Deméter

Beatrice é a noiva mais bonita que já existiu neste mundo. Sua beleza é

incomparável. Ela é bela como o nascer do sol. Serena, porém radiante e

capaz de iluminar tudo à sua volta. É assim por onde ela passa: a escuridão

dá lugar à luz.

Eu a vi entrar lindamente na igreja ao lado do seu tio. Isso foi

insistência do meu avô, que sugeriu que alguém da família entrasse com

minha mulher. Para evitar desavenças sem necessidade, aceitei, mesmo sem

saber como ela reagiria com essa aproximação repentina.

Quando a deixei no quarto com sua mãe, sabia que as duas tinham

muito o que conversar. Estava cada vez mais perto do horário da cerimônia e

ela seria minha, como sempre deveria ter sido.

Ninguém impediria o nosso enlace matrimonial e eu não poderia

permitir que nada estragasse esta noite, nem mesmo Lumena, uma mulher

formosa que me foi oferecida pelo seu tio há cinco anos, com o

consentimento de ambos. Eles sabiam que eu jamais me casaria com uma

amante. A mulher não era mais virgem quando se entregou voluntariamente

para ser minha. Confesso que não costumo manter uma amante no cargo por tanto tempo, mas eu aprovava a nossa foda. Não tínhamos muito diálogo,

apesar de, muitas vezes, ela ser intrometida.

Rossi me comunicou que Lumena o procurou para avisar que faria um

escândalo caso eu não estivesse pronto para a receber em meu escritório.

Perder o meu tempo com uma amante não estava em meus planos. Eu

coloquei um ponto final em nosso caso assim que retornei do Brasil.

Eu me vi obrigado a deixar minha noiva sozinha na festa. Ela estava nervosa e temerosa. Acredito que não pelo fato de estar casada em si, mas por medo de ser minha mulher na cama e entregar o seu corpo intocado para mim. Farei com que todo esse medo desapareça por completo.

Encontro-me com Lumena em meu escritório. Exaltado, não entendo

como ela ousou vir ao meu casamento. Estendi o convite apenas para o seu

tio, mas ela veio, como a intrometida que é, escondida entre os convidados

como uma serpente prestes a dar o bote.

— O que faz aqui? — Acendo meu charuto assim que entro na sala.

Não vejo necessidade de fechar a porta. Ninguém nos verá. Porém, ela

caminha em direção à porta e a fecha, aparentemente. Não presto muita

atenção.

A loira usa um vestido vermelho longo que caiu perfeitamente no seu

corpo, como uma luva, mas em nada se compara à Beatrice vestida de noiva,

linda, delicada como uma flor e com os seios volumosos nos quais afogarei

minha boca a noite inteira, se ela assim desejar.

— Eu precisava te ver. Como assim você terminou comigo? E por meio

do meu tio?

— Como ousou vir à festa do meu casamento? — Intrigado, eu lhe

darei uma chance de falar.

— Você é meu, querido, assim como eu sou sua. Pensei que tivesse se

esquecido de me convidar. Não é porque se casou, que pode me abandonar.

Não precisa. Eu não tenho ciúme. Não dela.

— O que quer dizer?

— Sua mulher. — Ri, debochando.

— O que tem minha mulher? Pense bem antes de falar — advirto-a.

— Sério isso? — Ri, debochando mais uma vez.

Estou me controlando para não arrebentar sua face dissimulada.

— Oh, querido! — geme, em uma tentativa falha de me deixar

envolvido. — Quer mesmo que eu não ria? Você se casou com uma mulher gorda e de seios fartos, como você gosta, só que tudo é gordura, baby. Está

mesmo disposto a trocar tudo isso por uma gorda feia e sem graça? —

Enquanto falava, Lumena descia as alças do seu vestido para me mostrar

seus seios.

A vadia já me mostrou muitas vezes o que tem de melhor, por isso não

sente vergonha. Já me excitei muito vendo esses seios fartos e erguidos

naturalmente, mas desta vez é como se o corpo nu dessa bela mulher não me

atraísse. Só se fosse da minha linda esposa. Uma maldição. Desde que a vi, o

tempo todo só consigo pensar em nós dois transando.

