Mary Lowell estava na corte contra a sua vontade, mas o seu tio não queria mais desculpas. Aos dezanove anos, já havia passado da idade de se casar e qualquer pretendente seria bem-vindo.
Não poderia evitar e escapar das ordens do tio. Desde que fora trazida da Inglaterra quando se tornou órfã, o seu tio escocês cuidou para que ela se preparasse para esse momento, mesmo com o seu pequeno dote e a inexistência de terras, e isso era humilhante.
O seu segundo dia na corte e até agora ninguém teve olhos para ela. Até a filha de Lord Bawen conseguiu dois pretendentes jovens! Mesmo tendo "cara de cavalo". Mas ela tinha um dote volumoso e terras, Mary não tinha nada, nem um dote substancial, nem terras, nem beleza e muito menos formas exuberantes. Ouvia pelos cantos as damas mais velhas comentarem sobre a sua falta de curvas e que não conseguiria parir um filho.
Estava no grande salão observando as suas opções de prováveis pretendentes, mas ali não tinha ninguém do seu agrado, nenhum jovem se aproximava dela, pelo visto, teria que se contentar com os velhos viúvos.
Estava refletindo sobre a sua triste situação, quando viu descer as escadas o homem mais bonito que os seus olhos já viram. Ele era tão alto e forte... o seu ar selvagem a fascinou. Os cabelos negros e longos estavam presos por uma fita, deixando o contorno do seu rosto a mostra.
Ela percebeu que ele demonstrava insatisfação por estar ali, já tinham algo em comum. Mary decidiu que se fosse para se casar, seria com esse belo espécime masculino, um guerreiro forte... talvez já fosse casado. Esse pensamento a entristeceu, mas quando o viu girar sob os calcanhares e sair em direção ao jardim a passos largos, não pensou, apenas o seguiu, quase correndo com as suas passadas curtas.
Mary sempre deu trabalho ao tio, pois quando tomava uma decisão, ninguém a demovia. Havia se descido: já que era para casar, não seria com um franguinho ou um velho babão, seria com um guerreiro! E agora, depois que pôs os seus olhos sobre aquela muralha, fez a sua escolha. Ela precisava apenas ter certeza se ele era livre ou se era de perto, tudo aquilo que viu de longe.
Procurou por entre as flores e o encontrou admirando a mais bela flor do jardim, ele estava abaixado, sentindo o seu perfume quando ela se aproximou.
— Rosa. Ela é uma flor especial, mas seus espinhos não são agradáveis.
O homem assustou-se com a sua presença e levantou-se rapidamente. Mary abriu bem os olhos espantada com tamanho daquele homem, ela calculou que provavelmente nem chegasse no seu ombro e que belos ombros largos e fortes, os braços pareciam estarem a ponto de rasgar as mangas da camisa.
Ele ficou olhando-a mudo, envergonhado de ser pego admirando uma flor no jardim, algo que não condizia com todo aquele tamanho.
— Rosa, esse é o nome dessa flor delicada. O rei mandou vir da Inglaterra, não é linda Sir? — falou num só fôlego temendo que a sua voz falhasse.
— Interessante...
O olhar do homem a sua frente e o tom da sua voz deixava claro que ele não se referia a bela flor do jardim. Mary percebeu que mesmo falando baixo, a sua voz era como um trovão, combinando com ele e causava nela estranhos arrepios.
— Desculpe a minha intromissão Sir, veio falar com o soberano?
O homem apenas lhe olhava e esse olhar a estava irritando.
— Sir, sente-se.
— Como disse?- ele perguntou a arquear uma das sobrancelhas.
— Sente-se! O meu pescoço dói olhando assim para o alto.
Só depois Mary percebeu que ela havia feito novamente.Seu tio a alertou para não mostrar suas "qualidades desnecessárias" e lá estava ela dando ordens a um grandalhão. Como teria o interesse dele sobre ela? Fez o que um homem abomina numa esposa, além de demonstrar sabedoria, ainda lhe deu ordens. Acabaria tendo que aceitar um velho asqueroso. O seu tio avisou que sairia dali casada e com a benção do Rei.
Quando o observou no salão, sentiu que ele seria um par ideal e o seguiu para se certificar disso. Desde o momento em que ela pôs os olhos naquele homem, o desejou como marido e se não tomasse uma atitude, sem dúvidas lhe restaria um afetado cortesão ou alguém de idade avançada.
Aos dezenove anos, havia passado da idade de se casar, o seu tio esperou mais do que o normal, na esperança que ela ganhasse corpo e assim arranjasse um pretendente de posses. Os seus olhos negros e os cabelos também escuros, não era algo que chamava a atenção na Escócia e para piorar, ela era Inglesa, pouco atraente e com tão pouco a oferecer, se um homem como esse a escolhesse, seria uma boa conquista.
Mary ficou paralisada como uma lebre assustada, imobilizada por aqueles olhos de um castanho quase verdes que brilhavam, mesmo que não demonstrasse emoção no seu rosto de traços fortes e marcantes.
Mesmo assim, se perdeu naquele olhar firme e chegou a se imaginar sendo enlaçada pela cintura enquanto dançavam pelo salão. Estremeceu com esse pensamento inapropriado para uma donzela, mas não poderia mentir para si mesma. O seu interesse naquele homem era bem mais que se livrar de pretendentes indesejados.
Olhava para ele e sentia as pernas fracas, coração acelerado e a boca seca. Umideceuseus lábios com a língua, sem desviar os olhos daqueles lábios e mesmo sem nunca ter sido beijada, desejou saber como seria o toque daqueles lábios nos seus.
Um meio sorriso brotou no seu rosto, tinha pensamentos pecaminosos. O seu tio sempre a censurava, dizendo que uma donzela não deveria ter pensamentos dessa natureza.
Mary não era de ficar parada, esperando o seu destino ser traçado por outros e se era para se submeter a um marido, que fosse esse homem.
Ao avista-lo no jardim, olhando as rosas, ela permitiu-se acreditar que ele pudesse se interessar por ela e aceita-la como era, mesmo muitos dizendo que ela não poderia firmar uma família por ter uma estrutura tão delicada, que não servia para o casamento, que não poderia procriar.
Mas esse sentimento de que tudo daria certo, não durava muito. Ela era prática demais e logo tomou as rédeas do seu destino, indo atrás do que queria e agora havia estragado tudo, dando ordens ao seu possível pretendente e provavelmente eliminou qualquer oportunidade de arrumar um bom casamento.
💥AMADINHAS...
Não esqueçam de curtir cada capítulo e comentar, e lembrando que as fotos são aleatórias.
BJS DE LUZ 💓💓
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 60
Comments
Léa Maria
Autora Tania Vacario já estou encantada com. este início, já li outros livros 📚 📚 📚 seus e dois em que este casal apareceu e agora saberei sua história, agradecida por nós envolver nesta família.
2024-07-07
2
Rosária 234 Fonseca
caraca deve ser ela que vai lançar o coração dele
2024-07-04
1
Rosária 234 Fonseca
kkkk já gostei dela kkk
2024-07-04
1