Capítulo 8

No Hospital, as primeiras luzes da manhã filtravam-se pelas janelas, pintando os corredores com uma tonalidade suave e acolhedora. O ar estava impregnado com o aroma reconfortante de café fresco e desinfetante, criando uma atmosfera peculiar que misturava o agito da vida hospitalar com a serenidade do início de um novo dia. O sol despontava timidamente no horizonte, os corredores ainda estavam tranquilos, apenas pontuados pelo suave murmúrio dos funcionários que começavam a se preparar para o dia que se iniciava.

Enfermeiros e médicos passavam pelos corredores com passos calmos e determinados, trocando sorrisos e cumprimentos amigáveis enquanto se dirigiam aos seus postos de trabalho. E assim que, Daniel e Olívia adentraram apressados o Hospital, ansiosos por encontrar Gabi. Enquanto Olívia buscava um assento para descansar, Daniel se dirigiu à recepção, determinado a obter informações sobre o quarto de Gabi.

— Amor, vou me sentar um pouco. Estou exausta. Você descobre onde está a Gabi, certo? —, disse Olívia com voz cansada.

— Claro, vou te chamar assim que souber —, respondeu Daniel, acenando afirmativamente.

Olívia se acomodou em uma cadeira próxima, enquanto Daniel se aproximava da recepcionista em busca de informações. O destino tinha outros planos naquele momento. Enquanto Daniel dialogava com a recepcionista, Eliza adentrou o hospital, distraída com uma caixa de empadas em suas mãos. Sem perceber, acabou esbarrando em Daniel.

— Oh, me desculpe, não te vi —, exclamou Eliza, visivelmente constrangida.

Daniel, surpreso com o incidente, olha para Eliza e reconheceu-a como a garota das empadas. Seus olhos brilharam ao se encontrarem, e um sorriso encantador surgiu em seus rostos. Naquele momento, dois corações pulsavam frente a frente, em um encontro inesperado que poderia mudar tudo.

Enquanto isso, Garoto e Cabeça caminhavam pelas movimentadas ruas da 25 de Março, imersos em uma missão urgente: encontrar Gustavo. Enquanto Garoto pulsava com determinação, Cabeça estava perplexo com a obsessão do amigo pelo paradeiro do jovem.

— Nós temos que pensar rápido, temos que encontrar aquele Gustavo —, insistia Garoto, sua voz carregada de urgência.

Cabeça, confuso, questionava: — Eu não entendo essa sua obsessão por esse menino!

— Exatamente, eu não vou nem explicar porque você não vai entender —, retrucava Garoto, determinado.

— Tá certo. Por que a gente não começa olhando nos hospitais? Pode ser que ele esteja lá —, sugeriu Cabeça, trazendo uma possível pista.

— E por que primeiro nos hospitais? —, indagava Garoto, curioso.

Cabeça explicou sua lógica: — Porque eu fiquei sabendo que um adolescente foi atropelado.

Com um aceno de concordância, Garoto e Cabeça iniciaram sua jornada pelos hospitais, buscando ansiosamente qualquer notícia que pudesse levar ao paradeiro de Gustavo.

O sol espreitava timidamente pelas cortinas do Abrigo Dom Bosco, enquanto Pneu tomava seu café. Seu rosto carregava a sombra da preocupação, sua mente inquieta apenas com um pensamento: Gustavo. Enquanto mexia sua xícara, o peso da incerteza se instalava em seus ombros. Como poderia encontrar Gustavo? Como saber onde ele estava, se estava bem?

— Preciso saber em qual hospital ele está —, murmurou para si mesmo, como se repetisse um mantra para afastar a angústia que o envolvia.

Determinado, Pneu não permitiria que o descanso viesse antes de reencontrar seu amigo. Cada gole de café parecia impulsioná-lo mais, cada pensamento focado em encontrar respostas, em saber notícias de Gustavo. A energia pulsante em seu interior era a força motriz que o impelia a seguir em frente, a não desistir até que a missão fosse cumprida. Com a determinação firme em seu coração, Pneu estava pronto para embarcar em uma jornada rumo ao reencontro com seu amigo.

