Acordei no susto durante a madrugada, com o coração batendo forte no peito. Eu tinha acabado de ter um daqueles pesadelos terríveis em que eu estava caindo de um penhasco, sem nada para me segurar. E para piorar, havia um animal enorme, parecido com um lobo, que se jogava junto comigo, rosnando e mostrando os dentes, como se quisesse me devorar no ar. Eu acordei antes de bater no chão, mas o medo ainda estava presente em todo o meu corpo. Meu suor escorria pelo meu rosto, pelo meu pescoço e pelas minhas costas. Meu corpo tremia, como se eu ainda estivesse caindo. Eu respirei fundo, tentando me acalmar. Olhei para o lado e vi que a cama estava vazia, mas aquilo era comum, pois eu já estava vivendo sozinha há cinco anos, desde que me mudei para São Paulo.
O quarto estava mergulhado na escuridão, apenas iluminado pela luz fraca da lua que entrava pela janela. Meus olhos demoraram para se acostumar com a falta de luz e por um momento eu pensei que havia alguém no quarto comigo. Eu vi uma grande sombra perto da porta, que parecia ter a forma de um homem alto e forte. Senti um arrepio na espinha e me encolhi na cama, com medo de que fosse um intruso ou um fantasma. Muitas pessoas tem pavor de baratas, eu tenho de espíritos.
Cocei os olhos e voltei a olhar para o canto, mas percebi que havia sido só impressão minha. A sombra era apenas o meu guarda-roupa que estava entreaberto. Eu soltei um suspiro de alívio e me deitei novamente, tentando voltar a dormir. Mas eu sabia que seria difícil, depois do pesadelo que eu tive.
Depois de muita luta consegui adormecer novamente e dessa vez tive um sonho completamente erótico. Não consegui ver o rosto do homem, mas seu porte era muito parecido com o tal Christophe e percebi que fiquei impressionada demais com o rapaz ao ponto de imaginá-lo dessa forma.
A manhã veio como uma bala, tão rápido que me fez gemer quando o celular despertou às 3:20. Eu tinha que ir trabalhar, pois às seis da manhã o hotel já estaria um caos. Não enrolei muito e afastei as cobertas. O metrô começava a funcionar às 4:40 da manhã e eu já deveria estar dentro do primeiro se quisesse chegar no horário.
Eu me arrumei às pressas, sem me preocupar muito com a minha aparência. Vesti o meu uniforme, peguei a minha bolsa e o meu crachá e saí do apartamento.
— Bom dia, seu Geraldo — cumprimentei o porteiro que abriu a pequena janela da portaria para me cumprimentar.
— Bom dia, querida. Já está indo para a luta? — eu afirmei e ele levantou seu copo de vidro de café me oferecendo.
— Obrigada! Mas vou comer no trabalho, hoje levantei bem preguiçosa.
— Você precisa tirar férias, menina. É muito nova pra trabalhar assim. Ei! Seu, Pedro! Leva a menina na estação. Tá muito escuro ainda.
Geraldo gritou para o zelador do prédio que estava lavando a calçada e ele bateu as mãos no bolso em busca das suas chaves do carro.
— Vamos menina. Termina de lavar aqui, Geraldo. — O senhor Pedro disse e eu corri em direção a ele agradecida pela carona.
Seu Pedro me deixou na estação e eu agradeci durante todo caminho mesmo ele dizendo que já iria comprar pão ali perto e que não custava nada me dar uma carona. Deixei-o na padaria em frente ao metrô Penha e caminhei para o meu destino, tentando ignorar o frio e a sujeira da cidade.
Entrei no metrô lotado e me espremi entre as outras pessoas, que também se dirigiam para o trabalho. Eu já sabia que o meu dia não seria bom.
Quando o metrô passava entre as estações Belém e Bresser Mooca, eu senti um sopro gelado no meu ouvido e dei um pulo de susto.
— Como é que vocês aguentam ficar nessas latas de sardinha? Eu estou sufocando aqui. — A voz era familiar e eu levei a mão ao peito, assustada por vê-lo ali. Era ele, o homem gigante que eu via pela terceira vez. — Sério, isso é desumano.
— Meu Deus! De onde você saiu? — eu perguntei, indignada com a sua aparição repentina.
— Como assim? Eu já estava nesse vagão antes de você entrar — ele disse e eu franzi a testa.
— São Paulo é enorme, não é possível que essa seja a terceira vez que nos esbarramos por coincidência.
— Eu não disse que foi coincidência. Disse que já estava aqui antes. Mas é fácil te achar no meio da multidão. Reconheço o seu cheiro doce. — ele sussurrou, com um sorriso malicioso.
— Próxima Estação Sé — anunciou a voz automática do metrô e eu me agitei para sair do vagão. Abri caminho entre as outras pessoas, que também se dirigiam para a saída.
As portas se abriram e uma multidão de pessoas desceu dos vagões. A voz eletrônica alertou para tomar cuidado com o vão entre o trem e a plataforma, mas não consegui ver o chão. Estava muito cheio e eu quase caí no vão, por sorte alguém me segurou pela cintura. Eu olhei para trás e vi um par de mãos enormes me puxando para cima.
Ele me colocou em pé na parede das escadas rolantes e seu braço se apoiou ao lado do meu rosto.
— Entendi porque escolheram você. Você não sabe se cuidar — ele sussurrou. Algumas pessoas passaram olhando para nós enquanto outras estavam atrasadas demais para se importar.
— Você é esquisito.
— E você não tomou café. — Meu estômago respondeu antes que eu abrisse a boca e ele sorriu de canto.
— Olha, Christiano ou sei lá. Não fica me seguindo, tá bom? Estamos em uma cidade gigantesca e fazer essas coisas é muito suspeito. Eu tenho uma arma de choque na mochila e não tenho medo de usar. — Toquei em seu braço para baixá-lo, mas o rapaz manteve ele firme. Seus lábios se aproximaram dos meus ouvidos e ele sussurrou.
— Christophe, Di. Não finja que não sabe o meu nome. Nos meus sonhos você geme ele constantemente.
Senti um arrepio subir pelo meu pescoço, cada músculo do meu corpo paralisou com aquelas palavras e tudo ao meu redor girou. Tentei me manter firme, abri a mão em um leque e quando pensei em acertar no rosto dele, Christophe já não estava mais lá.
Pisquei algumas vezes vendo as pessoas caminharem por mim e me assustei novamente quando meu telefone tocou. Dei um grito e coloquei a mão no pequeno bolso onde guardava o aparelho. Vi a ligação do senhor Silva e quando percebi que era 5:30, nem o atendi, apenas corri dali.
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Lena Sarges
é de molhar a calcinha
2025-02-22
1
Julia Funniest
eu estou aqui acordei 7:35 e tô lendo isso daqui e eu estou amando kkkk
2025-03-10
2
●○Feng Flávia Crys○●
OMG 🤭
2025-04-01
0