o meio da rodovia, e quando paro... Sinto tudo apagar.
~Horas Antes~
Acabei de sair do meu trabalho. Trabalho em uma confeitaria famosa da minha cidade. Meu pai é rico. Porém, tenho autonomia de minhas próprias finanças. Ao contrário de minha irmã que sempre teve tudo que quis, a minha vida não foi tão fácil assim.
Bom, sou Ísis Alencar, tenho 23 anos. E sim, a minha vida nunca foi fácil. Perdi minha mãe em um acidente de carro. Eu, meu pai e minha mãe, estávamos indo para um almoço em família, em um dia chuvoso, como uma família feliz. Até que em certo ponto. Um motorista drogado perde o controle do caminhão e bate em cheio no carro em que estávamos. Meu pai tentou desviar. Mais não deu tempo, foi tudo muito rápido. Todos nós saímos muito feridos. Mas minha mãe não resistiu aos graves ferimentos. Meu pai desmaiou na hora. Eu estava atrás, meio tonta mais consciente.
A imagem que nunca sairá da minha mente, é ver minha mãe olhando para mim com os olhos cheios de lágrimas. Aqueles olhos claros e profundos, estão gravados em minha mente. Ela tocou no rosto de meu pai, olhou para mim novamente e disse:
"Eu amo vocês mais que tudo nesse mundo!"
Assim ela deu seu último suspiro, e fechou os seus olhos. Nesse exato momento a chuva se intensificou, muitos trovões ressoaram pelo céu, e um raio bem forte surgiu. Junto com a forte chuva, o sangue escorria aos poucos. Depois de presenciar tudo isso, acabei desmaiando pelo choque.
Acordei 1 mês depois, meu pai ainda tinha algumas escoriações pelo rosto.
Chorei muito ao saber que minha mãe tinha falecido. Afinal tinha 6 anos na época. Desde então minha vida nunca mais foi a mesma. Por noites e noites tenho pesadelos com esse dia. Meu pai tentou de varias formas me ajudar, ele também sofreu muito com a perda de minha mãe. Ele a amava muito.
Foram cinco anos em que ele ficou sozinho. Até que um dia ele me apresenta uma mulher. Ele queria que eu a conhecesse. Foi em um jantar, aquela mulher era doce e gentil, um amor de pessoa.
Após o jantar, meu pai conversou comigo, perguntou o que eu achava dela, claro tinha dito que havia gostado dela. Ele falou que finalmente tinha começado a gostar de alguém, eu sempre torci pela felicidade dele, e quando ele falou que estava apaixonado, eu torci para que tudo desse certo.
Ela tinha uma filha, quatro anos mais nova que eu. No início nos davamos bem.
Meu pai é um grande empresário, passa a maior parte da vida viajando, desde que perdeu minha mãe. Quando tudo se estabeleceu, as coisas começaram a mudar. Minha madrasta começou a mostrar sua verdadeira face. Me punia por coisas bobas, se eu dissesse não para sua filha, sem dúvidas ela me batia, e sempre dizia que se eu contasse para meu pai, ela me mataria. No começo eu criei coragem e contei a ele. Simplesmente ouve a maior briga. Meu pai ameaçou se separar dela. Claro que ela pediu perdão e tudo. Mais a noite me ofereceu alguns doces. Depois disso, comecei a sentir várias dores, meu pai desesperado correu para o hospital comigo.
Eram doces com cafeína, eu era fortemente alérgica a café, ela alegou que não sabia, e ficou por isso mesmo.
O tempo passou e tudo só piorou, e se eu tentasse contar a meu pai, era pior. Com o tempo ela foi jogando ele contra mim. Nossa relação se desgastou, ele me amava, porém não acreditava em mim. Ele se tornou mais ausente e tudo só se intensificava.
Ele começou a me odiar. Se Helena falasse que eu fiz algo errado ele me batia e me deixava sem comida por dias. Ele passou a amar mais minha Irmã Sabrina, que nem sua filha de sangue era, e começou a me odiar profundamente. Eu amo ele, independente de tudo, sempre tento ser a boa filha, quando meu pai começa a demonstrar algum tipo de carinha por mim, ela ou Sabrina fazem algo para que eu seja punida.
Eu não tenho voz, não importa o que eu faça eu sempre sou a vilã.
Sofri muito, mais o que mais me dói é saber que meu pai não é mais meu melhor amigo.
