Idiota, imbecil, arrogante

Um dia eu ouvi a mãe do Nicolas dizer uma frase que mexeu muito comigo. Ela foi assim: ”Você pode escolher brincar, espernear, mas um dia, um dia, suas ações terão as reações. Tudo será apenas consequência dos seus atos e você não vai poder reclamar.”

Ele olhou para ela com confusão, e ela completou: ”Nao se trata de atitudes infantis, eu apenas usei um vocabulário recatado, você que ouvir de fato a verdade, criança?”

O que ele havia feito para ouvir tal sermão? Cogitou entrar para o mundo das drogas.

Ele pensou que ela fosse implorar para ele, já estava se preparando psicologicamente para renegar suas súplicas e se convencer de que aquilo era melhor para eles.

Quando ele percebeu que a mãe dele não poderia estar por ele, ele caiu na real e nós dois fizemos a conversão da real frase.

”Você pode pintar e bordar, mas um dia vai chegar sua conta e não vai ter choro e nem vela. Na pior das hipóteses, esse choro será meu e a vela será acessa por ti.”

Nunca mais Nicolas sequer disse: ”Vou tentar uma nova vida por mim e minha família pelo crime.”

Hoje de frente um tribunal eu entendo esse pesar.

Dois dias antes

Com o meu relógio natural assusto as seis e meia da manhã. Peço desculpas, mas hoje eu não levanto agora nem a pau. Ajeito Alana no meu abraço e volto a dormir.

Não foi tão difícil, afinal foram menos de uma hora de sono. Eu já tenho um local fixo hoje para ir, que será a borracharia e só temos que estar lá as três da tarde.

— Mano Gu! Alana! Acordem para tomar café.

A voz de Dafne invade meus ouvidos, vou dispersando o sono. Viro meu corpo com cuidado querendo olhar para o rosto da pequena.

— Eu estou desse lado, maninho. — ela diz contente.

Olho para o lado que Alana estava e lá estava a senhorita travessa.

— Não fica em cima da Alana, neném.

— Deixa ela, é o abraço mais gostoso da minha vida. — minha garota diz puxando Dafne para nosso meio enchendo ela de beijo e ouço a risada da pequena me preenchendo satisfação.

— Isso é injusto!

— A gente quer também!!!

Os outros dois vem. E eu levanto pegando os dois no colo enchendo de beijos e amassos, ouvindo seus risos.

Que delícia acordar com esses três.

— Bom dia, linda rainha. — Alana diz depositando um beijo no rosto da minha mãe que se sente demais com esse mimo.

— Bom dia. Senhora está chique em? Linda rainha? — digo beijando seu rosto e a abraçando.

— Viu só? Devo agradecer você por essa nora.

— Ou não, temos que agradecer nós dois então. Porque também me sinto sortudo por ela estar na minha vida.

Alana fica tímida fazendo nós dois rirmos.

— Ficaram acordados até que hora para só estarem acordando agora?

Olho para o relógio que marcava nove. Tanto eu, quanto Alana acordamos antes da oito normalmente.

— Eram mais de de cinco e meia. Dormiria mais. Mas acho que Alana tem que trabalhar.

Alana nega balançando a cabeça.

— Não vai trabalhar hoje querida?

— Não. Assim que Gustavo for para borracharia eu vou dormir de novo.

— Tem vergonha nessa cara não? — pergunto para senhorita que me faz inveja nesse momento.

— Tá certa. — minha mãe diz.

— Não da apoio não! — digo.

Ela dar de ombros debochando da minha cara.

— Vamos ter um papo sério ali. — falo a jogando sobre o ombro e minha mãe se engasga com a água que bebia. — Mãe! — coloco Alana no chão e nós dois corremos até ela.

Ajudamos minha mãe com o desengasgo. Ela olha para mim de cima abaixo recomposta.

— Estilo noiva eu entendo, mas desde quando você consegue erguer alguém com um braço só!? Meu filho se tornou um homem antes que eu pudesse ver... — ela choraminga e meu peito parece ter sido tirado da mira de onze facas com o alívio que me toma.

— Aaaaahhh... Dona Vanessa, você quer me matar... — digo me jogando no chão recuperando o fôlego.

Alana também senta no chão se recuperando só que morrendo de rir.

— Eu sempre pude mãe. Só não era necessário. — sorri para ela.

Minha mãe tem uma visão que eu sou uma criança ainda. Mas, a verdade é que eu não me sinto mais criança desde o dia que ela parou de andar. Isso faz cinco anos...

— Alana é uma provocadorazinha de carteirinha então preciso de agilidade. — olho para senhorita minha namorada.

— Ele ficou sabendo da conversa com Ricardo. — acho que eu virei um camaleão nesse momento com as varias cores que eu devo ter mudado.

—Oh...! — ela olha para mim e eu vou me encolhendo de vergonha. — Eu disse que não era para contar Alana.

— Foi espontâneo, eu disse que o Ricardo estava certo e ele perguntou sobre.

— Alana! — digo entre dentes.

— Não vamos falar sobre isso, Gustavo. Fique tranquilo.

