Depois do que aconteceu, trabalhar foi um desafio. O hotel estava lotado e a minha mente também.
Eu não conseguia me concentrar nos hóspedes, nas reservas, nas reclamações. Eu só pensava nele. No seu rosto, na sua voz me dizendo. “Sou seu noivo” e depois em sua mordida que ainda doía em meu pulso.
Eu tentei ignorar a dor e a confusão que ele tinha me causado e tentei fingir que nada tinha acontecido, mas era inútil. Eu não conseguia esquecer.
— Ei! Você está na terra? — disse Amanda e eu olhei em seus olhos castanhos. Acho que fazia um tempo que eu estava tomando aquele suco de caixinha vazia enquanto olhava em direção às geladeiras do refeitório.
— Desculpa, eu estava distraída. — Tentei disfarçar o meu nervosismo. — O que você queria falar comigo?
— Eu queria saber se você está bem. — Amanda disse, com uma expressão preocupada. — Você parece cansada e abatida. Aconteceu alguma coisa?
— Não, não aconteceu nada. — Eu menti, forçando um sorriso. Não tinha como dizer que um lobisomem apareceu na minha porta dizendo que sou sua noiva e que ainda me mordeu. — Eu só estou um pouco estressada com o trabalho. Você sabe como é, né?
— Sei, sim. — Amanda concordou, mas não pareceu convencida. — Mas você sabe que pode contar comigo, né? Somos colegas de trabalho há anos. Eu não vou te julgar nem te criticar. Eu só quero te ajudar.
— Eu sei e agradeço muito. — falei. É, definitivamente, não poderia contar a ninguém sobre aquilo. — Mas eu estou bem, de verdade. Não precisa se preocupar comigo.
— Tudo bem, então. — Amanda disse, suspirando.
Ela me deu um último sorriso e partiu, deixando-me com meus devaneios. Olhei no meu relógio e percebi que já estava na hora de voltar. Eu tinha que tentar manter o foco até que chegasse em casa. Ao mesmo tempo que eu torcia para o lobo estar lá para poder terminar de me explicar sobre a loucura que dizia, eu também torcia para ele não estar e ser tudo fruto da minha imaginação.
Parece que depois do meu almoço a recepção dobrou a clientela. Eu voltei para o meu posto, tentando esquecer os meus problemas e me concentrar no meu trabalho. Mas era difícil. A cada barulho, a cada sombra, a cada olhar, eu pensava que era ele. Que ele tinha vindo me buscar, mas ele não apareceu. Ninguém apareceu. Só os hóspedes, os funcionários e os fornecedores. A rotina normal do hotel.
Eu atendi os clientes, fiz as reservas, resolvi as reclamações. Fiz o meu trabalho, como sempre. Até chegar a hora de ir embora e um calafrio me subir a espinha.
Peguei minha bolsa e saí do hotel, olhando para os lados com receio. Eu não sabia se ele estava me seguindo e se ele fazia isso a muito tempo. Mas caminhei com cautela até a estação.
Eu entrei no trem e procurei um lugar para sentar, evitando olhar nos olhos das outras pessoas. Nunca gostei de chamar atenção, naquele dia não seria diferente. Em algum lugar do caminho eu desamarrei o lenço em meu pulso para ver como estava a marca e vi que a mordida ainda estava lá, vermelha e dolorida.
Ela era a prova de que tudo tinha acontecido. De que ele era real.
Cheguei à minha estação e saí do trem, apressada. Em minha cabeça havia um dilema enorme, pois eu queria esclarecer tudo aquilo, mas não queria também. Era como se duas pessoas discutissem dentro de mim.
Quando cheguei no meu apartamento, abri a porta e não encontrei nada, senti um alívio e uma frustração também. Mas assim que entrei e tranquei a porta senti a respiração em meu cangote e suas mãos pousaram na madeira prendendo-me ali.
— Como foi seu dia, querida? — ele perguntou com sua voz grossa, causando-me um calafrio no estômago.
— Que susto — eu disse sentindo meu coração palpitar rapidamente. — Você não vai embora?
— Sim, assim que arrumar suas coisas e vier comigo.
Eu me virei para olhar nos olhos dele e percebi que foi uma péssima ideia, pois seu olhar era atraente demais e me prendia ainda mais em seu meio.
— O que acontece se eu recusar?
Ele pensou calmamente na minha pergunta. Seus olhos giraram devagar durante suas especulações internas e ele disse:
— Desordem, mortes, rebelião — ele numerou as consequências. — Esse é um acordo importante demais para ser quebrado.
— E porque ele existe?
— Você sabia da minha existência até eu surgir aqui? — Neguei. Ainda tentei sair dali, mas ele deslizou sua mão até minha cintura. — Simplesmente porque vivemos em harmonia com os humanos.
— Vocês vivem entre os humanos?
— A grande maioria, sim.
— E o resto? — Perguntei, me sentindo cada vez mais curiosa. Eu o senti apertar meu corpo contra o seu enquanto meu coração parecia sair do ritmo normal.
— Vivem para onde vamos. Onde eu reino.
— Você é um rei?
— Sou o Alfa. — Ele disse, com orgulho. — Eu comando a minha alcateia, que é a maior e mais poderosa de todas. Vivemos em uma região isolada, longe dos humanos e dos outros seres sobrenaturais e temos as nossas próprias leis, sempre respeitando a principal de todas.
— E você quer que eu vá com você para esse lugar? — Minha pergunta trouxe o rosto do grande homem para perto do meu e senti seu hálito de hortelã soprar em meu rosto enquanto ele assentiu. — Você quer que eu deixe a minha vida para viver com você e um monte de cachorro?
Ele riu da forma como eu falei, mas logo assumiu uma postura mais séria.
— Sim, eu quero. — Ele disse, com firmeza . — Eu só posso ter herdeiros com você.
— Mas eu não te conheço. — Eu disse angustiada. — Eu não sei nada sobre você, sobre os lobisomens ou sobre esse acordo. Nem filhos eu quero ter.
Ele me olhou nos olhos, com uma intensidade que me fez tremer. Ele levou a boca até o meu ouvido, me fazendo arrepiar.
— Não é algo que nós dois podemos escolher. — Ele sussurrou, com uma voz rouca e sedutora. — Olhe para mim.
Meus olhos se conectaram aos dele e um arrepio mais forte percorreu meu corpo me fazendo sentir uma mistura de medo e atração. Não sabia o que fazer, pois uma hipnose estranha paralisou meu corpo como se fosse um feitiço nos prendendo um ao outro.
— Você sente, não é? — Ele perguntou se aproximando mais de mim. Os seus lábios colaram nos meus e uma explosão de sentimentos invadiu o meu corpo.
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Rosaria TagoYokota
ele chercou lea de jeito
2025-03-06
0
carol wisch
isso foi jogo baixo kkkkkkkk
2024-12-14
0
●○Feng Flávia Crys○●
Morri kakakakak
2025-04-01
0