Kiran estava visivelmente agitado, sua mente fervilhando com uma infinidade de problemas que pareciam se acumular sem solução. A iminência do fim de seus dias como guardião já era uma carga pesada o suficiente, e agora ele tinha mais um fardo para carregar: Munihr. Desde a chegada do lunar, sua vida estava virando um verdadeiro inferno, como se Munihr fosse o causador de todo o caos.
As responsabilidades de Kiran como guardião já eram desafiadoras por si só. Ele tinha dedicado anos de sua vida à proteção de Solaria, conhecendo cada canto e segredo da cidade. Mas à medida que os dias passavam, ele sentia que suas forças estavam diminuindo, e o peso de suas obrigações aumentava.
E então veio Munihr, um lunar que entrou em sua vida como um turbilhão. Desde o primeiro momento em que o guardião colocou os olhos nele, sentiu uma mistura de curiosidade e apreensão. O lunar tinha um ar de mistério ao seu redor, e Kiran não conseguia evitar a sensação de que sua chegada estava ligada ao mal presságio.
Enquanto o líder lunares agia normalmente, comentando sobre estar aliviado com desaparecimento das algemas que antes o aprisionavam, Kiran não conseguia esconder sua impaciência. E a pergunta aparentemente inocente de Munihr sobre seu estado apenas aumentou a irritação do guardião.
O rosto do príncipe se contorceu em uma expressão de profundo desconforto, enquanto uma veia pulsava em sua testa. Com uma das piores expressões que se poderia imaginar, ele soltou, quase rosnando:
— Você é o meu problema!
Munihr, por sua vez, optou por permanecer em silêncio, caminhando ao lado de Kiran enquanto observava o novo mundo ao seu redor, radiante de entusiasmo.
Solaria, era um reino que parecia ter saído diretamente dos filmes de faroeste, situada em um cenário de beleza árida e selvagem. As vastas terras do Velho Oeste eram banhadas pelo sol escaldante, que brilhava impiedosamente sobre as planícies poeirentas e as montanhas imponentes ao longe.
As construções eram predominantemente feitas de madeira, uma escolha prática e abundante na região. A arquitetura refletia o estilo típico e único, com fachadas de tábuas envelhecidas pelo tempo e pinturas desbotadas pelo sol. As cores terrosas, como marrom, bege e cinza, dominavam as construções, fundindo-se harmoniosamente com a paisagem desértica.
A rua principal de Solaria era uma reta que cortava a cidade, com edifícios alinhados em ambos os lados. Saloons, com suas portas de vaivém e varandas de madeira, eram pontos de encontro animados, onde o aroma de uísque e tabaco pairavam no ar. Os moradores e visitantes buscavam diversão e entretenimento, compartilhando histórias e participando de jogos de cartas e apostas. Ao lado dos saloons, encontravam-se lojas de suprimentos, fornecendo alimentos, ferramentas e outros itens essenciais para a vida no Oeste Selvagem.
No coração do Reino desértico, erguia-se a imponente estalagem dos xerifes. Construída com madeira maciça, e suas paredes espessas transmitiam uma sensação de segurança e justiça. No topo da estalagem, uma pequena torre de observação permitia uma visão panorâmica da cidade. Era o ponto central onde os guardiões mantinham a ordem e protegiam os cidadãos contra os perigos que apareciam.
Os solarianos eram uma mistura diversificada de caçadores, fazendeiros, mineiros, comerciantes e aventureiros em busca de fortuna. Eles personificavam o espírito destemido e resiliente, vestindo roupas típicas da época, como chapéus de abas largas, lenços no pescoço, coletes de couro adornados com botões e calças robustas. As botas de montaria eram essenciais para enfrentar o terreno acidentado, enquanto as armas, como revólveres e rifles, ficavam sempre à mão para garantir a proteção pessoal.
Além da cidade, a paisagem desértica de Solaria se estendia além do horizonte. Imponentes cânions, esculpidos pelo tempo, se erguiam ao redor, enquanto formações rochosas majestosas, moldadas pela força do vento, pontilhavam a paisagem. Vastas planícies abertas abrigavam manadas de búfalos e cavalos selvagens, evocando a imagem clássica do Oeste Selvagem.
No topo de um monte, destacando-se majestosamente, encontrava-se o icônico Palácio do Sol. Essa imponente estrutura era verdadeiramente uma visão deslumbrante, com suas paredes feitas de quartzo reluzente que capturavam a luz do sol e a refletiam em tons brilhantes e cintilantes.
O Palácio era conhecido por sua arquitetura grandiosa e única, que contrastava com as modestas construções de madeira da cidade abaixo. Sua forma imponente e elegante era uma mistura harmoniosa de influências do faroeste com toques de requinte e sofisticação.
Uma imensa escadaria, com degraus de pedra polida, levava até a entrada principal do palácio. Cada degrau era cuidadosamente esculpido e parecia brilhar sob a luz do sol, dando a sensação de subir em direção ao céu.
Ali, era o centro político e administrativo de toda a Solaria. Era a residência do guardiões do reino e também abrigava diversos conselheiros e autoridades. E também, onde eram tomadas as decisões que moldavam o destino de Solaria e seus habitantes.
Enquanto seguiam em sua jornada por reino, os olhos de Munihr se encantavam com a grandiosidade e beleza do Palácio do Sol que ia ficando para trás. O lunar, maravilhado, absorvia cada detalhe, aproveitando cada momento dessa nova experiência, encantado com o que seus olhos estavam presenciando. Por outro lado, Kiran não conseguia esconder sua carranca mal humorada.
A caminhada prosseguiu até que eles se depararam com o campanário destruído, resultado dos ataques que haviam assolado Solaria. Kiran ficou em silêncio, imerso em suas lembranças. O que antes fora seu refúgio de criança, onde buscava conforto em meio ao medo da noite e também, o mesmo local onde ele havia feito seu juramento como guardião, um símbolo de sua determinação em proteger sua terra natal, agora estava reduzido a uma estrutura dilapidada e desolada.
Sentindo um aperto no coração, observava os destroços da estrutura. Cada pedra rachada e viga retorcida parecia ecoar a tristeza e a perda que ele sentia. Era como se um pedaço de sua história pessoal estivesse sido destruída diante de seus olhos.
Munihr, atento às emoções do solariano, permaneceu ao seu lado em silêncio, compartilhando seu pesar. Melhor do que qualquer um, compreendia que palavras não seriam suficientes para amenizar a dor que Kiran sentia. Ao invés disso, escolheu a presença silenciosa como forma de apoio, demonstrando solidariedade.
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Atualizado até capítulo 182
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