Hoje é um dos dias dos quais ele está em casa. Comprei um presente para ele. E quando estou prestes a entrar no táxi. Meu celular toca. Meu namorado me mandou um endereço. "Hotel D'Ávila".
Namoro a 1 ano e meio. Ele se chama Dênis, tem 24 anos o conheci na confeitaria, ele vinha todos os dias aqui, começamos a nos aproximar e depois de 2 meses me pediu em namoro. Eu sou muito feliz com ele, nos últimos meses Dênis anda ocupado com seu trabalho então não temos saído muito. Fico feliz, pois claramente ele quer me encontrar, peço para que o motorista me leve até lá.
Vou no caminho pensando em como meu dia vai terminar super bem. Depois de encontrá-lo vou chamar ele para o jantar. Meu pai nunca se opôs ao nosso relacionamento então sei que não há problemas em levá-lo.
Chego no hotel, pago o motorista e faço o check-in na recepção. Subo tranquilamente. Até que quando vou me aproximando do quarto escuto vozes animadas. Confiro o cartão, e sim está correto. Meu corpo gela.
Não é possível que isso esteja acontecendo. Abro a porta silenciosamente. Entro no quarto, e me deparo com a cena que dilacerou meu coração... Meu namorado e minha irmã...
Como assim? Como eu posso ter sido burra o suficiente para não perceber? A quanto tempo eu sou enganada por esses dois?
Acabo batendo em um jarro que se espatifa no chão, chamando atenção dos dois. Eles me olham assustados. Ele imediatamente a solta do abraço e vem em minha direção.
— A.amor o que você está fazendo aqui?
— Ísis? — Minha irmã com a cara de sonsa vem e chama meu nome surpresa.
— Então é isso? Sempre foi esse o motivo de estar ocupado com o "trabalho"?- Falo para ele segurando as lágrimas que queriam sair.
— E quanto a você - falo olhando para Sabrina -Você deveria ter vergonha de ser uma cadela.
— Sinto nojo de vocês dois, vocês se merecem.
Quando menos espero, sinto um tapa em meu rosto. De todos esses anos, nunca enconstei um dedo nela, mais hoje minha raiva atingiu o ápice. Me recupero, e logo revido, desferindo tapas e socos, enquanto ela grita. Dênis vem e me separa dela. Ele tem a coragem de olhar nos meus olhos e dizer.
— Ísis, amor. Eu te trai, mas eu te amo!
Não me controlo e começo a bater nele também. Libero toda minha raiva. Até que ele consegue me segurar.
Nessa hora, Sabrina tenta me bater. Quem ela pensa que é para achar que está certa?
— Como você ousa a encostar no meu namorado?- ela diz enquanto Dênis me solta e segura ela.
— Seu namorado? Como você tem a coragem de dizer que ele é seu namorado enquanto você faz o papel de amante?
— Ele é meu namorado! Ou você acha que ele iria querer uma sem sal como você? Até por que ele iria terminar com você hoje mesmo, depois que nós nos encontrássemos!
— Bina, não complica as coisas. - ele diz pra ela, sinto uma vontade tão grande de vomitar, sinceramente não aguento isso.
— Quer saber? Nunca mais quero ver você na minha frente Dênis, já você Sabrina, sinto pena, pena por você ser esse ser humano horrível.
Me viro e saio daquele quarto. Quando estou saindo Dênis tenta me seguir, mais Sabrina o segura.
— Onde você vai? Pronto, agora você é só meu, não se preocupe com essa sonsa.
Saio do hotel o mais rápido possível, entro no táxi e começo a chorar, peço que ele pare no meio do caminho, e continuo chorando.
— Tudo bem senhorita?
— Não...
— Fica calma. Tudo vai passar, não sei o que aconteceu com você, mais no final tudo vai ficar bem.
Eu continuo chorando, até que me recupero, enxugo as lágrimas e peço para que ele continue a viagem.
Chego na Vila. Pago o motorista, e dou uma gorjeta maior pelo tempo que ele perdeu me esperando.
— Obrigada senhorita, independente do que seja, boa sorte.
— Obrigado senhor.
Entro em casa, e sorrio quando vejo meu pai, tentando esquecer o que aconteceu. Vou em sua direção para cumprimentá-lo.
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Atualizado até capítulo 24
Comments
Franciane Hubner Dos Santos
que triste a vida dela
2024-08-25
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