CAPÍTULO 2

Morgause caminhava de um lado para o outro, seu vestido de seda violeta fluindo no ar, criando um suave murmúrio na sala. Sua barriga proeminente revelava a nova vida que se formava dentro dela.

Seu cabelo, oposto ao da filha, era escuro como a noite, enquanto seus olhos, intensamente lilases, espelhavam os da mãe. Com uma expressão de preocupação, uma mão repousava em seu queixo.

— Não sei mais o que fazer com você, minha filha. Quantas vezes eu já lhe disse para ficar em casa e parar de agir como um menino. Você é a filha do rei e precisa agir de acordo com isso. E agora, a situação piorou ainda mais, pois o jovem Gaelen está inconsciente por sua causa. O que se passa em sua mente, Morrígan?

— Mas eu não fiz nada, mãe! Ele que decidiu subir naquela árvore, e eu até mesmo implorei para que não o fizesse.

Lágrimas começaram a formar-se em seus olhos, refletindo a dor e a injustiça que sentia. Morrígan sentia o peso do mundo sobre seus ombros, como se carregasse não apenas a culpa injusta, mas também o fardo da tragédia que testemunhara.

As sombras dançavam ao redor dela, criando um cenário sombrio que combinava com sua angústia. A sala parecia repleta de silêncio, ecoando apenas os soluços contidos de Morrígan.

— Por favor, mãe, você precisa acreditar em mim. Não posso suportar ser responsabilizada por algo que não fiz.

A voz de Morrígan tremia, carregada de emoção e desespero. Mas, apesar de suas súplicas, sua mãe permaneceu imóvel, endurecida pela pressão das responsabilidades reais.

— Sem mais, Morrígan! Cale-se!

A voz de sua mãe cortou o ar como um chicote, ecoando com autoridade e desaprovação. O silêncio que se seguiu pareceu sufocante, como se as palavras repreensivas ainda pairassem no ar, pesadas e acusatórias. Morrígan se encolheu diante da repreensão, sentindo-se pequena e impotente diante da firmeza materna.

— Mas mãe, eu…

— Eu disse calada!

As palavras da mãe interromperam qualquer tentativa de defesa de Morrígan. Ela se viu incapaz de continuar, sua voz silenciada pela autoridade materna.

A menina então desabou em lágrimas, sua tristeza ecoando pela sala, preenchendo o espaço com sua melancolia infantil. Os soluços de Morrígan eram como notas dolorosas em uma sinfonia de desespero, revelando a angústia que ela carregava dentro de si.

— Engole o choro, agora! Que tipo de mulher você vai se tornar se continuar assim? Pare de chorar, ou então você vai apanhar.

As palavras da mãe cortaram o ar como lâminas afiadas, carregadas de advertência e ameaça. Morrígan sentiu seu coração apertar diante da crueldade das palavras, mas ela se esforçou para conter as lágrimas, sabendo que desobedecer só traria mais dor.

A sala pareceu encolher ao redor dela, o ar pesado com a tensão que pairava entre mãe e filha. Morrígan lutou para controlar seu choro, tentando suprimir as emoções que ameaçavam transbordar a qualquer momento.

— Agora se recomponha! Ande, você já é uma mulher!

A menina respirou fundo, tentando controlar as emoções que ameaçavam transbordar. Ela enxugou as lágrimas, forçando-se a endireitar a postura, mesmo que por dentro ainda se sentisse frágil e vulnerável diante da mãe.

— Agora, vamos resolver esse assunto. Primeiro, precisamos falar com seu pai.

— Falar com o papai?

A menina sentiu um nó se formar em sua garganta, quase desmoronando novamente diante da perspectiva de enfrentar a reprimenda paterna.

— Sim, Morrígan. Vamos ter que falar com o rei. Como o pai de Gaelen é seu fiel apoiador, ele precisa saber desse fato.

— Mas ele vai me castigar para sempre!

A preocupação na voz de Morrígan era palpável, suas palavras carregadas de medo e apreensão. Sua mãe permaneceu firme diante da hesitação da filha, sua expressão dura refletindo a gravidade da situação.