Pode ser possível um homem insano como eu desejar uma única

mulher? Para quem sempre foi um amante das mulheres, estou envolvido

somente por uma.

— Eu pensei que seria a sua esposa, não aquela vaca gorda. Agora

chega de falar dela. Vamos fazer o nosso sexo gostoso, amor. Me faça gozar

do jeitinho que só você sabe fazer, e eu prometo ser uma boa amante, como

sempre fui.

Controlo a imensa vontade que tenho de socar o rosto dela. Como ela

se atreveu a chamar minha esposa por um apelido pejorativo que não lhe faz

jus?

— Cala a boca, vagabunda! — altero o meu tom de voz. — Ouse

ofender minha esposa mais uma vez, e eu estouro todos os seus miolos aqui

e agora mesmo. Quem é você para falar assim da senhora da minha máfia?

— Querido? — Ela parece assustada e surpresa por ter me visto alterado.

— Sua sorte é que é mulher. Não costumo bater em vadias da sua

qualidade, mesmo estando louco para esfregar sua boca contra a parede até

rasgá-la, por ter ousado ofender minha esposa.

— Meu Deus! Você a ama — expressa, surpresa.

— Agora mesmo irá acompanhar o Rossi até a saída, para o seu próprio

bem, e esquecerá que algum dia fomos amantes. Seguirá em frente com a

sua vida, e caso eu sonhe que ousou ofender minha esposa novamente, juro

por Deus que a mato com minhas próprias mãos. Agora vá embora, vadia.

Rossi entra na sala e a leva para fora. Ela teve a sorte de eu não a ter

matado. Não admito que ninguém ofenda Beatrice, por isso estive com meu

avô instantes atrás conversando sobre o comportamento dele com ela.

Segundo ele, devo maltratar minha mulher, como ele fez com minha avó,

mas não serei assim. Bea merece apenas proteção e cuidados. Jamais serei

capaz de lhe fazer algum tipo de mal.

Com o problema resolvido, retorno para a festa. Minha mulher já foi

levada para o quarto, como pede o costume.

Meu avô vem até mim, pronto para me dizer alguma besteira. Não o

desafio em respeito à sua idade, mas às vezes é difícil manter o respeito com

ele.

— Já sabe o que fazer, filho. Torço para que engravide sua esposa ainda

nessa noite. Ensine-a o seu lugar e mostre a ela que é você quem manda. —

Ri, divertindo-se.

— Meu avô, por favor, não seja invasivo, principalmente com assuntos

que não lhe incubem. Deixe de atormentar a minha esposa. Não irei tolerar

isso.

— Essa mulher está entrando na sua mente e tornando você fraco. Siga

meus conselhos, ou será tarde demais: em vez de você ditar as regras, será

ela quem mandará na máfia.

A preocupação dele é divertida e me faz rir. Imagina uma mulher me

dominando e me governando. Posso ser gentil com Beatrice, mas não permitirei que ela exceda seus limites.

— Venha. Sente-se na cama — peço gentilmente. — Não precisa sentir

medo de mim. Eu já lhe disse que não sou um monstro.

Gosto de observar minha linda esposa vestida nessa lingerie sexy e

provocante. Oh, céus! Se ela soubesse quão linda é, não viveria cheia de

inseguranças. O tempo todo ela desacredita do meu desejo. Se soubesse quão

louco sou para beijar seus lábios carnudos, não ousaria se sentar nesta cama.

Mesmo receosa, Beatrice se senta. Chega a ser engraçado o medo que

ela tem de que eu a devore.

— Você quer conversar? Exatamente o quê? — questiona, curiosa,

usando delicadamente um travesseiro para cobrir a linda visão dos seus seios

na lingerie transparente. Eu podia ver as aréolas rosadas e parte dos

mamilos.

Ela me privou dessa visão, no entanto não posso reclamar. Estou

disposto a ser gentil, como nunca fui antes, por essa linda ragazza que vem

me deixando completamente obcecado por tudo que possa vir dela.

Passaremos algumas horas neste quarto conversando, enquanto o meu

avô e as pessoas lá fora acreditam que estou consumando o meu casamento.

