A noite desceu como um véu escuro sobre a cidade e trouxe consigo a fúria da tempestade. Gotas pesadas e geladas batiam no telhado como martelos e trovões ribombavam no céu, fazendo a casa tremer e os corações mais sensíveis se encolherem de medo.
Christophe dormia no chão, alheio ao caos, numa cama de improviso que montamos com cobertores e travesseiros, enquanto eu me encolhia na cama, aterrorizada pelos relâmpagos que rasgavam a escuridão.
— Seus ossos estão tremendo tanto que eu posso ouvir. Quer outra coberta? Eu não sinto frio mesmo.
— Não precisa, obrigada. Não é frio — eu me afastei da beirada da cama e me virei para a janela, onde os ventos uivavam lá fora. Pensei que assim eu ficaria mais calma, mas cada trovão que ecoava no céu me fazia pular de susto e soltar um grito abafado.
— Você tem medo de trovão? — Ele perguntou e eu fiquei em silêncio. Christophe soltou um grunhido de tédio e se mexeu. Eu senti o colchão afundar atrás de mim e me virei para ver o que ele estava fazendo. Ele estava de joelhos ao meu lado, me olhando com curiosidade. — Como você aguentava as tempestades sozinha naquele apartamento?
— Eu me abraçava aos meus ursinhos e tentava não gritar — confessei e Christophe sorriu de leve.
Um trovão ensurdecedor invadiu o quarto, iluminando tudo ao redor, e eu me agarrei a Christophe, soltando um grito de pavor. Ele cobriu minha boca com a mão, tentando me acalmar.
— Fica tranquila, linda. Eu estou aqui — ele disse, sorrindo largamente. Eu fiquei hipnotizada pelos seus caninos afiados e estendi o dedo para tocá-los.
— Assim não é tão assustador — falei.
Os olhos de Christophe se iluminaram com o meu toque e segurou a minha mão com firmeza. Ele olhou para a mordida que deixara em meu pulso. A marca ainda estava vermelha, mas já cicatrizava, e ele a beijou com carinho.
Eu me estremeci ao sentir os seus lábios na minha pele, mas o encanto se quebrou quando um trovão estrondoso tomou conta do quarto e me fez saltar de medo outra vez.
Christophe me deu um sorriso doce, se ajeitou atrás de mim na cama e me envolveu com seus braços.
Quando eu tentei protestar, ele silvou e passou a acariciar a minha barriga com uma delicadeza surpreendente com sua mão enorme e isso me relaxou tanto que nem percebi os trovões e caí no sono.
Acordei de manhã sentindo o seu hálito nos meus cabelos. Christophe dormia tão tranquilo que eu não quis acordá-lo. Ele parecia um anjo, com os cílios longos e os lábios entreabertos. Eu me aconcheguei mais a ele e fechei os olhos, aproveitando o seu calor.
A tempestade da noite passada já tinha ido embora, e o sol entrou pela janela, iluminando o seu rosto. Eu sorri, pensando em como ele tinha sido gentil e protetor comigo naquele momento de tensão. Eu me senti segura pela primeira vez depois de tantas noites apertando os dedos dos pés de medo.
Eu não sabia o que esperar do que viria pela frente, mas naquele momento, algo dentro de mim só queria ficar ali, sentindo aquele calor gostoso.
Depois de bater na porta devagar, minha mãe a abriu e nos olhou com um sorriso que demonstrava toda sua alegria ao nos pegar juntos na cama. Eu fiz sinal de silêncio com o dedo na boca e pisquei para ela, pois sabia que ela teria um dos seus ataques e não foi diferente. Ela dançou no quarto de forma divertida, tentando não fazer barulho, mas eu acabei rindo alto, sem conseguir me conter.
— Vocês duas são barulhentas — resmungou Christophe me apertando mais contra seu peito.
— Aproveitando que os dois estão acordadinhos, vamos tomar café porque já já vocês vão encarar uma caminhada e tanto e não podem sair de bucho vazio.
— É verdade — ele disse, mas não saiu da posição que estava e nem abriu os olhos. Eu tentei me mover, mas Christophe me apertou ainda mais. — Você fica paradinha aí. Nos dê cinco minutos, sogra.
Ele pediu e minha mãe sem rodeios saiu dali fechando a porta.
O grandalhão se moveu rapidamente pela cama, se colocando entre minhas pernas e apoiando-se no travesseiro.
— Essa noite foi uma tortura, sabe? — ele se abaixou até mim e colocou seus lábios em meus ouvidos. — Eu estava com você em minhas mãos, desejando esse corpo feito um louco e você dormindo deliciosamente.
— Não tenho culpa se você é um tarado. E minha mãe não é sua sogra! — Tentei sair dali, mas estava difícil fazer movimentos bruscos. Christophe deu um sorriso malicioso contra a pele do meu pescoço e eu quase gemi com aquilo.
— Tem culpa de sempre me deixar enfeitiçado por você. — Confessou ele. — Eu pensei que dessa vez ia conseguir me conter quando te visse pela primeira vez, mas você estava tão bonita naquele uniforme que me derreteu por inteiro.
— Christophe… estou ficando sem ar… — avisei, mas meu corpo inteiro formigava como se implorasse para ele continuar falando com ele e o grandalhão me deu um beijo no meu ponto de pulsar.
Sim, eu estava ficando sem ar, mas era o mais puro desejo. Porém, tentei parecer que seu peso estava me sufocando e ele recuou ligeiramente para se certificar disso.
Não sei se ele acreditou, mas deixou um beijo na ponta do meu nariz e saiu de cima de mim libertando meu corpo.
Eu senti de novo aquele vazio de abandono me consumir. Eu queria saber por que eu ficava tão triste quando ele se afastava de mim, mas não tinha coragem de perguntar. Talvez ele não me amasse de verdade.
— Se você não quer que eu te deseje, pelo menos vista uns pijamas mais feios. — O lobo murmurou, com um tom de ironia.
Eu olhei para o meu corpo e fiz uma careta ao ver o meu pijama. Era uma calça da Hello Kitty rosa e branca e uma blusa larga com alcinhas e flores azuis.
Não entendi o que ele quis dizer, porque para mim aquela roupa não era indecente. Acredito que para qualquer pessoa não seria.
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Rosaria TagoYokota
eita 😂😂😂😂😂😂😂🔥quase pega fogo nele
2025-03-06
0
Cristine Souza
😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂
2024-11-15
0
Cristine Souza
chatinha viu
2024-11-15
0