Situação caótica

Acordo com as vozes infantis.

— Gustavo, acorda! — Ricardo chama

Estive trabalhando muito nas últimas semana para viajar e deixar tudo pago para mamãe. Poder ir de consciência limpa que ela conseguiria aguentar até a data da primeira pensão que será dada.

Alana tem sido como sempre. Mas eu também tenho estado mais centrado. Sou um obcecado por perfeição, sei me conter. É isso que tem me salvado de suas atitudes provocadoras.

O exame do corpo de delito das crianças foi comprovado a agressão e o processo estar marcado para próxima semana. Com base nisso, a cirurgia da mamãe foi uma semana atrás. Ela recebeu alta rápido, voltou para casa ontem.

Foi motivo de muita festa esse logro. E muita gratidão a minha benfeitora.

Minha ida está planejado para três dias depois do fim da audiência de custódia das crianças. Com isso, um novo passo na minha vida será dado.

— Gustavo!!! — Ricardo me balança chorando.

Despertei assustado. Estava acordando com calma.

— Ela vai quebrar a porta mano Gu! Tem que proteger a mamãe. Ela acabou de sair do hospital!!! — Dafne também chorando.

Fico aturdido até ouvir um som forte de arrombamento na porta da sala que é a mesma de entrada da casa.

Pulo as crianças, saindo e trancando a porta do quarto delas.

— Onde está aquela vadia!? Que além de roubar o marido dos outros ainda acha ter o direito de arrancar dinheiro dele com aqueles bastardos!!! — uma mulher que dava três da minha mãe para os lados.

Não preconceito não, sempre tem algumas dessas querendo fazer algo com dona Vanessa devido ao olhar que os maridos destinam-lhe.

— Quem é a senhora? — pergunto encostado no portal do quarto dos meninos. — Minha mãe está dormindo.

— Então ela está nesse quarto aí. Sai da frente moleque. Você é minha arma contra aquela mulher então eu valorizo muito sua vida.

Aí eu me lembro.

"Neusa. A mulher responsável por todas as fofocas. Não sei que fonte tão confiável ela possuí. Mas, fez Matias sempre acreditar nela, nunca em mim."

Sorri com aquilo.

— Então você é a Neusa. Uma mulher rejeitada e trocada por uma novinha de doze anos. — digo e pude ver um soco sendo direcionado a mim.

Eu tenho força, mas contra essa mulher eu dou conta não. Abaixo desviando. Era nocaute certeiro se eu fosse acertado.

— Gustavo! — minha mãe ainda briga comigo.

Aproveito e corro para fechar a porta do quarto dela.

— A minha mãe acabou de sair do hospital. Ela mal pode se sentar. Eu não vou deixar você chegar perto dela. — de frente a porta, encaro a mulher nos olhos. Me sinto numa gaiola com um gorila.

— Gustavo, abre essa porta! — minha mãe pede e eu finjo não ouvir.

— Ei, Neusa, gosta de pique pega? Eu tenho a chave, você só tem que me pegar para conseguir. — digo dando a volta na sala até chegar na porta.

 — Eu só tenho que arrombar a porta. — ela diz simplista.

— Se não quiser responder por invasão domiciliar além de agressão infantil, recomendo o pique pega. Tá com você.

Ela vem em minha direção.

— Tá com a disgrama!!! — saio correndo descendo as escadas.

Eu vejo a hora dessa mulher cair e sair rolando igual uma bola e me levar junto.

— Aquele ali não é Gustavo? O que ele fez para essa mulher tá correndo atrás dele?

— Deve ter roubado. Sempre teve a pinta de ladrão.

— Igual você com pinta de fofoqueira, com essa tua língua grande, Joana. — passo correndo. Sinto só a chinelada nas costas. — Ah, corna! Vai encerar o chifre!

— Esse moleque! A se eu desse conta de te alcançar!

— Irru! Outra vaca! — debocho.

Corro até próximo da entrada da Baixa. Olho para todos os lados, atrás de mim uma vaca louca, na frente a saida da favela, do lado esquerdo o bar cheio de drogado, do direito o açougue. Vamos de drogados.

Pulo a bacana de Tião.

Na hora recebo o olhar de todos os homens dali, inclusive meu tio. Que quebra o copo ao me ver.

