Capítulo 11

Otilo estremeceu diante dessa pergunta. Muitas coisas deviam ser consideradas antes de responder. Dan o mirou em silêncio aguardando a resposta. Ele a ajeitou em sua cama e sentou ao seu lado ficando um de frente para o outro.

— Eu ainda a quero, Dan, mas estou muito arrependido de ter envolvido você em meus negócios com o seu pai. Fui precipitado e cruel com você. Tive medo de que passasse sem que eu tivesse a chance de me aproximar e usei da primeira oportunidade que veio a mim, perdoe-me por não ter sido mais decente.

Ele falou cada palavra sem tirar os olhos dos dela. Dan ouviu tudo com atenção, suas expressões fechadas e a respiração tranquila.

— O senhor é mais honesto do que julguei; por isso, está totalmente perdoado.

— Significa muito para mim, Dan.

Otilo segurou as suas mãos machucadas com carinho.

— Desculpe o meu raciocínio lento, mas ainda não entendi a sua resposta à minha pergunta.

Dan reuniu coragem e perguntou.

— Será que você pode desfazer essa barreira para que eu tente decifrar os seus olhos, querida Dan?

Pediu, tocando de leve o rosto dela.

— Eu já percebi que és perito em análise pessoal, está sempre olhando nos olhos e não perde um piscar de olhos, eu só posso me proteger.

— Então é de propósito mesmo que se esconde!

Falou com um sorriso descontraído.

Dan continuou olhando para ele com o mesmo semblante. Ele estava enrolando para responder?

— Sobre o casamento, querida Dan, eu quero muito que aconteça, mas preciso que você também queira, você quer, Dan?

— Quero.

— Quer por você mesma, ou pelo seu pai?

— Por mim mesma.

Dan respondeu com firmeza, embora em seu interior o coração já estava em disparada. É uma decisão muito séria essa, mas após pensar e pensar, não via uma forma de se livrar de seu pai sem lhe trazer desgosto a não ser essa. Não estava mentindo quando disse que está fazendo isso por si mesma.

— Então...

Otilo se inclinou para ela ainda mais.

— Me prove!

Dan sentiu sua aproximação e se inclinou para trás na mesma medida.

— Eu sabia.

Disse Otilo, com desgosto. Ela estava bem longe de sentir qualquer interesse por ele, por isso mantinha o semblante fechado e as emoções ocultas.

— Mas...

Antes que Dan pudesse continuar a equipe médica entrou para avaliá-la.

Logo depois veio o jantar. Dan precisou ir ao banheiro novamente antes de dormir. Otilo não reiniciou a conversa, não queria que ela se sentisse pressionada a nada, especialmente nesse momento.

Já era madrugada quando Dan foi atormentada por um pesadelo com seu pai. Otilo dormia um sono leve em sua poltrona quando percebeu a sua inquietação e gemidos. Foi até ela e tocou seu braço.

— Dan?

— Pára!

Ela gritou e tentou se sentar na cama, Otilo a impediu comprimindo-a com o seu próprio corpo. Dan o abraçou pela cintura com toda a força que dispunha no momento.

— Por favor, faz isso parar! 

Ela chorava.

— O quê?

— Tá doendo demais...

Dan soluçava e todo o seu corpo começou a tremer. Otilo apertou o botão de emergência e logo os enfermeiros entraram.

— O que está acontecendo?

Perguntou um deles.

— Eu não sei, ela acordou gritando e está tremendo bastante.

— Deve ser uma crise nervosa, vou comunicar o doutor agora mesmo.

O médico veio e prescreveu um calmante intravenoso. Ela ainda tremia bastante e não soltava Otilo.

— Continue segurando ela, vai ajudar a acalmar.

Orientou o médico. Otilo se ajeitou na cama, deitando ao seu lado. Conforme o calmante foi penetrando sua veia, ela foi relaxando.

— Seu joão, acho que chegou a hora de usar a minha carta...

Ela dizia enquanto o sono tentava fisgá-la.

— Ela ainda vale?

— Sim.

Mesmo sem entender, Otilo achou melhor responder. Otilo a ajeitou de frente para ele com cuidado para não machucá-la. Com um braço a envolveu para que se sentisse acolhida.

Dan acordou ao amanhecer sentindo um peso leve sobre seu corpo. Abriu os olhos com certa dificuldade, ainda estava sonolenta. Notou que não estava sozinha, seu rosto estava de frente para o peito de Otilo e ela segurava sua camisa com o punho cerrado, notou que sua perna esquerda estava sobre a perna dele. Ainda segurando sua camisa, ela o empurrou arrastando próprio corpo para trás. Otilo estava de olhos bem abertos. Ela retirou sua perna inconveniente de cima dele. Ele também a soltou.

— O que faz aqui?

— Você passou mal a noite e me abraçou forte, não soltava por nada, então me deitei com você.

