À medida que Kiran e Munihr se aproximavam da feira, uma sinfonia de cores, sons e aromas envolvia seus sentidos. Tendas vibrantes, com suas lonas desgastadas pelo tempo, se alinhavam em um cenário encantador. Bandeiras coloridas tremulavam no ar, revelando símbolos místicos e padrões intricados.
A atmosfera era impregnada com a fragrância hipnotizante de incenso, que se misturava com os aromas exóticos de especiarias e alimentos preparados na hora. O som de músicas e risadas preenchia o ar, criando uma sensação de alegria e celebração.
Caminhando pelos corredores movimentados da feira, o solariano se maravilhavam com a variedade de barracas e expositores. Joalheiros habilidosos exibiam suas criações brilhantes, com gemas reluzentes capturando a luz do sol e emitindo um brilho mágico. Artefatos místicos eram apresentados em estandes adornados com símbolos antigos, cada um carregando histórias de poder e mistério.
Pequenos frascos de vidro contendo poções encantadas reluziam em cores vibrantes, emanando uma aura mágica e convidando os visitantes a desvendar seus segredos. Em outra parte da feira, gaiolas protegidas por feitiços abrigavam criaturas fantásticas, desde pássaros de plumagem multicolorida até vagalumes em potes de vidro, cada um exibindo sua majestade e exotismo.
Ao caminharem pelos corredores, podia ouvir as vozes animadas dos vendedores fantasmagóricos, entoando cantigas para atrair a atenção dos visitantes. A troca de moedas, o tilintar de joias e o som suave de pergaminhos sendo desenrolados compunham uma sinfonia peculiar.
A cada esquina, havia algo novo e fascinante para descobrir na feira da Cidade Lunar. Pinturas mágicas que ganhavam vida, estátuas que contavam histórias antigas e ervas raras com propriedades curativas eram apenas algumas das maravilhas que Kiran podia encontrar em sua jornada naquele mundo novo.
Enquanto se aventuravam pela feira, o solariano sentia-se cada vez mais envolvido por uma energia elétrica, uma sensação de que nesse lugar mágico qualquer coisa era possível. Ele sabia que teria que se manter vigilante, mas também estava ansioso para explorar e se encantar com os tesouros e mistérios que a aquele lugar tinha a oferecer.
No entanto, algo em uma barraca específica chamou a atenção de Kiran. Uma caveira ambulante, adornada com bijuterias e vestida com trajes coloridos que lembravam os anos 90, vendia uma coleção de objetos curiosos. Seus olhos vazios brilhavam com um tom espectral, e sua voz ecoava de forma assombrosa, mas intrigante.
Kiran sentiu um arrepio percorrer sua espinha enquanto observava a caveira ambulante. Seus olhos se arregalaram de surpresa e um leve medo se instalou em seu coração. Se perguntava como algo aparentemente inanimado poderia exibir tanta vida e personalidade.
Munihr percebeu a expressão do ruivo e soltou uma risada suave, como se soubesse exatamente o que estava passando pela mente do solariano.
— Não se preocupe, meu sol. Marod é apenas mais um dos personagens peculiares que você encontrará aqui no Reino dos mortos. Ele não representa uma ameaça real.
— Mas... como ele pode se mover? E falar? É... assustador.
Munihr sorriu indulgentemente.
— Aqui, o inexplicável é comum. Muitos seres aqui possuem habilidades únicas e surpreendentes. É um lugar onde tudo se torna possível.
Notando a expressão cada vez mais apavorada de Kiran, não conseguiu conter uma risada divertida.
— Qual é dessa cara? Até parece que nunca viu uma caveira antes. Este é o senhor Marod, um dos homens mais engraçados que já vi. — Munihir cumprimentou a caveira com um aceno.
A caveira, que atendia pelo nome de Marod, fez uma pose engraçada e exibiu seus ossos.
O solariano observou a cena com os olhos arregalados, sentindo-se horrorizado e desconfortável com a presença sobrenatural daquele ser.
