A minha luz encantada

Mateus e Nicolas ficam boquiabertos com a atitude de Alana.

— Ei Gustavo, a gente tava só brincando com a questão do namoro. Tipo ela é bem mais velha que você... — Nicolas diz muito surpreendido.

— O que tem? — pergunto. — É mais infantil que os sapatos das minhas irmãs, essa mulher.

— Infantil não. Me respeita. E você solta ele, antes que eu perca a compostura. — Yara revira os olhos e solta meu braço.

— Eu cheguei primeiro, linda. — Yara provoca.

— Cala a boca menina, porque eu tenho que te levar de volta para casa viva. — Nicolas fala entre dentes.

— Gustavo... — ela aponta para Yara tipo: "Ela tá caçando."

Dou de ombros. Por mais que eu concorde com ela. Não posso dar mole porque Alana é doida, ela acabaria batendo na Yara então tenho que demostrar desinteresse.

— Eu já te falei, a cadeia é só um lugar. Vai em frente. — ela joga a bolsa sobre o sofá e vai para cozinha bufando de raiva.

— Gustavo, Gustavo.

— Mãe, não defende não. Eu sei me virar com, Alana. — falo com calma pois estou falando com a mulher que me colocou na terra. — Age tranquila. Deixa que com Alana depois eu resolvo.

— Depois resolve? — Alana aparece na porta da cozinha com um maçã na mão. Provavelmente foi ela quem comprou quando eu não estava aqui. — Quando esse depois? Tenho cara de quem gosta de ser colocada em segundo lugar?

— Alana, postura. — só o que digo é o suficiente. Ela para e morde a maçã balançando a perna irritada.

— Bora conversar lá fora? — Mateus sugere.

Eu e Nicolas concordamos.

— Leva ela com você. Porque se ela me provocar não respondo por mim.

Olho para Alana com preguiça. Eu deveria ter conversado com ela sobre isso antes. Que saco.

— Ela não vai fazer nada, né Yara? — Mateus pergunta.

Ela finge não ouvir.

— Não é, Yara? — Nicolas pressiona. — Ou nunca mais eu te trago.

— Tá bom. — cede.

Soltamos o ar que nem sabíamos que havíamos prendido.

— Mãe, vamos ficar aqui na porta.

— Dona Terezinha disse que chama vocês quando a comida estiver pronta.

— Obrigado. — fecho a porta. Os meninos estavam me encarando. — Que foi?

— Ela guardou o carro. — Mateus aponta. Eu olho.

— Ela deve dormir aqui hoje. Ela só não ficava por eu morar na Baixa, por isso eu ia ver ela, aí eu fugia. Agora ela tá se sentindo a rainha como ela é. Faz o que bem entende. — dou um sorriso bobo.

— Gustavo, você só tem treze. — Nicolas sempre corta meu barato com a realidade.

— Eu tenho catorze. — corrijo.

— Grandes merda! Fez catorze tem uma semana. — A verdade sempre é dita por ele.

— E meia. — acrescento.

— Não muda o fato de que ela tem vinte e sete anos.

— Virgem e nunca namorou. Ou vocês acham que ela ia me ouvir e me respeitar se já tivesse saído com alguém? Ela ia mandar eu me enxergar e crescer primeiro. Isso são palavras dela. — eles me olham incrédulos.

Eu tive a mesma reação quando Alana me contou.

— Por que? Ela é tão linda. — encaro Mateus. — Com todo respeito, somos amigos.

— Não tinha tempo. Foi atribuida essa missão. As amigas dela recomendaram ela recrutar alguém que a encatasse. Assim ele mataria dois coelhos numa cajadada só. Se idade fosse algo que não a incomodasse. Ela me contou isso, no dia do meu aniversário. Disse que seria mais sincera.

— Sua sorte é abrumadora.

— Concordo. — sorri. — Mas é muito ciumenta. Eu nem sou um tipo assim de tá muito próximo de mulher, a única amiga que eu tenho é Yara, mas ela fica muito agitada.

— Acho que o problema é sua amizade, não Alana. Yara abertamente age que gosta de você. Você sempre ignora, mas agora não pode mais. — Nicolas joga o balde de água fria na minha cabeça.

Esse cara nunca muda.

— Mas a gente não namora. Não podemos.

