Capítulo 13

Ísis passou o resto da manhã mal, na hora do almoço Arthur foi até ela, levar um prato.

 Ele bate na porta, mas sem resposta ele entra mesmo assim. — Como você está?— Pergunta.

— Como você acha? Tô me sentindo horrível.— Ela se vira para ele, mas ainda continua deitada.— Será que eu estou fadada a sofrer nessa vida?

— Calma não é assim, no final vai ficar tudo bem — Ele se aproxima e afasta algumas mexas de seu cabelo que estavam em seu rosto.

— Mas Arthur... Esse final nunca chega...— Fala se sentando na cama, com seus olhos cheios de lágrimas.— Desde criança me prometem que um dia tudo vai ficar, mais nunca fica bem, parece que quanto mais o tempo passa, mais distante esse final feliz fica.

Arthur olha a situação sensível e frágil de Ísis, e seu coração sente um enorme desconforto. Algo que ele nunca tinha sentido, até conhecer a mulher a sua frente.

 Em um ato, que talvez para ele fosse impulsivo, ele a abraça, mesmo que parte de sua consciência diga que ele deva se afastar, ele vai contra a isso, se agarrando a um fio do desejo de seu coração. Pensando bem, Arthur havia parado de viver pela razão, após conhecer Ísis, parece que sua razão, na verdade, era Ísis, apenas ela.

Ísis corresponde o abraço, e não pode deixar de agradecer todo o apoio que Arthur tem dado a ela: — Arthur, você é incrível! Obrigada de verdade, por tudo o que você tem feito por mim. Pode ter certeza que eu farei tudo o que estiver ao meu alcance por você.— Fala apertando ainda mais seu abraço.

Nessa hora Arthur se desfaz de seu aperto, mas sem se soltar completamente dela. Olha profundamente nos olhos de Ísis. E antes que ela pudesse dizer algo, Arthur umedece seus lábios, se aproxima lentamente e a beija.

No primeiro momento Ísis fica surpresa e confusa, mas aos poucos corresponde, permitindo que Arthur aprofunde o beijo, seguindo o ritmo calmo e carinhoso no qual ele estava. A medida que o tempo passava, o ritmo ia aumentando, e consequentemente, o clima também...

Ísis se agarra em um fio de sanidade que passa em sua mente, e empurra levemente Arthur.

O olhar de ambos se encontram e quase que imediatamente Ísis fica tímida, a prova disso era suas bochechas rosadas. Nem um dos dois sabiam o que dizer, mas entendiam muito bem, que não havia o que falar sobre aquilo, não existia motivo para se afastarem, por que os dois quiseram. Então o que restava eram se olhar, até que o fôlego que perderam fosse recuperado.

—Ísis...— Arthur foi o primeiro a dizer algo.— Trouxe o almoço, já que você não comeu, a tarde vai ser longa. Logo alguns profissionais virão para arrumar você para o jantar, que a princípio será o momento em que eu vou anunciar você como minha noiva.

— Ah, sim. Muito obrigada por pensar nesse detalhe. Afinal como eu ficarei quando eles descobrirem?

— Bom, daqui a três horas eles saberão. Como eu falei, está tudo organizado. Agora são uma hora da tarde, eles saberão entre as quatro e meia em diante. Antes que eles mobilizem qualquer que seja, estaremos a caminho do jantar, e somado a mais uma hora e meia do caminho de Beenchenland até aqui, quando finalmente chegarem, o anúncio já terá sido feito. O máximo que eles podem fazer, é se revoltarem, e usar meios emocionais contra você, por isso você tem que ser forte.

— Tudo bem, eu confio em você, e sei que tudo dará certo. — Ísis sorri para ele.

— Fico feliz em saber disso, agora come. Não quero que minha noiva tenha um desmaio no jantar. — Brinca com Ísis enquanto ri.

— Tabomm...— Ísis pega então dá a primeira garfada no almoço que por sinal estava delicioso. Havia bife, arroz e uma salada que a agradava, mesmo sendo raro ela gostar de algum vegetal. E de bebida, havia um suco natural de laranja. Era algo comum na vida de Ísis, enquanto todos tomavam café em seu desjejum, a vida toda dela sempre foi o suco de laranja.

Ela mesma, poderia diferenciar o gosto de diferentes tipos de laranja apenas provando alguns goles. Esse copo, com suas próprias conclusões, poderia dizer que era feito com laranja pêra, que na sua opinião era o melhor.

