CAPÍTULO 18

Morrígan saiu da aula de música com uma sensação de leveza que há muito não sentia. As palavras trocadas, mesmo que de forma indireta, com seu professor sobre os intricados caminhos do coração a deixaram mais confiante. Enquanto percorria os corredores do castelo, sua mente ainda ecoava as melodias que haviam preenchido a sala de aula, mas agora acompanhadas de uma nova compreensão sobre si mesma.

As janelas ao longo do caminho para o harém ofereciam uma vista espetacular do entorno do castelo. Morrígan não pôde deixar de parar por um momento e contemplar a paisagem. O sol dourado do entardecer tingia o céu com tons de laranja e rosa, lançando uma luz suave sobre as vastas planícies que se estendiam até onde a vista alcançava. As montanhas distantes pareciam tocar o céu, envoltas em uma aura de mistério e majestade.

Enquanto observava aquela cena, Morrígan sentiu-se conectada não apenas à beleza natural ao seu redor, mas também aos próprios anseios de seu coração. As conversas sobre amor e desejo que haviam permeado sua mente durante a aula ecoavam agora de maneira mais profunda. Ela se perguntava sobre os caminhos que sua vida tomaria, sobre as escolhas que teria que fazer e sobre as paixões que poderiam florescer em seu coração.

Morrígan apreciava a vista através das janelas do corredor do castelo, mas sua tranquilidade foi interrompida por uma voz conhecida atrás dela. Ela congelou por um momento, esperando que não fosse quem ela suspeitava ser. Sua respiração começou a ficar ofegante enquanto ela se preparava para enfrentar a pessoa que a havia distraído.

— Parece que não sou o único que gosta dessa visão — disse a voz, confirmando os temores de Morrígan. Ela fechou os olhos brevemente, preparando-se para enfrentar a situação.

— Bom dia, senhorita Morrígan. Como você está? — Kay, com seu sorriso sincero, quebrou o silêncio. Morrígan conseguiu apenas curvar suavemente os lábios em resposta. Seu coração batia mais rápido do que gostaria, mas ela não queria deixar transparecer suas verdadeiras emoções.

Ela não estava tão feliz quanto ele.

O sorriso de Kay permaneceu inabalável, mas Morrígan sentiu-se cada vez mais desconfortável com sua presença. Ele parecia tão à vontade ali, como se pertencesse ao lugar tanto quanto ela. No entanto, Morrígan sabia que havia algo mais entre eles, algo que ela não estava pronta para enfrentar.

— Estou bem, obrigada, Kay — respondeu ela, tentando manter a voz firme e sem demonstrar sua verdadeira agitação.

Kay inclinou a cabeça levemente, como se percebesse a tensão que pairava entre eles, mas não fez menção a isso.

— Espero que tenha aproveitado a aula de música hoje. O professor Dorian é realmente talentoso, não acha? Além disso, acho que você está quase chegando ao nível dele, já que tocou muito bem no banquete.

Morrígan assentiu, embora sua mente estivesse em outro lugar. Ela não conseguia se concentrar nas palavras de Kay, nem na tranquilidade que tentava transmitir. Seu coração continuava a bater descompassado, como se estivesse tentando lhe dizer algo que sua mente se recusava a compreender.

— Posso considerar que nosso acordo está de pé? Acabei de receber a carta do meu amigo sobre a civilização de Gwävanir. Estava ansioso para te encontrar!

Morrígan não sabia mais como reagir diante de Kay. Todos aqueles comentários... Ela não sabia mais como se portar diante do rapaz. Saber sobre seus sentimentos era um fardo pesado, e ao mesmo tempo que ela não retribuía, não gostaria de quebrar seu coração.

Ela sentiu um nó se formar em sua garganta enquanto lutava para encontrar as palavras certas para responder. Por um momento, pensou em recusar o convite de Kay, em afastar-se e evitar qualquer interação adicional que pudesse complicar ainda mais sua situação. No entanto, uma parte dela sabia que não poderia evitar os encontros inevitáveis que o destino parecia determinado a lançar em seu caminho.

Com um suspiro resignado, Morrígan finalmente encontrou coragem para responder.

— Claro, Kay. O acordo ainda está de pé. Eu... também estou ansiosa para discutir sobre Gwävanir.

As palavras saíram de sua boca com mais facilidade do que ela esperava, mas ainda assim, sentia uma mistura tumultuada de emoções dentro de si. Ela não sabia o que o futuro reservava para eles, nem como lidaria com os sentimentos complicados que continuavam a crescer em seu coração.

Com um aceno de cabeça, Kay pareceu satisfeito com a resposta de Morrígan.

— Ótimo! Mal posso esperar para compartilhar as novidades com você. Vamos marcar um horário em breve. O que acha de ser—

Uma presença interrompeu as palavras de Kay, e Morrígan sentiu os olhos do recém-chegado sobre eles. Ela não ousou levantar os olhos, sua respiração ficando ainda mais rápida. Ela sabia que ele estava ali, bem diante dela.