De maneira alguma, desejo forçar Beatrice a ser minha. Não sou do tipo de

homem que obriga uma mulher a transar. Nem mesmo as minhas amantes,

eu já forcei, que dirá minha esposa, que merece todo o meu respeito.

— Vamos passar, no mínimo, duas horas neste quarto. Por que não começa me falando mais sobre você?

— Já sabe tudo sobre mim. Se não me engano, você investigou a meu

respeito. — Revira os olhos, reprovando-me por tal atitude.

— Há muitas coisas naqueles papéis que não foram escritas porque não

souberam dizer o que minha esposa mais gosta de fazer em seu tempo livre,

se ela sabe patinar no gelo, se gosta de borboletas... Essas coisas, não há

como eu saber, a menos que ela me responda.

Bea está chateada. Ela pode não ter acreditado em mim quando disse

que não a traí em nosso casamento, mas em nenhum momento demonstra

imaturidade. Admiro sua maturidade para resolver os assuntos e os enfrentar.

Mesmo não me amando, ela repudia esse tipo de traição, talvez por se

lembrar do ex-noivo covarde.

— No meu tempo livre, gosto de andar de bicicleta. E não sei se você

sabe, mas não há neve no Brasil. Como eu poderia saber patinar no gelo? —

zomba. — Se eu gosto de borboletas? Acho elas bonitas, mas prefiro gatos.

Quando eu era mais jovem, tive dois, e teria um terceiro. Mas por que se

interessa por essas coisas?

— Somos casados agora. Quero saber tudo sobre minha esposa. Quais

os seus sonhos?

— Tudo bem. Você perguntou, e eu respondi. Agora é a minha vez,

certo?

Assinto. Ela também tem o direito de querer saber algo sobre mim. Até

me animo com isso. Ela tem algum interesse em saber algumas coisas a meu

respeito.

— Por que não se casou com outra mulher durante o tempo em que

estive longe do seu radar? Até porque você não sabia se algum dia me

encontraria. A chance de me achar entre oito bilhões de pessoas era pouca.

Minhas perguntas foram mais sobre sua personalidade, já ela está

usando as suas para interesses e curiosidades sobre algo que nunca precisei

responder a ninguém antes, nem mesmo ao meu avô em meio às suas

tentativas falhas de me conseguir uma esposa nesses anos.

— Nunca encontrei a mulher certa.

— E eu sou essa mulher certa?

— Uma pergunta de cada vez. Agora é a minha vez. — Ela concorda.

— Você teria se casado mesmo com o seu ex-noivo?

Ela me disse que se casaria em poucos meses. É uma curiosidade que

tenho em relação a isso.

— Provavelmente sim, porque eu não teria descoberto as traições. Mas

vejo que é da natureza do homem trair — com sua voz rancorosa, ela lança

uma indireta para mim. — Está cada vez mais raro encontrar um homem

fiel.

Meu sangue ferveu quando ela disse que teria se casado com ele. Não

consigo imaginá-la sendo de outro homem. Sinto vontade de matar o infeliz

por conta disso.

— Caso tivesse descoberto antes, teria terminado com o noivado,

mesmo o amando? — Preciso saber se ela ainda o ama.

— Claro que sim. Mas mesmo não querendo enxergar antes, eu nunca

estive realmente apaixonada por Ricardo. Descobrir que ele me traiu só me

convenceu ainda mais que eu não o amava. — Não sei explicar, porém foi

bom ouvir isso. — Você me mostrou a traição dele. Devo lhe agradecer, em

parte.

Eu já deveria saber que ela sabia que eu fui o responsável por abrir seus

olhos.

— Ele teve o que mereceu.

O pavor se instala no seu semblante, talvez por ela imaginar que eu o

matei.

— Você matou o Ricardo?

— Eu deveria, mas não fiz isso, apenas lhe castiguei, revelando na web

fotos e vídeos dele em momentos íntimos.

Não sei dizer o que minha pombinha pensa sobre isso, se ela está

satisfeita ou insatisfeita. Ela sabe manter bem neutros os seus pensamentos.

— Deméter, você acha que eu sou a mulher certa para você? Ou se

sente preso a alguma promessa que fez ao meu pai?

