*Narrado por Ísis*
Era um dia frio, estava chovendo muito e tudo estava escuro. Meus pés estavam sangrando e ardendo muito, minhas roupas encharcadas, e muitos hematomas por meu corpo todo. Não sei para que lado estou indo, estou apenas indo para o mais longe possível.
Tá doendo muito. Mais não é só a dor física. Poderia dizer que é muito pior. Faz horas desde que eu ando pela mata sem direção, eu só quero fugir daquele lugar, daquele maldito lugar.
Escuto o barulho dos homens atrás de mim. Começo a correr mais rápido que minhas forças permitem, e confesso a vocês, estou muito fraca. Corro até que finalmente encontro uma estrada. Vejo luzes fortes dos faróis de um carro, sem pensar duas vezes vou para o meio da rodovia, e quando paro... Sinto tudo apagar.
~Horas Antes~
Acabei de sair do meu trabalho. Trabalho em uma confeitaria famosa da minha cidade. Meu pai é rico. Porém, tenho autonomia de minhas próprias finanças. Ao contrário de minha irmã que sempre teve tudo que quis, a minha vida não foi tão fácil assim.
Bom, sou Ísis Alencar, tenho 23 anos. E sim, a minha vida nunca foi fácil. Perdi minha mãe em um acidente de carro. Eu, meu pai e minha mãe, estávamos indo para um almoço em família, em um dia chuvoso, como uma família feliz. Até que em certo ponto. Um motorista drogado perde o controle do caminhão e bate em cheio no carro em que estávamos. Meu pai tentou desviar. Mais não deu tempo, foi tudo muito rápido. Todos nós saímos muito feridos. Mas minha mãe não resistiu aos graves ferimentos. Meu pai desmaiou na hora. Eu estava atrás, meio tonta mais consciente.
A imagem que nunca sairá da minha mente, é ver minha mãe olhando para mim com os olhos cheios de lágrimas. Aqueles olhos claros e profundos, estão gravados em minha mente. Ela tocou no rosto de meu pai, olhou para mim novamente e disse:
"Eu amo vocês mais que tudo nesse mundo!"
Assim ela deu seu último suspiro, e fechou os seus olhos. Nesse exato momento a chuva se intensificou, muitos trovões ressoaram pelo céu, e um raio bem forte surgiu. Junto com a forte chuva, o sangue escorria aos poucos. Depois de presenciar tudo isso, acabei desmaiando pelo choque.
Acordei 1 mês depois, meu pai ainda tinha algumas escoriações pelo rosto.
Chorei muito ao saber que minha mãe tinha falecido. Afinal tinha 6 anos na época. Desde então minha vida nunca mais foi a mesma. Por noites e noites tenho pesadelos com esse dia. Meu pai tentou de varias formas me ajudar, ele também sofreu muito com a perda de minha mãe. Ele a amava muito.
Foram cinco anos em que ele ficou sozinho. Até que um dia ele me apresenta uma mulher. Ele queria que eu a conhecesse. Foi em um jantar, aquela mulher era doce e gentil, um amor de pessoa.
Após o jantar, meu pai conversou comigo, perguntou o que eu achava dela, claro tinha dito que havia gostado dela. Ele falou que finalmente tinha começado a gostar de alguém, eu sempre torci pela felicidade dele, e quando ele falou que estava apaixonado, eu torci para que tudo desse certo.
Ela tinha uma filha, quatro anos mais nova que eu. No início nos davamos bem.
Meu pai é um grande empresário, passa a maior parte da vida viajando, desde que perdeu minha mãe. Quando tudo se estabeleceu, as coisas começaram a mudar. Minha madrasta começou a mostrar sua verdadeira face. Me punia por coisas bobas, se eu dissesse não para sua filha, sem dúvidas ela me batia, e sempre dizia que se eu contasse para meu pai, ela me mataria. No começo eu criei coragem e contei a ele. Simplesmente ouve a maior briga. Meu pai ameaçou se separar dela. Claro que ela pediu perdão e tudo. Mais a noite me ofereceu alguns doces. Depois disso, comecei a sentir várias dores, meu pai desesperado correu para o hospital comigo.
