Capítulo 5

— Afinal de contas, o que exatamente vocês são?

Antes que Arthur pudesse responder Ísis toma a frente.

— Amigos! Apenas amigos Teté.

— Não é o que parece. Mais mesmo assim, não se esqueçam de me chamarem para o casamento. Ouviram.

— Sim, senhora. Pode ter certeza. — Arthur diz sorrindo para dona Estela.

— Aí, que maravilha, mal posso esperar! Agora vou indo cuidar de outros pacientes. Aproveitem o almoço.

Estela saí da sala e Ísis olha para ele.

— O que foi isso? Convidar ela para o casamento, pelo amor de Deus. Você não está bem.

— Bom, nunca se sabe o que pode acontecer.— Ele pisca para Ísis.

— Você é inacreditável!— Ela diz envergonhada.

— Toma a sua sopa.— Arthur entrega o prato para ela. — Vou comprar a minha comida, já volto.

— Tudo bem, eu espero, mais não demora, eu não quero ficar sozinha aqui.— Ísis demonstra medo e receio nas suas palavras.

— Fica tranquila eu não vou demorar. Você gosta de assistir alguma coisa, série, filme, programa?

— Ah, tem algo perfeito para o momento...

— O que é?

— Business Proposal.— Fala animada.

— Sério isso?— Pergunta incrédulo.

— O que, foi você que perguntou.

— Tá bom, mais é em um streaming, não é?

— Sim. Acho que não tem aqui.

— Então vamos fazer assim, assiste qualquer coisa para se distrair e depois assistimos o que você quer.

— Tudo bem.

Arthur colocou em um programa de entretenimento local e saiu para comprar seu almoço.

...

Enquanto Ísis esperava, iniciou-se uma reportagem, e adivinha quem apareceu? Seu pai. A reportagem era sobre ele e a sua família na festa de aniversário de um parceiro de negócios.

~Entrevista de Gabriel:~

"É uma honra para mim, estar aqui nessa importante comemoração, junto com minha linda esposa e minha adorável filha. ( Fala enquanto abraça as duas). Saber que um parceiro de negócios comemora mais um ano de vida me traz alegria."

Repórter: " Vejo quanto você está feliz, e demostra o seu amor pela sua família."

"Sim, as amo mais que tudo nesse mundo. Amo minha esposa por ser essa pessoa incrível, e amo minha filha por ser essa garota encantadora."

Repórter: "Eu vejo, mas por que sua filha mais velha não está junto?"

A expressão de Gabriel fica séria.

"Bom, ela não estava se sentindo muito bem hoje, então preferiu ficar em casa, e também está se preparando para o casamento."

Repórter: "Então a sua filha mais velha irá se casar? Incrível, levando pelo fato de não termos muito contato e aparições dela."

"Sim, daqui alguns dias ela estará casada com um bom homem." De longe olha para o Sr. Gordon sorrindo.

"Mas ainda não podemos dar mais detalhes, e quanto as aparições, ela é mais tímida e não gosta de aparecer em público."

Repórter: "Estamos ansiosos para as novidades. Muito obrigado pela atenção senhor Alencar."

*Narrado por Ísis*

Não acredito nisso, ele acha que anunciando o casamento eu vou casar com aquele homem, e o pior, tem coragem de mentir.

Várias vezes eu pedi para ir em algum evento com ele, e todas as vezes ele recusou. Desde que mamãe morreu, eu só apareci como a filha do Sr. Alencar no casamento dele e no seu aniversário, ainda por que eu apareci de surpresa. E depois claramente aquela bruxa me bateu.

Eu não acredito que eu vou começar a chorar por causa disso. Mas dói lembrar de tudo que eu sofri por causa desse homem e daquela maldita família.

Quantas vezes eu só quis me sentir amada? Quantas vezes eu me propus a coisas que me machucavam só para agrada-los? E mesmo assim eles me maltratavam cada vez mais.

Quantas, e quantas vezes eu vi Sabrina recebendo carinho e presentes caros, sendo mimada, e ainda, não sendo repreendida quando fez coisas erradas, enquanto eu, sofria, apanhava todos os dias, levava a culpa por coisas que eu não fiz, e não lembravam nem do meu aniversário. Eu sinto pena de mim mesma, pena por ter passado a vida toda tentando ser aceita, e procurando o erro que não estava em mim.

*Narrado por Arthur*

Demoro 20 minutos no restaurante, hoje tinha uma fila razoável, mas mesmo assim volto rápido para o hospital.

Não quero deixar Ísis por muito tempo sozinha. Ela ainda está com dores e tem medo. É de se esperar, pelo fato de ter gente atrás dela.

...

Chego na porta do quarto e ela está chorando de novo, na TV aparece a reportagem de uma festa, e o pai dela esta lá. Não sei do que se trata, por isso mando de imediato mensagem para Jack, pedindo informações sobre o que era.

Deixo a sacola no lado e vou em sua direção.

— que houve?

— Ele mentiu, disse que em breve eu vou me casar. Será que ele me achou?- Diz chorando muito.