— Não fiz nenhuma promessa ao seu pai. Foi meu pai que arranjou o

nosso casamento. Se você quer saber se me casei porque estou preso a um

juramento, saiba que esse não é o motivo.

— E qual seria?

— Uni o útil ao agradável. Você é linda, é minha prometida e eu

preciso de herdeiros. Por que não aproveitar tudo isso?

— O que acontecerá se tivermos apenas filhas em vez de filhos? Você

irá matar as bebês? — pergunta, temerosa.

Ela sabe que em algum momento será minha; não porque a forçarei,

mas porque ela me deseja. Posso ver em seu rosto que ela me deseja e que

sente receio de se entregar.

— Que absurdo. Eu não faria isso, fique tranquila.

Confiar em mim é algo difícil para a minha linda esposa, mas pelo

menos estamos nos conhecendo melhor.

— Quero que confie em mim, por isso lhe mostrarei o vídeo do

escritório. Eu não treparia com uma puta em nossa casa.

— Vamos viver aqui com seu avô? E a minha mãe?

— Não precisa temer o meu avô. E quanto à sua mãe, também irei

protegê-la. Ninguém irá machucar vocês duas. Tem minha palavra.

— Obrigada. Muito obrigada mesmo.

A ingenuidade em seu olhar é fascinante. Minha esposa me teme. Ao

mesmo tempo em que me odeia e sente medo, também quer confiar em mim.

— Não sou como os outros homens. Você verá isso no decorrer dos

dias, principessa. Apenas confie em mim.

Será difícil para ela, mas é a única coisa que ela pode fazer no

momento: confiar em mim, seu marido, e não duvidar jamais da minha

palavra.

Eu adoro ouvir o som da sua voz ao me responder lindamente todas as

coisas que pergunto.

— Violino... Sabe mesmo tocar?

— Sim, desde criança. Meu pai me ensinou.

— Quero que toque para mim qualquer dia.

Meu sangue queima minha pele para que eu toque nela. Todos os sinais

de excitação estão presentes em meu corpo e a almofada cobre o que,

provavelmente, deixaria Bea assustada, acreditando que sou um maníaco que

só pensa em sexo. Mas como não pensar em sexo ao ver uma deusa dessa

vestida com um traje sensual?

— Posso tocar sim. Você me perguntou se tenho um sonho. Eu tenho:

tocar violino no Parque Nacional das Torres del Paine, sob as estrelas.

— Gosta de admirar as estrelas?

— Sim.

— Dizem que no Chile é o melhor lugar do mundo para observá-las

com qualidade, claridade e grandiosidade no céu noturno. Será um prazer realizar esse seu sonho.

Beatrice ri como se não acreditasse que eu seria capaz disso.

Introduzimos outros assuntos. A pombinha não está mais tão assustada

como antes. Eu passaria toda a noite a ouvindo rir lindamente sem perceber

que se orgulha ao falar da mãe, do quanto a ama e de como elas são unidas.

— Você tem sonhos, Deméter?

Nunca haviam me perguntado sobre sonhos. Eu não sei dizer se tenho

sonhos, mas sei que gostaria muito de vê-la tocar violino sob o céu do

Parque Nacional das Torres del Paine. Posso imaginar isso de diversas

maneiras.

Minha bonequinha conversou até adormecer. Hoje o dia foi cheio para

ela e cansativo.

Regulo a temperatura do ar e puxo o lençol para cobrir o seu corpo. Ela

dorme serenamente quando a deixo para conversar com o Conselho.

Preciso mostrar que “consumei” o casamento. Pego o robe do chão e o

levo comigo.

Não me arrependo dessa decisão. Por mais que meu corpo arda pelo

seu, esperarei pelo momento certo para que ela seja minha.

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Comments

Cida Mendes

Cida Mendes

e a bobona quendo matar esse homem,eu sei que o livro já está concluído, mas essa mulher me irrita

2025-01-08

1

Maria Helena Macedo e Silva

Maria Helena Macedo e Silva

tudo no seu tempo 😉

2024-03-08

0

Paula Santana

Paula Santana

Ele é tão bom com ela ❤️❤️...

2024-02-14

2

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