Capítulo XIV – A culpa corrói

Louise

Lille, França – 1881

09/04/1881

Surpresa, Louise simplesmente paralisou. Com sua mente em branco, não conseguia ver nem ouvir ninguém, enquanto Sophie sangrava bem na sua frente. Apreensiva, Amelie foi até Sophie com um pano e enrolou em sua mão. Puxando-a até uma pia próxima, ligou a torneira e desenrolou a mão de Sophie, deixando-a na água corrente.

Voltando a si, Louise piscou e olhou para o lado, vendo a menina que a pouco tentara tirar sua vida. Em estado de choque, ela olhava para o nada, de forma fixa. 

Impaciente, a monitora se aproximou de Louise e da garota.

— Você! Foi a responsável por tudo isso, não é? – Questionou, apontando para a garota. Louise, não sabia o que dizer, e assim como a garota, ficou em silêncio.

— ME RESPONDA! – O grito da monitora fez a garota se encolher, no entanto continuou em silêncio.

— Não saia do lugar em que está! E você, venha comigo. – Anunciou, apontando para Sophie. Seguindo a monitora, antes de sair da sala, ela olhou para Louise e a garota. O olhar de preocupação dela para com a garota, fez Louise se sentir culpada. Afinal, ela tinha sido a culpada por Sophie ter se machucado. 

A menina parecia bem, apesar do aparente cansaço, mas naquele momento, Louise se sentia muito culpada para se preocupar com ela.

Alguns minutos se passaram, e Sophie e a monitora retornaram para a sala. Agora acompanhadas pela própria diretora. O corredor em frente à sala estava lotado de meninas, todas curiosas para entender o ocorrido e julgar sem entende-lo de fato.

Convocando as alunas da sala para entrarem, e ordenando as demais que estavam no corredor para retornarem as suas salas, Delphine fechou a porta.

— O que aconteceu nessa classe? – Sua voz soava calma, mas todas sabiam que era um péssimo sinal.

Ninguém parecia querer falar, até o silencio ser quebrado por uma garota.

— Foi ela diretora! Ela estava falando que estava cansada e segurou o braço da Léa!

— Isso mesmo, ficou gritando com a gente! – Outra se pronunciou. Olhando para Louise, Sophie e Amelie, a diretora esperou uma confirmação. Querendo impedir que Sophie e Amelie se envolvessem mais do que já estavam naquela situação, Louise se prontificou:

— Ela parecia cansada. Quase não participou das aulas. – Explicou.

Ela não queria adicionar mais nenhuma informação que envolvesse sentimentos, então parou antes que falasse demais.

— Ela talvez esteja sob os efeitos de muito estresse, o cansaço pode afetar bastante o corpo e a mente. – Amelie disse em seguida, apontando uma informação como desculpa para as ações da menina. 

— Eu a segurei porque fiquei com medo que ela pudesse se machucar, o corte na minha mão foi um acidente. – Sophie concluiu, segurando a mão machucada.

— Mas, ela quis machucar a senhorita Louise. Eu vi! – Uma das várias meninas que seguiam Louise por puro status, quis defende-la, sem saber que só piorava a situação com seu apontamento.

— Ela estava cansada, cairia sobre Louise se eu não a segurasse! – Sophie mentiu.

— Sim! Você nem mesmo estava perto, pare de falar! – Outra garota a repreendeu, aceitando a versão de Sophie.

Estreitando os olhos, Delphine voltou seu olhar ferino a garota que havia criado aquele contratempo.

— Tal comportamento não será tolerado nesta escola, estamos criando damas, não meninas de rua! Classe é algo indispensável aqui! Se não possuem capacidade para agir como tal, terei que tomar algumas medidas. Arrume seus pertences, chamarei seus pais ainda hoje. – A diretora decretou, olhando para todas com um olhar de desgosto.

Dispensando a todas, a aula foi encerrada, e as alunas foram enviadas a seus dormitórios em um horário mais cedo que o comum.

— Lembrem-se de manter o devido decoro e não fofocar sobre os acontecimentos de hoje. Continuem a focar em seus devidos estudos. – Avisou a monitora. Todas responderam de forma positiva, e quando estavam prestes a sair da sala, ouviram a diretora se pronunciar novamente.

— Você não. Ficará em um quarto separado esta noite, assim como suspensa das aulas até que seus pais estejam presentes. Poderá pegar seus pertences depois de nossa reunião.

Antes de ir embora, Louise olhou para a garota, mas embora sentisse pena dela, acreditava fielmente que, talvez aquele fosse o melhor para ela. Ficar longe daquele lugar e de seus mistérios amaldiçoados.

As três amigas caminharam em passos mais lentos que as demais, tentando tirar este último minuto para esclarecer algumas coisas sobre o ocorrido.

Preocupada, Louise perguntou para Sophie: 

— Sua mão está doendo, Sophie?

— Não mais. Graças aos primeiros cuidados da Amelie, e a moça da enfermaria, não estou sentindo dor. 

— Eu sinto muito, se eu não tivesse tentado conversar com ela...

— A senhorita fez o que achava que deveria fazer! Poderia ter funcionado, como funcionou com a senhorita naquela noite. Mas, acredito que ela estava submersa demais para despertar. – Comentou Amelie, tentando tirar o peso de Louise. A conhecia tão bem, que era impossível esconder. 

Parando de andar, as três pararam no corredor.

— Bom, se existia alguma dúvida sobre a boneca, acho que ela não existe mais. – Afirmou Louise. 

Amelie cruzou os braços e segurou o queixo.

— Mas, como a senhorita disse antes, é apenas um brinquedo. Não acredito que seja ele de fato que esteja causando tudo isso. – Amelie lembrou. 

