Íntimos demais

Sinto um toque mesmo que delicado nas minhas costas, dói. Eu reclamo e a pessoa recua. Deve ser Alana. Ela tá um porre por causa do que Yara disse.

— Perdão por fazer você passar por isso meu menino. — assusto com a voz da minha mãe e me levanto abruptamente.

Ela estava sentada, o médico disse que ela só poderia sentar depois de quinze dias.

Olho para minha mãe de cima a baixo querendo uma explicação.

— Gustavo eu estou bem. — ela suspira. — Me desculpa, filho. — ela beija meu rosto e posso ver lágrimas solitarias em seu rosto.

— A senhora não tem culpa de nada. — beijo a testa dela me sentando na maca com cuidado para não perder os acessos.

Estou tendo que passar a maior parte do tempo medicado porque foi ferimentos além de hematomas. Neusa tirou sangue de mim a socos.

Muito provável que terei cicatrizes nas costas e elas estão muito sensíveis ao toque. Curativos são trocados três vezes ao dia. Disseram que foi ótimo o fato de ela não ter usado nenhum outro material para me agredir, porque o estrago já foi muito grande apenas com o uso dos punhos.

Estão investigando se ela usava algum dedal, ou soco inglês.

Poderia me colocar numa cadeira de rodas assim como a minha mãe, se ela tivesse um pedaço de madeira ou algo de origem.

Ouvimos uma batida na porta.

— Entra. — falo.

Vejo a silhueta alta e branca de Matias.O rosto da minha mãe se torna completa fúria. Sim, é como Sebastião diz, quando se trata de quem minha senhora ama, ela age com garras e dentes.

— Eu vim em paz, Vanessa.

— Paz? Ainda tem a ousadia de dizer tal coisa com o meu filho nesse estado!? Matias, sua vadia louca bateu no filho porque ele não permitiu que ela chegasse até mim! Pior que isso, foi você a permitir chegar até nós!!! A mim você tentava manter acorrentada, sobre sua guarda, porque ela não!? NÃO CANSA DE ME FERIR MESMO DEPOIS DE TER IDO EMBORA?

Ele abaixa a cabeça contendo o choro.

— Eu não tenho porque amarrar alguém que não amo a mim. — ele se justifica.

— Mais é imbecil o suficiente para permitir que essa pessoa machuque quem você ama? — pergunto e ele estremece. — Quem ama protege, Matias. Não culpa, não bate, perdoa.

— Mas eu perdoei Gustavo! A prova é você ser como um filho para mim. Eu fiquei louco quando vi seu estado. Eu quis matar Neusa, assim como o dia que vi as marcas no corpo de Rafaela. Meus filhos são meu único tesouro que ninguém pode me tirar, porque é sangue.

— Não sou seu sangue.

— Eu não ligo! Quem garante que você é mesmo filho daquele idiota!? Ninguém! Sua mãe nunca fez um teste de DNA, apenas decidiu que você não é meu filho.

Isso surpreende a minha mãe mais que a mim.

Ela parecia buscar na memória as possibilidades.

Eu toco a mão dela, e balanço negativamente.

— Não precisa. Eu não quero mudar completamente minhas cresças a essa altura do campeonato. Matias ser ou não meu pai, não me importa.

— Mas a nós importa. — Matias protesta e minha mãe parece concordar.

— Vocês podem fazer por si mesmo. Eu não sou seu filho biológico, e não vou mudar isso. Eu quando te pedi para ir embora, eu só queria ter paz com a minha mãe. Depois de dois anos você voltou e fez um vendaval com tudo. Eu sinceramente não sinto nenhuma dó de você. Acho que só está fazendo sua colheita. Opção da minha rainha perdoar você, mas eu particularmente, enquanto você tiver aquela vaca louca obcecada por perto creio que nunca irá progredir.

Ele assente.

— Eu teria chances de voltar para você Vanessa?

— Depende de que postura você tem Matias. Caso volte a beber e se drogar, não sou louca de te colocar na minha casa mais uma vez depois de finalmente ter tido uma luz. Eu também prezo pela minha vida. O que eu quero agora, é ver meus meninos crescerem. Não permito ninguém me tirar o direito de assistir o sucesso deles. Porque eles vão ter um futuro brilhante. Começando pelo meu garoto de ouro. — ela afaga meu cabelo. — Se esse aqui for seu filho, quem receberá o maior presente da sua vida será você. Se não for, quem perdeu foi o pai dele. Porque esse garoto é o melhor que eu poderia ter na minha vida. Ele fez o por mim o que ninguém fez.

