Kiran despertou abruptamente em seu quarto, com o coração batendo acelerado e o rosto coberto de suor frio. Ainda atordoado pelo sonho perturbador que acabara de ter, ele lutou para separar a realidade daquelas imagens vívidas que assombravam sua mente.
No sonho, Kiran se viu novamente diante de Munihr, cujo sorriso sombrio e tenebroso lançava sombras sinistras ao seu redor. Sentiu-se impotente enquanto o lunar acariciava seu rosto, suas palavras sussurradas ecoando em sua mente.
Palavras antigas e desconhecidas dançavam no ar, formando imagens e memórias que atormentaram o solariano. Rostos familiares surgiram diante dele, assim como lugares que há muito tempo havia esquecido. A escuridão parecia envolvê-lo, e a atração de Munihr se intensificava.
Com um sorriso macabro, o lunar sussurrou ao ouvido de Kiran:
— Venha comigo, meu sol.
O terror se apoderou do solariano quando Munihr agarrou seu pescoço e começou a pressioná-lo, sufocando-o lentamente. A sensação de asfixia se intensificou e Kiran lutou para se libertar, mas suas forças pareciam inúteis contra o domínio do lunar.
Nesse momento de desespero, Kiran despertou, sua mente retornando ao mundo real. As batidas persistentes na porta ecoavam pelo quarto, interrompendo o eco do sonho em sua mente. Ele sentiu alívio ao perceber que tudo não passava de um pesadelo, mas a lembrança das sensações aterrorizantes ainda o assombravam.
Com o coração ainda acelerado, Kiran olhou ao redor, reconhecendo seu quarto familiar e acolhedor. Lembranças fragmentadas da noite anterior voltaram à sua mente, recordando o encontro com o lunar e o mergulho no lago, que parecia abrir um portal para outra dimensão. Ele se lembrava de acordar em Solaria, mas o que aquele sonho perturbador significava?
Enquanto as batidas na porta continuavam, o ruivo superou sua agitação e decidiu enfrentar o visitante. Ao abrir a porta, deparou-se com Hamal, seu leal braço direito, vestindo sua armadura dourada e exibindo um sorriso irônico.
— O que faz aqui? — perguntou Kiran, com um tom de desânimo.
Hamal respondeu com um toque de humor:
— Bom dia pra você também, príncipe. Vejo que está de mau humor como sempre?
— Por que não deveria estar, olhando para essa sua cara feia? — retrucou.
Hamal riu, conhecendo bem o temperamento do ruivo e sabendo que, apesar das aparências, Kiran era um bom amigo e aliado leal.
— Quem deveria estar de mau humor sou eu — disse o soldado, suspirando. — Você me colocou em uma situação difícil.
Kiran parou para refletir, percebendo a verdade nas palavras de Hamal. No impulso de sair de Solaria e buscar o responsável pelo ataque ao reino, ele agira sem pensar nas consequências, trazendo problemas não apenas para si mesmo, mas também para seus companheiros.
— Me desculpe — disse Kiran, sinceramente.
Hamal suspirou, passando a mão pelos cabelos dourados enquanto ponderava sobre a situação.
— Está perdoado, príncipe. Mas saiba que o conselho não será tão indulgente.
— É por isso que está aqui? — perguntou Kiran.
Hamal assentiu, com uma expressão séria no rosto.
— Sim, o conselho deseja falar com você. Eles esperam explicações sobre suas ações e estão preocupados com a segurança de Solaria. Eu vim para escoltá-lo — disse com seriedade em sua voz.
— Me dê um tempo. — pediu Kiran, fechando a porta na cara de Hamal enquanto ele ainda falava.
Kiran sentou-se em sua cadeira, mergulhado em profundos pensamentos. O sonho que tivera com Munihir ecoava em sua mente, deixando-o inquieto. Desde que o nome do lunar surgira em sua vida, tudo havia mudado drasticamente.
Não era apenas o encontro recente que o preocupava. Havia lembranças antigas, como aquela missão com os outros guardiões, onde o nome de Munihir foi mencionado pela primeira vez. Naquele momento, apenas o nome fora o suficiente para chamar sua atenção. E, a partir dele, Kiran formou suas próprias conclusões sobre quem poderia ter sido o responsável pelos ataques em Solaria.
Agora, porém, questionava suas próprias suposições e ações precipitadas. Ele estava enfrentando as consequências de seus erros, confrontando a realidade e suas próprias ideias distorcidas. O nome de Munihir era como um presságio sombrio, uma fonte de má sorte. No entanto, o rosto do jovem lunar permanecia em sua mente, assim como o momento significativo que compartilharam à beira do lago.