— Fica calma, ele não te achou. Ele está colocando pressão em você. Eu não vou permitir que ele te enconste, jamais!

Ela me abraça, e sinto um calor me invadir, uma sensação tão boa, quero sentir isso sempre.

— Obrigada por tudo, eu não posso te oferecer muito. Mas eu farei qualquer coisa que esteja ao meu alcance.

— Por enquanto confie em mim, e toma cuidado, você não esta com dor?

— O doutor me deu uma medicação que diminuiu considerávelmente, estou bem melhor.

— Ótimo, agora como para sopa não esfriar.- Falo entregando novamente a bandeja e ela seca as lágrimas.

— Obrigada, mas antes disso, você não vai colocar o que eu pedi? - Pergunta dando um sorriso.

— Ah, quase esqueci.

Lembrei que antes de sair ela queria assistir a uma série. Conectado minha conta na TV e entrego o controle em suas mãos.

— Comédia romântica?- Pergunto incrédulo.

— Sim! São os melhores.

 Um gosto clichê, mas é bom saber o seu estilo, então ela gosta de romance...

Dou play na série. E começo a assistir com ela. Nós começamos a almoçar, e são por volta de 12:15.

...

Alguns minutos passam.

— Arthur— Ela me chama com sua voz doce e hipnotizante. Olho para ela— Você quer experimentar?— Vou em sua direção e ela estende a colher.

Eu experimento a sopa, e realmente é ótima.

— O que você achou?- Ela pergunta analisando minha reação.

— É aceitável.— Falo não querendo desmontar o quanto eu gostei.

— Aceitável? Tenho certeza que você amou.— Ela ri e volta a assistir.

...

Terminamos de comer, aproveito para ver a mensagem. E aproveitei para ver a mensagem de Jack.

Ele me manda os trechos, sobe uma indignação, e uma raiva indescritível. Sua filha vai sim se casar. E nem você sabe com quem é.

Ela me tira dos meus pensamentos.

— Você não vai assistir, claro se você tiver assuntos sobre trabalho, pode resolver.

— Tudo certo. Era só meu secretário.

— Desculpa a pergunta, mas...— Ela não contínua.

— Mas o quê?- Pergunto.

— É... Assim... — Ela pensa um pouco até que cria coragem.- Você poderia... Deitar aqui comigo?

— O quê?- Pergunto surpreso.

— Se não quiser e- Interrompo ela

— Por mim, tudo bem.

Ela me olha por um tempo, e se afasta para o lado.

Eu deito na cama ao seu lado, e começamos a assistir novamente.

Depois de 5 minutos ela diz.

— Desculpa se ficar desconfortável.

E então ela deita em meu peito e eu passo meus braços em suas costas.

— Tranquilo...

Ela volta a prestar atenção na série e eu tento me concentrar, mas o cheiro doce e apaixonante que exala dela, puxa minha atenção para a mesma. Me contento em apenas massagear sua cabeça suavemente e começo a assistir, mesmo sendo quase impossível.

...

Passou-se algumas horas. Estamos do mesmo jeito, e confesso que quero ficar por mais tempo assim, e pelo que me parece, Deus atendeu meus pedidos. Ela está dormindo serenamente, eu estou aqui, eu tô no terceiro episódio, até que não é tão ruim, mas me recuso a dizer a ela.

Logo ouço alguém bater na porta, acredito que seja o médico, pois ela disse que ele viria as 14:00. Me forço a levantar. E com o maior cuidado para não acorda-la. Vou em direção a porta e a abro.

— Olá doutor.

— Olá senhor Castanhari. Vim trazer os exames.

— Claro, ela esta dormindo, precisa que eu a acorde.

— Bom, acho que não será preciso. Só tenho a dizer que ela está pronta para ter alta. Tenho algumas recomendações, não a deixe fazer esforço, subir escadas sozinhas e entre outros afazeres. O repouso deve ser total para os próximos 20 dias, por mais que a dor tenha passado, internamente ainda precisa de recuperação. Preciso que a traga depois desses dias, para atestarmos recuperação total.

— Sim, entendo.

— Daqui a pouco volto para trazer os papéis e repassar as informações. Assim poderiam ir para casa.

— Ficaremos no aguardo, doutor.

Ele sai da sala e ficamos novamente nós dois.

Ligo para minha governanta e peço que ela prepare um quarto com algumas coisas básicas para mulheres. Também ligo para Jack, para que ele compre roupas e prepere tudo para sua saída ser discreta.

Quando está tudo organizado, volto para meus documentos.

...

Horas se passam e ela desperta lentamente. Analisa tudo e se levanta com cuidado.

— Que horas são?— Pergunta sonolenta.

— 16:00 da tarde.- Respondo calmamente.

— JÁ? E o médico? E a alta? Droga.— Ela diz e tenta se levantar.

Vou em sua direção.

— Ei, calma. Tá tudo resolvido, daqui a pouco ele vira com os papéis. Deu tudo certo.

— Por que não me acordou antes?

— Você estava cansada, deixei você dormindo, até por que, mesmo com os resultados você teria que esperar.

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