Quando abri os olhos, Christophe já tinha sumido e eu estava sozinha na bancada da cozinha. Ainda confusa com tudo o que tinha acontecido, mas menos desconfiada. Ouvi o meu telefone tocar e saltei da bancada para pegá-lo na mochila. Vi cinco chamadas perdidas da minha mãe no whatsapp e suspirei.
“Atende o telefone”. Ela tinha escrito em letras maiúsculas e estava me ligando pela sexta vez.
— Boa tarde, dona Regina — atendi e ela bufou.
— Diana, não me enrola. Você já está indo com ele?
— Com ele? Indo para onde?
— Diana Helena Vieira! Não se faça de desentendida, eu te preparei a vida inteira para isso. Você tem que cumprir o acordo.
— Não me lembro de fazer nenhum acordo.
Minha mãe soltou um berro de raiva e eu gargalhei, adorando provocá-la.
— Você me prometeu!
— Eu sei, mãe — suspirei. Eu tinha feito uma promessa a ela de que iria morar longe, mas se ela precisasse de mim para algo importante, eu faria. — Isso é tão importante para você?
— É a única coisa que importa — ela disse, com firmeza.
— Você sabe que isso me obriga a viver em um casamento e um casamento muito estranho, né? — retruquei, indignada. Ela ficou em silêncio por um tempo, como se estivesse pensando no quão louco era tudo aquilo. Depois, suspirou.
— Eu sei, mas você não tem escolha. Ele precisa de um herdeiro e você é a única que pode dar. Se você não fizer isso, ele vai enfurecer a alcateia. Imagine o caos se esses monstros romperem o acordo e se revelarem ao mundo.
— É, você tem um ponto.
— Eu tenho mais do que um ponto, Diana. Eu tenho a verdade. E você precisa aceitá-la, por mais que seja difícil. Você é a escolhida, e isso é uma honra e uma responsabilidade. Você não pode fugir do seu destino. — ela falava com a voz firme e séria. — Agora, me diga. Onde ele está? Ele já veio te buscar?
— Não, ele não veio. Ele sumiu. — Respondi, lembrando-me de como ele havia desaparecido depois de ficar nu na cozinha. — Eu não sei onde ele está e nem se ele vai voltar. Espero que não.
— Ele vai voltar, Diana. Ele não pode ficar longe de você por muito tempo. Ele é o seu companheiro, e você é dele. Ele vai sentir a sua falta e vai te procurar em algum momento. E quando ele te encontrar, você vai ter que ir com ele. — ela tinha uma certeza que me assustava. Parecia até que estava me cobrando as notas do vestibular. — Você vai ter que deixar tudo para trás, e seguir o seu coração.
— Meu coração tá gritando assim: corre pras Maldivas. Posso ir?
— Helena! — Ela me repreendeu e eu suspirei.
— Vou pensar nessa bagunça, prometo. — Minha mãe bufou. Um dos avisos dela me deixou intrigada e eu ousei perguntar. — Mãe? Por que ele não pode ficar longe de mim?
— Ah sim, está chegando a época de copular.
Antes que eu pudesse perguntar mais algo, ela desligou me deixando sem entender nada.
— Mas que merda é copular?
Abri o Google para pesquisar a palavra.
Copular
verbo
1.
transitivo direto e bitransitivo
juntar, unir, acoplar.
"c. um carro ao reboque"
2.
transitivo indireto e intransitivo
manter cópula ('relação sexual').
Meus olhos se arregalaram ao ler aquilo. “O que é ato de copular?”. Era a pergunta do próprio Google e cliquei para ler a resposta.
“ 'Cópula ou acasalamento' é o ato de união de um indivíduo macho e uma fêmea de uma dada espécie animal, com a finalidade de possibilitar a junção dos gametas e a geração de um novo ser daquela espécie gerando assim novos descendentes (fecundação)”.
Dei um grito e joguei o celular na poltrona. Fiquei paralisada no meio da sala, tentando processar o que eu tinha acabado de ler. Então, era isso que a minha mãe queria dizer. Ele estava aqui, pois havia chegado a época de copu…. Isso aí que você leu.
— Que horror — resmunguei. Senti a tensão em todo meu corpo ao pensar naquele homem enorme fazendo coisas comigo e passei a mão na cabeça tentando me acalmar.
Decidi que precisava sair dali, tomar um ar e espairecer. Peguei minha carteira, as minhas chaves e corri para a porta. Eu já havia notado que precisava fazer compras e não havia nada melhor para pensar do que andar em círculos em um mercado lotado de gente estranha e velhos com cheiro de naftalina.
Peguei o elevador e desci até o térreo, onde havia um mercado. Entrei no estabelecimento e peguei um carrinho, sem saber o que comprar. Apenas andei pelos corredores, observando as prateleiras, as pessoas e os preços. Tentei me distrair com as coisas mais banais, mas não consegui. A imagem de Christophe não saía da minha cabeça, nem sua voz me contando a história mais absurda que poderia existir na vida.
Me mantive teimosa. Convenci a mim mesma de que aquilo tudo era um delírio mental causado pelo excesso de trabalho e esforço que eu estava fazendo no meu dia a dia. Não podia ser outra coisa. Afinal, ninguém mais tinha visto ele além de mim, não é? Eu não me recordava de ninguém ter conversado com ele. Então era loucura minha.
— Isso! — Comemorei e duas idosas me olharam sem entender. — Desculpa, eu acho que fiquei feliz demais.
Disse isso e as duas me ignoraram, voltando às suas compras. Segui pelo mercado, colocando no carrinho o que me chamava a atenção. Não tinha fome, nem ânimo para cozinhar, mas precisava me distrair com algo. Quem sabe uma sopa, um bolo ou uma salada me fizessem esquecer aquela loucura toda. Não era uma cozinheira de mão cheia, mas mexer com comida relaxava a minha mente e eu usaria todos os recursos que podia para isso.
No entanto, uma dúvida surgiu na minha cabeça quando me lembrei do dia em que o vi no bloquinho de carnaval. Brenda também tinha visto Christophe e até comentado sobre o seu tamanho descomunal. Isso me fez pensar que ele não era tão invisível assim. Bati o suco de uva na bancada do caixa, soltando um palavrão de frustração.
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Cleidiane Oliveira
o meu coração também tá gritando, corre pra Maldivas, mas aí o meu bolso me lembra Tu é pobre..kkkkkkkk, não tem condições de ir kkkkkk
2025-03-23
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Cleidiane Oliveira
a melhor parte de casar com um Alfa é copular, ah como eu queria um Alfa pra mim .
2025-03-23
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carol wisch
meu deus e uma mistura só que agora tem a Helena do the vampaire diaries
2024-12-14
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