— Sabe, eu achei que não tinha nada a perder, que a dona Carmem estaria sempre ali para mim, mas não foi assim.Eu perdi minha mãe no nascimento e embora seja ruim não ter uma mãe, eu não sofri efetivamente a dor de perder ela, eu não fazia ideia de que doía tanto.É... desculpa, eu não sei o que me deu.
Dan tentou se afastar.
— Não.Por favor, continue, eu estou ouvindo.
— Depois que a dona Carmem se foi, eu vivo constantemente com medo de perder.
— Eu entendo como se sente.Confesso que ainda sofro pela morte da minha esposa, espero que não se irrite com isso.
— De modo algum.Pode falar nela sempre que quiser.
— Obrigado.Você é incrível!
— Como consegue se envolver com outra pessoa após passar pela dor da perda?Não tem medo de perder outra vez?
— Eu não penso pelo lado da perda.Só me lembro das alegrias que tive ao lado dela, do presente que me deixou, o Otto, e sei que ela quer muito que eu seja feliz.É o que penso.
— Como consegue?
— Não é tão difícil, pense na pessoa que você perdeu, quantas risadas deram juntas?Quantos abraços?Quantas celebrações?Quantas vezes se consolaram juntas?
— Foi a melhor parte da minha vida.
— Você realmente a amou como mãe.
Concluiu Otilo vendo o brilho nos olhos dela.
— Sim.
— Vamos, podemos continuar essa conversa no jantar.
— Vamos.
Assim que saiu do quarto, Otto apareceu.
— Para onde estão indo?
— Jantar.
Respondeu Otilo. Dan, além de estar desconfortável com o vestido, sempre se sentia deslocada perto de Otto, sabia da sua opinião sobre o seu casamento só de observar como ele a olha.
— Esperem um minuto, só preciso pegar algo no meu quarto.
— Você quer ir conosco?
Otilo não acreditava nisso.
— Por que não?
— Por...
— Nós vamos te esperar aqui, Otto.
Dan interrompeu Otilo. Já era ruim Otto não gostar dela gratuitamente, imagina se arranjasse um motivo.
Otto entrou em seu quarto.
— Dan!
— O que foi?
— Você estragou nosso jantar de novo!
Ele estava aborrecido de verdade.
— Eu... Não foi de propósito.
Otilo deu as costas e caminhou até o elevador. Dan não sabia se o seguia ou se aguardava Otto. Sua cabeça girou de tanta confusão.
— Você não vem?
Ele perguntou, já dentro do elevador.
— Sim, vou.
Se apressou e entrou também. Ele estava com cara de bravo e isso fez Dan ficar encolhida num canto.
De repente as luzes se apagaram e o elevador parou.
— Meu Deus! O que foi isso?
— Queda de energia, provavelmente.
Otilo ainda estava frio e não se aproximou dela mesmo após a luz se apagar.
— E agora?
— Só podemos esperar que tenham um gerador ou que a energia volte.
O coração de Dan acelerou e a respiração ficou pesada. Se agachou em silêncio tomada de pânico. O ar foi se tornando mais escasso e as lágrimas desceram em cascata.
— Dan?
Ela não quis responder. Otilo ouviu seu fungado e percebeu que estava chorando. Se aproximou dela e a encontrou encolhida.
— Dan, está com medo?
— Dan?
Ela apenas o abraçou forte ficando de joelhos de frente para ele.
— Minha querida, vai ficar tudo bem...
Afagou os cabelos dela e secou suas lágrimas.
— Por que você me deixa tão fraca? Eu não sou chorona assim.
Ele sorriu e beijou seu rosto ainda úmido. Em seguida beijou seu nariz frio e então beijou seus lábios.
No mesmo instante a luz voltou. Dan abriu os olhos e o rosto dele ainda estava bem perto. Dois pares de olhos verdes se analisavam vividamente.