— Bom dia. Ignorem que eu existo do vim trazer uma entrega para o dono. — todos relaxam.

— Que entrega Gustavo? — ele sai detrás do balcão pronto para me matar. — Eu falei que não queria você-

— Se acalma, Tião, que já tem um boi atrás de mim!

— Que foi moleque? Acordou com a louca foi? — ele escuta uma pancada.

— Esse boi. Quer arriscar? — pergunto. Ele desconfia.

— Que porr4 tá acontecendo, Gustavo? Não arruma para minha cabeça moleque.

— Foi o que eu disse, estou fugindo. A mulher chegou quebrando a porta lá de casa, tranquei as portas e corri com ela para fora. Ela procura isso. — balanço as chaves.

— Gustavo, depois de hoje, você me deve a sua vida.

— Sonha! — coloco a cabeça para fora e não vejo Neusa. — Put@ que pariu! — pulo a bancada de novo.

— Onde você vai moleque? — ele se descabela. — Você tá me enlouquecendo as sete da manhã, Gustavo!!!

— Minha mãe está de recuperação, Sebastião! Se aquela mulher encostar um dedo nela, eu não respondo por mim. — volto para casa correndo.

— Procurem Matias! Agora. — Sebastião grita, e o bar começa a movimentar.

Quando volto escuto o choro dos meninos e pancadas de alguém batendo na porta para quebrar. Essa mulher é maluca!

— Ei, Neusa. Acho que já deu show o suficiente. Sai da minha casa. — digo sério.

— Tá pensando que é quem garoto? Matias nem era para ter se envolvido com sua mãe, foi ela quem o seduziu! Ele não vai assumir esses bastardos sujos.

— Se enxerga mulher, de onde uma menina de doze ia alienar um homem de dezesseis anos. Ele se envolveu com a minha mãe porque ele quis. Vai embora. Ela está de recuperação. E não, ela não vai cancelar o processo por causa do que você está fazendo. Pode ter certeza que eu vou acrescentar isso para audiência da próxima semana.

— Pensa que me assusta moleque?

— Você que me assusta. Já se olhou no espelho? Tu parece um gorila, enquanto eu um mico.

— Gustavo! — ouço uma voz feminina animada... Yara. — Minha mãe me mandou para ajudar sua mãe hoje durante o dia, para você poder trabalhar. — ela chega até a porta.

O momento que eu abaixo a guarda para dispensar Yara, Neusa aproveita para vir para cima da gente.

— Yara, não se mexe. — puxo ela e me abaixo sentindo os socos nas minhas costas.

P0rra... Nunca apanhei de nenhum dos meus pais e padastro, para uma mulher completamente desconhecida me bater. Que lástima.

— Gustavo? Gustavo!? — minha mãe me chama, mas não consegui responder. Só escutava o choro de Yara e dos meninos no quarto.

— Para de bater nele, maluca! Para! — Yara diz entre soluços.

— Ele vai receber tudo que aquela vagabunda da mãe dele ia receber! Ele não quer pagar de super herói!? Agora aguenta, filho da put4!

— GUSTAVO! — minha coroa grita em desespero.

— A única put@ aqui é você. — digo e recebo um soco que faz o ar faltar nos meus pulmões.

Depois de tudo só pude ouvir vozes masculinas. Um grande movimento de vultos. Mas só por garantia apertei as chaves na minha mão. Só vão poder abrir a porta quando eu acordar e saber que minha família está segura.

Assusto. Levanto bruscamente procurando as chaves e não as encontrei. Olho para os lado, tudo branco e vazio. O que diabos aconteceu? Levanto arrancando os acessos do meu braço.

O sangue escorre mas eu não tinha importância com aquilo.

— Gustavo! — Alana vem até mim me abraçando.

— Cadê minha mãe? Onde está meus irmãos!? — pergunto atordoado.

— Estão numa casa fora da Baixa, Gustavo. Era perigoso deixar eles lá. O mais importante é você agora. Vol-

— E Yara? — interrompi ela. Ela morde o lábio. — Aconteceu alguma coisa, Alana?!

— Sim, você priorizou outra pessoa além da sua família acima de você e eu não gostei. — ela fica de bico.

Respiro fundo.