— Vocês namoram, Gustavo. — ouço minha mãe. — A Alana fala de você com qualquer pessoa como namorado dela. Ela só não comenta a sua idade para não dar problema. — arregalei os olhos com essa notícia.

— Então, ela tá bem mais que brava. — falo e minha mãe assente para minha tristeza.

Alana deve está se sentindo muito mal por minha causa. Ela disse que iria ser mais sincera para eu não precisar ser frio para meus desejos não passarem a razão. Mas não disse que ia assumir namoro!

— Com licença. — ia entrando.

— Depois do jantar. Senta ao lado dela. Vai acalmar os nervos dela ao menos um pouco. Você tem sorte de Alana ser calma, ela só é um pouco mimada porque foi privada de muitas coisas. — concordo.

Alguém bate no portão. Tomara que seja o Arthur. Eu passei na borracharia ele disse que já estava terminando.

— Vamos abrir? Tô com fome! — Arthur fala dando uma gargalhada em seguida e eu vou abrir o portão.

A gente se cumprimenta, naquela parceria de sempre.

— Trouxe refri. — ele expõe três garrafas de dois litros de refri. — É para dar para todo mundo a vontade!

Nós entramos conversando e empurro a cadeira da minha mãe para dentro.

— Obrigado por me contar. — beijo o rosto da minha coroa.

— Eu gosto da Yara. Mas Alana é melhor para você, ela agita sua vida e te faz sorrir igual bobão. — sorri com isso.

— Nada escapa desse olhar, dona Vanessa. — sinto alguém se aproximar, mas não viro bruscamente, pois poderia ser uma das crianças. — Não toque minhas costas. — aviso.

— Eu sei, Gustavo. — Alana para atrás de mim.

Minha mãe por si mesma manobra a cadeira saindo. Para isso ela é rápida.

— Tá com ciúme de que? — ela arqueia a sobrancelha. — Ela é minha amiga de infância, Alana. — vejo Arthur balançar Mateus, provavelmente para perguntar sobre nós dois.

— Vai continuar? Vai continuar agindo friamente?! Eu não já falei- — beijo a testa dela.

— A casa está cheia. Lembre-se do que eu disse no hospital, senta e come. Mais tarde a gente conversa, pode ser?

— Gostei desse tom. — ela sorri. Retribuo o seu sorriso. — Sogra, o que falta por na mesa? — ela sai.

Balanço a cabeça com um sorriso. Tinha que ser.

Olho para os meninos que me encaravam com asco.

— Que foi? — pergunto sem conseguir esconder a felicidade.

— Eu odeio esse cara mano! Eu estou me humilhando há anos para sair com a Flávia, nunca consegui aí ele conhece uma tenente, recebe a melhor oportunidade da vida dele e ainda por cima ela como namorada! Tomar no seu c*. — ri da revolta de Arthur.

— Concordo. — digo, deixando todos surpresos. — É a luz na minha vida, essa mulher. Não poderia ser outra. Agora, vai ser ela em primeiro lugar, mamãe disse que eu tenho que ir embora que ela não precisa mais de mim.

— Eu disse para você parar de me usar como desculpa. — ela me corrige me fazendo sorri.

Encontro o olhar de Alana. Parece que a conversa não será mais necessária.

Depois que todos foram embora. Minha mãe pediu para ajudar ela entrar no banheiro para tomar banho. Dessa vez ela quis fazer um teste e ir andando.

Ela está fazendo fisioterapia em casa três vezes por semana e está tendo um progresso bem rápido. Acredito que é pela força de vontade.

— A senhora não vai tomar banho em pé. Senta na cadeira e para de ser teimosa. Só de ter vindo andando já é um começo. — ela resmunga se sentando.

Saio do banheiro a dando privacidade.

— Lana. — chamo ela pelo apelido. Ela se levanta vindo até mim. — Pode falar o que quiser agora.

— Não quero você de muito papo com aquela menina. — assenti. — Não estou dizendo que deve parar de falar com ela, mas evita contato físico. Viu que vai invadir o meu espaço, corta. Porque você não tem espaço pessoal, é uma pessoa muito liberal.

Assenti e olhando para ela com seriedade. Ela é mais velha, minha futura chefe, então ela tem esse bônus no quesito de respeito.