— Temos aqui um indivíduo bem peculiar? — perguntou Marod, aproximando-se de Kiran para olhá-lo de perto com seus olhos vazios. Enquanto o solariano recuava instintivamente, sentindo-se cada vez mais aflito. — Amigo seu?
Munihr olhou para o príncipe e assentiu em resposta.
A caveira olhou diretamente para ele com seus olhos brilhantes e emitiu uma risada arrepiante, enquanto esfregava as mãos esqueléticas e apontou para sua bancada repleta de objetos diversos.
— Aproxime-se meu jovem! Vejo que você está intrigado com minhas mercadorias. Posso lhe mostrar algo especial? — convidou Marod.
Kiran olhou para o Munihr em busca de orientação, e o lunar apenas assentiu levemente, encorajando-o a prosseguir.
Com cautela, se aproximou da bancada da caveira ambulante. Enquanto examinava os objetos, sua apreensão começou a ceder espaço à curiosidade. Ele ficou fascinado com a variedade de itens, desde amuletos encantados até artefatos antigos de aparência sinistra.
Enquanto Marod explicava as propriedades de cada item, Kiran sentiu seu medo se transformar em fascinação. Ele começou a entender que nem tudo o que era assustador à primeira vista representava uma ameaça. A Cidade Lunar era um lugar onde o incomum se tornava normal, e a magia fluía livremente.
Munihr observava com divertimento a expressão de Kiran, sabendo que o solariano estava começando a superar seus receios.
Depois de algum tempo de contemplação, Kiran finalmente escolheu um pingente em forma de caveira, adornado com pequenas pedras brilhantes cravadas em metal maciço.
— Oh, boa escolha, meu jovem! — exclamou Marod. — Este pingente pertenceu a um dos grandes piratas da Era dourada.
Kiran olhou para o objeto em suas mãos, fascinado com sua beleza e história. Munihr então tirou uma moeda do bolso e a jogou para a caveira.
— Custa uma moeda de um morto, não é? — perguntou.
Marod assentiu com seu sorriso de caveira.
— Aceite-a como pagamento. — disse Munihr.
— Obrigado, criança. — agradeceu. — Mande lembranças aos seus pais, por mim.
— Pode deixar! — respondeu o lunar, sorrindo enquanto deixavam a barraca.
Kiran olhava para Munihr com perplexidade estampada em seu rosto, tentando compreender a situação incomum em que se encontrava.
— Você tem pais? — perguntou, com curiosidade e confusão.
Munihr, por sua vez, olhou para o ruivo com surpresa evidente em seus olhos. Ele não esperava que tal pergunta absurda fosse feita.
— Claro, você não?
A resposta que recebeu apenas aumentou a perplexidade de Kiran. Como poderia Munihr ter pais se ele parecia ser uma pessoa viva em meio a todas as entidades espirituais e aberrações que havia encontrado durante o caminho?
O príncipe continuou a olhar para o lunar, tentando encontrar pistas que o ajudassem a entender a natureza de seu inimigo. Munihr não se assemelhava às entidades mortas que povoavam aquele lugar. Ele parecia completamente vivo, com expressões faciais, movimentos e uma aura de vitalidade que Kiran não esperava encontrar em meio àquele ambiente sobrenatural.
A confusão de Kiran aumentava ainda mais diante dessa aparente contradição. Ele se perguntava o que Munihr estava fazendo na Cidade Lunar e como ele se encaixava naquela realidade peculiar.
Enquanto a perplexidade dominava o solariano, ele sentia uma mistura de fascínio e inquietação.
— O que você é? — questionou Kiran.
Munihr apenas sorriu e respondeu casualmente:
— Eu sou um lunar. Você já sabe disso.
Sua resposta natural e despretensiosa deixou Kiran ainda mais irritado. Obviamente, não era a resposta que ele esperava.
Munihr riu, apreciando a reação de acompanhante.
— Foi a primeira vez que você viu algo assim? — perguntou.
— Já enfrentei demônios e espíritos antes, mas uma caveira que fala? Foi estranho! — Kiran ainda parecia perplexo.
Munihr continuou sorrindo.