Ele ficou de pé ao sentir o movimento do elevador e deu a mão para ela se erguer. Sem nenhum aviso a puxou para junto do seu corpo, colando as costas dela em seu peito sem soltar sua mão, ficando assim, os dois abraçados.
Ela ergue a cabeça e olhou para ele, no mesmo momento a porta do elevador se abriu.
Otto chegou no saguão instantes depois e seguiram para o restaurante.
— Pai, falei com a tia Bárbara hoje e ela disse que virá nos visitar em breve.
— Não tenho tempo para recepcionar visitas, estamos aqui a trabalho.
— Conhece a tia Bárbara, ela faz tudo o que quer.
Otilo resmungou.
— É sua irmã, Otilo?
Dan perguntou baixinho, mas Otto conseguiu ouvir.
— É irmã da minha mãe.
— Ah, sim. A minha mãe era filha única e os irmãos do meu pai moram fora do país e nunca os conheci.
— Você tem irmãos, Otilo?
— Sim, dois irmãos. Moram em São Paulo também. Os meus pais atualmente moram numa fazenda no sul.
— Você contou a eles que vamos nos casar?
— Boa pergunta.
Cutucou Otto. Conhecia seu pai o suficiente para saber a resposta.
— Ainda não. Tem dias que nem sei se você quer mesmo se casar, Dan.
Ela o fuzilou com os olhos.
— Tem dias que penso que foi você quem desistiu e fica na expectativa que eu desista primeiro.
— Isso, nunca!
Otilo se endireitou e focou no prato a sua frente. Otto assistia incrédulo, seu pai estava mesmo levando essa menina a sério?
Com um jantar romântico arruinado, mas de barriga cheia, retornaram ao hotel.
— Ainda tenho algumas pendências para tratar amanhã, Dan, mas espero que consigamos retornar para casa após o almoço.
— Está bem.
Otto dirigia e Otilo optou por sentar ao lado de Dan no banco de trás. Fizeram todo o percurso de mãos dadas. Isso era um tanto incomodo para Dan, já que sua mão suava bastante e ele nem se importava com isso.
Se despediram de Otto, que, vitorioso entrou em seu quarto.
"Consegui estragar o jantar deles!"
Dan, ao entrar no quarto, pegou um pijama e foi para o banho. Sentia um calor inexplicável e ficou debaixo da água gelada por vários minutos. Ainda conseguia sentir a maciez dos lábios dele tocando os seus. Não era uma ilusão, ela a beijou mesmo! Ainda que apenas um selinho, foi o suficiente para colocar todo o corpo dela em chamas.
Voltou para o quarto onde Otilo já havia tirado sua roupa e aguardava com um roupão de banho.
— Demorei muito?
— Um pouquinho, mas tudo bem.
Ela passou por ele mirando na cama, mas ele a capturou antes e a abraçou.
— Não vai tomar seu banho?
— Sim, eu vou, só preciso terminar algo que comecei.
A ergueu pela cintura e alcançou sua boca num beijo de verdade. De início ela ficou assustada e sem saber o que fazer, mas a sensação era tão boa, qual nunca se sentiu assim antes, então relaxou e curtiu o sabor e os movimentos dos lábios e língua dele.
Pararam para respirar. Dan sentiu toda a rigidez do corpo dele e estremeceu. Suas bochechas ficaram vermelhas. O empurrou com as duas mãos fazendo com que ele soltasse sua cintura. Fez isso com cuidado, não estava brava.
Otilo sorriu das suas bochechas e deu um beijo em cada uma.
— Você é muito linda.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 95
Comments
Alice Miesse
agora vai começar ficar fascinante. esse Otilo e um homem perfeito.
2025-01-23
0
ROSIMEIRE DA CONCEIÇAO FRANÇA
que lindo o amor de Otilo pela Dan
essa tia vai dá trabalho
2025-02-27
0
Beatrizz 🤍
O filho dele querendo atrapalhar tudo.
2025-02-01
0