— Kay, o que está fazendo aqui? Estamos todos te esperando — disse Gaelen, sua voz interrompendo o momento tenso.

Kay virou-se para seu irmão, um leve rubor colorindo suas bochechas enquanto ele tentava disfarçar sua surpresa.

— Desculpe, irmão. Me atrasei um pouco para a aula, mas já estava indo.

O rosto de Morrígan corou com a presença do irmão de Kay, seu estômago se apertando com a ansiedade. Ela permaneceu ali, imóvel, sem ousar cumprimentá-lo, sentindo-se como se estivesse sob o olhar atento de todos ao seu redor.

— Bom dia, Morrígan — disse Gaelen, seu sorriso caloroso ecoando pelo corredor.

Morrígan finalmente conseguiu reunir coragem suficiente para erguer os olhos, encontrando o olhar amigável de Gaelen. Ela conseguiu apenas balbuciar um cumprimento tímido antes de desviar o olhar, sentindo-se completamente sem jeito sob a atenção dos dois irmãos.

O ambiente ao redor pareceu se acalmar enquanto os três trocavam algumas palavras banais, mas a tensão ainda pairava no ar, deixando Morrígan se sentindo desconfortável e deslocada.

O ambiente ao redor pareceu se acalmar enquanto os três trocavam algumas palavras banais, mas a tensão ainda pairava no ar, deixando Morrígan se sentindo desconfortável e deslocada.

— Desculpe perguntas, mas a senhora Adela te deu o recado? — Gaelen perguntou, quebrando o silêncio constrangedor.

O coração de Morrígan pulsou ainda mais rápido ao lembrar do presente de Gaelen. A caixinha que ele lhe dera estava em sua mesa de cabeceira, e ela sempre revisava os desenhos delicados antes de dormir. Era a coisa mais singela que havia ganhado, e ela guardava com muito carinho.

— Sim, Gaelen. Obrigada pelo... recado — respondeu Morrígan, lutando para manter a voz calma e controlada, apesar das emoções tumultuadas que a consumiam.

Ela sabia que devia parecer estranha, incapaz de esconder o rubor em suas bochechas enquanto evitava os olhares penetrantes de ambos os irmãos. No entanto, não conseguia evitar a sensação de gratidão que a inundava ao lembrar-se do gesto gentil de Gaelen.

— Erm, do que estão falando? — Kay interveio, sua expressão uma mistura de curiosidade e preocupação. — É algo grave?

Gaelen deu um rápido olhar para Morrígan antes de responder, seu semblante cuidadosamente neutro.

— Oh, não, Kay, nada grave. Apenas um pequeno assunto de família… Assuntos do harém. Nada com que se preocupar.

Kay pareceu satisfeito com a resposta de Gaelen, mas Morrígan pôde ver uma centelha de intriga em seus olhos enquanto ele tentava decifrar o enigma. Ela se perguntou se ele havia percebido a tensão palpável entre eles, mas não teve tempo para ponderar mais sobre o assunto antes que Gaelen se despedisse e se afastasse.

Morrígan suspirou profundamente, sentindo o peso da tensão diminuir lentamente. Ela sabia que ainda havia muito a ser resolvido, mas, por enquanto, permitiu-se encontrar conforto na simples lembrança do presente de Gaelen, um pequeno raio de luz em meio à escuridão de suas preocupações.

Morrígan suspirou profundamente, sentindo o peso da tensão diminuir lentamente. Ela sabia que ainda havia muito a ser resolvido, mas, por enquanto, permitiu-se encontrar conforto na simples lembrança do presente de Gaelen, um pequeno raio de luz em meio à escuridão de suas preocupações.

— Bom, senhores, com licença. Preciso ir. Minha mãe me espera — disse Morrígan, tentando disfarçar a pressa em sua voz.

Com passos apressados, Morrígan se afastou dos dois. Ela temia entrelaçar as próprias pernas, enquanto sentia os olhos dos irmãos presos nela. Andou mais rápido que pôde, desejando escapar daquela situação estranha que parecia envolvê-la por completo.

Enquanto se afastava, Morrígan pôde sentir o alívio ao deixar para trás a atmosfera pesada e desconfortável que pairava entre eles. Ela se permitiu respirar mais livremente, deixando para trás os olhares inquisitivos e as palavras não ditas que pareciam ecoar em sua mente.

Finalmente, ao virar um corredor e estar fora do alcance de visão dos irmãos, Morrígan diminuiu o ritmo, permitindo-se relaxar um pouco mais. Ela sabia que ainda havia muito a ser enfrentado, mas por enquanto, deixaria para trás aquela sensação de desconforto e buscaria refúgio na segurança de seu próprio espaço.

Com um suspiro de alívio, Morrígan continuou seu caminho, determinada a deixar para trás as tensões do momento e concentrar-se no que estava por vir.

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