Eram doces com cafeína, eu era fortemente alérgica a café, ela alegou que não sabia, e ficou por isso mesmo.
O tempo passou e tudo só piorou, e se eu tentasse contar a meu pai, era pior. Com o tempo ela foi jogando ele contra mim. Nossa relação se desgastou, ele me amava, porém não acreditava em mim. Ele se tornou mais ausente e tudo só se intensificava.
Ele começou a me odiar. Se Helena falasse que eu fiz algo errado ele me batia e me deixava sem comida por dias. Ele passou a amar mais minha Irmã Sabrina, que nem sua filha de sangue era, e começou a me odiar profundamente. Eu amo ele, independente de tudo, sempre tento ser a boa filha, quando meu pai começa a demonstrar algum tipo de carinha por mim, ela ou Sabrina fazem algo para que eu seja punida.
Eu não tenho voz, não importa o que eu faça eu sempre sou a vilã.
Sofri muito, mais o que mais me dói é saber que meu pai não é mais meu melhor amigo.
Hoje é um dos dias dos quais ele está em casa. Comprei um presente para ele. E quando estou prestes a entrar no táxi. Meu celular toca. Meu namorado me mandou um endereço. "Hotel D'Ávila".
Namoro a 1 ano e meio. Ele se chama Dênis, tem 24 anos o conheci na confeitaria, ele vinha todos os dias aqui, começamos a nos aproximar e depois de 2 meses me pediu em namoro. Eu sou muito feliz com ele, nos últimos meses Dênis anda ocupado com seu trabalho então não temos saído muito. Fico feliz, pois claramente ele quer me encontrar, peço para que o motorista me leve até lá.
Vou no caminho pensando em como meu dia vai terminar super bem. Depois de encontrá-lo vou chamar ele para o jantar. Meu pai nunca se opôs ao nosso relacionamento então sei que não há problemas em levá-lo.
Chego no hotel, pago o motorista e faço o check-in na recepção. Subo tranquilamente. Até que quando vou me aproximando do quarto escuto vozes animadas. Confiro o cartão, e sim está correto. Meu corpo gela.
Não é possível que isso esteja acontecendo. Abro a porta silenciosamente. Entro no quarto, e me deparo com a cena que dilacerou meu coração... Meu namorado e minha irmã...
Como assim? Como eu posso ter sido burra o suficiente para não perceber? A quanto tempo eu sou enganada por esses dois?
Acabo batendo em um jarro que se espatifa no chão, chamando atenção dos dois. Eles me olham assustados. Ele imediatamente a solta do abraço e vem em minha direção.
— A.amor o que você está fazendo aqui?
— Ísis? — Minha irmã com a cara de sonsa vem e chama meu nome surpresa.
— Então é isso? Sempre foi esse o motivo de estar ocupado com o "trabalho"?- Falo para ele segurando as lágrimas que queriam sair.
— E quanto a você - falo olhando para Sabrina -Você deveria ter vergonha de ser uma cadela.
— Sinto nojo de vocês dois, vocês se merecem.
Quando menos espero, sinto um tapa em meu rosto. De todos esses anos, nunca enconstei um dedo nela, mais hoje minha raiva atingiu o ápice. Me recupero, e logo revido, desferindo tapas e socos, enquanto ela grita. Dênis vem e me separa dela. Ele tem a coragem de olhar nos meus olhos e dizer.
— Ísis, amor. Eu te trai, mas eu te amo!
Não me controlo e começo a bater nele também. Libero toda minha raiva. Até que ele consegue me segurar.
Nessa hora, Sabrina tenta me bater. Quem ela pensa que é para achar que está certa?
— Como você ousa a encostar no meu namorado?- ela diz enquanto Dênis me solta e segura ela.
— Seu namorado? Como você tem a coragem de dizer que ele é seu namorado enquanto você faz o papel de amante?
— Ele é meu namorado! Ou você acha que ele iria querer uma sem sal como você? Até por que ele iria terminar com você hoje mesmo, depois que nós nos encontrássemos!
