As primeiras estrelas já despontavam no céu, quando chegaram na clareira.
Connor não queria muita conversa, estava como um animal acuado, entre a paixão avassaladora que sentia e o temor de assustar a sua já tão arredia esposa.
Ela era como uma bota nova que precisava ser amaciada primeiro antes de usar, para não dar calos.
Sorriu desse seu pensamento...
Se Mary soubesse que foi comparada a uma bota, provavelmente perderia aquele falso controle e o estapearia novamente.
Foi se ocupar de desencilhar os cavalos, enquanto a sua doce esposa ficava parada, sem ajudá-lo, apenas observando tudo, como uma verdadeira dama.
Tentou ser um "cavaleiro" e não falou nada, apenas cuidou dos animais e logo em seguida, juntou alguns gravetos e pequenos troncos, acendeu uma boa fogueira para assim espantar os animais indesejados.
Ainda tinham um pouco de vinho e alguma carne, queijo e broa de milho, logo seria necessário que ele providenciasse alguma caça.
Observando disfarçadamente, tinha quase a certeza de que a sua esposa estava representando um papel. Essa Mary delicada não tinha nada daquela espevitada que ele conheceu na corte. Sendo assim, decidiu que não iria questioná-la. Iria ver até quando ela conseguiria continuar se contendo e contendo o seu espírito livre.
Mas o que preocupava-lhe, era a falta da consumação do casamento, havia chegado tão próximo, que se fechasse os olhos, podia ainda sentir o doce sabor da sua esposa. Isso era uma tortura sem fim, queria a sua Mary com todo o seu ser.
Se esforçava para ter controle, afinal, estava já a dias no celibato e não seria nada fácil respeita-la como deveria.
O seu único pensamento era que precisava se aliviar com urgência, o seu lado animal queria despertar...
— Está confortável, minha esposa? — perguntou Connor, vendo-a em pé, ao lado da fogueira.
— A sua esposa está bem, mas eu tenho fome e sono. — falou ela áspera, esquecendo-se de ser afável e respeitosa.
— O seu humor não está dos melhores, minha querida. — ele falou, frisando o "querida", apenas para irrita-la. Ela ficava linda quando se irritava, suas bochechas criavam cor.
Ao ver que ela se calava, contendo o ímpeto de falar o que não devia, sorriu satisfeito.
— Venha, ajude-me a colocar esse assado para aquecer no fogo.
Falando isso, ele pegou um prato de metal e colocou-o sobre as pedras que circulavam a fogueira. Era seu costume colocar pedras em volta da fogueira para que o fogo não se alastrasse e provocasse alguma tragédia.
— Cuide do assado. Irei até o lago para pegar água para os cavalos. — dizendo isso, saiu por entre as árvores, deixando-a sozinha.
Mary olhou ao seu redor. Estavam numa pequena clareira, onde a relva batida, era um sinal de que muitos viajantes paravam por ali. Havia uma grande pedra que servia de abrigo do vento insistente e também para a segurança, já que formava uma boa barreira. Os cavalos pastavam próximos , o seu marido os havia deixado presos perto da fogueira. Serviriam de sentinelas durante a noite.
O local era perfeito para passarem a noite, sem contar que a possibilidade de um banho seria maravilhoso. Não sabia se existia mais lagos por perto.
Ela sabia que poderia ajudá-lo com o acampamento e ir fazendo uma cama improvisada, mas precisava ficar ali, parada cuidando apenas do assado. Seria uma esposa obediente e delicada.
Mesmo essa atitude estar-lhe incomodando, precisava fazer como tia Amy a havia orientado e fazer tudo para ser uma boa esposa.
Logo viu o seu marido retornando por entre as árvores, trazendo nas mãos os odres com água.
Connor colocou a água para os cavalos, guardou os odres num canto e logo juntou-se a Mary perto da fogueira, estava uma noite fria.
— Vamos comer antes que fique mais escuro. — ele falou, já se servindo de um naco do assado.
Mary pegou um pedaço suculento, estava faminta e o assado era muito saboroso. Essa era a última porção que trouxeram da corte, agora seria por conta deles providenciar alimento e esperava que seu marido fosse bom nisso .
Enquanto coniam, ficou curiosa com o tempo de duração da viagem, por ser pouca a reserva de alimentos. Tinham algumas poucas broas, queijo e um pouco da farinha para fazer o mingau.
— Estamos muito longe da sua fortaleza? Quantos dias para chegarmos? — Mary perguntou curiosa, enquanto se servia de mais carne.
Connor olhou para a sua esposa sentada bem à sua frente, ao lado da fogueira. Ela era muito bonita, mesmo sem os atificios femininos usados pelas damas da corte. Ela tinha as feições perfeitas, só estava incomodado com a sua encenação.
— DUNHILL, minha casa fica a cinco dias da corte, mas já estamos com um dia de atraso. Creio que esse atraso se dê por conta da chuva e das suas vestes inapropriadas. — falou ele sem olhar para ela.
— Tentarei não atrasar novamente. Eu aguento uma jornada mais longa, com menos paradas. — retrucou Mary, já ficando irritada com as palavras do marido.
Em resposta, ele apenas ergueu as sobrancelhas, pondo em dúvida a afirmação da esposa.
Ele poderia cavalgar o dia todo sem parada, mas não faria isso com o seu garanhão apenas para provar a esposa que ela estava errada.
Terminou de comer, lavou as mãos com a água que trouxe nos odres e foi preparar uma cama improvisada para que a "dama" pudesse descansar. Connor estava cansado, mas aguentaria passar a noite sentado em vigia.
Pegou uma manta, dor sou o chão para que o frio da vegetação não passasse para o corpo dela, e aconselhou:
— Se for se aliviar, fique por perto. Escolha uma moita onde eu possa cuidar da sua segurança. É melhor deitar logo para sairmos no clarear do dia.
Mary foi contrariada até uma moita próxima. Onde ela foi se meter? Não teria privacidade nem para se aliviar? Dirigiu-se até o local contrariada, a sua vontade era acerta-lo na cabeça com uma pedra, quem sabe ele teria mais complacência com ela.
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Atualizado até capítulo 60
Comments
Luisa Nascimento
História maravilhosa!❤
2024-12-18
0
Ieda B Gargioni
Narração que prende o leitor
2023-08-11
14
Marcioroberto Marcioroberto
Essas 🧟♀️ moitas
2023-07-16
1