Choro com as palavras da minha mãe, e deito no seu colo.

Me entregando a toda dor que eu estava sentindo. Na segurança do colo materno, o melhor que existe nesse planeta.

Sou grato a Deus por me dar uma mãe como a minha.

Matias, me ajuda a levantar.

— Aí! — resmungo me pondo de pé. Recebo dois olhares de preocupação. — Só foi um repuxo no curativo. Estou bem. — me deito com cuidado.

— Não vira durante a noite? — ele pergunta.

— Só se eu quiser agonizar. Algo que eu garanto que não tenho o menor interesse. — ele sorri.

Isso é algo que eu desconheço de Matias. Ele sempre foi amargurado e temeroso.

Dois dias depois minhas feridas já estavam secas, me liberaram para casa. Imaginei que fossemos voltar para Baixa do sapateiro.

Mas Alana me traz mais uma surpresa.

— De quem é essa casa mãe? Quanto é o aluguel? — pergunto olhando cada canto empurrando a cadeira dela.

— É sua.

— Ata. — processo a informação e olho para o rosto de dona Vanessa assustado.

— Que? Foi Alana quem disse que é sua. É um pagamento adiantado, para você ir também mais tranquilo. Afinal, vai se envolver com a polícia não é bom sua família está em um local comandado por tráfico.

A casa é na baixada da favela. Bem próxima, mas fora da zona de comando das facções.

— O dono da casa que morávamos exigiu o dinheiro dos danos?

— Sim filho. Desculpa por ter mexido nas suas reservas. Ele simplesmente começou a me perturbar todos os dias, fiquei cansada.

— Aquele dinheiro não era meu. É da senhora. Eu juntei justamente para se precisar de algo ter dinheiro para suprir. Não é como se fosse muito também.

— Gustavo você trabalhou por duas semanas seguidas sem descanso nenhum. Aquele dinheiro vale mais do que ele diz, para mim. — beijo o rosto dela. — As crianças estão na escola. Vá buscar elas, aproveita e chama Arthur, Mateus e Nicolas para cá. Eles queriam ver-te.

Assenti saindo.

Subi entrando na Baixa. Assim que estou passando, escuto um assobio. Olho para o lado para ver o que era.

— Vem aqui, garoto. — um cara com um cigarro de palha me chama.

Franzi o cenho. Nunca vi esse cara na minha vida.

Quando estava caminhando na direção do homem. Sinto uma mão no meu ombro e grunhir de dor. Olhei para trás, para poder ver que era. Com certeza, com uma carranca séria coberta de raiva.

— Perdão, molecote. — Sebastião sorri tirando a mão. E já tirando um cigarro bolso com um isqueiro. Esse vício vai levar ele pro caixão cedo. — Segue seu caminho. — diz acendendo o cigarro. — Aquele cara, não tem nada de bom para te oferecer. — traga e solta fumaça encarando o homem que me chamou.

O moço abre um sorriso e levanta os braços sinalizando rendição e sobe a viela.

— Valeu. — digo saindo.

— Como você está? E sua mãe?

— Estamos bem, Tião. — falo sem olhar para trás com um sorriso no rosto.

Tenho certeza que ele não pertencia só a mim.

— Dona Terezinha! — chamo na porta. Escuto passos de correria e a porta e aberta bruscamente.

Era Mateus ele quis pular em mim e me abraçar mas não pude deixar. Ia ser o abraço mais doloroso da minha vida.

— Aperto de mão trasmitirá sua sinceridade no momento.

— Aperto de mão, brother!? Vai se foder, Gustavo!

— Seja compreensivo. — peço estendendo a mão e ele aperta insatisfeito. — Posso te abraçar. Somente eu. Se você encostar um dedo nas minhas costas eu vou te enforcar. — aviso e ele assente feliz.

Não quis soltar ele. Mateus é como irmão para mim, eles três são.

— Fiquei com medo por você. Eu acho que não conseguiria enfrentar do jeito que você enfrentou. — ele diz com a voz chorosa.

— Nem tenta, Mateus. É sinistro. — ele assente.. — Agora vamos buscar os pivetes e as princesas. Minha mãe chamou vocês para jantar lá em casa. Fala com sua avó para ir também. Ela sabe onde é a casa.

Ele concorda entrando e voltando dois minutos depois. Fomos rindo e conversando sobre as coisas que eu perdi, como ele e Nicolas se deram bem. Porque agora, os bicos que eu fazia estão disponíveis.