O sol banhava a recepção do Hospital, criando uma atmosfera serena e acolhedora. Entre os murmúrios dos pacientes e o burburinho dos familiares preocupados, dois destinos se entrelaçaram de maneira inesperada. Daniel, com um misto de nervosismo e determinação, aproximou-se de Eliza. Seus corações pareciam pulsar em sintonia, ecoando a memória do encontro na praia.

— É você... você de novo —, Daniel proclamou, sua voz carregada de surpresa e encantamento.

Eliza, com um sorriso tímido, confirmou sua identidade. O reconhecimento mútuo despertou lembranças vívidas do breve encontro na areia.

— Como eu poderia esquecer? —, ela respondeu, seus olhos brilhando com uma mistura de nostalgia e curiosidade.

Daniel expressou sua alegria ao reencontrá-la, enquanto Eliza, com delicadeza, mencionou a urgência de sua visita ao hospital.

— Não quero tomar seu tempo —, Daniel respondeu, consciente das responsabilidades que ela tinha.

— Tudo bem... vamos nos ver em breve —, Eliza prometeu, antes de se despedir e partir em direção ao elevador.

As portas do elevador se fechavam, Daniel e Eliza trocaram um último olhar, capturando a intensidade do momento. Admirando a beleza dela, Daniel fica imerso em pensamentos, ansiando pelo próximo encontro e pelas possibilidades que o destino poderia reservar.

O sol tímido do outono filtrava-se pelas cortinas do apartamento, prenunciando mais um dia na movimentada vida da cidade. Lígia, com um sorriso suave, despediu-se de João antes de ele partir para o trabalho, mergulhando na tranquilidade momentânea que envolvia seu lar. No entanto, o silêncio foi abruptamente interrompido pelo som insistente da campainha. Surpresa, Lígia abriu a porta para revelar Débora, a amiga cujo semblante carregava um peso invisível.

— Olá, amiga, preciso muito falar com você — anunciou Débora, buscando conforto na presença de Lígia.

— Mas claro que sim, entre —, respondeu Lígia, preocupação pairando em sua voz enquanto ela observava o semblante abatido de Débora.

Sentadas no acolhedor sofá da sala de estar, Lígia e Débora mergulharam em uma conversa íntima, onde as palavras fluíam como rios em busca de consolo e compreensão.

— Então, como posso ajudar? — perguntou Lígia, pronta para oferecer seu apoio incondicional.

Débora respirou fundo antes de compartilhar sua dor mais profunda: — Eu queria pedir a você que me fizesse companhia ao cemitério. Quero ver a tumba do meu marido —, revelou, a voz embargada pela tristeza que ameaçava consumi-la.

Sem hesitar, Lígia respondeu com gentileza: — Claro que eu te faço companhia.

Um misto de gratidão e alívio transpareceu nos olhos de Débora enquanto ela murmurava um sincero: — Muito obrigada.

— Eu não tenho nada para fazer agora, que tal a gente ir agora? —, sugeriu Lígia, pronta para oferecer seu apoio imediato.

Débora assentiu, determinação misturada com tristeza em sua expressão: — Podemos ir, vamos.

Juntas, Lígia e Débora partiram em direção ao cemitério, um lugar de memórias e saudade. Para Débora, cada passo era como uma dolorosa em direção ao passado, mas também uma oportunidade de honrar o amor que ainda a ligava ao seu marido e filho, agora guardados sob a terra fria do cemitério.

Olívia estava impaciente. Daniel ainda não havia retornado, e sua preocupação a levou a entrar no quarto de Gabi no Hospital. Ao ver o estado em que Gabi se encontrava, Olívia não pôde conter sua surpresa.

— Meu Deus, Gabi, você está horrível! — exclamou Olívia, chocada.

Gabi, visivelmente incomodada, respondeu com amargura: — Você veio aqui para rir da minha situação, é isso?

Olívia, decidindo manter a compostura, retrucou: — Embora você talvez merecesse, não vou me rebaixar a esse nível.

