Peguei o essencial, uma mochila com algumas roupas, um kit de primeiros socorros e uma lanterna, já que Christophe me disse que não precisava de mais nada. Isso só reforçava a minha suspeita de que iríamos para a mata, longe da civilização e dos perigos que nos rondava. Eu não sabia o que esperar daquele lugar, nem do que ele era capaz de fazer, mas se era para manter meu corpo intacto, eu não iria reclamar.
— Preciso avisar o senhor Silva que estou mal e não posso trabalhar. Não quero desapontá-lo. — Falei, com a voz fraca, sabendo que no dia seguinte eu estaria escapando para a mata para me salvar. Eu tinha medo do que poderia acontecer se os farejadores nos encontrassem. Mas antes que eu alcançasse o celular, que estava em cima da escrivaninha, Christophe o pegou com um gesto rápido e me olhou com os olhos raivosos, fazendo um grunhido engraçado de cachorro entediado.
— O que você tem? — Eu questionei, vendo a irritação estampada em seu rosto. Mas ele se calou, soltando outro rosnado baixo e ameaçador. — Por que você está imitando o cachorro da minha mãe que tem ciúmes de filhote?
Eu brinquei, tentando aliviar a tensão. Ele não achou graça. Me olhou com uma expressão séria e possessiva, como se eu fosse sua propriedade.
Christophe rosnou de novo e segurou o telefone com força, me impedindo de pegá-lo.
— Ei! Christophe — ele ergueu o aparelho acima da minha cabeça, fazendo-me saltar para tentar pegá-lo. — Me devolve.
Ele rosnou de novo, baixinho, como se estivesse se divertindo com a minha frustração. Christophe me abraçou pela cintura com o outro braço e me encarou. Os olhos dele brilhavam com um misto de diversão e raiva. Eu senti o calor do seu corpo contra o meu e o cheiro do seu perfume. Ele estava tão perto que eu podia ver os seus cílios longos e as manchinhas no seu nariz.
— Pra quê avisar esse homem se você não vai mais trabalhar lá, Di. — Ele pronunciou o apelido com desprezo e eu captei a sua intenção. Ele não gostava que meu ex-chefe me tratasse com tanta intimidade.
— Você está com ciúmes do senhor Silva? — Eu ri alto, sem acreditar. Ele não podia estar falando sério. — Me poupe, ele é velho o suficiente para ser meu pai. Tem cabelos grisalhos e rugas demais no rosto. Já até está na hora de pendurar as chuteiras.
Christophe me ergueu nos braços, com uma força que me surpreendeu, e jogou o celular sobre a escrivaninha, sem se importar se ele quebraria ou não. Ele me encostou na parede, me encurralando ali, e me olhou com uma intensidade que me fez tremer. Eu senti a sua respiração quente no meu pescoço e o seu coração batendo rápido no peito. Ele segurou o meu queixo com uma das mãos e aproximou os seus lábios dos meus.
— Você é minha — ele sussurrou. — Deixe-me te tocar?
Ele me pediu, mas eu já estava tão hipnotizada pelos seus olhos que não conseguiria recusar. Eles tinham um brilho sobrenatural que me fascinava. Sentia que me davam ordens que o meu corpo seguia sem hesitar, como se eu fosse uma marionete nas suas mãos. Quando eu tentei fugir para salvar a minha vida antes, eu tinha acabado de me perder nos seus olhos e esqueci de tudo ao meu redor. Mesmo que eu quisesse voltar para ver se o lobo branco estava bem, o meu corpo me fez correr e me esconder em meio a multidão de pessoas. Bastava um olhar para os seus azuis profundos que eu me sentia compelida a fazer o que ele quisesse, mesmo que fosse contra a minha vontade.
— Como faz isso? — Eu perguntei e ele sorriu maliciosamente.
— Você é minha metade, não se esqueça disso. — Ele roçou os lábios nos meus. — Me beija, vai.
Senti meu coração sair completamente do ritmo. Eu olhei nos seus olhos e vi um brilho de expectativa. Ele se aproximou mais e eu fechei os meus, senti seu beijo suave, mas com paixão e me entreguei aquilo deixando uma onda de emoção me invadir. Ele me apertou forte contra seu corpo fazendo cada gota de sanidade em mim se esvair.
— Eu… — eu me segurei, pois não queria me expor tanto. — Eu tenho uma dúvida.
Christophe rosnou de novo para mim como aquele cão impaciente e me fitou. Quando eu abri os meus olhos, vi que os dele ainda estavam cheios de intensidade e isso me fez fechar as pálpebras para não ser influenciada por nada.
— Você tem tantas… — ele resmungou.
— Na estação você me disse que tinha entendido porque me escolheram, já que eu era desastrada. Mas se somos almas gêmeas, como é que alguém me escolheu se eu nasci assim?
— Sabe, tem um jeito de você saber tudo isso sem precisar ficar perguntando o tempo todo.
— Tem? Como? — Me animei ao saber aquela informação, mas meu sorriso sumiu quando ele analisou cada parte do meu corpo e depois seus olhos foram direto para minha cama, isso me fez arregalar os olhos e tentei me desvencilhar dele. — Prefiro perguntar.
Christophe riu do meu pânico, mostrando os seus dentes brancos. Ele me apertou contra ele, fazendo-me sentir o seu corpo quente. Dessa vez não conseguia desviar do olhar dele, nem respirar direito estava conseguindo mais. Ele se inclinou para mim e sussurrou no meu ouvido:
— Não pode fugir de mim para sempre, Di. — Sua boca beijou meu pescoço e eu gemi baixinho sem controlar aquilo. — Se não determinarmos onde você vai nascer, pode ser complicado te achar. Por isso, fazemos um ritual toda vez que a sua alma está pronta para voltar e escolhemos uma das famílias dos antigos. Sempre tem alguém que pode ver o futuro dos bebês que vão nascer e os que são mais sensíveis são os escolhidos para receber a alma da Luna.
— Isso parece complicado. — Ofeguei, pois ele brincava com os lábios em minha pele.
— E é — ele continuou. — Já que você não quer se render a mim, eu vou fazer um jogo com você.
— Jogo? — eu perguntei. Minha voz saiu tão rouca que só ele mesmo poderia me entender. Ele se distanciou um pouco para me encarar.
— Sim. Um beijo, por cada dúvida que tiver, até que você não resista mais.
Christophe se soltou de mim e eu senti como se um pedaço do meu corpo tivesse ficado com ele. Por um momento eu não o puxei de volta. Ele apontou para a mochila e isso me fez voltar à realidade. Precisávamos ir.
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Nilza Maia
ela já tá caidinha pelo lobo só não sabendo ainda kkk
2025-03-26
0
carol wisch
/Facepalm/ coitado kkkkk
2024-12-14
2
Suna
/Doge/
2024-10-08
0