Eu tive preferência com os donos por ser mais perfeccionista e também começar a trabalhar antes que Mateus e Nicolas. Agora eu estou quase indo embora, e passei quatro dias no hospital em observação.

— Mano Gu! — Rafaela corre e abraça minhas pernas.

— Oi minha princesa! Cadê a Dafne e Ricardo?

— Estão ali com o irmão Nicolas. — ela aponta.

Olho na mesma direção, assim que Nicolas me ver ele fica embasbacado. Ele pega Dafne e Ricardo, um em cada mão e vem.

— Tá zoando, cara? É você mesmo!?

— Por quê? — pergunto sorrindo.

— Impossível ser o meu mano magrela, meu! O que estão te dando no lugar de arroz!? — gargalhei com sua brincadeira.

Ele aperta minha mão e ao contrário de Mateus não tive avisar, e ele me deu abraço de ombro, falando que eu dei sorte, porque era para ser de urso.

Dei foi azar, Nicolas.

— Minha mãe chamou para jantar. Tem tempo?

— Irmão eu ia para casa da Yara, tá ligado? Mas nunca que eu ia ficar no meio de três mulheres no lugar de ficar contigo e com Mateus! — ele passa a mão e volta do meus pescoço.

Mateus estava indo na frente com as seis crianças.

— Eu acho que sim, se essas três mulheres não fossem sua mãe, Yara e a mãe dela. — sorri de canto e ele retribui com um olhar malicioso.

— Talvez, nunca se sabe.

Nós rimos.

— Da para ajudar? — Mateus fala revoltado.

— Já vamos, esquentadinho. — nós corremos um pouco para alcançar eles.

Quando chegamos perto da casa de Yara, Nicolas diz que vai avisar a mãe dele e deixar a mochila com ela.

— Sabe onde é? — pergunto.

— Sei. Podem ir, não é bom ficar esse horário com as crianças na rua, ainda mais você Gustavo.

Nós concordamos indo para minha casa.

Até estranho de se dizer isso. Quando passo de frente a casa de Joana, que é no fim da escadaria da minha antiga moradia, olho para aqueles degraus lembrando o quando eles falam de mim em memórias.

A porta já foi trocada e está tudo escuro aonde nós morávamos. Foi tudo tão rápido.

— Mamãe! — Ricardo chama.

Eu abro a porta e já se ouve um grande número de passos pois todos os pequenos correm para dentro de uma só vez.

— Epa! Muita calma. — dona Tereza entra no caminho deles interceptando. — Meninas para o banho, depois os meninos. Bora! As roupas estão sobre a cama, os irmãos de vocês vão ajudar a se trocarem.

As crianças obedecem. Nós também.

— Temos uma creche para vestir, Gustavo.

— Eu tô sabendo. — a gente rir acompanhando as meninas para o banho, levando as toalhas e esperando elas terminarem da porta.

Dafne já sabe se banhar sozinha, então ela ensina Rafaela e Linda.

— Nicolas demorou. — falo vestindo o último pestinha.

— Sim.

Ouvimos uma batida na porta.

— Falando nele. — Mateus diz se levantando.

Desço Tadeu da cama e vou junto de Mateus.

Quando ele abre a porta Yara entra e logo depois Nicolas com uma cara nada boa.

— É para ficar com a tia viu, Yara. Eu disse que não queria te trazer porque era só menino com a sua idade.

— Tá bom. — ela diz vindo até mim. — Oi. — ela sorri.

— Oi, Yara. Me assustei quando foi embora daquele jeito.— comento.

— Por que não veio atrás de mim? — ela entrelaça o braço no meu.

— Porque tenho amor a minha vida.

Ela não entende. Mas a minha mãe sim, porque ela pigarreia. Parece que Alana já formou uma quadrilha a favor dela, até Rafaela não tinha uma cara boa com aproximação dela.

— Maninha, o Gu já tem namorada.

— Não Dafne, eu não tenho. — minha mãe coça a garganta com mais força. — Pelo amor de Deus! O que Alana deu para vocês? — pergunto indignado.

Sinto Yara apertar o meu braço.

— Alana? Não seria melhor tenente? — Mateus debocha.

— Quando chegaram nesse nível? — Nicolas pergunta.

— Que nível? — meu corpo fica sem alma por milésimos de segundos. — Que merda essa menina faz agarrada em você, Gustavo?

Porr4.

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Comments

Fujoshi_Aleatoria🤡F.E 🤡

Fujoshi_Aleatoria🤡F.E 🤡

Muito bom, o surto de ciúmes da Alana vai ser incrível kkkkkkk

2023-11-08

5

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