Percebendo a tensão crescente, Gabi ironizou: — Que gentileza a sua. Estou emocionada, de verdade.

— Mas eu tenho algo melhor para você —, disse Olívia, se aproximando da cama de Gabi.

— O quê? — Gabi perguntou, confusa.

Antes que Gabi pudesse reagir, Olívia desferiu um tapa forte em seu rosto, ecoando pelo quarto. No exato momento em que a palma de Olívia encontrou a bochecha de Gabi, a porta se abriu, revelando a entrada de Pedro e Thiago.

— Aí, não... de novo vocês duas? — Pedro questionou, desapontado.

— Foi ela quem começou! — Gabi apontou, defendendo-se.

Thiago interveio, exasperado: — Chega, parem de se atacar. Isso não leva a lugar nenhum.

Olívia, justificando suas ações, afirmou: — Apenas devolvi o que me foi dado.

Enquanto a tensão pairava no ar, revelações inesperadas estavam prestes a surgir, lançando luz sobre os conflitos latentes entre os envolvidos.

Pedro mudou de assunto, tentando desviar o foco das preocupações que pairavam sobre eles: — Gabi, você está bem? —, perguntou ele, preocupado.

Gabi suspirou pesadamente: — O que você acha? Estou cheio de cortes por todo o corpo —, respondeu, com a voz carregada de angústia.

— Tá bom, vai dar tudo certo —, tentou confortá-la Pedro, mesmo diante da incerteza do momento.

— Não vai dar nada certo —, rebateu Gabi, desanimada.

Thiago, que até então permanecia em silêncio, decidiu intervir: — E por que não?

— A pessoa que me atacou é a mesma pessoa que sabe o que aconteceu no chalé —, revelou Gabi, com um tremor na voz.

Olívia, perplexa, questionou: — Espera aí, essa pessoa vai atacar um por um?

No momento em que a tensão parecia atingir o ápice, Daniel adentrou o quarto, interrompendo a conversa.

— O que está acontecendo? —, indagou ele, notando o clima pesado.

Olívia, com um tom acusatório, confrontou-o: — O que está acontecendo é: onde você estava?

Daniel respirou fundo, tentando manter a calma: — Eu estava resolvendo um negócio do hospital aqui —, explicou, com uma expressão séria.

Gabi, tentando apaziguar os ânimos, interveio: — Eiii... agora não é hora de ter ciúmes!

— Ok.... mas o que foi que aconteceu com você? —, questionou Daniel, demonstrando sua preocupação genuína.

No momento em que Daniel proferiu sua pergunta, uma mensagem no celular de todos os presentes interrompeu a conversa. Uma notificação do grupo de WhatsApp piscou na tela, revelando uma mensagem assustadora:

...[Grupo do WhatsApp]...

> O que aconteceu com ela foi apenas uma mostra do que eu sou capaz! Estou de olho em vocês. <

Um arrepio percorreu a espinha de cada um ali presente, enquanto a sombra do passado voltava a assombrá-los, trazendo consigo um presságio sinistro do que estava por vir.

Agora, sentados ao redor de uma mesa, a incerteza pairava no ar enquanto todos tentavam desvendar o enigma digital que lhes fora apresentado.

— Todos ficaram espantados e perguntando?... o que a gente iam fazer agora! — murmurou Thiago, frustrado com a impossibilidade de digitar no grupo.

— Estranho, a gente não pode digitar neste grupo — ecoou a voz de Daniel, refletindo a perplexidade compartilhada pelos demais.

A tensão crescia a cada instante, enquanto tentavam decifrar as entrelinhas da mensagem enigmática. Quem seria o remetente? Qual seria o propósito por trás daquele convite intrigante?

Enquanto trocavam teorias e conjecturas, uma sensação de urgência os impelia a desvendar o mistério antes que fosse tarde demais. O que os aguardava além das palavras digitais? Uma jornada rumo ao desconhecido estava prestes a começar, envolvendo-os em um intricado jogo de mistério e suspense. Com corações acelerados e mentes ávidas por respostas, eles se preparavam para mergulhar de cabeça na busca pela verdade por trás do enigma digital que os unira em uma aventura sem precedentes.

