Ao chegar na delegacia, Kiran se deparou com uma cena caótica. Uma multidão de guardas furiosos se aglomerava em torno da cela onde Munihir estava preso. O lunar, ainda encarcerado, encarava os espectadores com um largo sorriso no rosto, como se estivesse se deleitando com as expressões engraçadas nos rostos dos solarianos diante dele. No entanto, ao avistar Kiran ali, seu sorriso desapareceu repentinamente, criando uma sensação estranha no peito do guardião.
— O que está acontecendo aqui? —interveio, quebrando o silêncio tenso.
Imediatamente, os guardas notaram a presença de Kiran e fizeram reverência, demonstrando respeito pela autoridade que ele representava.
— Esse lunar se recusa a sair! — exclamou um dos guardas, com raiva evidente em sua voz.
O ruivo franziu o cenho, tentando assimilar as informações.
— Por que vocês precisam dele? — questionou, com confusão — Eu pensei que a ordem fosse mantê-lo preso aqui.
— Mas acontece que o conselho quer interrogá-lo sobre os ataques de ontem. Eles suspeitam que o lunar esteja envolvido nisso.
A notícia atingiu Kiran como um soco no estômago. Ele simplesmente não conseguia acreditar que Munihir estivesse envolvido nos ataques. Afinal, o lunar havia passado a noite inteira preso ali. A não ser que todo o plano do ataque tivesse sido arquitetado antes, mas então por que ele teria se entregado tão facilmente quando foi preso? As diversas suposições invadiram a mente do guardião, deixando-o com uma sensação de desconforto e mal-estar. Ele direcionou seu olhar para Munihr, que agora estava de braços cruzados, comportando-se como uma criança fazendo birra. No entanto, não obteve nenhuma resposta do lunar.
Dominado pela raiva e pela desconfiança, Kiran não pôde conter sua pergunta, esperando por uma resposta que talvez nunca chegasse.
— Isso tudo é verdade? — sua voz tremulava de indignação.
Munihir, por sua vez, parecia entediado com toda a situação. Ele respondeu com um tom de desdém.
— Vamos parar com essa enrolação, já estou ficando entediado aqui! —disse ele, levantando-se de sua cela — Se estão me chamando, então irei trocar algumas palavrinhas. Afinal, tenho alguns assuntos pendentes para tratar aqui.
A resposta do lunar apenas aumentou a fúria e o desapontamento de Kiran. Ele buscava desesperadamente por algum indício de brincadeira ou provocação no rosto do homem, já que Munihir costumava agir de forma indiferente e muitas vezes brincalhona. No entanto, desta vez, parecia realmente parecia estar falando a verdade.
Ignorando o ruivo, Munihir abriu a porta da cela com facilidade e saiu, deixando para trás olhares perplexos e surpresos.
— Por que tanto espanto? — Munihir olhou ao redor, desafiadoramente — Meu sol, eu avisei que essas grades não poderiam me prender.
Enquanto ele se afastava, deixando a multidão em choque, Kiran ficou ali, parado e atordoado. A verdade era mais complexa e perturbadora do que ele jamais poderia ter imaginado, e uma sensação de desamparo começou a se infiltrar em sua mente.
...
Munihir permanecia imperturbável no centro do salão, suas mãos algemadas pareciam meramente decorativas, pois todos sabiam que ele poderia se libertar a qualquer momento. Seu sorriso insolente e o brilho desafiador em seus olhos deixavam claro que ele estava desfrutando da situação. Os solarianos ao redor, com rostos contorcidos de fúria e desconfiança, mantinham seus olhares fixos nele, esperando por suas respostas que pudessem explicar os ataques que haviam abalado sua sociedade.
O ancião, com sua postura imponente e expressão séria, dirigiu-se a Munihir tentando manter o controle da situação.
— Criança lunar, você está aqui diante do concelho para esclarecer sua suposta conexão com os ataques que assolaram nosso povo. As evidências são preocupantes, e estamos reunidos aqui em busca da verdade. — fez questão de mencionar a sentença de morte que pairava sobre Munihir, como uma forma de lembrá-lo de sua precária posição.
O lunar ergueu uma sobrancelha, desafiando abertamente as autoridades presentes.