— E no final, você acabou comprando um pingente de caveira. Irônico, não?
Kiran olhou para o objeto em formato de caveira em suas mãos, observando-o com fascínio e um toque de descrença em seu rosto.
— Pois é... — murmurou ele, ainda tentando assimilar tudo o que havia vivenciado naquela feira extraordinária — Aquilo que você usou para pagar isso...
O lunar franziu a testa, tentando decifrar o que ele estava querendo insinuar.
— Ah, você diz as moedas?
Kiran olhava para as moedas que Munihr havia tirado dos bolsos com uma expressão de desdém misturada com curiosidade. Já estava se acostumando com as peculiaridades daquele reino, mas ainda assim achava estranho o fato de as moedas serem provenientes de mortos.
— O que você disse mesmo sobre elas? — franziu a testa, buscando esclarecer sua memória.
— São moedas de um morto. E é o que usamos para pagar objetos aqui. — explicou o lunar.
Pela primeira vez, Kiran não ficou surpreso com essa informação.
— Claro... tinha que ter essas bizarrices aqui. — murmurou o solariano, revirando os olhos.
Munihr, percebendo o desdém sobre a face do ruivo, ofereceu-as a ele como um presente. Kiran aceitou, pegando as moedas e olhando para elas com atenção.
— E o que eu faço com isso? — perguntou, ainda demonstrando certo ceticismo.
— Guarde para tomar uma bebida. — sugeriu o lunar.
Kiran o encarou incrédulo. Ele não esperava que a sugestão fosse tão mundana e trivial em meio a um lugar tão repleto de magia e mistério como aquele.
Com um suspiro, guardou as moedas em seu bolso, considerando a idéia de realmente pegar uma bebida. Já estava preso ali naquele mundo, o que mais tinha a perder?
Ainda na feira daquele cidade, além das maravilhas mágicas, o solariano também notou uma rica presença da cultura humana. Era fascinante ver como elementos e referências do mundo mortal encontravam seu lugar naquele ambiente místico.
Em uma das barracas, Kiran avistou um expositor que exibia antigas pinturas retratando paisagens deslumbrantes, retratos de pessoas famosas e cenas históricas. Essas obras de arte capturavam a essência da cultura humana, transmitindo emoções e contando histórias através de pinceladas e cores vibrantes.
Outra barraca chamou sua atenção com uma coleção de livros antigos e pergaminhos. Kiran folheava as páginas amareladas e cheias de sabedoria, encontrando contos épicos, poesias encantadoras e ensinamentos de filósofos e pensadores. Cada obra era um tesouro que preservava a herança cultural da humanidade.
Enquanto explorava mais profundamente a feira, logo se deparou com um palco onde músicos e artistas se apresentavam. O som de instrumentos familiares, como violinos e guitarras, misturava-se com melodias exóticas e batidas ritmadas. A dança dos artistas evocava movimentos fluidos e graciosos, trazendo à vida tradições culturais de diferentes partes do mundo humano.
No entanto, ao perceber que a maior parte dos visitantes e moradores eram mortos que já tinham vivido algum dia, Kiran sentiu uma mistura de fascinação e inquietação. Ele compreendeu que aqueles que agora habitavam a Cidade Lunar ainda carregavam fragmentos de suas vidas passadas, suas histórias e conhecimentos.
Os vendedores espirituais, com suas aparências etéreas e voz sussurrantes, compartilhavam histórias e experiências do mundo humano. Eles traziam consigo a sabedoria e a riqueza cultural que haviam acumulado durante suas existências terrenas. Era como aquele reino fosse um lugar de encontro entre o mundo dos vivos e dos mortos, onde a cultura humana continuava a ser valorizada e celebrada.
Kiran sentiu uma mistura de respeito e curiosidade em relação ao seres das sombras. Reconhecendo que, embora fossem seus inimigos, eles estavam conectados à sua humanidade passada, trazendo consigo uma essência única que enriquecia ainda mais a experiência cultural daquele novo mundo descoberto por ele.
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Atualizado até capítulo 182
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