— A sua mãe falou da casa?

— Sim, muito obrigado por proporcionar esse conforto e segurança a minha família. — digo passando a mão na cabeça de Rafa que acaba de chegar. — Perdão, me equivoquei. — ela me olha confusa. — Nossa, correto?

Eu pude ver ela mal conter a alegria. Tampo os olhos de Rafaela e selo os lábios da tenente em um beijo sem muito enfeite ou que causasse aumento de adrenalina excessivamente.

Só que foi um ato que a deixou estática.

— Você disse que era para eu parar de ser frio, ou seja, parar de me conter. — sorri atravessado.

— Rafaela, hora de ir para cama com os irmãos. — ela pega Rafaela no colo a levando para o quarto fugindo de mim.

Olho para sua agitação e não pude evitar uma felicidade indescritível. Alana mexe com a minha cabeça. Ela a qualquer momento me deixará louco.

— Gustavo, toalha. — minha mãe pede e eu vou

Depois que todos vão para cama e eu resolvo me preparar para dormir também.

— Precisa de ajuda? — Alana pergunta da porta.

— Preciso, amor. — ela vem e me ajuda a tirar as faixas. — O remédio para passar estar sobre a cômoda. — ela levanta e pega.

— Eu pensei que estivesse pior. Você está reclamando quando a gente toca. — ela diz passando a pomada. Ainda assim, ela passa com muita leveza.

— Ela feriu meus músculos e órgãos, meus rins estavam inchados. Segundo o médico, a minha coluna também estava meio envergada. Ela ferrou comigo. Então eu devo ficar assim mais duas semanas.

Ela termina de passar o remédio e deita me puxando para cima de si.

— Quero mais. Muito mais carinho.

Sorri bobo com essa atitude fofa.

— Deixa eu tomar banho. — roço meu nariz no dela.

— Mas num já passou o remédio, Gustavo?

— É uma pomada impermeabilizante para não entrar água e retrasar a cicatrização. — dou um selinho nela e levanto.

— Eu vou junto.

— Não vai. — cantarolo.

— Vou sim.

— Não vai.

— Está com vergonha de que? Eu já sei que pode haver coisas em você não estão completamente formadas por causa da idade. — minha cabeça estrala.

— Não passe a raia, Alana. — digo. — Você não vai, porque eu não quero. Quando se oferecer e eu quiser poderá ir. Vice-versa. Porque você não vai tomar banho com uma criança. Entendido?

Ela percebe que falou, e que a opinião não é unilateral e me escuta se sentando na cama. Além que eu sou muito bem formado já.

Vou para o banho e saio em menos de dez minutos.

— Foi você quem decorou a casa. — afirmo e ela pergunta o porque da minha certeza. — Porque eu não tinha cama, o que dirá uma de casal. Também por ser tão específica nos quartos ao ponto de colocar nomes nas portas. — aponto para meu nome na porta. Não entendi muito essa atitude.

— Porque eu montei esse cômodo para você, montei um para sua mãe e outro para seus irmãos. Pensando exclusivamente em cada um. Não faria sentido se outro viesse e ficasse em um ambiente que há coisas que você gosta.

— Meu quarto não tem nada, Alana. — solto uma risada baixa.

Digo nada assim mirabolante. O da minha mãe tem uma penteadeira cheia de coisas de que eu sei que ela gosta. Nós dos meninos há brinquedos, muitos. No meu tem o que é necessário para viver. Nada extra e isso não me incomoda, pelo contrário.

— Mas na casa há tudo que você ama, e a casa é toda sua.

Assim eu entendo o que ela queria dizer.

Abraço ela, para evitar que eu sinta dores ela segura em meu pescoço.

— É cedo para te dizer, eu te amo? — indago.

— Vamos ficar com: você me encanta.

— Por que não? — sorri me divertindo. — Você me encanta, Alana.

Desta vez ela toma a iniciativa de me beijar.

Estamos comentendo um crime, Alana. O mais doce de todos. Por saber disso que não trocaria o conforto de seus braços por nada.

Não é por dinheiro, é por ser uma mulher amável que cede quando tem desejo de algo, e não tem medo de perder tudo o que tem para conseguir a felicidade. Com base nisso, pretendo ser o único homem para ti, e nunca deixar que se sinta solitária não mais.

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