Entre a esperança e a persistência, Eliza sentia o coração apertado enquanto aguardava notícias sobre seu irmão, Gustavo, no Hospital. O ruído do metrô ecoava ao longe quando um funcionário se aproximou dela com uma expressão serena.

— Não se preocupe, seu irmão está melhorando —, as palavras trouxeram um breve alívio para Eliza, mas a ansiedade persistia em seus olhos.

— Mas por que ele ainda não acordou? —, ela perguntou, buscando respostas para acalmar seu turbilhão de pensamentos.

— Ele está apenas descansando, está muito cansado —, a resposta do médico era reconfortante, mas Eliza sabia que a batalha ainda não estava vencida.

A gratidão transpareceu no olhar de Eliza enquanto agradeceu ao funcionário: — Muito obrigada por tudo —, suas palavras carregavam um misto de emoção e esperança.

— De nada, é meu trabalho —, o médico sorriu gentilmente antes de se afastar, deixando Eliza com seus pensamentos e sentimentos entrelaçados.

Apesar do alívio momentâneo, Eliza sabia que tinha obrigações a cumprir. Com o coração mais leve, ela retornou às ruas para vender suas empadas, mas sua mente permanecia no hospital, onde seu irmão lutava por sua recuperação.

À medida que as horas passavam, o cemitério ganhava vida silenciosa, testemunhando o desfile fugaz daqueles que buscavam consolo entre os túmulos e as lápides antigas. No início da manhã, um homem solitário caminhava pelos caminhos sombrios do cemitério, seu rosto marcado pela dor e pela saudade. Ele parava diante de uma lápide, sua voz sussurrando palavras de amor e despedida para alguém que partiu há muito tempo. Ao meio-dia, um grupo de estudantes passava pela rua adjacente ao cemitério, seus risos juvenis ecoando entre os muros de pedra. Ignorando a melancolia do lugar, eles seguiam em frente, seus corações leves e despreocupados, alheios ao peso das histórias que ali descansavam.

No final da tarde, um casal de idosos se sentava em um banco próximo ao portão do cemitério, suas mãos entrelaçadas em um gesto de cumplicidade e amor duradouro. Silenciosamente, eles observavam o pôr do sol tingir o céu de tons dourados, lembrando-se de entes queridos que já partiram, mas cuja presença permanecia viva em seus corações. Neste momento, Débora sentiu o coração apertar quando chegaram ao portão do cemitério, um lugar sombrio e repleto de lembranças dolorosas. Ela buscava respostas, ansiava por encontrar seu marido e filho, perdidos em um labirinto de saudade e mistério.

— Onde estão o meu marido e o meu filho? — sua voz tremia, ecoando entre as lápides silenciosas.

Lígia, tentava dissuadi-la da ideia, preocupada com o impacto emocional que aquele lugar poderia causar. Mas Débora estava determinada, sua angústia era maior do que qualquer medo.

— Se você não estiver pronta para isso, podemos voltar outro dia —, sugeriu Lígia, apreensiva.

Débora respirou fundo, tentando conter as lágrimas que ameaçavam inundar seus olhos: — Está tudo bem, vamos —, murmurou, sua voz embargada pelo peso da saudade.

Elas adentraram o cemitério, mergulhando em um mundo de silêncio e lembranças. No entanto, seus passos foram interrompidos por um grito estridente que ecoou pelas alamedas vazias.

— Mãe? — gritou Eliza, sua voz com o silêncio sombrio do cemitério.

— Eliza... a minha filha. — Débora reconheceu a voz de sua filha, seu coração disparando de esperança e temor.

Correndo em direção ao som, Débora e Lígia viram Eliza, a jovem filha de Débora, parada diante delas, seu rosto contorcido pela dor e pela surpresa. O silêncio do cemitério foi quebrado por aquele encontro inesperado, revelações pairando no ar como folhas levadas pelo vento. O destino estava prestes a revelar seus segredos mais sombrios, enquanto as três mulheres se encontravam no coração da escuridão, prontas para desvendar os mistérios que assombravam suas vidas.

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