Em uma era remota, deuses caminhavam entre os mortais, influenciando o destino dos reinos. Ragnarok era um desses reinos, uma terra de beleza e esplendor onde a magia fluía livremente. No entanto, por trás dessa fachada idílica, escondia-se um profundo ressentimento e um desejo de vingança.
Os ragnarokianos, uma raça orgulhosa e poderosa, carregavam um fardo pesado em seus corações. Em um momento de desespero, eles clamaram pelos deuses em busca de auxílio, mas foram cruelmente ignorados. A fé dos ragnarokianos foi corroída pelo abandono divino, alimentando um remorso profundo e um desejo ardente de vingança.
Movidos por esse desejo, eles se voltaram para as sombras, explorando a escuridão em busca de poder e conhecimento além da compreensão comum. Mergulharam em segredos antigos e dominaram energias cósmicas, buscando a força necessária para desafiar os deuses em sua própria morada.
Solaria, o reino onde as divindades do Sol eram reverenciadas, tornou-se o alvo principal desse povo. Atacar Solaria era uma forma de manifestar sua irá e exigir que os deuses enfrentassem as consequências de suas ações. Mas o plano de vingança de Ragnarok não se restringiria a um único reino. Eles buscavam desafiar os deuses e espalhar o medo e a apreensão pelos domínios celestiais.
A cada passo em direção aos reinos divinos, os descendentes de Ragnarok fortaleceram seu poder, preparando-se para uma batalha épica contra os deuses. Estavam determinados a buscar vingança e justiça após terem sido deixados de lado e traídos.
Os eventos que outrora estavam relegados ao passado agora se repetiam diante dos olhos da nova era de paz. O ataque em Solaria servia como um lembrete sombrio de que a história estava se repetindo, trazendo consigo as cicatrizesa do abandono e a sede de vingança dos descendentes de Ragnarok.
Os deuses, que antes acreditavam que seu poder era inabalável, agora eram confrontados com a mesma traição que haviam infligido aos ragnarokianos há tempos atrás. Enquanto a notícia corria entre as sombras do mundo e se espalhava pelos reinos divinos, o medo e a apreensão se instauravam entre os deuses.
À medida que os fragmentos dispersos da história eram reunidos, os deuses se confrontavam com a realidade de que a revolta de Ragnarok não era apenas uma lenda distante, mas uma ameaça iminente. A batalha em Solaria era apenas o começo de uma guerra que se aproximava, uma guerra que poderia redefinir o equilíbrio entre deuses e mortais.
...
Após o relato de Munihir, um silêncio tenso preencheu o salão, pairando no ar como um pesado véu de incerteza. Os céticos presentes não estavam dispostos a aceitar suas palavras sem provas concretas. Olhares desconfiados se voltaram para o lunar, esperando evidências para sustentar suas afirmações.
Percebendo a desconfiança em meio à assembleia, Munihir soltou uma risada suave, revelando um leve traço de despreocupação.
— Parece que convencê-los não será uma tarefa fácil. — disse ele, mantendo a calma em meio à pressão crescente. — E então, velho, eu sei que você conhece essa história. Não precisa fingir espanto.
O ancião se viu confrontado com aquelas palavras, uma mistura de surpresa e resignação se estampou em seu rosto enrugado. Como guardião aposentado, ele carregava consigo o conhecimento das histórias que haviam sido obscurecidas pelo passar do tempo. Era impossível negar sua familiaridade com os eventos que Munihir havia mencionado.
Com uma expressão séria, o ancião dirigiu-se ao líder dos lunares, escolhendo cuidadosamente suas palavras para enfrentar a situação delicada que se desenrolava.
— E o que você sugere, criança lunar?
Munihir observou a sala atentamente, percebendo o desafio que tinha pela frente. Ele sabia que precisava oferecer algo mais do que meras palavras para conquistar a confiança dos presentes.
— Uma aliança.