— Você precisa enfrentar as consequências de seus atos, Morrígan. Não há como fugir disso. Agora, pare de se lamentar e vamos logo falar com seu pai antes que a situação se agrave ainda mais.

As palavras da mãe eram uma ordem inquestionável, deixando Morrígan sem escolha a não ser seguir adiante, mesmo que isso significasse enfrentar o destino que a aguardava com apreensão.

A garotinha não aguentou ouvir aquelas palavras e, sentada em sua cama, desatou a chorar. Seu choro era tão intenso que parecia ecoar pelas paredes do quarto, preenchendo o ambiente com uma melancolia palpável.

Cada soluço era um lamento angustiante, ecoando como uma música triste no silêncio da noite. As lágrimas escorriam livremente pelo rosto de Morrígan, refletindo a intensidade de suas emoções.

Alguns servos, alertados pelo som desesperador, vieram às pressas, seus passos rápidos ecoando no corredor enquanto entravam apressadamente no quarto. Seus rostos estavam cheios de preocupação, temendo que algo terrível tivesse acontecido à jovem Morrígan.

Morgause começou a ficar ainda mais impaciente, embora se esforçasse para conter seus sentimentos devido à gravidez.

Com uma voz controlada, ela dispensou os serventes, deixando-os com um aceno de mão, enquanto seus olhos permaneciam fixos na cena diante dela.

Observou silenciosamente a menina fazer seu chilique, seu rosto preenchido com desprezo pela situação. Seus lábios se apertaram em uma linha fina, revelando sua irritação contida, enquanto ela lutava para manter a compostura diante do comportamento emocional de Morrígan.

Morgause se entristeceu profundamente por dentro. Em sua terra, as garotas eram esperadas para amadurecer rapidamente, assumindo suas posições como sacerdotisas e magas desde cedo. Ela temia que ao retirar Morrígan desse ambiente, estivesse tornando sua filha fraca, algo que ela nunca desejou para sua criança.

A culpa pesava em seu coração enquanto refletia sobre suas decisões passadas. Talvez ter ignorado a linhagem mágica de Morrígan tivesse sido um terrível erro. Morgause havia feito de tudo para apagar seu próprio passado arcano, mas sempre que olhava para filha, uma sensação de inevitabilidade pairava no ar. Ela sabia, no fundo de sua alma, que a magia não tinha desaparecido completamente do sangue que corria em suas veias.

No entanto, ela sentia que não teve escolha. Era uma questão de proteger Morrígan da sina que ela mesma enfrentou, uma vida de servidão à terra sagrada e aos antigos rituais mágicos que governavam sua terra natal.

Um sentimento de angústia a envolveu enquanto ela contemplava o destino incerto de sua filha, lutando com suas próprias dúvidas e arrependimentos.

Quando a birra de Morrígan começou a cessar, Morgause tomou a frente, sua voz agora calma, porém carregada de autoridade.

— Bem, então podemos começar a agir como pessoas civilizadas?

A criança nada respondeu, sua expressão ainda teimosa e obstinada.

Morgause se aproximou com passos firmes, olhando nos olhos de Morrígan com firmeza.

— Morrígan, escute-me atentamente. Como futura rainha, você não tem o luxo de se entregar a acessos emocionais. É preciso aprender a controlar seus sentimentos, mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras.

Ela colocou as mãos nos ombros de Morrígan com firmeza, transmitindo a seriedade de suas palavras.

— A fraqueza é inadmissível em uma líder. Você precisa aprender a se levantar mesmo quando tudo parece conspirar contra você. Isso é o que diferencia os verdadeiros líderes dos meros seguidores.

Morgause pausou por um momento, permitindo que suas palavras se enraizassem na mente de sua filha.

— Portanto, limpe essas lágrimas imediatamente, erga a cabeça e mostre que é digna do título que carrega. A vida não será gentil com você, Morrígan, e é melhor que você aprenda isso agora.

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