— Bina, não complica as coisas. - ele diz pra ela, sinto uma vontade tão grande de vomitar, sinceramente não aguento isso.
— Quer saber? Nunca mais quero ver você na minha frente Dênis, já você Sabrina, sinto pena, pena por você ser esse ser humano horrível.
Me viro e saio daquele quarto. Quando estou saindo Dênis tenta me seguir, mais Sabrina o segura.
— Onde você vai? Pronto, agora você é só meu, não se preocupe com essa sonsa.
Saio do hotel o mais rápido possível, entro no táxi e começo a chorar, peço que ele pare no meio do caminho, e continuo chorando.
— Tudo bem senhorita?
— Não...
— Fica calma. Tudo vai passar, não sei o que aconteceu com você, mais no final tudo vai ficar bem.
Eu continuo chorando, até que me recupero, enxugo as lágrimas e peço para que ele continue a viagem.
Chego na Vila. Pago o motorista, e dou uma gorjeta maior pelo tempo que ele perdeu me esperando.
— Obrigada senhorita, independente do que seja, boa sorte.
— Obrigado senhor.
Entro em casa, e sorrio quando vejo meu pai, tentando esquecer o que aconteceu. Vou em sua direção para cumprimentá-lo.
Uso meu tom gentil de sempre e falo de longe:
— Olá pai.
Entro totalmente na sala. Chegando lá me deparo com Sabrina chorando e Helena a abraçando, adivinhem quem também estava lá, sim o Dênis. Meu sorriso se esvai em um piscar de olhos.
— Ísis por que você fez isso com sua irmã? - Helena fala enquanto me olha com maldade.
— O que eu fiz? E o que eles fizeram comigo? Por que apenas eu sou a errada, quando a vítima sou eu?
— Vítima, você teve a coragem de bater em sua irmã! Você envergonha a nossa família!
— Eu apenas revidei, aliás, quem envergonha a família é essa sua filha, uma biscate que troca de homem toda a semana, e agora tá com esse traste nojento.
Sabrina vem em minha direção, agarra meu braço e antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, e o puxo levemente . Ela aproveita esse movimento e se joga no chão, começa a chorar e a gritar:
— Aii, minha barriga dói...
— Ei! olha o que você fez com ela, você não sabe que ela espera um filho meu.- Dênis que até então estava calado, diz algo.
Espera, filho? Além de ser traída, ele engravidou a amante, mais que filha da put-
Nesse momento, um estralo alto saí contra meu rosto. Meu pai me bateu de novo.
— Olha o que você fecom a sua irmã, você não tem noção de que ela está grávida? O que você fará se ela perder essa criança?
Helena me olha zombando da minha situação, como eu odeio essa mulher.
Olho para ele com lágrimas nos olhos. Um súbito de raiva sobe enquanto eu começo a falar:
— Que pai fica contra a própria filha no momento em que ela mais precisa, hein? Claro só poderia ser o Senhor Alencar, eu, sua filha biológica acabei de ser traída por esses dois, e eu sou a culpada? Eu me defendi, e apenas revidei a agressão que sofri, mas a única sem coração sou eu. Engraçado, você só é favorável para sua doce estrelinha.
— Ísis, chega.- Ele fala me advertindo, porém continua a falar.- Vá para cima e se arrume, hoje você irá conhecer seu noivo.
— Noivo?- Pergunto desacreditada.
— Sim, anteriormente, Sabrina iria se casar, mais como você é a mais velha, e agora ela está noiva, você terá que substitui-la.- Helena diz enquanto olha para Sabrina.
— O quê? Eu nunca vou me casar com um desconhecido, você só pode estar brincando.
— Mas você precisa querida.- Ela fala novamente em um tom falsamente doce.
— EU NUNCA VOU ME CASAR! EU JAMAIS VOU ACEITAR ISSO!- falo gritando, com esperança que todos me entendam.
— Isso não está em discussão Ísis, eu estou mandando!- Meu pai se altera.- Helena leve ela para cima, senhor Gordon estará aqui daqui a pouco.
Ela segura meu braço e eu começo a gritar.
— ME SOLTA AGORA, EU NÃO VOU!