Os murmúrios de discórdia se espalharam entre os presentes, causando ainda mais tumulto no salão. A desconfiança e o preconceito dificultavam a aceitação de suas palavras.
Kiran, sentindo-se dividido entre suas crenças, travou uma batalha interna consigo mesmo. Embora suas convicções o levassem a hesitar em confiar em um lunar, algo profundo dentro dele o impedia de agir de forma diferente, e considerar a proposta feita por Munihir.
Com coragem, kiran deu alguns passos à frente, aproximando-se do ancião com uma expressão séria e respeitosa. Ele se curvou diante do homem, demonstrando reverência e respeito.
— Eu... confio nele — quando se deu conta, as palavras já tinham escapado de sua boca.
Olhares de repugnância e desaprovação caíram sobre ele. O ruivo engoliu em seco, consciente de que estava indo contra as expectativas e tradições de seu próprio povo.
Munihir o encarou por um momento, surpreso com a coragem demonstrada por um solariano. Um sorriso mínimo surgiu em seus lábios.
Ao ouvir seu nome ser pronunciado pelo ancião, Kiran voltou a se ajoelhar, ciente da gravidade de suas palavras. O peso de sua escolha pesava sobre seus ombros, mas ele estava determinado a enfrentar as consequências.
— Kiran, ao proferir essas palavras, você está indo contra os ideais que nos guiam. Você tem plena consciência da decisão que tomou? — questionou o ancião, com seriedade.
Kiran mordeu os lábios, sentindo a tensão no ar. A besteira já estava feita e não havia como voltar atrás em suas palavras.
— Sim, estou ciente — respondeu ele, baixando a cabeça. — Aceitarei qualquer punição imposta e deixo minha vida nas mãos do conselho.
O ancião suspirou, enquanto um outro guardião ao seu lado, colega de Kiran, tomou a palavra.
Rylan era um guardião solariano de confiança que atuava como um dos conselheiros próximo ao ancião. Sua função era auxiliar os principais líderes na tomada de decisões importantes, fornecendo orientação e perspectivas valiosas com base em sua experiência e sabedoria. Rylan também era conhecido por sua serenidade, calma e sabedoria, sendo respeitado por sua visão equilibrada e imparcial. Sua presença era quase mais importante do que a do próprio ancião.
— Por que você confia nesse lunar? — perguntou.
O príncipe procurou as palavras certas, mas a verdade era que não havia motivos concretos para sua confiança. Ele simplesmente confiava. No entanto, não podia mentir diante do conselho.
— Eu... — começou a dizer, mas foi interrompido pelo lunar, que soltou uma risada.
O riso de Munihir ecoou no salão, atraindo olhares de ódio todos para si. Aquele comportamento era considerado uma afronta pelos solarianos.
Kiran olhou o homem perplexo, sem entender o motivo de sua risada. O que ele estava pensando?
— Por favor, pare! — sussurrou.
Após alguns momentos, o líder dos lunares finalmente se recompôs.
— Se alguém salva sua vida, você não pode demonstrar um pouco de gratidão? — indagou Munihr.
Kiran ficou surpreso pelas palavras de Munihir. Ele observou uma pequena tensão crescente entre o lunar e seu colega, preocupado com o rumo que aquela discussão estava tomando. Sentia a necessidade de intervir para acalmar a situação, mas antes que pudesse falar, Rylan lançou um olhar furioso para Munihir, revelando seu profundo ódio pelos lunares.
— Calado, intruso! — esbravejou — Quando for solicitado que você fale, então fale. Caso contrário, mantenha sua boca fechada e lembre-se de que você ainda está vivo graças à intervenção do meu senhor, que tem sido muito atencioso, e agradeça ao Kiran também por isso. Mas se está tão animado assim para falar, me diga, qual é o seu problema com o povo de Ragnarok?
O lunar permaneceu inabalável diante das palavras do guardião, seus olhos transmitiam uma calma enigmática que contrastava com a raiva do solariano.