— De fato. Nenhum brinquedo faria algo assim, mas esse em particular parece ter algo diferente. A quem disse que ele pertencia mesmo? – Sophie perguntou para Louise.

— A filha da Coordenadora.

— Filha... – Amelie resmungou, puxando na memória a família da diretora da Instituição. – Ela faleceu há pouco tempo. – Apontou, após recordar.

— O que?! Que horror! Isso explica o apego da senhora Delphine com o brinquedo. – Sophie afirmou, surpresa.

— O falecimento dela não é a questão, – embora seja uma lastima – mas sim, as condições em que ela faleceu. – Amelie comentou, recebendo demasiada atenção de Louise e Sophie.  

— O... O que aconteceu com ela? – Louise perguntou, deixando escapar seu receio em ter conhecimento daquela história. Tinha dúvidas se realmente queria saber.

Capítulos
1 Lille, França - 06 de janeiro de 1881
2 Capítulo II — Uma estrela sem nome
3 Capítulo III - Em busca da estrela
4 Capítulo IV – Mente nublada
5 Capítulo V – A figura misteriosa
6 Capítulo VI – Fora de si
7 Capítulo VII – Perdendo a sanidade?
8 Capítulo VIII – Medo do desconhecido
9 Capítulo IX – Não julgue um livro pela capa
10 Capítulo X – A força na união
11 Capítulo XI – Efeito dominó
12 Capítulo XII – Desgraça eminente
13 Capítulo XIII – O mau desperta
14 Capítulo XIV – A culpa corrói
15 Capítulo XV – A dor na vida, e mesmo depois dela
16 Capítulo XVI – Mente quebrada
17 Abertura do capítulo XVII – O pesadelo se torna realidade
18 Capítulo XVII – Mal invisível
19 Capítulo XIX – O que me falta, você completa
20 Capítulo XX – Coração cruel
21 Capítulo XXI – Hipocrisia
22 Capítulo XXII – Encurraladas
23 Capítulo XXIII – Buscando a força interior
24 Capítulo XXIV – Quero ser útil!
25 Capítulo XXV – Estaca Zero
26 Capítulo XXVI – A Chave de Ouro
27 Capítulo XXVII – O covil da bruxa
28 Capítulo XXVIII – A figura encapuzada
29 Capítulo XXIX – Entidade maligna
30 Capítulo XXX – Indisciplinada
31 Capítulo XXXI – Perda Irreparável
32 Capítulo XXXII – Descendente de bruxas
33 Capítulo XXXIII – O pesadelo da vida real de Sophie
34 Capítulo XXXIV – Dimensão Invisível
35 Capítulo XXXV – Abismo
36 Capítulo XXXVI – Sem volta
37 Capítulo XXXVII – Indo a caça
38 Capítulo XXXVIII – O porão
39 Capítulo XXXIX – Aquele que se agarra
40 Capítulo XL – Não perderei outra amiga!
41 Capítulo XLI – Contra o tempo
42 Capítulo XLII – Perdidas
43 Capítulo XLIII – Não é justo!
44 Capítulo XLIV – A única que conseguiria traduzir
45 Capítulo XLV – Irmãs de alma
46 Capítulo XLVI – Prontas para seguir
47 Epílogo
Capítulos

Atualizado até capítulo 47

1
Lille, França - 06 de janeiro de 1881
2
Capítulo II — Uma estrela sem nome
3
Capítulo III - Em busca da estrela
4
Capítulo IV – Mente nublada
5
Capítulo V – A figura misteriosa
6
Capítulo VI – Fora de si
7
Capítulo VII – Perdendo a sanidade?
8
Capítulo VIII – Medo do desconhecido
9
Capítulo IX – Não julgue um livro pela capa
10
Capítulo X – A força na união
11
Capítulo XI – Efeito dominó
12
Capítulo XII – Desgraça eminente
13
Capítulo XIII – O mau desperta
14
Capítulo XIV – A culpa corrói
15
Capítulo XV – A dor na vida, e mesmo depois dela
16
Capítulo XVI – Mente quebrada
17
Abertura do capítulo XVII – O pesadelo se torna realidade
18
Capítulo XVII – Mal invisível
19
Capítulo XIX – O que me falta, você completa
20
Capítulo XX – Coração cruel
21
Capítulo XXI – Hipocrisia
22
Capítulo XXII – Encurraladas
23
Capítulo XXIII – Buscando a força interior
24
Capítulo XXIV – Quero ser útil!
25
Capítulo XXV – Estaca Zero
26
Capítulo XXVI – A Chave de Ouro
27
Capítulo XXVII – O covil da bruxa
28
Capítulo XXVIII – A figura encapuzada
29
Capítulo XXIX – Entidade maligna
30
Capítulo XXX – Indisciplinada
31
Capítulo XXXI – Perda Irreparável
32
Capítulo XXXII – Descendente de bruxas
33
Capítulo XXXIII – O pesadelo da vida real de Sophie
34
Capítulo XXXIV – Dimensão Invisível
35
Capítulo XXXV – Abismo
36
Capítulo XXXVI – Sem volta
37
Capítulo XXXVII – Indo a caça
38
Capítulo XXXVIII – O porão
39
Capítulo XXXIX – Aquele que se agarra
40
Capítulo XL – Não perderei outra amiga!
41
Capítulo XLI – Contra o tempo
42
Capítulo XLII – Perdidas
43
Capítulo XLIII – Não é justo!
44
Capítulo XLIV – A única que conseguiria traduzir
45
Capítulo XLV – Irmãs de alma
46
Capítulo XLVI – Prontas para seguir
47
Epílogo

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