— Ah, o concelho! Que honra ter a atenção de tão ilustres figuras. Aqui estou eu, algemado como um mero criminoso. No entanto, permitam-me lembrar a todos que, embora minhas mãos estejam presas, minha mente permanece livre.
Suas palavras ressoaram pelo salão, provocando uma onda de murmúrios e inquietação entre os solarianos presentes. Os guardiões da luz lado mantinham-se alertas, prontos para intervir caso a situação fugisse ao controle.
Kiran, observando atentamente a cena, sentia uma mistura de curiosidade e temor. Ele conhecia Munihir bem o suficiente para saber que o lunar era capaz de atos surpreendentes e imprevisíveis. No entanto, algo no ar o deixava inquieto, uma sensação de que havia mais do que aparentava na postura desafiadora de Munihir. O príncipe, porém, estava impotente diante da situação delicada que se desenrolava diante de seus olhos. Ele sabia que qualquer intervenção prematura poderia colocar em risco não apenas Munhir, mas também sua própria vida. Era uma situação em que nem mesmo os deuses poderiam intervir para salvá-lo.
Enquanto a tensão aumentava, Kiran se viu envolvido em um turbilhão de pensamentos e emoções. Ele ponderava sobre as possíveis consequências das revelações e se perguntava se estava preparado para enfrentar as verdades que estavam sendo desvendadas.
O ancião, mantendo sua compostura diante do desafio de Munihir, continuou a encará-lo com seriedade.
— As acusações contra você são graves. Os ataques que ocorreram foram devastadores, e nosso povo está sofrendo. Se você possui alguma informação que possa nos ajudar a desvendar essa trama, é sua chance de compartilhá-la.
O lunar soltou uma risada zombeteira, intensificando ainda mais a tensão no ambiente.
— Ah, velho, vocês estão tão curiosos por respostas, mas será que estão preparados para encarar a verdade? Ela pode ser muito mais perturbadora do que vocês podem imaginar.
Uma onda de murmúrios e questionamentos percorreu o salão, enquanto Kiran, em meio ao turbilhão de pensamentos, buscava entender o que Munihir estaria insinuando.
"O que ele quer dizer com isso? O que ele sabe que nós não sabemos?"
— Mas antes de tudo, permitam-me apresentar-me corretamente. Sou Munihr, líder e emissário dos lunares. Estou aqui em paz.
— "Líder?" — Kiran o encarou incrédulo.
O ancião lançou um olhar desconfiado ao lunar, seus olhos percorriam os contornos sombrios e misteriosos que o envolviam. A menção do nome de Munihir trouxe arrepios ao mais velho, mas ele conteve sua surpresa.
— Lunares... seres envoltos em segredos e habilidades perigosas. Vocês manipulam as sombras e possuem um vínculo enigmático com a noite e a escuridão. E você, me parece ser um indivíduo bem especial para ser considerado o líder de seu povo. — indagou o ancião, com cautela.
O lunar revelou um sorriso malicioso, exibindo seus dentes brancos.
— Tenho informações valiosas que podem ser do seu interesse.
Kiran, confuso, ouvia atentamente, sentindo-se intrigado. Que tipo de informações ele teria?
A sala se encheu de murmúrios e inquietude. As palavras de Munihir ecoavam no coração dos presentes, despertando uma mistura de desconfiança e curiosidade.
— E o que nos garante que podemos confiar em você? — questionou um dos guardiões da luz, em tom desafiador.
Munhir enfrentou o olhar com calma e respeito.
— Compreendo suas preocupações. Afinal, eu sou um lunar. Vocês não devem confiar em mim, como bem dizem.
Uma aura de expectativa pairava no ar. Os olhares dos presentes se voltaram para o líder dos lunares.
O ancião levantou a mão, sinalizando a necessidade de calma e reflexão. Hesitou por um momento, ponderando as possibilidades, até que finalmente tomou uma decisão e se acomodou em uma cadeira, enquanto os demais guardiões permaneceram ao seu lado, atentos e alerta.
— Ouviremos suas provas. Se forem convincentes e trouxerem luz à escuridão que nos envolve, estaremos dispostos a ouvi-lo. Mas saiba que nossas decisões são tomadas com cautela e em benefício de nosso povo. Mas isso não anula a sua sentença de morte.