— Você não tem escolha querida, você já foi vendida, faça as malas, pois aquele velho vira te buscar.- Sabrina se levanta do chão e diz enquanto vai em direção de Dênis.
Olho incrédula para meu pai, começo a chorar e a dizer:
— Você é um mostro! Nunca mereceu o amor da minha mãe, você nunca mereceu o último toque dela no último momento de vida. Você e essa impostora se merecem, ela só está aqui para roubar o lugar da minha mãe, mais nunca vai chegar aos pés dela, quer saber, vocês todos se merecem, merecem o pior desse mundo, e você papai, principalmente. Espero que você se sinta culpado por toda vida por manchar a honra da minha mãe, é realmente uma pena que ela tenha perdido tanto tempo da vida dela ao seu lado. Eu espero que você morra.
Após dizer isso, ele puxa o meu cabelo e me arrasta até o porão. Lá ele me bate repetidamente. Com muita raiva. Começo a chorar, pois nunca imaginei que seria tratada assim pelo meu próprio pai.
— Como você ousa a tocar no nome de sua mãe.
Ele me joga no chão e me bate muito.
— Se arrepende por ter feito o que fez com sua irmã? Você vai subir lá e vai se apresentar para Sr. Gordon!
— Nunca! Eu jamais vou me casar!
Isso despertou uma raiva incessante nele, começo a vomitar sangue. Ele pega sua cinta, e desfere sobre mim. Me chuta, como se estivesse chutando um lixo, como se eu não fosse a filha dele
— Nunca mais desrespeite alguém dessa família.
Ele bate em mim até eu estar quase inconsciente. Ele me olha e diz:
— Ficará aí até que peça perdão para sua irmã, e aceitar o casamento. Você tem uma hora pra decidir se quer viver, E se ousar fugir, será muito pior.
Ele me tranca mais uma vez naquele porão insalubre. Parte da minha vida passei nesse porão, ele sempre me bateu, já levei surras tão violentas por motivos mínimos, mais nunca cheguei a vomitar sangue.
Meu corpo todo dói, estou cortada pela cinta. Eu sei que se eu ficar aqui eu morrerei. Meu pai não tem o mínimo de afeto por mim. Ele me ameaçou de morte, ele me vendeu, não consigo acreditar. Choro, choro muito ao pensar que meu pai vai me matar, por simplesmente não aceitar me casar com um velho nojento.
Olho para a pequena janela do porão. De todos esses anos, sinto que fugir é minha única opção.
Levanto-me e assim sim que fico em pé, sinto uma dor horrível, parece que minhas costelas se abririam num rasgo profundo. ando lentamente até a pequena janela. Pego um pedaço de tijolo no canto, e acerto contra o vidro. Oro a Deus para que ninguém tenha ouvido. Me esforço ao máximo para conseguir levantar meu corpo e passar pela janela. Depois de muito esforço, finalmente consigo, ando silenciosamente por trás do quintal, e consigo entrar na floresta, nessa hora escuto os cachorros latir. Droga, começo a correr, piso em espinhos, mas tento não ligar para dor. Corro o mais depressa que posso, e começo a ouvir a comoção dos seguranças vindo atrás de mim.
Logo começa a chover, para o meu desespero. Por que isso tem que ser justo comigo. Lembranças daquele dia invadem a minha mente, eu não consigo correr, a medida que a chuva fica mais intensa, fico sem ar e desesperada, estou tremendo muito. Me sento no chão e tudo só piora, tampo meus ouvidos para abafar o som, mais é impossível. Fico por um longo tempo com essas lembranças dolorosas, até que a chuva se acalma, respiro fundo, e vejo de longe o clarear das lanternas. Me levanto, e quando começo a correr alguém me segura.
- Achei você!- Um dos capangas do meu pai diz.
— P.po. Por f.favor me deixa ir.- Digo suplicante com lágrimas nos meus olhos.
— Sinto muito senhorita, mais são ordens, se eu te deixar ir, posso ser demitido, ou pior.- Ele fala com resquícios de pena.
— Por favor, se você me soltar eu vou embora para longe, ninguém vai saber que você tinha me alcançado.