Kiran sabia que precisava reavaliar tudo o que acreditava. Precisava confrontar Munihir, entender sua verdadeira natureza e descobrir a conexão entre eles. Talvez houvesse mais do que aparentava, mais do que Kiran conseguia entender no momento.
Ele sentia um peso insuportável se instalar em seus ombros, como se todo o peso do reino estivesse sobre si. Um turbilhão de emoções o invadiam, misturando-se ao arrependimento e à incerteza que o consumiam.
Uma sensação de culpa o envolveu, como se estivesse afundando em um abismo de autodúvida. Ele questionou suas próprias escolhas mais uma vez, refletindo sobre o impacto que suas ações impulsivas poderiam ter tido em Solaria e em seu papel como príncipe e guardião do reino. A preocupação com a segurança de seu povo pesava em seu coração, e o medo de desapontar aqueles que confiavam nele era avassalador.
Após vestir sua roupa de couro e sua imponente armadura dourada, Kiran pegou seu chapéu e suas pistolas douradas, símbolos de sua posição como guardião. Ele sabia que, independentemente do que fosse decidido no conselho, teria que enfrentar as consequências de suas ações e possivelmente abrir mão de seu título de guardião. Mas ele estava disposto a aceitar esse destino se isso significasse proteger o reino e encontrar a redenção.
Com o coração pesado, seguiu Hamal pelos corredores do palácio em direção ao salão do conselho. O silêncio ao seu redor era opressor, mas ele tentou se agarrar à única fagulha de esperança que lhe restava.
Enquanto se aproximavam cada vez de seu destino, Kiran respirou fundo e encontrou dentro de si uma chama de coragem. Ele estava pronto para enfrentar as perguntas difíceis, aceitar as consequências e, com esperança, encontrar uma maneira de restaurar a confiança e a segurança em Solaria.
As portas maciças do salão se abriram lentamente, revelando o imponente salão banhado a luz do sol. Kiran sentiu seu coração acelerar, enquanto o olhar de todos os guardiões e anciãos de Solaria se voltavam para ele. A sala estava silenciosa, exceto pelo suave eco de seus próprios passos enquanto ele caminhava em direção ao centro do salão.
Cada rosto no conselho exibia uma expressão séria e imperturbável, olhos penetrantes que pareciam ler a sua alma. A sensação de ser julgado por aqueles que ele respeitava e admirava era avassaladora. Kiran se sentiu exposto, como se todos os seus erros e fraquezas estivessem sendo exibidos diante de seus olhos.
Ao chegar ao centro do salão, Kiran parou. O silêncio era ensurdecedor, e ele podia sentir a intensidade do momento. A sala estava impregnada de expectativa e tensão.
O solariano olhou para cada rosto conhecido, reconhecendo a gravidade de suas posições e a importância de suas palavras. Ele sabia que, independentemente do resultado desse julgamento, sua jornada como líder de Solaria seria definida por esse momento.
Um gesto inesperado ocorreu. Hamal, que o havia acompanhado até ali, se ajoelhou ao seu lado. O ruivo ficou momentaneamente surpreso, mas logo percebeu a profundidade de seus atos, que o soldado estava fazendo aquilo, por sua causa. Já que era ele, o culpado por tudo que Hamal havia passado desde a sua partida. Kiran lançou um último olhar para o aliado, e também se ajoelhou, demonstrando respeito e humildade diante do conselho.
Um dos guardiões, vestido com uma armadura dourada que reluzia à luz do sol, dirigiu-se a ele com uma voz grave e solene. Seu tom carregava a seriedade do momento, enquanto questionava sua ações.
— Kiran Dawnrider, Deus do Sol, você está sendo julgado por suas ações ao agir sem o consentimento deste conselho. Está ciente das consequências de seus atos? — indagou o guardião.
Kiran engoliu em seco, sentindo a pressão sobre seus ombros. Ele ergueu a cabeça com determinação e, em um tom claro e firme, respondeu:
— Eu, Kiran Dawnrider, estou ciente das minhas ações.
Suas palavras reverberaram pelo salão, ecoando a sinceridade e a responsabilidade que ele assumia. O conselho permaneceu em silêncio, observando Kiran e Hamal ajoelhados perante eles. Cada membro ali presente parecia avaliar meticulosamente as palavras e a postura dos dois jovens.
O ruivo sentia a intensidade do olhar de cada um, e o peso da responsabilidade que recaía sobre ele. E permaneceu firme, pronto para enfrentar o que quer que viesse em seu caminho.
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Atualizado até capítulo 182
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