— É constrangedor, principalmente com a senhora.

— Eu sei, se acalme. — ela afaga meu cabelo. Deito no colo da minha mãe.

— Alana é muito descarada mainha. O que eu faço com essa mulher?

Alana me encara.

— Cuida. — minha mãe sugere, fazendo carinho na minha cabeça.

— Gostei da sugestão, vou aderir. — sorri para morena e ela me abraça apertado. — Aí, amor! — resmungo e ela rir se desculpando.

Me levanto ainda com o grude em cima de mim, o grude mais perfeito do mundo.

— Me solta mulher. — digo calmo e ela nega.

Levanto Lana pelos braços parecendo que estava erguendo Rafaela. Coloco ela no colo da minha mãe que rir, e a mais velha fica confusa com meu ato.

— Vou me arrumar, vou dar uma volta.

— Eu vou junto. — ela levanta arisca.

— Nos seus sonhos. — falo entrando no quarto.

— Então eu vou para casa da minha colega.

— Não, fique para almoçar. — minha mãe pede. — Gustavo nunca parou quieto em casa, Alana. Ele sempre arruma um canto para sair.

— O que custa me levar junto e a gente volta para almoçar? — ela vem pisando fundo até o quarto fazendo birra e eu olho para ela sorrindo.

— Vou entrar na Baixa, o açougue me chamou lá.

— Que dia?

— Antes de ontem.

— Está mentindo, Gustavo! Você estava no hospital.

— Alana, me passaram o recado. — rir de sua revolta. — Eu volto em meia hora. — beijo a testa dela.

— Vai tomar café primeiro. — minha mãe ordena. — Os dois, anda.

Obedeço e Alana vai com raiva. Minha mãe confia em mim, então ela sabe que eu não vou fazer nada demais. Alana está insegura por ver que me dou bem com qualquer pessoa.

Terminamos de tomar café e eu a chamo para um canto.

— Fica brava não, eu vou logo para eu não me atrasar a noite. — vou enchendo ela de beijos carinhosos.

— Promete?

— Prometo, amor. — dou um beijo prolongado em seus lábios

— Se não cumprir vai ter que tomar banho comigo por um mês.

— Não vejo desvantagens.

— Nada carinhosos.

Meu brilho some.

— Não cansa?

— Não com um namorado tão lindo.

— Não vai me gambelar. Pode parar com essas sua investidas. Por tão cedo não vamos fazer isso.

— Estou ficando velha, Gustavo. Você vai ser papai cedo sim senhor. — ela coloca os braços em volta do meu pescoço. — Pelo menos nisso eu vou mandar. — ela sorri de lado.

Me beija de forma excitante. Que mulher... Para, não posso xingar ela por mais que eu tenha vontade.

— Mãe! — ouço chamarem no portão.

Alana não interrompe, inerte.

— Alana... — digo entre o beijo. — É gostoso, princesa... Mas agora para... — confesso que nem eu queria parar.

— Mãeeee!

— Quem é no portão, Gustavo? — ouço a voz da minha mãe se aproximando.

— Lana! — separo o beijo colocando minha mão na boca dela.

Ela me olha com cara de cãozinho abandonado.

— Você é minha perdição mulher. — abraço a cintura dela, indo abrir o portão.

Adivinha quem era? Henrique.

Só empurrei o portão de volta e ele começa a socar o portão, escroto do caramba.

— Quem é Gustavo? — minha mãe aparece na porta. Ela nos olha de cima a baixo. — O que diabos vocês dois estavam fazendo aqui fora, com as crianças brincando ali?!

— Que?

— Olha o estado de vocês, Gustavo! Eu que pergunto!!!

Olho para Alana estava com a cabeça baixa com a pernas prenssandas uma na outra, olho para mim mesmo e lá estava, o bendito traidor.

— Eu mandei parar, agora nós estamos ouvindo e ela tem razão... — sussurro para minha namorada.

— Eu pensei que as crianças estivessem lá dentro. Foi só um beijo. — ela sussurra de volta.

— Só um beijo, certeza? — digo entre dentes.

— Só um pouquinho mais quente que o normal. — ela sinaliza com as pontas dos dedos.

Henrique dá uma pancada forte no portão assustando nós três.

— Ah, mais ele vai ouvir. — digo caminhando em direção a saída da casa.

— Quem é Gustavo?

— Seu filho, a senhora não ouviu ele chamando mãe?

— Ouvi, pensei que fosse Ricardo. — ela reflete. — O que essa criança esta- — Ricardo aparece e ela se dá conta de que não era nenhum que morava com ela.

Abro o portão.

— Quem é você? Por que se acha no direito de bater a porta da casa da minha mãe na minha cara?

— Sou seu pai. — sorri.

— Eu não acredito que ela casou de novo... — Henrique diz furioso.

— Gustavo. — minha mãe me repreende.

— Convenhamos que ele é um imbecil, não briga comigo! — me revolto e minha mãe suspira. — Será possível que ele não percebeu que eu sou mais novo que ele olhando para minha cara.