Perdida em seus pensamentos, enquanto saboreava seu delicioso prato, havia esquecido da presença de Arthur naquele cômodo.

E ele, sem ao menos fazer o menor barulho, ficou parado em sua frente apreciando a vista que Ísis o proporcionava.

Para ele, isso definitivamente era apenas uma distração. Mas cá entre nós, qualquer um aqui, pode adivinhar do que se trata, e não só isso, como podemos afirmar que isso são resquícios de uma paixão!

Ambos voltam a realidade quando Ísis termina seu prato.

— Hum, tudo estava completamente delicioso.

Arthur recolhe a bandeja e coloca ao lado, pensando sobre o que poderia falar para passar mais tempo ao seu lado.

 Ísis parece ter o mesmo pensamento, porém ao contrário dele, ela foi mais rápida, continuando o clima mais que agradável: — Tem mais uma coisa sobre qual não conversamos.

— E qual seria?— Fala enguendo sua cabeça e olhando novamente para Ísis.

— Minha faculdade.

Arthur responde quase que imediatamente com um tom habitual: — Lembra de quando falei que tudo estava resolvido? Dei a certeza que não deixaria passar nem um detalhe. A questão da faculdade vai ser resolvido, você começa no próximo semestre.

— Uau, mais por que tão longe? — Pergunta, alternando sua expressão entre agradecimento e dúvida.

Arthur prossegue:— Conversei com o diretor, e quando cuidei de sua transferência, ele acho melhor você começar no início do novo semestre, já que é uma fase de muitas transferências, você não se sentiria deslocada.

— É incrível como você consegue pensar em todos os detalhes.— Ísis fala maravilhada com a habilidade de Arthur fazer tudo, antes mesmo que ela se lembre de falar.

— Eu sou capaz de fazer muitas coisas, as quais você nem imagina. — Fala sorrindo de canto, o que foi motivo para que novamente Ísis pudesse sentir o rubor em sua face.

— E o meu emprego então? — Perguntou para esquecer o que a pouco a deixava envergonhada

Arthur diz em tom casual: — Nesse caso, eu falei para seu patrão que você iria se demitir por que estava noiva e havia mudado de cidade. Mas que em breve você irá visitá-lo.

— E o que ele falou?

Arthur muda um pouco sua expressão para desgosto antes de falar: — Bom, para mim, ele foi um pouco antipático e me parece que não gostou muito.

— Ah, sério!?— Para Ísis, era difícil acreditar que seu chefe, que era tão amável com todos, poderia tratar alguém com frieza, ainda mais seu "noivo", já que eram amigos desde que ela entrou na confeitaria.

Mas na verdade, Arthur não estava mentindo, ele realmente foi antipático, no início ele até foi alguém gentil, mas depois que Arthur citou o casamento, sua forma de agir se tornou completamente diferente.

Arthur não se importou, afinal, ele não precisava buscar simpatia das pessoas.

...

Para os dois, o tempo passa rapidamente quando estão lado a lado. Depois de algum tempo, dona Vera sobe as escadas acompanhando a enorme equipe, que estava a inteira disposição de Ísis.

Arthur percebe que não seria apropriado ficar lá, então se despede com um simples aviso:— Estarei no escritório, qualquer coisa é só chamar.

— Tudo bem. — Diz Ísis, no momento ela estava tão imersa a animação das pessoas naquela sala, que não se importou muito com Arthur.

Estavam ali ao todo sete pessoas, uma estilista, um cabeleireiro, duas manicures e três assistentes.

— Então senhorita, não acha que está na hora de dar uma valorizada no seu cabelo?— Pergunta batendo palmas de animação.

— Sim, mas eu não sei o que combinaria comigo.— Fala, pois realmente não sabia o que fazer.— Qual é a sua sugestão?

— Bom, para rostos redondos, eu sugiro um corte em camadas pois valoriza.

—Então vou confiar na sua indicação. Podem começar, por favor.

As meninas tiram as medidas, e a estilista descarta o vestido que Jack, a pouco tinha enviado, e começa a fazer um exclusivamente para Ísis, cada detalhe, cada prega, feita especialmente para armonizar com a beleza gentil, e elegante, que naturalmente ela exalava.

E o resto da tarde acaba por ser apenas de risos, conversas, músicas, muito trabalho.

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