O coração de Kiran batia descompassado enquanto Munhir era encarado pela multidão enfurecida de guardiões. As vozes raivosas ecoavam pelo salão, repletas de ódio.
— Ficou louco? — sussurrou Kiran, nítido o desespero em sua voz — Você não tem ideia de onde está e o perigo que está enfrentando!
Munhir olhou para o ruivo, seus olhos vazios brilhavam com uma mistura de curiosidade e calma inexplicável.
— Está preocupado comigo? — perguntou ele.
Kiran ficou momentaneamente sem palavras, incapaz de articular a intensidade de suas emoções. Ele olhou para os guardiões ao redor, percebendo que a ameaça era real e iminente. A tensão no ar era quase palpável, e Munhir permanecia diante deles, aparentemente imperturbável. Seu olhar denotava ousadia, uma coragem que desafiava as circunstâncias adversas que o cercavam.
— E uma honra, conhecê-los. Vejo aqui, guardiões formidáveis. — Munhir desviou o olhar da multidão hostil para o conselho, sua voz carregada de ironia — E que recepção mais... calorosa.
Os murmúrios na arquibancada aumentaram, as vozes indignadas preencheram o salão. Kiran observava a cena com angústia, sentindo o peso do conflito pairar no ar. Ele sabia que era preciso agir antes que a situação saísse de controle.
Os guardiões, com olhos ardentes de ódio, apontavam suas armas douradas em direção ao lunar, prontos para atacar. A situação parecia desesperadora, e ruivo sabia que precisava agir rápido para proteger aquele que, de alguma forma, despertava uma conexão única dentro dele.
Sem hesitar, ele se lançou na frente de Munhir, estendendo os braços para protegê-lo e abaixando a cabeça em um gesto de rendição.
— Não! Não façam isso! — exclamou, com sua voz carregada de desgosto e repulsa.
As palavras ecoaram no salão, silenciando a multidão que ficou momentaneamente atordoada com sua ousadia. Kiran sentia seu coração pulsando com uma mistura avassaladora de emoções. Ele não entendia completamente a razão de suas ações, mas sabia que estava agindo por instinto, seguindo um chamado profundo que o impelia a proteger aquele que deveria ser seu inimigo.
Munhir fitou Kiran com um olhar penetrante, buscando compreender a motivação por trás daquele gesto corajoso. Embora sua expressão permanecesse impassível, o ruivo podia perceber uma centelha de questionamento em seus olhos.
O silêncio permaneceu sobre o local, apenas quebrado pelo som das respirações pesadas e o farfalhar das vestes dos guardiões. Mas logo foi rompido por uma voz furiosa entre a multidão.
— Maldito Lunar! Mate-o agora mesmo!
O ódio e a violência pareciam prestes a desencadear uma tragédia, mas antes que qualquer ação pudesse ser tomada, uma figura imponente entrou no salão.
O ancião, um homem de estatura imponente e postura majestosa, emanava uma aura de sabedoria e experiência acumuladas ao longo dos anos. Seus cabelos prateados, cuidadosamente penteados, destacavam-se em contraste com a pele enrugada, testemunha dos inúmeros desafios enfrentados ao longo de sua vida. Seus olhos, profundos e penetrantes, refletiam uma mistura de serenidade e determinação, revelando uma compreensão profunda dos caminhos do mundo.
Vestido como um cowboy, o ancião transmitia respeito e autoridade. Sua vestimenta era composta por um chapéu de abas largas, camisa de tecido rústico e jaqueta de couro desgastada pelo tempo. Um cinto com uma fivela reluzente envolvia sua cintura, e suas botas de couro estavam marcadas pelas trilhas percorridas nas vastidões do Velho Oeste. Essa figura envelhecida e marcada pelo tempo personificava a essência dos heróis que cavalgaram pelos campos empoeirados e enfrentaram os desafios da fronteira.
Ao lado do ancião, estavam os outros guardiões da mesma tropa à qual Kiran pertencia. Homens e mulheres de diferentes idades, mas com um ar de camaradagem e lealdade mútua. Eles usavam chapéus de cowboy, coletes de couro adornados com distintivos de xerife e calças robustas. Cada um carregava consigo uma arma, seja uma pistola reluzente ou um rifle confiável, prontos para defender a justiça e a segurança do território.
Naquele momento, todos ali presentes se ajoelharam em reverência, enquanto o ancião passava. Kiran fez o mesmo, sentindo o peso da presença do ancião e reconhecendo a autoridade que ele representava. No entanto, Munhir permaneceu de pé, confiante e destemido, encarando o ancião sem se intimidar.
O ancião ergueu a mão, silenciando a multidão. Seu semblante sério e sábio transmitia uma aura de autoridade e sabedoria que comandava respeito.
— Basta! — declarou ele, sua voz ecoando no salão com uma serenidade que acalmou os ânimos — Não tomem ações precipitadas. Precisamos entender o que está acontecendo aqui.
O silêncio se instalou no local, enquanto todos os olhares se voltaram para o guardião mais experiente. Kiran, ainda ajoelhado, sentia-se ainda mais tenso, percebendo que a situação poderia piorar a qualquer momento. O suor frio escorria por sua testa enquanto ele buscava desesperadamente uma solução para acalmar as chamas do conflito.
O ancião dirigiu seu olhar para o jovem lunar, estudando-o atentamente. Os segundos pareciam se arrastar enquanto o conselho aguardava sua decisão.
Finalmente, o ancião falou, com a voz carregada de ponderação:
— Por desafiar nossa ordem e invadir Solaria, você está preso.
Os olhos de Munhir permaneciam fixos no ancião, transmitindo uma calma assustadora. Seu olhar, penetrante e destemido, parecia desafiar a autoridade do ancião, mesmo diante da iminente prisão.
Os guardiões trajados, aproximaram-se de Munhir com cautela, enquanto um deles algemava o lunar. O ambiente tenso no salão era palpável, e Kiran, observando tudo isso, sentindo seu coração apertado de angústia e desespero.
Enquanto as algemas eram colocadas nas mãos de Munhir, o som metálico ecoava no salão, como um lembrete do peso de suas ações. Kiran, ajoelhado e impotente, observava o lunar ser aprisionado, sentindo-se ainda mais angustiado diante da incerteza do que aconteceria a seguir.
Após um breve momento de silêncio, a prisão foi concluída. Os guardiões cercaram Munhir, formando uma escolta imponente que seguia à frente. O homem, com as mãos algemadas, caminhava com a cabeça erguida, sua expressão ainda carregada de uma calma assustadora. A atmosfera ao redor era tensa, e o som dos passos marcados dos guardiões ecoava pelo corredor, anunciando a marcha da justiça.
Enquanto a tropa se afastava, o ancião e Kiran ficaram para trás, lado a lado. O olhar do mais velho encontrou os olhos do príncipe, e um gesto suave indicou que ele o acompanhasse. Kiran sentiu o peso daquele olhar, uma mistura de seriedade e compaixão, e soube que estava prestes a embarcar em uma jornada que poderia mudar o rumo dos acontecimentos.
Ele levantou-se do chão empoeirado, sacudindo as vestes e reunindo sua coragem. Como guardião, tinha um dever inalienável de buscar a justiça, de lutar pela harmonia e pela segurança daqueles que precisavam. Sabia que, independentemente do que estivesse por vir, deveria seguir o seu juramento acima de qualquer coisa.
...
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Atualizado até capítulo 182
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