— Eu te daria dezoito fácil. — Alana diz.

Inflo as bochechas. As duas olham para mim se entre olham e começam a gargalhar.

— Quem é você?

— Larga de ser idiota, Henrique. Entra logo. — digo sem paciência dando espaço para ele entrar.

Ele não ouviu nada que a gente estava falando mesmo estando bem de frente para mim.

— Gustavo, você não é assim.

— Ele me faz ser assim, prefiro nem dizer os motivos. — encosto no portão grande, depois que Henrique entra fecho o menor.

Percebo ele secar Alana de cima a baixo.

— Henrique. — minha mãe diz o repreendendo antes que eu possa dizer algo.

— Oi, mãe. Desculpa. Bença. — ele pega a mão da mamãe mas ainda com os olhos atolados na Alana.

— Essa criança... — minha mãe puxa a orelha dele.

— Aí mamãe! — ele diz. — Por que não posso olhar, ela vai derreter?

— Desse jeito, sim. Está faltando me engolir. — Alana fala se aproximando de mim, eu fico só observando Henrique de longe.

Se eu chegar perto eu acabo com a raça desse cara.

— Eu vim para Rio por conta de uma viagem a negócios e vim ver a senhora. Os meninos estão com o papai?

— Não, estão morando comigo. Estão lá trás.

— Passei na Baixa e disseram que a senhora tinha se mudado. Me surpreendi bastante. Como está pagando essa casa?

— Ah, é do Gustavo.

— O homem que a senhora se casou novamente? É o pai do Gustavo então? Por isso a senhora botou esse nome? Essa menina deve ser filha dele, a senhora brigou tanto por eu olhar para ela.

— Eu tenho cara de ser tão velho assim? — pergunto Alana.

— Não, ele que é senil. — ela responde asqueada.

Me pergunto o que é senil, primeira vez que ouço.

Minha mãe puxa a orelha do Henrique de novo.

— O nome do pai do Gustavo é Matias. — minha mãe diz e eu paraliso. — Estamos falando do seu irmão, e a menina que você está secando é sua cunhada.

— Matias? — eu e Henrique perguntamos em uníssono.

— Sim, o Matias também é pai do Gustavo. Eu tive um caso, mas não um filho dele. Talvez Deus colocou uma criança no meu ventre para dizer que era um caminho errado.

— Dona Vanessa o que eu falei sobre mudança de crenças a essa altura do campeonato?

— Essa é minha retribuição pela safadeza de vocês.

— Foi só um beijo!

— Você acabou de dizer que não era.

— Colabora, Alana!

— Esse é o Gustavo? — Henrique aponta para mim com deboche. — O que ele tomou? Efeito cocaina? Ele era um magricela, sempre foi. A senhora quer que eu acredite que ele se tornou isso e que tem uma namorada gata!? E mais, dinheiro o suficiente para comprar uma casa enquanto ele mal sabe ler? — diz rindo.

Minha mãe encara Henrique com raiva.

— Você não é meu filho. — ela diz com tremor na voz.

— Lógico que sou. O mais legítimo, da época que seu casamento era flores.

— Não, eu não criei esse tipo de pessoa repugnante. Eu me recuso a aceitar que você saiu de mim.

— Vem cá, vamos conversar de homem para marica.— me aproximo dele o encurralando contra parede. — Você pensa que eu esqueci dos seus olhares de ódio? Do seu prazer ao ver Matias bater na nossa mãe!? — pego ele pelo colarinho e o pressiono contra parede.

Com a minha declaração minha mãe olha para gente com muito pesar e mágoa.

— Sou eu, Gustavo. Seu irmão analfabeto porque abriu mão de tudo para fazer o que você não foi homem o suficiente para fazer. Sou eu, o magricela. Isso não é efeito cocaina, é efeito comida, fartura, que graças a Deus e as pessoas que ele coloca na minha vida isso não tem faltado na nossa mesa. Namorada gata? Não a resuma em apenas um rosto bonito, essa mulher tem a capacidade de explodir seu crânio e receber apoio como verdadeira vítima no tribunal. Não ache, que as coisas vão continuar a mesma merda por causa da sua ausência, você nunca foi um deus, arrombado.

Solto ele, podia ver a vergonha que ele sentia.

— Como se sente Henrique? Seu irmão magricela, bastardo poderia te cubrir no murro, só que acaba que ele compadece de alguém patético como você e deixa você ir. Como está seu orgulho? — provoco e vejo ele cerrar o punho.

— Chega, Gustavo. — Alana me afasta. — Você não ia no açougue?

— Que se foda! — praguejo. — Acredita mesmo que eu tenho coragem de deixar vocês duas com ele!? Não pira!

— Eu sei, amor. Acalma então.

— Tá. — digo com a voz engasgada de ódio.

Soco o portão provocando um ruído muito forte, mais que o normal.

— Reflita se esse soco fosse no seu rosto, Henrique. — minha mãe diz embasbacada.

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Comments

DESATIVADA

DESATIVADA

amando qro um Gustavo na shopp

2024-03-18

1

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