— Passei mal?

O rosto de Dan ficou vermelho.

— Você foi medicada, está tudo bem agora, dorme mais um pouco, o dia começou a clarear agora.

Dan ficou olhando para ele por alguns segundos. Será que ele pretendia continuar deitado com ela?

Olhou para sua camisa, os primeiros botões estavam abertos, e estava manchada de sangue.

— Acho que sujei a sua camisa!

— Não tem problema, agora descanse.

Otilo a envolveu com seu braço novamente. Dan ficou quietinha. Percebeu que ele é quem estava com mais sono.

Acabaram dormindo outra vez.

João comprou café da manhã para três antes de se dirigir ao hospital. Já estava identificado e entrou com facilidade. Ao entrar no quarto ficou muito surpreso ao encontrar o casal abraçado na cama.

"Que disparate!"

Foi até eles e cutucou Otilo.

— Otilo?

Dan acordou primeiro.

— Seu João?

Dan falou baixinho.

— Oi, Dan.

— Deixe ele dormir, está muito cansado.

— Como você está?

Dan tirou a mão de Otilo com cuidado para não o despertar, mas foi inútil.

— Eu te machuquei?

— Não. Pode continuar deitado, eu vou ao banheiro.

— Eu te levo.

Otilo se sentou de uma vez e só então notou a presença de João.

— Bom dia, seu João.

— Bom dia.

Dan pediu uma cadeira para poder tomar banho. Uma enfermeira se ofereceu para ajudá-la, mas ela recusou. João e Otilo brigaram com ela inutilmente, ela conseguia ser mais teimosa que os dois juntos.

— Eu trouxe café.

João ofereceu a Otilo.

— Obrigado.

Otilo pegou o copo térmico e bebeu.

— Eu estava mesmo precisando.

— Pode ir pro hotel depois do café da manhã. 

— Eu irei direto para casa, tenho algumas pendências e preciso pegar roupas.

— Nesse caso, não precisa voltar hoje.

— Eu voltarei.

Dan avisa quando está pronta e Otilo entra no banheiro para pegá-la. Ela está vestindo o pijama curto que João trouxe. Otilo a coloca sentada na poltrona. O café da manhã já está organizado sobre a mesinha.

— Quanta coisa gostosa!

Dan fica animada. Otilo já percebeu que o seu apetite também é diferente de quando está com o seu pai.

— Dan?

Falando no diabo...

— Pai?

Dan solta a rosquinha com cobertura que estava prestes a morder.

— Minha filha, como você está?

Artur se aproxima e se inclina na frente dela.

— Estou bem.

— Eu sabia que deveria te levar ao médico, mas você sempre me dobra com a sua teimosia!

Artur a abraçou sem aviso apertando suas costelas.

Dan gemeu de dor.

— Artur!

João gritou.

— O que foi?

Otilo se aproximou dela de forma que bloqueou Artur.

— Você está bem?

— Sim.

— Ela está com uma costela fraturada.

Contou João.

— Perdão, eu não sabia filha.

— Tudo bem, pai. Coma conosco.

Artur aceitou o convite, Dan deu o seu café a ele e comeu apenas um pão de queijo.

— Coma mais um pouco, Dan.

Pediu João.

— Eu estou satisfeita.

— Artur, precisamos conversar.

Disse Otilo após um tempo.

— Otilo, eu queria falar com você antes.

Dan tomou coragem. 

— Claro!

Artur e João deixaram o apartamento.

— Diga minha querida.

— Sobre o que quer conversar com o meu pai?

— Está preocupada?

— Estou... Sobre o nosso casamento, por favor, não diga a ele que...

— Que não é obrigada a se casar?

— É. Você ainda vai fazer negócios com ele, não vai?

— Dan, eu...

Otilo gostaria de dizer que fazer negócios com o seu pai era a última coisa que ele queria fazer, mas isso a faria se sentir presa a esse compromisso e era a última coisa que ele queria.

— Eu dei a você minha palavra de que continuaria os negócios, independente do casamento acontecer.

— Quero te pedir uma coisa ainda.

— Peça o que quiser.

— Não conte isso a ele. Se disser que não preciso me casar, ele não vai permitir.

Otilo sentiu uma pontada de esperança. Ela queria mesmo esse casamento!

— Não vai dizer nada?

Otilo a abraçou com cuidado.

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Comments

ROSIMEIRE DA CONCEIÇAO FRANÇA

ROSIMEIRE DA CONCEIÇAO FRANÇA

otilo um bom homem
ajudando a Dan❤❤❤❤

2025-02-27

0

Elis Alves

Elis Alves

Será que o pai escroto abusa sexualmente dela?

2024-10-09

1

ARMINDA

ARMINDA

JA TO GOSTANDO DE OTÍLIO. PELO CARINHO QUE TEM POR DAN.

2024-06-26

3

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