Acalme-se Gustavo. Ela sempre foi assim. Sinal de que está todo mundo bem.

— O que você queria que eu fizesse, Alana?

— Não sei. Ela tem sua idade, é normal. Infelizmente. Por mais que eu devesse ter preferência. — resmunga.

— Ah, jura!? Vai dar piti agora? Agora!? Você tem certeza que é o momento certo!?

— Você nem perguntou por mim!

— Alana você tá na minha frente, bem, inteira, e não estava no local na hora que tudo aconteceu! Eu tenho certeza que você não entrou na Baixa porque me prometeu que nunca mais o faria. Então, para. Não é hora!

— Não gosto daquela menina!

— Eu tô pouco me lixando se você gosta dela ou não! Quem tá aqui agora sou eu, Gustavo. E eu preciso de informações para não enlouquecer! — termino ofegante.

— Você ficou desacordado por um dia. — ela começa a falar sem olhar no meu rosto, está chateada. — Todos estão bem, inclusive a tal Yara que você se fez de escudo para proteger. — respiro fundo de novo. — Por que fez isso?

— Porque ela não tinha nada a ver, Alana. Sossega, beleza? Eu faria o mesmo por você, talvez mais.

Um sorriso mínimo se faz presente no rosto dela.

— Não me convence. — tenta se fazer de difícil e eu arqueio a sobrancelha.

— Que disse que eu quero te convencer? — ela perde o sorriso de imediato.

— Eu só não vou te bater. Porque eu não preciso. — ela espalma a mão nas minhas costas e aperta.

— Aí! — choramingo sentindo meus olhos encherem de lágrimas. — Para de ter ciúme do que não é seu, Alana! — solto sem sentir.

Merda, não era o que eu queria dizer.

— Se não é meu, é de quem?

— De mim mesmo. — viro o rosto de bico.

— Tá bom. — ela ergue os braços se rendendo. — Talvez se eu agir igual a Neusa, você me reconhece.

— Eu vou é fugir para bem longe de tu. — falo com sinceridade.

— Então, de quem você é?

— Seu. — respondo por puro cansaço.

— Bom menino. — ela beija minha bochecha.

Ouço um choro baixo e olho para lado para ver quem era.

— Yara? — ela sai correndo. Olho para tenente que tinha um sorriso travesso nos rosto e solto um suspiro. — Por isso estava agindo mais estranha que o costume.

— Ela disse que você era namorado dela. Não gostei muito do posto de amante.

— Aham. Não chegou nem no ficante, o que dirá amante. — entro para o quarto.

— Você tem parar de ser tão frio comigo.

— Mais frio que eu, só a cadeia. — ela perde a discussão e senta com cara de brava.

Nem me incomodo e começo a olhar o que estavam injetando em mim.

Soro, Tramal e tinha umas agulhas com ampolas do lado.

— Benzetacil. — tenente informa. — Estavam esperando você acordar para aplicar.

— Dispenso.

— Você não tem escolha querido. A enfermeira já está vindo. Se prepare para o esporro que vai levar por ter tirado os acessos.

— É tarde para sumir da sua vida? — pergunto subindo na maca.

— Pensasse nisso antes de me aceitar.

— Se tivesse me dado uma amostra grátis além do seu rosto, eu teria negado.

— Gustavo... — ela ficou com raiva para valer. Vou ficar quieto.

A enfermeira chega e como fui avisado, levei uma grande bronca não só por tirar os acessos. Mas também por causa que o medicamento que eu estava tomando era muito forte e eu não deveria ter levantado de uma vez.

Sofro a grande humilhação de tomar benzetacil. O injeção maldita.

Me deitei.

— Se você fosse ruim de veia, eu iria te maldizer até sua décima quarta geração. — a enfermeira diz rapidamente colocado os acessos de volta após ter limpado o sangue do meu braço.

— Obrigado. — tento acalmar os ânimos.

— De nada. Se tirar eles de novo, vou tacar álcool na sua ferida.

— Entendido. — sorri para enfermeira.

— Que lindo. — ela diz saindo.

Olho para Alana.

— "Que lindo." — imita desdenhosa.

Taquei foi pedra na cruz. Não posso nem encostar na mulher, mas sou propriedade dela. Que situação catastrófica...

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