O lunar sorriu satisfeito, ao capturar a atenção do velho guardião e dos demais presentes.
— Excelente. Agradeço pela oportunidade. Permitam-me, então, apresentar minha oferta.
Com elegância, o lunar se acomodou no chão, demonstrando uma confiança inabalável. Sua postura transmitia uma familiaridade com o ambiente, como se estivesse em sua própria casa, causando indignação entre os solarianos que viam aquilo como sinal de desrespeito.
Ele inspirou profundamente, enquanto seu sorriso revelava um ar de mistério.
— Vocês já ouviram falar de Ragnarok?
A sala ficou em silêncio. O nome evocava lendas e mitos antigos, alimentando a curiosidade de todos.
O ancião, curioso, respondeu cautelosamente:
— Sim, nos é familiar. É uma profecia que fala de um evento cataclísmico que trará o fim dos tempos.
Munhir assentiu, sabendo que estava no caminho certo.
— É verdade. Mas o que muitos não sabem é que Ragnarok é mais do que um simples evento destrutivo. É um povo poderoso, dotado de habilidades surreais.
Um murmúrio de surpresa e curiosidade percorreu a sala. Os presentes trocaram olhares perplexos, tentando assimilar essa nova revelação.
— Como assim? Ragnarok é um povo? — indagou Kiran, mais surpreso do que nunca, percebendo que sua voz tinha soado um tanto alta, atraindo os olhares dos seus colegas guardiões.
O lunar assentiu, explicando com clareza.
A salão ficou imerso em um silêncio tenso, enquanto o líder dos lunares, compartilhavam suas informações. A atmosfera estava carregada de curiosidade e incredulidade, enquanto os guardiões da luz absorviam cada palavra com avidez.
Os raios de sol que penetravam pelas janelas altas iluminavam parcialmente a sala, criando um jogo de luz e sombras. As cortinas de veludo vermelho escuro, com seus padrões intrincados, oscilavam suavemente com a brisa que entrava.
Os membros do conselho dispostos em semicírculo, com expressões variando entre a surpresa, a desconfiança e a curiosidade. Alguns mantinham os braços cruzados, enquanto outros apoiavam-se nos encostos das cadeiras, demonstrando sua tensão.
Kiran, observava o líder lunar com uma mistura de ceticismo e fascinação. Seus olhos fixavam-se nas feições enigmáticas de Munihir, tentando decifrar seus segredos.
A sala adornada com tapeçarias antigas, que retratavam batalhas épicas e figuras mitológicas. As paredes de quartzo estavam marcadas pelo tempo, testemunhas silenciosas de inúmeras reuniões e decisões tomadas ao longo dos séculos.
O ar estava impregnado com um aroma suave de incenso, contribuindo para a atmosfera mística e solene. As tochas de chamas douradas, dispostas nos suportes ao redor da sala, lançavam uma luz dançante, criando sombras que pareciam se mover em resposta às palavras de Munihir.
Conforme o líder lunar prosseguia com suas revelações, a tensão na sala crescia. Os murmúrios e sussurros dos guardiões e presentes preenchiam o espaço, enquanto eles discutiam entre si, tentando assimilar a magnitude do que estava sendo compartilhado.
O ancião, com rugas profundas no rosto, levantou-se ligeiramente de sua cadeira, olhando fixamente para o lunar. Com uma voz carregada de curiosidade e ceticismo, ele quebrou o silêncio com suas perguntas.
— E como você adquiriu tal conhecimento? — indagou, com a sobrancelha arqueada — E o que isso tudo tem a ver com os ataques?
Munihr, ciente da necessidade de fornecer provas, respondeu com um sorriso confiante.
— Como líder dos lunares, tive acesso a antigos registros que contam a história de Ragnarok — começou Munihir, enquanto seus olhos percorriam a sala, encontrando o olhar de cada membro do conselho. — Por meio de estudos minuciosos, descobrimos fragmentos de informações ocultas, revelando-nos a verdade sobre esse povo extraordinário.
O ancião assentiu, parecendo intrigado, mas ainda mantendo uma postura cautelosa.
— E sobre os ataques em Solaria... — Munhir fez uma pausa, com um sorriso estranho — é a partir daqui que a história fica ainda melhor.
...
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Atualizado até capítulo 182
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