— "Problema?" Nenhum.
Um murmúrio de surpresa percorreu o local, e, Rylan, aparentemente calmo, mas ainda irritado, não estava satisfeito com a resposta.
— Então, por que nos propõe uma aliança? — perguntou com um olhar desafiador.
Munihir ergueu levemente as sobrancelhas, como se considerasse a pergunta. Então, ele respondeu com uma dose de sinceridade inesperada.
— Vocês são dignos de pena. Vejo os conflitos e a dor que afligem seu povo. E, apesar das diferenças entre nós, sinto compaixão. Por que não ajudá-los?
As palavras do lunar ecoaram pelo salão, deixando uma atmosfera de perplexidade. Era incomum ouvir o inimigo expressar empatia.
Rylan, por um instante, ficou sem palavras. Ele olhou ao redor, buscando apoio nos rostos confusos dos presentes. Mas não havia respostas prontas para aquelas palavras inesperadas.
A tensão pairava no ar, enquanto todos tentavam processar a mudança na dinâmica da conversa. E então, antes que a situação piorasse, Rylan resolveu mudar de assunto.
— Kiran, você ainda não respondeu à minha pergunta — repetiu, com a voz carregada de urgência.
O príncipe sentiu um nó na garganta, consciente do peso daquela pergunta.
— O tempo que compartilhei com o lunar revelou um ser notável, alguém com conhecimentos extraordinários e uma vontade genuína de ajudar. Eu... eu sinto que posso confiar nele, mesmo sem entender completamente o motivo — Kiran falou com um sussurro carregado de verdade e vulnerabilidade. — Talvez, apenas talvez, uma aliança entre nossos povos seja possível neste momento crucial, para que juntos possamos deter nosso inimigo comum.
As palavras de Kiran não satisfizeram completamente Rylan, que procurou o apoio no mais velho ali presente em busca de uma resposta mais clara. O ancião, no entanto, apenas acenou com a cabeça em aprovação.
— Deixe-o, Rylan. Estamos aqui para conversar e entender. Não devemos ser injustos com nossos próprios aliados. Agindo assim, nos igualaríamos ao inimigo — disse o ancião.
Munihir, como um lunar, sentiu uma pontada de dor ao ouvir aquele comentário, pois era evidente que havia sido uma ofensa ao seu povo. No entanto, optou por ignorar a provocação por enquanto e focar no objetivo maior.
Rylan, exalando frustração, suspirou.
— Está bem, então. Encerro minhas palavras — declarou, dando um passo para trás.
O ancião levantou-se, emanando uma aura de sabedoria e compreensão.
— Analisaremos a proposta junto ao conselho. Até lá, Munihir.... deverá permanecer em Solaria. Alguma objeção, criança? — o ancião perguntou, direcionando-se ao lunar.
Munihir sacudiu a cabeça lentamente.
— Se assim desejam... que seja feito. Embora não veja motivo.
O ancião voltou sua atenção para Kiran, emitindo um comando solene.
— E você, Kiran Dawnrider! Será responsável pelo lunar até que a decisão seja tomada. Se ele deixar o reino, você já sabe como deve agir.
O ruivo sentiu um arrepio percorrer sua espinha, a gravidade da situação pesava sobre seus ombros. Ele engoliu em seco, mas seu olhar mostrava determinação e um senso de responsabilidade inabalável.
— Sim, senhor.
Com as formalidades concluídas, o ancião encerrou a audiência, deixando o local seguido por sua comitiva de guardiões. O salão ficou em silêncio, e Munihir permaneceu no centro, cercado pela expectativa e incertezas. Calmo e indiferente diante das ameaças veladas.
Kiran permaneceu ajoelhado, sentindo o peso avassalador daquele momento. O turbilhão de emoções se intensificou dentro dele, enquanto tentava processar o rumo que suas palavras tinham tomado e as implicações profundas de sua decisão.
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Atualizado até capítulo 182
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