Eu acompanhei meu pai até a cozinha, onde fui recebida por um cheiro maravilhoso de queijo derretido e molho de tomate.
— Você vai adorar — minha mãe anunciou, com um brilho nos olhos ao me ver. Eu revirei os olhos, sem ânimo, pois sabia que ela ia inventar alguma comida cheia de carne moída ou com algum molho da própria carne para eu ter que comer só arroz.
Ela vestiu suas luvas térmicas e abriu a porta do forno, de onde saiu uma fumaça quente. Mamãe pegou a travessa com cuidado e a colocou na bancada de mármore.
— Christophe me convenceu a fazer algo sem carne para você. Ele achou uma receita na internet que parecia deliciosa e eu resolvi experimentar.
Eu olhei com curiosidade para a travessa e vi uma suculenta lasanha de berinjela, com camadas de massa, queijo e legumes. Meus olhos se desviaram para o rapaz alto que usava um avental branco por cima das roupas. Ele sorriu, sem graça, por receber o elogio.
Eu me esforcei para não demonstrar minha satisfação com o que acabara de acontecer ali, pois era a primeira vez que alguém conseguia fazer minha mãe mudar de ideia. Mas eu não pude evitar que um sorriso escapasse dos meus lábios, pois vi o brilho nos olhos do rapaz ao me olhar.
— Ah! Também fiz uma salada deliciosa, cheia de coisas que o rapaz viu na internet. Porque a salada é vegana! Você sabia? — Ela me perguntou e eu não consegui fazer outra cara que não fosse um olhar dizendo que aquilo era bem óbvio. — Eu nem sabia que tinha isso no YouTube, pensei que fosse só música. Nem abria esse aplicativo.
— Claro, você só usa o telefone para me xingar pelo whatsapp. — Reclamei e minha mãe apontou a colher de pau para mim em forma de ameaça.
— Você deveria ter me ensinado, não fosse o grandalhão ali, eu continuaria fazendo coisas que você não come.
— Mãe, eu te dei uma Alexa de natal e você nem quis aprender a ligar. — Eu a lembrei, rindo. Eu tinha comprado um aparelho Echo Pop para a minha mãe, para que ela pudesse ouvir música, pedir informações, fazer compras e se divertir. Mas ela tinha medo de mexer naquilo e estragar tudo.
— Ah! Ele ligou esse rádio pra mim! — Ela apontou para o aparelho Echo Pop em cima da bancada. — Ele conversa comigo!
Minha mãe parecia muito feliz com suas descobertas, aquele tipo de empolgação eu não tinha visto antes nela e isso me deixou contente.
Voltei meus olhos para Christophe que também se divertia com as palavras de dona Regina.
Ele me indicou com um gesto que eu o acompanhasse pelo corredor e eu assenti, enquanto minha mãe se entretinha com os elogios do meu pai. Andei pelo corredor e cheguei ao meu antigo quarto, Christophe me seguiu e trancou a porta atrás de si.
— Obrigada. — Eu disse, fitando-o nos olhos. — Nunca vi ela tão feliz.
— Foi difícil aprender a mexer naquele aparelho, mas depois que descobrimos eu também me divertir perguntando um monte de coisas a ele. — Ele contou, com um sorriso divertido.
Ri da sua forma de falar e me lembrei de mim mesma quando comprei uma Alexa para mim. Eu também tinha me divertido muito quando comprei uma Alexa para mim. Eu adorava pedir para ela tocar as minhas músicas favoritas, contar piadas, dar informações e até conversar comigo.
— Você pensa que eu não gosto dessa nova versão da minha Luna, mas eu me apaixono por você a cada vida, Diana. — Ele se declarou, saindo completamente do assunto anterior. Ele soltou as amarras do avental e o jogou no chão. — É inevitável, basta ver seus olhos uma vez e já me rendo.
— Como você sabe o que eu penso? — Eu perguntei e ele sorriu. Eu sabia que não tinha dito nada disso para o meu pai. Eu só tinha pensado, em silêncio.
— É uma consequência do nosso vínculo. — Ele revelou. — Do mesmo jeito que você me compreende quando eu falo na minha forma de lobo, eu capto os seus pensamentos.
— Você está invadindo a minha mente? — Eu levei as mãos à cabeça, tentando afastá-lo, e ele riu.
— Não, não é bem assim. — Christophe se acomodou na cama. — Eu só sinto algumas emoções e ideias suas quando toco em algo que é seu ou em você mesma.
— Que estranho — eu ri daquela explicação, mas foi um riso de frustração, pois eu gostaria de ter alguém que lesse mentes por perto. — E isso só acontece comigo?
— Sim.
Eu me aproximei dele e entrelacei meus dedos nos seus. Ele me encarou com os olhos arregalados, surpreso com a minha ousadia. Acho que não esperava que eu tomasse qualquer iniciativa ou que eu quebrasse a distância entre nós. Eu senti o seu coração bater mais rápido e sorri, confiante. Me inclinei ligeiramente para dizer.
— O que estou pensando agora?
Ele tentou encontrar o meu olhar, mas havia uma confusão em sua mente que se refletia em seus olhos. Eles pareciam perdidos, inseguros, indecisos.
— Acho que não está dando certo. — murmurou, com um tom de frustração. Eu levantei uma sobrancelha e ele tentou de novo. — Talvez a minha vontade de te beijar esteja atrapalhando a nossa conexão.
Ele confessou, aproximando o rosto do meu. Eu não resisti e soltei uma risada, soltando a sua mão. Christophe fez uma careta quando os seus pensamentos o atormentaram e logo percebeu. Ele passou a mão pelos cabelos, nervoso.
— Espera aí — ele falou, com uma expressão de surpresa se levantando em um pulo. — Foi você que pensou isso! Você está certa! Você me fez um monte de perguntas e eu nem te beijei!
Exclamou, percebendo a minha armadilha. Ele finalmente tinha entendido as minhas provocações e isso me fez rir ainda mais. Eu balancei a cabeça, divertida.
— Foi só um teste. — Eu disse, piscando para ele. Corri para fora do quarto antes que ele pudesse usar sua agilidade e ouvi minha mãe chamar da cozinha para jantar.
Então era real, ele conseguia saber o que eu queria apenas me tocando, isso explicava algumas coisinhas. Eu me sentia estranha, mas ao mesmo tempo fascinada
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Rosaria TagoYokota
kkkk
2025-03-06
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Suna
nem me lembrava mais que ela tinha 27 anosKKKKK
2024-10-08
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Sonia Ninomiya
autora vc poderia escrever mais um montaao de livros? esse eh meu primeiro e ja quero o 4 5 6....
2024-10-02
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