Eu saí do hotel às duas da tarde, depois de um longo turno de oito horas extremamente agitado. Ao menos tudo tinha chegado ao fim. Pensei em pegar o ônibus lotado e barulhento para a minha casa, que ficava em um bairro humilde e distante. Porém, era carnaval e eu não ia voltar para casa justo quando os bares da cidade estavam fervendo.
Decidi ir para o centro velho de São Paulo e me divertir um pouco. Eu merecia uma folga depois de tanto trabalho.
Caminhei pelas ruas cheias de gente, música e cores. Um grupo de gente usando fantasia de abelha passou por mim e eu me diverti quando eles deram a volta em torno de dois vendedores ambulantes. Eu senti o clima de alegria e festa. Me deixei levar pelo ritmo e pela energia.
“Onde você está?” Mandei mensagem para minha amiga, pois sabia que ela tinha se infiltrado no meio daquela gente toda.
“Amiga, cheguei agora. Acabei de descer no metrô São Bento”.
“Fica aí! Estou perto”.
Eu corri em direção à estação de metrô, desviando das pessoas e dos carros. Estava ansiosa para encontrar ela e curtir o carnaval. Eu não a via há meses, desde que ela se mudou para a parte leste da cidade. Sentia muita falta dela e das nossas aventuras, mas nós duas estávamos sempre trabalhando e nunca dava tempo de nos vermos.
Cheguei ao metrô e procurei por ela na multidão. A vi acenando para mim, com um sorriso no rosto e um monte de barras de chocolate que havia comprado com o vendedor na porta da estação.
Ela estava linda, com uma fantasia de fada. Tinha asas brilhantes, uma tiara de flores e um vestido verde curto.
Brenda me abraçou forte e me beijou no rosto.
— Amiga, que saudade! Você está ótima! — ela exclamou.
— Você também! Que fantasia linda! — eu elogiei.
— Obrigada! Eu fiz especialmente para o carnaval. E você, que fantasia é essa? — perguntou, olhando para a minha roupa.
— Ah, eu não tive tempo de me fantasiar. Eu vim direto do trabalho. Então sou uma recepcionista de hotel — expliquei, com um tom de ironia.
— Eu amei! O que importa é se divertir. Vamos, tem um bloco passando ali. Bora seguir ele! — Brenda me puxou pela mão e me levou para o meio da festa.
Eu me deixei levar pela minha amiga e pelo bloco. Pedro Sampaio era o artista que mais tocava, ouvi a multidão gritar seu nome diversas vezes e até gritei junto em algum momento.
Compramos muitas cervejas e uma galera passou jogando confete em todos enquanto pulávamos desenfreados.
— Mulher, meu pé tá doendo. Mas nem morta eu vou sentar nesse chão imundo. — Brenda reclamou e nós rimos, sentindo o cheiro forte de urina que impregnava a cidade.
— Que horas acaba o bloquinho? — eu perguntei, olhando para o relógio.
— Eu vi na internet que ia até às 18hrs. — ela respondeu, animada.
— Então ainda temos tempo de sobra. Vamos aproveitar!
— Isso aí! Vamos curtir o carnaval como se não houvesse amanhã! — Brenda concordou, entusiasmada.
Nós seguimos o bloco pelas ruas, nos misturando com as outras pessoas. Vimos fantasias de todos os tipos: super-heróis, princesas, animais, personagens de filmes e séries. Nós tiramos fotos, fizemos amizades, trocamos beijos. Nós nos sentimos parte da festa, da cidade, do mundo. Pela quarta vez vi o grupo de abelhas passar por nós e sorri com elas novamente.
De repente, alguém começou a gritar algo e todos fizeram urra, eu ergui meus braços para acompanhar e acertei a mão no rosto de um homem que passava.
— Aí, meu Deus! Perdão! — eu me desculpei, assustada.
— Sem problemas, Di. — ele disse e eu me virei para ver quem havia me reconhecido. Era o homem gigante que eu tinha visto na recepção do hotel mais cedo. Ele estava fantasiado de policial e tinha um sorriso misterioso no rosto. — Lembra de mim?
— Claro, você é o… desculpa, qual é o seu nome mesmo? — eu disse, sem graça.
— Christophe — revelou ele, me estendendo a mão. Eu a apertei, nervosa. Ele tinha uma mão grande e forte. Me puxou para mais perto e sussurrou no meu ouvido:
— Eu preciso falar com você. É urgente.
— Falar comigo? Sobre o quê? — eu perguntei, confusa. Nesse momento, o grupo vestido de abelhas voltou e nos cercou, impedindo Christophe de me responder. Eu ri da situação e vi Brenda aparecer do nada, me arrastando para longe da confusão.
— Vem, Di, vamos seguir o bloco.
— O que será que aquele cara queria comigo? — eu perguntei, intrigada.
— Não sei, mas você viu como ele te olhou? Parecia que queria te devorar. — Brenda disse, fazendo uma careta.
— Deus me livre. Você viu o tamanho dele?
— Amiga, se for proporcional é melhor correr da torre Eifeel. Vamos curtir o carnaval, amiga. Esquece esse cara. — Brenda riu da sua própria piada, levando-me com ela.
— Tá bom. Vamos nos divertir.
Nós voltamos a seguir o bloco, tentando esquecer o homem misterioso que tinha cruzado o nosso caminho. Nos juntamos à multidão, dançando, cantando e pulando para aproveitar o resto do dia antes que limpassem a rua.
Às 18hrs veio rapidamente e acompanhei Brenda até o metrô. Nos despedimos ali, pois cada uma iria para um lado diferente da cidade.
O apartamento em que eu morava era pequeno e simples, mas era o meu lar. Tinha alguns móveis velhos, plantas e muitas fotos na parede.
Eu entrei e fui direto para o banheiro para limpar o cheiro do carnaval. Tomei um banho quente e relaxante, tentando lavar o estresse do trabalho também. Senti a água escorrer pelo meu corpo, levando embora a sujeira, o cansaço e as preocupações. Ao acabar, me enrolei em uma toalha fofa e fui para o meu quarto.
Eu me vesti com uma roupa confortável: uma camiseta larga e um short. Deitei-me na cama, com meus lençóis macios e travesseiros fofos.
Peguei o meu celular e vi que tinha uma mensagem de texto. Mais um texto enorme da minha mãe me implorando para ir vê-la antes que fosse tarde. Ela dizia que estava doente e que precisava de mim. Ao menos dessa vez tinha dado uma desculpa para que eu pudesse acreditar.
“Também te amo, mãe. Boa noite”.
Decidi não discutir ou aprofundar as discussões com minha mãe, então apenas lhe enviei uma mensagem carinhosa mesmo sabendo que ela tornaria aquilo uma enorme tempestade em copo d’água.
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Kelyane Maria
uiuiui amo esse tipo de perseguição em livros, na vida reação eu meto a mão na cara e dou de lutadora kkkk
2025-02-01
1
Maria Isabel Souza
deve ser grande e torto a comparação da torre Eiffel 🤭
2024-11-22
2
Suna
TORRE EIFFEL KKKKKKKKKKK
2024-10-08
1