— Sinto muito...
— Mesmo se eu for pega, ninguém vai saber, por favor, você quer viver com a culpa de ter ajudado a matar uma menina inocente?
— Que?- Ele pergunta assustado.
— Se eu voltar lá, meu pai vai me matar. Eu não fiz nada errado, só me deixa ir, rápido eles estão se aproximando.
— Mais... Ah, quer saber, foge senhorita, corre para essa direção assim você vai sair na rodovia, não pare em nenhum momento, vá para lá, eles provavelmente vão se dividir, quando você chegar lá, ande para direita, assim você vai ir para Norteland. Se você ficar na cidade, eles vão te achar facilmente, depois de você se recuperar, fuja para outro país. Boa sorte Senhorita.
— Muito obrigado, muito obrigado mesmo. Que Deus te ilumine muito.
— Corre moça.
Começo a correr na direção em que ele falou, eu não tenho referências, então só posso confiar nele, mesmo que me custe a vida.
...
Faz muito tempo que eu estou andando, ainda não cheguei, mais se fico em silêncio, ouço de longe os homens. Agora começou a chover, para o meu azar, tá ficando muito frio. Eu preciso parar, tá voltando tudo de novo. Eu preciso respirar. Meu corpo todo dói, o sangue vindo do corte da minha testa atrapalha minha visão, as minhas costelas estão latejando dentro de mim mesma, eu preciso de ajuda. A chuva só piora, me apoio na árvore atrás de mim.
Ah, senhor eu te suplico, envia-me alguém para me salvar, me envia uma luz para me tirar do poço da escuridão, por favor.
Os flashs daquele dia voltam, o olhar da minha mãe, tudo me atormenta, eu escuto em meio a chuva os capangas se aproximando, eu preciso ser forte. Eu preciso encontrar minha luz. Corro novamente, corro até chegar em um lugar onde eu consigo ver a rodovia. Vejo de longe os faróis de um carro, sinto uma forte sensação de que aquele carro está trazendo minha salvação consigo.
Ao mesmo tempo, do outro lado os capangas estão se aproximando rapidamente. Não perco meu tempo, atravesso correndo, e quando menos espero prendo meu pé em cipós e caio no chão, ah, que dor... Sério, o que eu fiz para merecer uma vida assim, estou toda machucada, dores insuportáveis pelo meu corpo todo, e quando estou próxima de sair disso tudo, machuco meu pé. Por que a chuva insiste em cair? Por que a medida que o tempo passa tudo piora?
Esse não pode ser o meu fim. Eu preciso viver, preciso viver para tem a chance de ser feliz.
Tiro uma vontade tão grande do meu peito e me levanto, mesmo mancando, corro muito em direção a pista, começo a me sentir tonta, mais mesmo assim chego até o meio da pista, e quando o carro para em minha frente, alguém abre a porta e saí. Eu sinto todas as minhas forças se esvaírem e tudo que eu posso pedir antes disso é socorro e aponto em direção a floresta, que a pouco, deixei para trás, junto com a vida que eu tinha lá. E tudo que eu via em tons de azul-escuro e junto com toda a chuva intensa, se torna apenas algo escuro e vazio.
*Narrado por Arthur*
São 10 da noite. Estou indo para minha casa em Norteland. Sou Arthur Castanhari, CEO da maior empresa de tecnologia do país, com apenas 25 anos. Hoje estava em Beenchenland resolvendo assuntos do trabalho.
Volto tranquilamente sozinho, já que o meu motorista teve problemas na sua casa. Por um momento vejo alguém atravessar o meio da pista. Paro rapidamente e saio do carro.
Olho bem e percebo que é uma mulher. Tudo o que ela pode fazer é pedir socorro e apontar para a floresta e logo depois acaba desmaiando.
Me movo para ajudá-la. Está muito ferida, marcas pelo corpo inteiro e cheia de sangue, levo-a para o banco de trás e a deito nele. Olho para a floresta que está sendo iluminada por várias lanternas. Pelo que me parece, ela está sendo perseguida. Por mais que eu não deva, decido leva-la comigo, isso é algo intuitivo, algo me diz que ela precisa da minha ajuda. Ligo meu carro e saio do lugar, enquanto dirijo ligo para minha equipe e peço para que eles me ajudem a investigar sobre a identidade da mulher que estava comigo. Passo as características físicas dela, mesmo sendo difícil, pois a sua situação é muito ruim.
Vou em direção ao hospital de Norteland. E lá eles cuidam dela. Após algum tempo o médico me chama e diz sobre seu quadro
— Senhor Castanhari, a situação da moça é complicada. Me parece que ela foi fortemente agredida, fraturou duas costelas e torceu o tornozelo. Fora isso, são só ferimentos externos. O motivo do desmaio foi exaustão física e emocional. Em questão de horas ela irá acordar. Você terá que ajudá-la pois certamente terá traumas. Esse é o contato da psicóloga do hospital. Ela é uma das melhores da região.
— Muito obrigado doutor.
— Por nada, sugiro que fique com ela o tempo todo, alguma alteração na paciente, não exite em chamar a equipe.
— Pode deixar.
Vou até a sala, e a vejo com muitos curativos pelo corpo. Sinto pena pela moça.
...
Alguns minutos se passam e recebo uma ligação do meu secretário.
*Ligação on*
Eu: Alô, pode falar
Secretário: Senhor Castanhari, a equipe conseguiu encontrar informações.
Eu: Prossiga Jack.
Jack: O nome dela é Ísis Alencar. Filha do Gabriel Alencar, CEO da empresa Group Alencar. É de Beencheland, e tem 23 anos. Trabalha em uma confeitaria a 2 anos e faz faculdade de administração. O resto das informações, mandarei por e-mail senhor.
Eu: Tudo bem, traga para mim meu notebook e roupas para ela.
Jack: Sim, chefe.
*Ligação off*
Então seu nome é Ísis... Tem um nome bonito. Vejo sua foto e assim como seu nome, ela também tem uma beleza impressionante. Olhos verdes, cabelos pretos e pele branca. Sua forma é realmente adorável.
Leio mais sobre Ísis, perdeu sua mãe em um acidente de carro, e ficou por um tempo desacordada, ainda sim depois disso precisou de acompanhamento psicológico, a dor que ela deve sofrer é imensurável. Tirando isso, é exemplar em sua faculdade e no seu trabalho. Seu futuro é sem dúvidas promissor.
...
Depois de ler tudo fico olhando-a e quero entender sobre o que levou alguém cometer tamanha maldade... Mas por que será que os seguranças do seu pai estavam atrás dela?
Saio de meus pensamentos com Jack entrando pela porta.
— Aqui está senhor.
— Obrigado, deixe as coisas dela ali na mesa.
— Senhor, o que aconteceu com ela?
— Ainda não sei. Mais algo me diz que independente do que seja, ela é inocente.
— Eu também penso assim, seu histórico é muito exemplar. Alguém gentil jamais faria isso.
— Exato, agora só me resta esperar que ela acorde para que eu possa entrar em contato com sua família.
— O senhor precisa que eu chame alguém para vigia-la?
— Não Jack, pode deixar que eu mesmo a espero acordar. É só isso, pode ir para casa descansar, é tarde.
— Ok, Sr. Castanhari. Até mais.
Jack vai embora e só resta eu e ela. É 1 hora da manhã, mas vou ficar trabalhando.
...
~4 dias depois~
Hoje é o quarto dia em que ela está desacordada. Por que eu estou acompanhando ela, eu também não sei, porém, me sinto responsável.
São 15:45 da tarde e estou aqui, depois de ter feito um pequeno escritório dentro do espaçoso quarto. Nesse momento a enfermeira está trocando os curativos dos ferimentos.
— Senhor, por que sua namorada foi agredida assim? Você não a-
Antes que ela pudesse terminar sua frase, Ísis abre seus olhos e tenta se levantar. Mais volta a deitar segurado a lateral de seu corpo.
— Aiiiiii!
Eu e a enfermeira corremos em sua direção.
— Senhorita tudo bem? Fique com seu namorado em quanto vou chamar o médico.- A enfermeira diz e sai em disparada em busca do médico.
— Quem é você? E onde eu estou?- Ela diz e tenta se levantar de novo.- Aí, droga!
— Calma, você está com duas costelas quebradas. Fique deitada. - Falo e a deito gentilmente na cama.
— Eu sou Arthur, eu te salvei a quatro dias atrás, você está no hospital de Norteland.
— Eu acho que te conheço de algum lugar...
Espera, você não está aqui pra me matar, né? Como que ele me achou? Não, por favor, me deixa.
Ela começa a ficar desesperada, começa a chorar.
— Eu não sei do que você está falando, fica calma, se eu fosse um assassino eu não te traria aqui.
— Meu pai mudou de idéia então? Mais por que eu estou aqui não em casa?
— Eu não sei o que sei pai fez, mais agora que você acordou, eu posso entrar em contato com ele.
— NÃO! Por favor não faz isso!- Ela agarra meu braço e volta a chorar mais desesperadamente que antes.
Nessa hora o médico chega
— Senhorita, tudo bem? Você se lembra do seu nome e idade?- Pergunta enquanto a examina.
— Sim, meu nome é Ísis, eu tenho 23 anos...- Diz lentamente.
O doutor faz outras perguntas enquanto a enfermeira busca medicação.
— Ótimo, ao que parece, não ouve perda de memória. Você conversou com ela senhor?
— Sim, ela respondeu normalmente, e parece lembrar dos últimos acontecimentos.
— Ok, vamos medica-la para diminuir a dor, e amanhã de manhã faremos alguns exames mais detalhados. Qualquer coisa pode nos chamar.
Aceno positivamente e eles saem da sala.
Olho para ela e volto a questiona-la:
— Por que estava fugindo? E por que está assim?
— E.ele quer me matar.- Ela chora mais ainda.
— Ele quem?
— Meu pai, por favor não conta pra ele, eu vou morrer. - Diz entre os soluço.
— Por que ele quer te matar Ísis?
Ela respira fundo e me conta toda a história desde a parte da traição. E termina dizendo:
— Aquele homem é um monstro. Não me entrega para aquela casa de novo.
— Eu não vou.
— Promete?- A forma como ela me olhou, me fez querer a envolve-la em meus braços e a proteger de tudo e de todos.
— Prometo.
— Muito obrigada, de todo meu coração muito obrigada.
O remédio faz efeito e ela acaba dormindo.
Me sento na poltrona ao lado, e penso em tudo que eu ouvi. Como alguém tem coragem de fazer isso com a própria filha? A situação dela é lamentável, viver com medo do próprio pai é algo totalmente inacreditável. Um mostro desse precisa sofrer o dobro do que fez para ela, e aquele namorado imprestável merece uma surra daquelas.
Eu sou alguém contra a violência, a não ser que isso se direcione a pessoas que eu amo. Se alguém ousar encostar na minha família, certamente irá se arrepender de ter cruzado meu caminho. Eu conheço ela a 4 dias, mais meu instinto protetor me faz sentir a necessidade de cuidar dela
Deixo-a por um momento e vou até a recepção, peço para que não repassem informações sobre Ísis, e muito menos permita que entrem no quarto sem que eu autorize.
Posso parecer louco, mais pelo que ela falou, tudo isso é sério, e se a encontrarem, o pior pode acontecer.
Ligo para Jack e repasso ondens para que investiguem minuciosamente cada um dos "familiares" de Ísis.
Volto para o quarto ela está tendo pesadelos.
Chego perto para ouvi-la e ela diz:
— Não, socorro, alguém me ajuda, eles estão desmaiados. Minha mãe, meu pai... Socorro, tem alguém aí?
— Mamãe... Você está bem?
Mamãe? O que? Não... Socorro, papai acorda.
Ela pede repetidamente por ajuda, e chama pelos seus pais.
Até que ela acorda assutada e chorando.
Começa a tremer e está com falta de ar, está tendo crises de ansiedade.
— Calma, vai ficar tudo bem.- falo em quanto faço carinho em sua cabeça.
— A minha mãe... Ela... - Ísis não consegue terminar de falar, e chora desesperadamente.
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